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1 CARACTERIZAÇÃO DA SRE/UBÁ – APOIO E FORMAÇÃO DOS GESTORES

2.3 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa

2.3.1 Os resultados da aplicação do questionário

2.3.1.11 Conexões entre as respostas obtidas nas diferentes questões

Nesta seção se buscará construir inferências e conexões entre as respostas obtidas nas várias perguntas do questionário aplicado aos gestores das escolas es- taduais da SRE/Ubá. Este movimento objetiva mostrar as interações e relações en- contradas entre as respostas e como o encadeamento entre elas auxilia na análise criteriosa das possibilidades de se identificar as principais características gerenciais dos gestores escolares desta regional.

De início, nas conclusões relacionadas à pergunta 1, constata-se que existe certo grau de regularidade na renovação de parte considerável do número de gesto- res escolares, a cada eleição para o cargo de diretor ocorrida na regional. Dessa forma profissionais oriundos exclusivamente do quadro do magistério, professores e pedagogos, assumem as funções de gestores, de acordo com informações contidas na análise da pergunta de número 4, muitas vezes sem possuir nenhuma formação ou experiência no campo da gestão.

Ao se comparar as respostas contidas nas questões de número 1 e 4, o resul- tado apresentado é de alinhamento, entre os 86,15% de gestores que responderam possuir menos de 5 anos de experiência em gestão na questão 4 e os 70,76% que responderam ocupar o cargo há menos de 6 anos na pergunta 1. Esse resultado se aproxima também dos 87,37% de respondentes que indicaram ocupar o cargo entre (1) um e (9) nove anos obtido pela pesquisa do CAED/UFJF, 2009, em sua pergunta de nº 8 (oito), já estudada neste trabalho no subitem 1.4, do capítulo 1.

Portanto, esse resultado parece reforçar a crença de alternância na gestão escolar das escolas estaduais da SRE/Ubá, como de resto nas escolas estaduais mineiras, interligando os resultados das duas pesquisas, ou seja, demonstrando que o quadro estadual, apurado na pesquisa do CAED, se repete em âmbito regional na Superintendência de Ubá.

Reafirmando a ideia de que o aprendizado da gestão escolar pode ser essen- cialmente construído na prática cotidiana por professores ou pedagogos que assu- mem os cargos de direção nas escolas estaduais, uma parte considerável dos ges- tores pesquisados, em torno de 62%, afirmam possuir bons conhecimentos nas áreas administrativa e financeira, na questão de número 2, número próximo àquele de gestores que possuem alguma experiência encontrado na pergunta 1.

Ao se comparar os resultados obtidos na pergunta 2 e aqueles obtidos na pergunta 4, entretanto, fica a dúvida suscitada nas conclusões sobre a pergunta 2 de que a percepção que os gestores possuem de seu conhecimento em áreas relacio- nadas aos setores administrativo e financeiro das escolas, em geral positiva, seja condizente com a realidade, ou se essa percepção está equivocada e possivelmente vem causando dificuldades no gerenciamento das escolas. Entre os respondentes, 64,61% afirmam na questão 4, não possuir nenhuma experiência, ou possuir menos de um ano de experiência em gestão, além do que, na pergunta 10 eles mesmos manifestam o desejo de melhor se qualificarem nestas duas áreas.

Assim, não parece razoável a crença apresentada pelos gestores de que de- tém conhecimento mais aprofundado em questões administrativas e financeiras, se eles possuem experiência limitada de trabalho nestas duas áreas. Lück, (2008, p.16) argumenta que o diretor de escola, possui a “máxima responsabilidade quanto à consecução eficaz, da política educacional” e parece pouco provável que esta res- ponsabilidade seja fielmente cumprida sem que os gestores escolares dominem de fato o conhecimento que lhes permite compreender todos os processos, responsabi- lidades e consequências de cada atividade desenvolvida pelos profissionais da es- cola.

Parece haver reforço na visão até aqui apresentada, quando se observa os resultados da pergunta 3, pois a grande maioria dos respondentes revela nas res- postas a esta questão que os cursos de maior nível educacional em gestão que já realizaram, são aqueles oferecidos pela SRE. Em outras palavras, foram realizados após sua nomeação, o que parece evidenciar que falta aos gestores iniciantes, além da experiência, formação gerencial, que inclui necessariamente no âmbito da escola conhecimento nas áreas administrativa e financeira. Como, por recomendação da SEE/MG, as regionais não realizam cursos gerenciais preparatórios para seus servi- dores, estas apenas os oferecem para aqueles profissionais que já estão ocupando um cargo de gestão. Pode-se concluir que esta situação pode gerar, citando Mintz- berg (2010, p. 38) “manipuladores de informação adaptativos”, ou seja, gestores rea- tivos que se adaptam aos acontecimentos de acordo com sua ocorrência.

Já ao se comparar as questões de número 3 e 4, pode-se construir outra infe- rência entre as relações existentes nas respostas dadas às perguntas do questioná- rio. Ao observar as respostas contidas nas duas questões, pode-se concluir que sem a oferta de meios de formação/qualificação por parte das entidades mantenedoras das escolas, neste caso a SRE/Ubá, seus gestores teriam mais dificuldade ou me- nos facilidade em buscar a formação gerencial mais adequada às suas demandas.

Os números da questão 4 revelam que 64,61% dos respondentes afirmam não possuir nenhuma experiência ou possuir menos de um ano de experiência em gestão, antes de assumirem o cargo; enquanto na questão 3, 73,84% dos respon- dentes afirmam ter participado do Progestão e outros cursos em gestão oferecidos pela SRE/Ubá e que estes foram os cursos de maior nível educacional em gestão dos quais participaram. Esta comparação parece evidenciar que a formação geren- cial dos diretores escolares da SRE/Ubá, é uma responsabilidade transferida pela

rede à sua regional, surgindo daí uma responsabilidade de desenvolvê-los, prefe- rencialmente de forma continuada, para que os resultados educacionais sejam cada vez melhores nesta regional.

Quando o assunto é modificação das práticas gerenciais, uma comparação que não pode ser desconsiderada é aquela entre as respostas encontradas na ques- tão de número 3, e os números encontrados na questão de número 5. Comparando as duas questões, se obtém um número quase idêntico de gestores afirmando que o curso realizado através da SRE/Ubá os ajudou a modificar suas práticas gerenciais, 45 (quarenta e cinco), na questão de número 5; e o número encontrado na questão 3 daqueles que afirmam ter participado do Progestão ou outros cursos oferecidos pela SRE/Ubá, 48. Essa semelhança pode levar à conclusão de que os cursos ge- renciais possuem relevância prática na atuação dos gestores pesquisados e que seu oferecimento pelas mantenedoras auxilia na construção de uma gestão mais qualifi- cada/profissionalizada nas escolas estaduais da regional.

Outra comparação possível está nas respostas obtidas na questão de número 5, onde mais de 90% dos gestores que já receberam formação em serviço indicam que esta prática os ajudou a transformar suas ações seja na esfera administrativa, seja na esfera pedagógica, ou em ambas as esferas, com o resultado obtido na per- gunta 10, em que mais de 92% dos diretores respondem que acreditam na formação continuada em serviço como forma de se atualizar e que este tipo de qualificação, faz diferença na sua prática profissional.

Por fim apresenta-se a comparação entre as respostas da questão 10, e as respostas obtidas na questão de número 9; recordando que esta trata de pesquisar quais os assuntos mais exigem dos gestores dedicação no cotidiano; e que a ques- tão 10 trata de pesquisar quais os assuntos esses profissionais querem ver aborda- dos em cursos de formação continuada. A conclusão que se obtém é de que os as- suntos são exatamente os mesmos, ou seja, aqueles que os gestores percebem como os que mais lhes tomam tempo, são exatamente aqueles que os profissionais desejam estudar em cursos de formação continuada.

Talvez aqui fique evidenciado um reconhecimento da falta de capacitação, o que se explicaria pela demanda excessiva de tempo no desenvolvimento dessas ta- refas e a vontade de buscar novos conhecimentos nessas áreas.

Existe um equilíbrio entre as áreas gerenciais, financeira e administrativa e a gestão de pessoas, como aquelas que dividem a preferência dos entrevistados e

aquelas em que eles se ocupam mais. Assim, parece haver consonância entre a ne- cessidade cotidiana dos gestores e aquilo que eles efetivamente gostariam de estu- dar em cursos de formação continuada.

2.3.2 O questionário semi-estruturado – fase amostral - caracterizando os gestores