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3. MÉTODOS

3.3 Avaliação da qualidade de software

O termo “qualidade de software” tem sido utilizado com frequência como um aspecto que tem como propósito diminuir os riscos de implantação de sistemas computacionais, adaptando-o à realidade, identidade e cultura dos usuários.

Deve-se ressaltar que o objetivo das avaliações da qualidade de software não é atingir a qualidade perfeita, mas a suficiente para satisfazer as necessidades do usuário(31,40).

Nesse sentido, a ISO/IEC 9126-1 descreve a avaliação e especificação da qualidade do software por parte dos diferentes sujeitos envolvidos com aquisição, requisitos, desenvolvimento, uso, avaliação, apoio, manutenção, garantia de qualidade e auditoria de software. Essa norma apresenta um modelo de qualidade composto de duas partes: QI e QE e qualidade em uso. A primeira especifica seis características, que são subdivididas em sub-características. Estas são manifestadas externamente

quando o software é utilizado como parte de um sistema computacional, e são resultantes de atributos internos. Já a segunda parte também especifica quatro características de qualidade em uso, mas somente até o nível de característica.

A QI é definida pela norma ISO/IEC 9126-1(31) como:

A totalidade das características do produto de software do ponto de vista interno. É medida e avaliada com relação aos requisitos da QI. Detalhes da qualidade do produto de software podem ser melhorados durante a implementação do código, revisão e teste, mas a natureza fundamental da qualidade do produto de software representada pela QI mantém-se inalterada, a menos que seja reprojetada.

A QE é definida pela norma ISO/IEC 9126-1(31) como:

A totalidade das características do produto de software do ponto de vista externo. É a qualidade quando o

software é executado, o qual é tipicamente medido e

avaliado enquanto está sendo testado num ambiente simulado, com dados simulados e usando métricas externas. Durante os testes, convém que a maioria dos defeitos seja descoberta e eliminada. Entretanto, alguns defeitos podem permanecer após o teste. Como é difícil corrigir a arquitetura do software ou outro aspecto básico do projeto do software, a base do projeto usualmente permanece inalterada ao longo do teste.

Sendo assim, a partir da norma NBR ISO/IEC 9126-1 e das recomendações da SBIS(30) para validação de prontuário eletrônico, foram construídos e validados, quanto ao seu conteúdo, três questionários de avaliação da qualidade de SAD, a saber: QI, QE e Qualidade em Uso (QU). Utilizou-se o método Content Validity Index (CVI) para estimar a validade dos questionários. Cinco juízes analisaram cada item do quanto à pertinência, abrangência, clareza e aparência geral, e, de acordo com a pontuação pré- estabelecida para avaliação dos itens, os classificaram como: (-1) não atende à característica; (0) indeciso; (+1) atende à característica, bem como itens necessários, porém, ausentes no instrumento; itens desnecessários no instrumento e comentários e/ou sugestões.

O total de pontos positivos foi somado e dividido pelo número de juízes, sendo estimada a sua porcentagem. Conforme recomendado por Grant e Kinney(42), quando o número de juízes for menos que sete, o CVI deve ser igual a 100%. Caso não atingissem esse valor, os itens deveriam ser suprimidos ou modificados.

Todavia, em 2011, foi publicada nova normativa sobre métricas para avaliação da qualidade de softwares, a NBR ISO/IEC 25010/2011(43). Então, os autores dos instrumentos revisaram os questionários, que foram submetidos à nova avaliação pelo mesmo painel de especialistas, a fim de validá-los com base na normativa em vigor, que apresenta as seguintes características e sub-características de qualidade:

Suportabilidade funcional: capacidade do produto de software de prover funções para atender a necessidades explícitas e implícitas para as quais foi concebido.

o Completeza funcional: capacidade do produto de software de prover um conjunto apropriado de funções para tarefas e objetivos especificados do usuário.

o Corretude funcional: capacidade do produto de software de prover, com o grau de precisão necessário, resultados ou efeitos corretos ou conforme acordados.

o Adequação funcional: capacidade do produto de software de facilitar a realização das tarefas e objetivos do usuário.

Eficiência no desempenho: capacidade do produto de software de manter um nível de desempenho apropriado, quando usado em condições especificadas.

o Comportamento em relação ao tempo: capacidade do produto de software de fornecer tempos de resposta e de processamento apropriados, quando o software executa suas funções, sob condições estabelecidas.

o Utilização dos recursos: capacidade do produto de software de usar tipos e quantidades apropriados de recursos, quando executa suas funções sob condições estabelecidas.

o Capacidade: limites máximos de parâmetros do sistema (itens que podem ser armazenados, número de usuários concorrentes, largura de banda, velocidade de transações, tamanho da base de dados, etc.) que atendem aos seus requisitos.

Compatibilidade: capacidade do produto de software de possibilitar a troca de informações com outras aplicações e/ou compartilhar o mesmo ambiente de

hardware ou software.

o Coexistência: capacidade do produto de software de coexistir com outros produtos de software independentes, em um ambiente comum, compartilhando recursos comuns.

o Interoperabilidade: capacidade do produto de software de interagir com um ou mais sistemas especificados, pela troca de informações e do uso de informações que são trocadas.

Usabilidade: capacidade do produto de software, uma vez possuindo efetividade e eficiência, de ser compreendido, aprendido, operado e atraente ao usuário, quando usado sob condições especificadas.

o Inteligibilidade: capacidade do produto de software de possibilitar ao usuário compreender se o software é apropriado e como ele pode ser usado para tarefas e condições de uso específicas. Depende da documentação do software.

o Apreensibilidade: capacidade do produto de software de possibilitar ao usuário aprender seu uso. Depende da documentação do software.

o Operabilidade: capacidade do produto de software de possibilitar facilidade ao usuário para operá-lo e controlá-lo.

o Proteção ao erro do usuário: capacidade do produto de software de proteger o usuário de erros.

o Estética da interface com o usuário: capacidade do produto de software de ser atraente ao usuário, ao oferecer uma interface com interação agradável.

o Acessibilidade: capacidade do produto de software ser utilizado por um amplo espectro de pessoas, que inclui portadores de necessidades especiais e com limitações associadas à idade.

Confiabilidade: capacidade do produto de software de executar suas funções de modo contínuo.

o Maturidade: capacidade do produto de software de evitar falhas decorrentes de defeitos no software, mantendo sua operação normal. o Disponibilidade: capacidade do produto de software em ser operacional e

acessível quando seu uso for requerido.

o Tolerância a falhas: capacidade do produto de software de operar em um nível de desempenho especificado em casos de defeitos no software ou no hardware.

o Recuperabilidade: capacidade do produto de software de restabelecer seu nível de desempenho especificado e recuperar os dados diretamente afetados no caso de uma falha.

Segurança: capacidade do produto de software de proteger informações e dados: pessoas ou sistemas não autorizados não podem lê-los nem modificá-los e o acesso às pessoas ou sistemas não autorizados é negado.

o Confidencialidade: capacidade do produto de software de garantir que os dados serão acessíveis apenas por pessoas que possuem acesso a eles. o Integridade: capacidade do produto de software de evitar o acesso não

autorizado para acesso ou modificação de programas ou dados.

o Não questionamento: capacidade do produto de software em garantir que a ocorrência de ações ou eventos possam ser provados, evitando-se questionamentos futuros.

o Responsabilização: capacidade do sistema em auditar a rastreabilidade de acesso a operações.

o Autenticação: capacidade do sistema em validar a identidade de um usuário.

Manutenabilidade: capacidade do produto de software de ser modificado. As modificações podem incluir correções, melhorias ou adaptações do software devido a mudanças no ambiente e em seus requisitos ou especificações funcionais.

o Modularidade: capacidade de o sistema possuir componentes discretos de modo que uma modificação em um componente tenha impacto mínimo em outros componentes.

o Reusabilidade: capacidade de os componentes do software serem utilizados em outro software ou na construção de outros componentes ou sistemas.

o Analisibilidade: capacidade do produto de software de permitir o diagnóstico de deficiências ou causas de falhas, ou a identificação de partes a serem modificadas.

o Modificabilidade: capacidade do produto de software de permitir que uma modificação especificada seja implementada.

o Testabilidade: capacidade do produto de software de permitir que o mesmo, quando modificado, seja validado.

Portabilidade: capacidade do produto de software de ser transferido de um ambiente para outro.

o Adaptabilidade: capacidade do produto de software de ser adaptado para diferentes ambientes especificados, sem necessidade de aplicação de outras ações ou meios além daqueles fornecidos para essa finalidade pelo

software considerado.

o Capacidade para ser instalado: capacidade do produto de software para ser instalado em um ambiente especificado.

o Capacidade para substituir: capacidade do produto de software de ser usado em substituição a outro produto de software especificado, com o mesmo propósito e no mesmo ambiente.

Destaca-se que ambas as avaliações foram realizadas pelos mesmos juízes. Inicialmente, os questionários com orientações para validação foram enviados via correio eletrônico. Em seguida, as alterações e sugestões foram analisadas e, algumas delas, acatadas para novo envio e avaliação pelos juízes. Foram realizadas, no total, quatro alterações nos instrumentos, até que todos os juízes concordassem que os itens estavam adequados quanto à pertinência, abrangência, clareza e aspecto geral. Os questionários finais consistiram em cinquenta e duas questões no instrumento de avaliação da QI (Anexo 5), e sessenta e sete no instrumento de avaliação da QE (Anexo 6).

De acordo com a norma NBR ISO/IEC14598-4(41), que descreve a documentação dos módulos de avaliação de um software, devem participar, no mínimo, oito avaliadores em cada categoria de usuários do sistema, para que a amostra seja representativa e a avaliação fidedigna. Sendo assim, a amostra dos avaliadores foi definida por conveniência e compreendeu doze especialistas em análise de sistemas, os quais avaliaram a QI, e quinze especialistas em desenvolvimento de sistemas, que avaliaram a QE.

Os critérios de inclusão ao primeiro grupo que avaliou a QI foram: ter formação em nível superior na área de informática, especialização em análise de sistemas ou similar, e/ou atuar na área por, no mínimo, um ano. Os critérios de inclusão ao segundo grupo, que avaliou a QE do sistema, foram os mesmos do grupo QI, porém, com o requisito de ter especialização ou experiência na área de desenvolvimento ou programação de sistemas.

A avaliação da QI e QE ocorreu por meio da inspeção da documentação técnica do SADEFUZZY, em comparação aos aplicativos e interface do sistema, bem como de navegação no mesmo. Nesse tipo de avaliação, para que o sistema seja considerado de qualidade, deve obter o mínimo de 70% em pontuação “De Acordo” dos avaliadores.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), parecer nº 951/209 (Anexo 7).

3.4 Avaliação da Usabilidade do Módulo Qualidade de Vida Relacionada à

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