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Enquadramento Institucional Formal

A APPDA decorre da Associação Portuguesa para Proteção às Crianças Autistas [APPCA], fundada em 1971, por um grupo de pais, que não conseguia obter respostas educativas para os seus filhos com PEA (APPDA-Lisboa, s.d.). Esta organização pretendia apoiar todas as pessoas que a procurassem ou contactassem no sentido de encontrar respostas para os seus filhos, procedia ao seu encaminhamento para os diminutos serviços existentes à data (APPDA-Lisboa, s.d.). Assim, a APPCA tinha como principal objetivo fundar uma escola, onde as crianças com PEA tivessem respostas adequadas às suas necessidades (APPDA-Lisboa, s.d.). Neste sentido, adotaram modelo educativo da National Society for Autism Children, atualmente denominada

National Society for Autism e fundaram uma escola para menos de dez crianças,

designada por Centro Terapêutico (APPDA-Lisboa, s.d.).

Em 1984, a APPCA, formou uma Delegação Regional em Vila Nova de Gaia e começou a apoiar não apenas crianças mas também adolescentes e adultos com PEA, alterando o seu nome para Associação Portuguesa para Proteção aos Deficientes Autistas [APPDA] (APPDA-Lisboa, s.d.), passando a existir duas delegações regionais, uma em Lisboa e outra no Norte. Já em 1990, foi criada a delegação regional de Coimbra, tendo esta duas subdelegações, uma em Viseu e outra em Leiria (APPDA- Lisboa, s.d.).

A Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Lisboa (APPDA-Lisboa) é uma instituição particular de solidariedade social, cuja missão é fornecer serviços às crianças, jovens e adultos com PEA, bem como às pessoas com as quais estes se relacionam de forma significativa, de modo a garantir que os seus direitos sejam respeitados a fim de que adquiram e melhorem a sua qualidade de vida (APPDA-Lisboa, s.d.).

Aquando da mudança das suas instalações, a delegação de Lisboa começou a apoiar um maior número de clientes, no centro denominado Centro de Apoio Sócio Educacional (APPDA-Lisboa, s.d.), assim, foi possível alargar o número de serviços fornecidos aos indivíduos com PEA, abrangendo para além do apoio prestado em consultas, as intervenções, a formação, a informação e o apoio residencial, sendo em 1993 fundado o primeiro centro residencial (APPDA-Lisboa, s.d.).

Neste mesmo ano, a delegação de Lisboa, voltou a mudar de instalações, instalando-se no Alto da Ajuda, onde funciona atualmente (APPDA-Lisboa, s.d.). Em 2002, as delegações regionais dividiram-se em associações autónomas e assumiram a

31 denominação comum de Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA-Lisboa, s.d.). A APPDA é assim constituída pela APPDA-Coimbra, APPDA-Lisboa, APPDA-Norte e a APPDA-Viseu, que em conjunto formam a Federação Portuguesa de Autismo (FPDA), com sede nas instalações da APPDA-Lisboa (APPDA-Lisboa, s.d.).

Relativamente aos serviços prestados, a APPDA-Lisboa, contempla: uma clínica de diagnóstico, a avaliação e o acompanhamento, acessível a toda a comunidade; uma escola de ensino especial, dando resposta aos casos a que o ensino regular inclusivo não consegue responder; um CAO, com capacidade para 60 pessoas; lares residenciais, com capacidade para acolher 37 pessoas; um CRI, que dá resposta a 14 agrupamentos escolares em Lisboa e concelhos vizinhos; e ações de formação, sensibilização e apoio, quer a profissionais quer a familiares (APPDA-Lisboa, s.d.).

De maneira a dar a melhor resposta aos indivíduos com PEA e aos seus familiares, a APPDA-Lisboa apresenta como objetivos (APPDA-Lisboa, s.d.): promover a defesa dos direitos das pessoas com PEA, cooperando com instituições semelhantes; apoiar a investigação da etiologia, fenomenologia e terapêutica desta perturbação; melhorar a qualidade de vida destes indivíduos, através do acesso ao diagnóstico, a serviços de intervenção precoce, a cuidados de saúde, a educação pré-escolar e escolar, a um emprego adequado ao seu perfil de competências e a uma casa digna; promover a formação e a educação das pessoas com PEA; dar apoio e formação às famílias; e desenvolver ações de sensibilização que promovem o conhecimento da PEA. A APPDA pretende ser uma organização de referência, no que diz respeito ao conhecimento do autismo e na qualidade de serviços que são prestados aos indivíduos com PEA e aos seus familiares (APPDA-Lisboa, s.d.). Nesta associação estão presentes os valores de solidariedade, de respeito pela dignidade das pessoas, de inclusão, de espírito de missão e de equipa e de competência profissional (APPDA- Lisboa, s.d.).

3.1.

Contexto funcional e modalidades/valências de intervenção

ou atendimento

As atividades de estágio decorreramno CRI e no CAO, da APPDA – Lisboa, que serão descritos de seguida.

O CRI da APPDA-Lisboa acreditado nos termos do Aviso nº 22914/2008, publicado em Diário da República, 2ª série, nº 170, de 3 de setembro, conta com diversas parcerias com AE da área da grande Lisboa (APPDA-Lisboa, 2017). As atividades desenvolvidas pelo CRI têm como objetivos: fornecer serviços de intervenção precoce na infância; ajudar os alunos com necessidades educativas especiais a

32 integrarem-se no ensino regular; e ajudar na sua transiçãoda escola para a vida ativa (APPDA-Lisboa, 2017). No ano letivo de 2016-2017 o CRI colaborou com 11 AE, apoiando um total de 20 escolas. A sua equipa constituída por 6 psicólogas, 6 terapeutas da fala e 6 psicomotricistas, apoiou 131 crianças e jovens PEA em UEEA.

O CAO da APPDA-Lisboa fornece atividades ocupacionais a pessoas com PEA, que já não se encontrem em regime de escolaridade obrigatória e tenham idade igual ou superior a 16 anos (APPDA-Lisboa, 2015; Regulamento da Implantação, Criação e Funcionamento dos Serviços e Equipamentos que Desenvolvem Actividades de Apoio Ocupacional a Deficientes, 1990, artigo 21º). Neste centro, podem usufruir de várias atividades, com objetivo de promover a estimulação e o desenvolvimento das suas capacidades, e consequentemente, favorecem a sua integração na sociedade possibilitando, sempre que se justifique,o encaminhamento para programas adequados de integração socioprofissional (APPDA-Lisboa, 2015).

Cada um dos clientes que frequenta o CAO tem um Programa de Desenvolvimento Individual (PDI), no qual constam as atividades que desenvolvem durante o tempo que lá permanecem (APPDA-Lisboa, 2015). Estas podem ser de caráter educativo, e.g., leitura, escrita, aritmética e a utilização de meios informáticos; de treino de autonomia e aquisição de competências necessárias para as atividades quotidianas; de desenvolvimento de competências para áreas como a música, cerâmica, pintura, tecelagem, lavandaria, hortofloricultura, desenho e tapeçaria; e de caráter sociocultural, onde se incluem as atividades lúdicas e recreativas, culturais, intelectuais, sociais e desportivas (APPDA-Lisboa, 2015).

No total o CAO apoia 59 clientes acompanhados por uma equipa técnica dirigida por um diretor coordenador e por uma diretora geral, que incluiu os seguintes profissionais: 1 técnica de serviço social; 1 médico de medicina interna e familiar; 1 médico psiquiatra; 3 psicopedagogas; 2 terapeutas ocupacionais; 2 técnicas de reabilitação psicomotora; 1 técnica de educação social; 1 professor de educação física; 1 professora de educação visual e tecnológica; 1 professor de música; 1 monitora de tecelagem; 1 monitora de hortofloricultura; 1 monitora de lavandaria; 4 auxiliares de atividades ocupacionais; 2 auxiliares de educação; 2 psicólogas; 1 professora de educação especial; 3 responsáveis de sala; 1 educadora de estabelecimento; 1 terapeuta da fala; e 1 auxiliar de lavandaria. A equipa do CAO conta ainda com 4 administrativos, 1 técnico oficial de contas, 3 auxiliares de limpeza e 1 vigilante de carrinha.

Nas instalações da APPDA-Lisboa existe também uma escola de educação especial, frequentada por 7 alunos. As atividades realizadas por estes alunos decorrem no mesmo espaço físico que o CAO, sendo que os técnicos que as dinamizam também

33 são os mesmos, existindo uma interligação entre o CAO e a escola de educação especial.

3.3.

Enquadramento do Estágio na Instituição

No estágio curricular desenvolvido na APPDA-Lisboa durante o ano letivo de 2016-2017 foram acompanhados pelas psicomotricistas e estagiárias 58 alunos e clientes, sendo 28 do CAO e 30 alunos acompanhados pelo CRI, abrangendo quatro AE da área de Lisboa. Na tabela 1 encontram-se descritos os casos acompanhados pela estagiária durante as atividades de estágio.

Tabela 1 - Organização da Intervenção Psicomotora na APPDA-Lisboa no âmbito do estágio curricular

Agrupamentos Escolas Contexto alunos/clientes

CRI

Alfornelos

EB1 Santos

Matos Meio Aquático 5

EB 2,3 de

Alfornelos 7

Santa Catarina EB 1 D. Pedro V Ginásio 6

Pintor Almada

Negreiros EB 1 Alta de Lisboa

Terapia Assistida com Animais (Cão) e

Ginásio 6

Santa Maria dos Olivais EB 1/JI Sarah Afonso Terapia Assistida com Animais (Cavalos) e Ginásio 6

CAO APPDA - Lisboa

Sessões de

psicomotricidade Ginásio 12

COMUNICAR+ 12

Jogo de Boccia 4

Total 58

No CRI as sessões decorreram nas instalações das escolas, num ginásio ou sala ampla com as condições necessárias à prática da psicomotricidade, sendo acompanhadas 30 crianças e jovens entre os 6 e os 18 anos, do 1º e 2º ciclo de escolaridade, em sessões individuais e/ou em grupo, dinamizadas pelas psicomotricistas responsáveis pela escola e pelas estagiárias, individualmente ou em parceria, abrangendo diferentes áreas de intervenção, e.g., meio aquático, TAA, nomeadamente, um cão e cavalos e ginásio. Independentemente do contexto a intervenção psicomotora no CRI tinha por objetivo promover a comunicação, a interação social e o comportamento adaptativo, bem como desenvolver o perfil psicomotor, a autonomia e a cognição das crianças e jovens.

No CAO as sessões decorreram a pares, individualmente e/ou em grupo, no ginásio das instalações da APPDA-Lisboa, subdividindo-se entre as sessões de psicomotricidade dinamizadas pela psicomotricista em parceria com as estagiárias, as do Boccia com participação de 6 clientes, 4 da sala de educação especial e os restantes

34 selecionados mediante inscrição prévia dos mesmos, as do atelier ludicoterapêutico, dinamizado pela psicomotricista conjuntamente com a terapeuta ocupacional e as estagiárias de ambas as áreas, e as do projeto COMUNICAR+ desenvolvido e dinamizado pelas estagiárias autonomamente, sendo acompanhados no total 28 clientes, 5 pertencentes à sala de educação especial com idades entre os 10 e os 16 e os restantes entre os 20 e os 56 anos. As sessões de psicomotricidade tinham por objetivos desenvolver o perfil psicomotor dos clientes, a autonomia, a interação social, entre outros aspetos com vista ao aumento da qualidade de vida dos mesmos. As sessões do projeto COMUNICAR+, cujos objetivos genericamente se prenderam com a promoção da comunicação, visando o desenvolvimento de competências de trabalho em grupo, do espírito cooperativo, da relação social e da tomada de decisão dos indivíduos. Por último, para os grupos acompanhados durante o estágio, no atelier ludicoterapêutico foram definidos como objetivos gerais promover a capacidade de relaxação, a estimulação sensorial, a cooperação e a interação entre pares e participar na avaliação do atelier.

No capítulo seguinte serão aprofundadas as atividades de estágio desenvolvidas quer nas escolas apoiadas pelo CRI, quer no CAO da APPDA-Lisboa.

3.4.

Relação com outros contextos de intervenção ou

comunitários

Relativamente à relação da instituição de acolhimento com a comunidade, importa mencionar que as atividades de estágio descritas neste relatório decorreram em diversos contextos educativos e comunitários, como as instalações das escolas de Ensino Básico (EB1) D. Pedro V, EB1 Sarah Afonso, EB1/JI Alta de Lisboa, EB1 Santos Mattos, o picadeiro da Guarda Nacional Republicana (GNR) (3º Esquadrão a Cavalo) em Braço de Prata, onde decorreram as sessões de equitação terapêutica com os alunos da EB1 Sarah Afonso e o Clube de Natação da Amadora “Primeiras Braçadas”, onde se realizaram as sessões em meio aquático com as crianças e jovens das escolas EB1 Santos Mattos e EB 2,3 de Alfornelos, respetivamente.

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III – Realização da Prática Profissional

No presente capítulo, serão descritas as atividades desenvolvidas no âmbito do estágio curricular, realizado no CRI e no CAO, da APPDA-Lisboa. Primeiramente será descrita, de uma forma geral, a população apoiada pela estagiária, quer no CRI quer no CAO, e de forma mais pormenorizada, os dois estudos de caso do CRI e os estudos de caso do CAO. Seguidamente serão apresentados os objetivos e atividades de estágio, os contextos onde estas decorreram, bem como a calendarização e o horário de estágio. Posteriormente, será apresentado o processo de intervenção psicomotora dos dois estudos de caso do CRI, dos clientes do CAO e de dois dos grupos de intervenção do projeto Comunicar+. Por fim, serão enumeradas as dificuldades e limitações sentidas pela estagiária, ao longo do período de estágio, e ainda serão indicadas as atividades complementares realizadas ao longo do ano.