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1 CARACTERIZAÇÃO DA SRE/UBÁ – APOIO E FORMAÇÃO DOS GESTORES

2.3 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa

2.3.2 O questionário semi-estruturado – fase amostral caracterizando os

2.3.2.1 Resultado dos questionários semi estruturados

2.3.2.1.7 Avaliação quanto à relação entre desempenho da escola e

utilização dos resultados das avaliações externas e sua evolução no planejamento das ações da escola.

As respostas a esta pergunta, podem elucidar o motivo pelo qual, pelo menos na visão da gestora A, apesar de haver preocupação com os resultados dos alunos como verificado na pergunta 9, este assunto não aparece entre aqueles que os gestores elegem como preferidos em programas de formação continuada. Na sua visão as avaliações não refletem a realidade da escola, como se pode observar a seguir:

Geralmente, as avaliações externas não estão de acordo com a realidade vivenciada pela escola; a linguagem usada não é a mais adequada, os resultados não condizem com a aprendizagem real dos nossos educandos, que na maioria das vezes são aprovados em Universidades Federais e não têm bom rendimento nas avaliações externas. (Gestora A, 2012)

Mais à frente ela continua e explica que, apesar de sua visão particular, este assunto é levado em consideração quando da montagem do planejamento de trabalho da escola. Ela se exprime assim

No entanto, o planejamento global da Escola, o Plano de Intervenção Pedagógico elaborado, o Projeto Político Pedagógico e outros Projetos trabalhados pela Escola levam em conta os resultados das avaliações externas, porque consideramos ser este um referencial que avalia as capacidades adquiridas pelos alunos de forma global, que dá mais segurança e autoconfiança para o trabalho da escola. Trabalhar os resultados junto aos alunos, professores e pais é fundamental para a compreensão do processo da escola sobre si mesma e para a melhoria de suas atividades. (Gestora A, 2012).

Quanto à gestora B, sua posição é de crítica à avaliação externa, pelo menos a última ocorrida na escola. Suas palavras deixam transparecer a dificuldade que alguns gestores informam possuir em analisar e acompanhar os critérios deste tipo de avaliação. Suas palavras são:

Esta ultima não, pois não sei o critério que foi usado para esta ultima avaliação: escolas com 6 alunos avaliados e outras com 200 alunos . Existem escolas com salas de 6 alunos? Qual parâmetro usado para esta situação? Metas sendo medidas pelos desempenhos: baixo e intermediário somados e comparados com o recomendável, isto conta como inclusão? (gestora B, 2012)

Como a reposta da gestora D se assemelha àquelas dadas pela gestora B e pela gestora A, o fluxo das análises será modificado nesta parte do texto com o intuito de se criar um sentido mais sinérgico no resultado das fases amostral e censitária da pesquisa, dessa forma a análise das respostas da gestora C será feita em separado neste item. Portanto, esta gestora afirma que utiliza os resultados das avaliações padronizadas em seu planejamento, embora afirme que “não acho que elas medem conhecimento de ninguém” (Gestora D, 2012). Mais à frente ela continua sua explanação e se pronuncia da seguinte forma sobre os resultados das avaliações externas:

Os mesmos, quando comparados minuciosamente, são contraditórios. Temos alunos bons e um exemplo é que um deles em uma das provas se recusou a fazê-la, por pirraça no ano de 2008, ou seja, ele não deixou de ser bom aluno por isso. Então, o trabalho da escola tem de ser independente dos resultados das avaliações. Lógico que queremos, com toda certeza, ver os números crescendo. (Gestora D, 2012)

No depoimento da gestora C, por fim, não se pode fazer uma avaliação mais precisa, pois responde com um lacônico “sim” (Gestora C, 2012) a esta indagação, mas que ainda não utiliza os resultados das avaliações em seu planejamento de trabalho, pois mais uma vez laconicamente, responde “Ainda não” (Gestora C, 2012), a este fragmento da pergunta.

Pelas manifestações observadas nesta parte do questionário, parece revelar- se uma faceta pouco explorada nesta dissertação e que surgiu como uma espécie de incoerência entre as respostas dadas pelos gestores tanto na pergunta 10 do questionário censitário, quanto na pergunta 6 dos questionários semi-estruturados. Nestes dois momentos da pesquisa não ficava claro o porquê de os gestores não terem muito interesse no assunto avaliações externas, tendo em vista a importância que estes instrumentos hoje adquiriram no cenário educacional. As redes de ensino, muitas vezes balizam seus planejamentos em função destes resultados e as próprias escolas, como se pode depreender das respostas aqui encontradas os utilizam em seu planejamento.

No entanto, na análise das respostas dadas a esta questão 7 do questionário semi estruturado tanto gestoras mais experientes como as que possuem menos tempo de função de direção, parecem transmitir certa descrença nos resultados, bem como, no poder efetivo de avaliação do aprendizado que estes instrumentos possuem, o que pode explicar, pelo menos em parte, senão no todo, o pouco interesse manifestado pelos pesquisados sobre o assunto.

Neste ponto da análise pode-se talvez encontrar uma situação de tensão entre o que diz a literatura e a vivência e opinião das gestoras pesquisadas. Heloisa Lück credita à “falta de referencial, organização e orientações adequados para nortear a atuação educacional com a devida competência” (LÜCK, 2010, p. 29), por parte dos gestores educacionais, um “substancial desperdício de talentos nas escolas brasileiras, identificados por seu elevado índice de evasão e repetência e baixos níveis de rendimento” (LÜCK, 2010, p.29), identificados através dos resultados das avaliações externas, em especial os do Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica – SAEB. Quer dizer, a autora se baseia em avaliações para questionar de forma clara a atuação gerencial dos diretores educacionais.

O assunto avaliação padronizada, estudado neste subitem parece necessitar de maiores esclarecimentos por parte da rede de ensino, para que seus gestores possam internalizar seus propósitos e importância, pois neste momento a crença em sua eficácia, parece abalada entre o público pesquisado nos dois instrumentos utilizados neste capítulo 2.