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Associação ao tratamento cirúrgico

2.2.3 Fatores associados à movimentação dentária induzida ortodonticamente

2.2.3.1 Avaliações microscópicas

HERZBERG121, em 1932, analisou o movimento dentário em uma jovem de 18 anos de idade movimentando o primeiro pré-molar superior direito para lingual, por 70 dias. O dente contralateral apresentou-se como controle. Em seguida, removeu ambos os dentes juntamente com os processos alveolares e, depois, seccionou-os no sentido vestibulolingual. No dente movimentado observou-se a formação de espículas ósseas no lado de tensão, dispostas paralelamente, em direção à aplicação da força, e cada espícula mostrava aposição e reabsorção de tecido ósseo. No dente controle, não houve alterações significantes, concluindo-se que as alterações no osso alveolar humano, decorrentes da movimentação induzida, são as mesmas encontradas em animais experimentais.

Estudando, também, a reação tecidual nas raízes de pré-molares

movimentados ortodonticamente, REITAN225

, em 1974, avaliou 72 dentes obtidos de 32 pacientes de 9 a 16 anos, os quais foram submetidos a forças com duração, direção e magnitudes variadas. As forças aplicadas variaram de 25 a 240 gramas e o período experimental variou entre 10 e 74 dias. Os dentes avaliados foram os pré-molares, divididos em quatro grupos, os quais realizaram extrusão, intrusão, inclinação e os que serviram como controle, os dentes contralaterais. A reabsorção moderada foi verificada em 7 dos 30 pacientes que realizaram extrusão, sendo o único grupos com com lacunas de reabsorções observadas. Observou-se reabsorção moderada nos quatro pré-molares de um paciente do grupo que realizou inclinação. E reabsorções moderadas e severas foram encontradas em 8 dos 18 pacientes que realizaram intrusão. A quantidade de reabsorção, em todos os grupos, apresentou-se aumentada com o aumento do tempo de tratamento. Assim, o tempo de tratamento foi um fator mais crítico do que a quantidade de força utilizada, embora o tempo de tratamento máximo tenha sido de 47 dias.

WEHRBEIM; FUHRMANN; DIEDRICH289, em 1995, realizaram uma

biópsia na maxila de uma paciente submetida a tratamento ortodôntico, durante 19 meses, pela técnica do arco de canto, e que faleceu em decorrência de um acidente. Pelas analises radiográficas, observaram um seio maxilar extenso, em sentido basal, na direção do movimento, à frente do segundo molar esquerdo e extensas reabsorções laterais na região

vestibular das raízes do primeiro molar. Histologicamente, verificaram deiscências ósseas na cortical vestibular, que não poderiam ser diagnosticadas pela inspeção macroscópica, constatando que a resposta periodontal, induzida pela terapia ortodôntica, e as alterações histológicas dependem fortemente do tipo de movimento dentário e da estrutura óssea. E, também, que a translação pura, com o aparelho do Arco de Canto, resulta em lesões relativamente menores aos tecidos duros das raízes. No caso de movimento mesial translatório de dentes multirradiculares, o processo de reabsorção foi mais pronunciado na raiz mesiovestibular do que na raiz distovestibular, observando-se também reparos extensos nas raízes. Concluíram que o movimento de translação é o que causa menos danos aos tecidos, que o movimento de intrusão pode estar relacionado com a reabsorção apical extrema e que o movimento de inclinação também leva às reabsorções radiculares apicais. Que, as reabsorções radiculares laterais são passíveis de reparação cementária, desde que não haja perfuração da cortical óssea e, principalmente, concluíram que as mudanças verificadas histologicamente são substancialmente mais pronunciadas do que as avaliações radiográficas e macroscópicas sugerem. Justificaram que as respostas histológicas induzidas ortodonticamente, verificadas no ser humano, eliminam a necessidade de discussão da transferência de um modelo animal.

OWMAN-MOLL; KUROL; LUNDGREN208, em 1995, analisaram

microscopicamente 64 primeiros pré-molares, de 32 pacientes com idade média de 13,7 anos, os quais foram movidos para vestibular com aparelho fixo, utilizando um arco “sentalloy” com força de 50 gramas, reativada semanalmente por seis semanas. Ao final do período experimental, os dentes foram extraídos e anlisados histologicamente. Observaram que durante as primeiras quatro semanas de contenção, o reparo encontrado foi parcial (17 a 31%). Após 5, 6, 7 e 8 semanas de contenção observou-se um reparo funcional (33 a 40%), com a superfície total das cavidades de reabsorção coberta com cemento. Não se observou diferença no potencial de reparo entre os terços, cervical, médio e apical da raiz e as variações individuais no processo de reparo foram grandes.

Esses mesmos autores209, nesse mesmo ano, analisaram histologicamente 32 primeiros pré-molares superiores de 16 pacientes, com idade média de 13,9 anos, com as mesmas características do aparelho do trabalho anterior. E a força aplicada foi reativada semanalmente, por três semanas, após as quais um arco passivo foi colocado por uma semana. As secções histológicas dos dentes experimentais não apresentaram diferença na quantidade ou na gravidade de reabsorção radicular entre os dois tipos de força. As variações individuais na magnitude de força e na quantidade e gravidade de reabsorção radicular, para ambos os sistemas de força, foram significantes.

Novamente, OWMAN-MOLL; KUROL; LUNDGREN210

, em 1995, estudaram os efeitos da movimentação dentária, comparando-os histologicamente e radiograficamente entre si. Utilizaram para isso adolescentes, após aplicação de uma força contínua, bem controlada e de magnitude clinicamente relevante. Induziram movimento vestibular em 112 pré-molares superiores com uma força de 50 gramas reativada semanalmente, com os pré-molares contralaterais servindo de controle. Radiografias periapicais com a técnica do paralelismo foram obtidas uma semana antes do movimento ter iniciado e imediatamente após as extrações dos dentes. Depois de duas semanas, os autores verificaram um aumento definido na profundidade e na extensão da reabsorção radicular. No início da terceira semana, oito dentes exibiram reabsorção apical, que se estendia até a metade da distância entre a superfície externa e o canal radicular, ou mais. Após sete semanas, o grupo teste mostrou, em média, aproximadamente, 20 vezes mais reabsorção do que o grupo controle. Concluíram que as radiografias falharam em revelar algumas reações teciduais adversas e que ocorreu uma grande variação individual na reabsorção radicular, em associação à quantidade de movimento dentário, indicando que fatores individuais não conhecidos influenciam nas reações dos tecidos.

Objetivando-se o estudo dos efeitos do movimento dentário com uma força horizontal, contínua e controlada, KUROL; OWMAN-MOLL;

LUDGREN149

, em 1996, utilizaram 120 pré-molares de 56 jovens, com idade média de 13,8 anos. O aparelho fixo apresentava bandas nos primeiros

molares, uma barra transpalatina para reforço de ancoragem e ainda um

arco lingual com um bite-block soldado às bandas dos molares para

minimizar as forças oclusais. O primeiro e segundos pré-molares foram movidos para vestibular, sendo aplicada uma força de 50 gramas controlada e reativada semanalmente. Os pacientes foram divididos em 7 grupos, tendo o período experimental variado de 1 a 7 semanas. O deslocamento dos dentes foi estudado em modelos, observando-se no grupo experimental movimentos no sentido vertical e horizontal, incluindo a inclinação. Os movimentos verticais foram intrusivos em 45% e extrusivos em 55% dos dentes, e foram encontradas variações individuais consideráveis. Concluíram que o modelo experimental utilizado permite estudar detalhadamente o movimento dentário e as análises histológicas da reabsorção radicular conseqüente desses movimentos.

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