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CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO

2.2. FUNÇÕES E MODALIDADES DE AVALIAÇÃO

2.2.3. AVALIAÇÃO SUMATIVA

A avaliação sumativa está intimamente associada ao juízo que é efectuado acerca das competências e conhecimentos adquiridos pelos alunos num determinado período escolar. Ribeiro (1991) refere que:

A avaliação sumativa corresponde, pois, a um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a um todo sobre que, até aí, só haviam sido feitos juízos parcelares. (p. 89)

Deste modo, a avaliação sumativa fornece um resumo de toda a informação disponível do aluno, procedendo a um balanço dos resultados apresentados no final de um segmento relativamente extenso do processo de ensino-aprendizagem em decurso.

Viallet e Maisonneuve (1990) apresentam outra perspetiva desta modalidade de avaliação. Segundo estes autores, a avaliação sumativa pode ser utilizado como um instrumento de reconhecimento social na medida em que permite ordenar os alunos de acordo com o seu mérito social, desempenhando, portanto, uma função social.

Bloom, Hastings e Madaus (1971) dão uma visão da avaliação sumativa em que a sua característica primordial é que:

O julgamento do aluno, do professor ou do programa é feito em relação à eficiência da aprendizagem ou do ensino uma vez concluídos. (p. 129)

Durante anos, a avaliação sumativa esteve associada ao termo soma, que traduz os resultados finais dos alunos refletidos em somas numéricas decorrentes dos resultados quantitativos apresentados por estes. Contudo, não faz sentido considerar-se apenas esta perspetiva, uma vez que a avaliação não pode ser entendida, somente, como meras somas, medidas ou classificações numéricas (Leite, 2002).

Zabalza (1991), tem essa visão:

reduzir a avaliação à consideração de uma só área (o rendimento), a uma só técnica (os exames) a uma só situação (a controlada) e a uma só modalidade (a sumativa) representa um empobrecimento da avaliação e uma perda do seu sentido no âmbito do discurso didáctico. (p. 226)

A avaliação sumativa está atualmente regulamentada através do Decreto-Lei nº139/2012 que reafirma o que já havia sido estabelecido no Despacho Normativo nº338/93. Desta forma e de acordo com o Decreto, a avaliação sumativa está alicerçada na atribuição de um juízo de caráter global acerca do grau de desenvolvimento em termos dos conhecimentos, competências, capacidades e atitudes do aluno no final de um determinado período de aprendizagem e ensino. A avaliação sumativa tendo como pressupostos a classificação e certificação desenvolve-se através de duas formas:

- a avaliação sumativa interna; - a avaliação sumativa externa.

Em cada uma das duas formas referidas o resultado da avaliação é expresso de acordo com uma escala quantitativa, cujos valores variam entre 0 e 20 valores, permitindo que se efetue o balanço da aprendizagem realizada por cada aluno.

A avaliação sumativa interna realiza-se no final de cada um dos três períodos letivos para cada uma das disciplinas. Esta avaliação é da responsabilidade dos professores que integram os conselhos de turma e conjuntamente dos órgãos de gestão e administração dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.

A avaliação sumativa externa é da competência dos serviços ou entidades integrantes no Ministério da Educação e Ciência designados para esse efeito, materializada através da realização de exames nacionais. Com refere, ainda, o Decreto-Lei, a avaliação sumativa externa é aplicável a todos os alunos dos cursos científico-humanísticos, excluindo os que frequentam o ensino recorrente, embora a estes possa ser aplicado, caso seja seu intuito prosseguir estudos no ensino superior. Esta avaliação aplica-se igualmente a todos os alunos dos outros cursos, que não os científico-humanísticos, que tenham a intenção de prosseguir estudos no ensino superior. Esta avaliação de acordo com o Decreto-Lei nº139/2012, no ensino secundário, para os alunos dos cursos científico-humanísticos é da competência do Ministério da Educação e

Ciência e realiza-se atualmente no final do 11º ano de escolaridade para as duas disciplinas bienais da componente de formação específica e/ou para a disciplina de Filosofia de acordo com a opção do aluno e no final do 12º ano de escolaridade para as disciplinas trienais ou seja, para a disciplina de Português da componente de formação geral e para a disciplina trienal da componente de formação específica.

A avaliação sumativa externa tem sido um dos conceitos mais abordados. Esta, revela uma preocupação pela homogeneidade da classificação (Silva, 2000).

Olivença (1994), referenciado em Silva (2000), aponta a avaliação sumativa externa:

como responsável pela forma como são, normalmente, estruturadas as tarefas propostas aos alunos neste nível de ensino. De facto, assiste-se a um ensino estruturado em termos de preparação para a realização de provas de avaliação sumativa externa como se o saber fosse apenas aquilo que estas provas medem. (p. 20)

Em síntese, pode afirmar-se que, de um modo complementar, a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação sumativa não se excluem entre si, não sendo cada uma delas mutuamente desprezadas. Assim sendo, é reconhecido que os resultados que se retiram da avaliação tanto pode assumir um carácter sumativo, como formativo, como diagnóstico.

Martinho (2009) elaborou um quadro (quadro 2.1.) em que resumiu as principais características da Avaliação Formativa e da Avaliação Sumativa, que permite um melhor entendimento de cada uma destas duas modalidades de avaliação.

Quadro 2.1. Características da Avaliação Formativa e Avaliação Sumativa

Tipo FORMATIVA SUMATIVA

Funções Orientadora/Reguladora Controlo/Certificadora

Conteúdos - Compreensão da tarefa.

- Motivação pessoal e do grupo.

- Método e ritmo de trabalho. - Problemas, dificuldades, etc.

- Aquisição de requisitos para níveis posteriores.

- Aquisição de habilidades socialmente significativas.

Informação - Processo não formal nem

instrumental baseado na observação incidental e sistemática e na análise de trabalhos. Multiplicação de fontes, autoavaliação. - Instrumentos que contemplam os objetivos terminais do programa. - Provas normalizadas a diferentes níveis.

Interpretação - Interpretação intuitiva do

processo de aprendizagem. - Formulação de hipóteses de trabalho a provar

imediatamente.

- Julgam-se os dados em função dos objetivos

considerados necessários para esse nível.

Decisões - Explicar de outro modo.

- Motivar. - Procura de alternativas. - Conceder ou não um diploma. - Certificar ou não a preparação. Fonte: Martinho, 2009, p. 55

CAPÍTULO 3. QUADRO HISTÓRICO E LEGISLATIVO DA AVALIAÇÃO NO