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4 ENSINO SUPERIOR, MODALIDADES E METODOLOGIAS E ARQUITETURA &

6.2 Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo – IFFluminense

As atividades teóricas foram previstas para oferta remota em dois modelos: “ao vivo”, no qual previu-se a utilização da ferramenta de videoconferência Google Meet em complemento à utilização do AVA para postagem de material; e “misto”, no qual previu-se a gravação de um vídeo com 50% da carga horária da aula do docente ou a transmissão ao vivo com a mesma duração no horário de aula, e no resto do tempo, à disposição do aluno para tirar dúvidas, participar dos fóruns ou demais interações propostas no Plano de Ensino e Aprendizagem.

Para as atividades práticas foi indicada a utilização de laboratórios virtuais; práticas assistidas remotamente e realizadas entre discentes e docentes; realização de experimentos simples orientados a partir de aula e vídeos; realização da prática em espaços externos à IES por meio de convênios, principalmente nas disciplinas de estágio supervisionado. Durante a pandemia, as orientações de TCC aconteceram de forma remota.

O plano aborda o lançamento de um livro de metodologias ativas no Ensino Superior, organizado por gestores da instituição, em suporte ao momento de adaptação à crise, pelo trabalho de 38 professores dos cursos das áreas de Ciências Humanas, Sociais, Exatas e Saúde.

Em ata de reunião anexada no projeto do curso, datada de março de 2020, foram apontadas estratégias como: treinamento para professores; revisão do “Plano de Ensino e Aprendizagem”; não aplicação de atividades avaliativas nos primeiros 15 dias de aula para promover enfoque na interação no meio digital; elaboração de material de apoio visando garantir padrões mínimos de interação; encontros de sensibilização e preparatórios com alunos e professores; incentivo à criação de grupos de WhatsApp para facilitar adaptação, suporte e comunicação de problema; que pode ter contribuído para uma aceitação e desempenho dos atores envolvidos. Em um dos objetivos foi apontada a utilização de “metodologias ativas e práticas inovadoras de aprendizagem” e a “aprendizagem remota como um meio de interação em tempo real entre alunos e professor, sem identificação com a modalidade de ensino à distância”

(UNIREDENTOR, 2020, p. 307), evidenciando a sensibilidade pela discriminação conceitual na cultura da instituição.

Tecnológica (CEFET) e, por fim, a partir de 2008 recebeu a denominação de Instituto (IFFLUMINENSE, 2020), quando também foi instituída a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Atualmente, a instituição oferta cursos de formação inicial e continuada;

técnicos concomitantes, subsequentes e integrados ao ensino médio; Educação de Jovens e Adultos; graduação em bacharelado, licenciatura e tecnólogo; assim como pós-graduação lato sensu e stricto sensu. A Figura 6 apresenta a fachada do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFFluminense) campus Campos Centro.

Figura 6 – Fachada do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFFluminense) campus Campos Centro em Campos dos Goytacazes-RJ.

Fonte: Portal1.iff.edu.br (s.d.).

O curso de bacharelado em Arquitetura e Urbanismo surgiu da verticalização dos cursos técnicos da área de Construção Civil, na tentativa de evoluir da Educação básica e profissional à Educação de nível superior. A instituição então denominada CEFET Campos ofertou em 2006 o vestibular que deu início à primeira turma desse curso de bacharelado, aumentando sua importância na consolidação e formação de profissionais para o mercado regional, nacional e internacional.

Segundo o atual Projeto Pedagógico do Curso (PPC), datado de 2020, resultante de uma reformulação curricular do documento de 2010, o objetivo geral do curso de Arquitetura e Urbanismo do IFFluminense é:

promover um ensino de qualidade, propiciando aos discentes o desenvolvimento de habilidades e competências com sólida base teórico-prática e formação profissional generalista, capaz de resolver problemas nos âmbitos de suas competências, além de capacitá-los para atuar crítica e criativamente no campo da arquitetura e do urbanismo, norteado por valores éticos, pessoais e sociais, visando à prática profissional competente reflexiva e responsável. (IFFLUMINENSE, 2020, p. 32)

É de suma importância destacar as bases conceituais da instituição que corrobora para uma abordagem pedagógica técnica no Projeto Pedagógico, visto que a ciência, tecnologia e trabalho fazem parte das dimensões interdependentes das relações na sociedade, sendo, portanto, fundamentais para a produção e organização social.

O PPC do curso indica uma formação que vai além da técnica para o profissional de Arquitetura e Urbanismo, apontando uma formação:

cultural, humanística e histórica, que propiciem a compreensão da relevância do trabalho do Arquiteto Urbanista para a sociedade, bem como a consciência ambiental e a necessidade de proteção do equilíbrio do ambiente natural, cultural e artificial e a sustentabilidade, em consonância com a vocação dos Institutos Federais de Educação (IFFLUMINENSE, 2020, p. 16).

Ao mencionar os objetivos específicos, percebe-se em um deles o apontamento para a estimulação do “pensamento reflexivo, a capacidade investigativa, criativa e autonomia para solução de problemas” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 32, grifo nosso). Sem dúvidas, há diversas formas de abordagens metodológicas capazes de promover tais estímulos, portanto, quando se fala em “autonomia do estudante”, isso inclui em ensinar/aprender a ser autônomo, o que acredita-se estar pressuposto pela proposta pedagógica do curso, de maneira a fomentar tal independência, porque senão o espaço de aprendizagem deixa de ser o principal articulador da autonomia e passa ser, puramente, um espaço de exercício dos conteúdos propostos por cada unidade curricular.

De acordo com Paulo Freire, “uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade.” (FREIRE, 1996, p. 67), esse desenvolvimento só ocorre na vivência e prática autônoma nas soluções de problemas e no exercício de uma vontade responsável, pois

“Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas. [...] Autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser” (FREIRE, 1996, p. 67).

O curso de Arquitetura e Urbanismo do IFFluminense é ofertado através da modalidade de ensino presencial, com uma periodicidade de oferta semestral, nos períodos diurno e noturno totalizando uma carga de 4.840 horas-aula (4.036 horas), sendo 4.160 horas-aula para componentes curriculares obrigatórios, 120 horas-aula para componentes optativos (pelo menos 3 disciplinas dentre 18 previstas no currículo), 320 horas-aula para o Estágio Curricular Supervisionado e 240 horas-aula para as Atividades Acadêmico-Científico Culturais. O curso está delineado para um tempo de duração de 10 semestres letivos, contendo 53 unidades curriculares obrigatórias (considerando uma de seminários e duas de Trabalho Final de Graduação – TFG), e exigindo pelo menos três disciplinas optativas de 40 horas-aula (dentre 18 previstas no currículo),

totalizando 120 horas-aula de componentes dessa natureza; em um tempo de integralização mínimo de cinco anos (IFFLUMINENSE, 2020, p. 22).

Na Tabela 6 estão apresentadas 52 disciplinas obrigatórias (de 53, se levado em conta o Trabalho Final de Graduação, que tem 320 horas-aula) que compõem a matriz curricular do IFFluminense, classificadas segundo as categorias que pertencem. Além dessas, estão apresentadas as 18 disciplinas da categoria das Optativas/eletivas previstas no currículo, dentre as quais, os discentes devem cumprir pelo menos três componentes, perfazendo a carga horária mínima total de 120 horas-aula. Os componentes curriculares estão acompanhados dos períodos de oferta (no caso dos obrigatórios) e das cargas horárias. Apresenta-se, ainda, a carga horária total por categoria. Como sintetização das informações da Tabela 6, tem-se a Tabela 7, que apresenta as cargas horárias totais por categoria e em cada período e os quantitativos (entre parênteses) dos componentes obrigatórios e optativos. Para este último grupo, foi apresentada apenas a informação referente ao total, pelo desconhecimento da oferta por período.

Pelas afinidades entre as disciplinas de Desenho e de Laboratórios Computacionais, além da ausência de componentes com essas denominações explícitas em seus títulos, essas categorias foram agrupadas para efeito de apresentação nas tabelas. Novamente, as classificações se deram pela identificação da natureza predominante em cada componente curricular.

Tabela 6 – Disciplinas por categorias com períodos e cargas horárias – IFFluminense.

CATEGORIAS DISCIPLINAS PERÍODOS

CARGAS HORÁRIAS (h/a)

Desenho/

Laboratórios Computacionais

Expressão e Representação Gráfica I 100

Expressão e Representação Gráfica II 100 Expressão e Representação Gráfica III 60

Expressão e Repres. Gráfica IV 60

Total: 320 Teóricas Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo 40

Filosofia e Arquitetura 40

Teoria e História da Arte e Arquitetura I 80 Estudos Sociais, Econômicos, Ambientais e

Urbanos

60

Matemática Aplic. à Arq. e Urb. 60

Ergonomia, Acessibilidade e Desenho Universal 60 Teoria e História da Arte e Arquitetura II 80

Arquitetura no Brasil 60

Patrimônio e Técnicas de Preservação

80

Teoria e História do Urbanismo 60

Planejamento de Urbano e Regional 80

Empreendedorismo 40

Estatística Aplicada à Arquitetura e Urbanismo 40

Direito à Cidade e Direitos Humanos 60

Seminário de Estágio 40

Metodologia de Pesquisa 40

Ética e Prática Profissional 40

Fundamentos do Trabalho Final de Graduação 60 Seminário de Arquitetura e Urbanismo 10º 40

Total: 1.060

Tecnológicas Composições e Modelos Estruturais 40

Conforto Térmico e Lumínico 60

Sistema Estrutural I 60

Tecnologia e Materiais de Construção I 60

Conforto Acústico 60

Sistema Estrutural II 60

Tecnologia e Materiais de Construção II 60

Estrutura de Concreto Armado I 60

Instalações Prediais 80

Tecnologia e Materiais de Construção III 60

Estrutura de Concreto Armado II 60

Topografia Aplicada à Arquitetura I 60

Estrutura de Aço e Madeira 60

Orçamento, Planejamento e Gerenciamento de

Obras 60

Total: 840

Laboratórios Experimentais

Observação e Composição Plástica I 100

Observação e Composição Plástica II 100

Total: 200

Projetos Projeto de Arquitetura I – Habitação I 100 Projeto de Arquitetura II – Institucional 100

Paisagismo I 80

Projeto de Arquitetura III – Projeto e Bens

Patrimoniais 100

Arquitetura de Interiores 60

Projeto de Arquitetura IV – Saúde 100

Paisagismo II 80

Projeto Integrado I – Verticalização 160

Projeto Urbano I 60

Projeto Integrado II – Cultura e Lazer 160

Projeto Urbano II 60

Projeto Integrado III – Habitação Social e Cidade 160 Projeto Integrado IV – Habitação II 200

Total: 1.420 Optativas/eletivas Pelo menos três componentes que totalizam 120

horas-aula: -

Automação Predial 40

Cálculo Diferencial e Integral 40

Composições Estruturais Especiais 40

Conservação e Uso Eficiente de Energia 40

Direito Ambiental 40

Direito à Cidade arquitetando cidadania 40

Desenho de Observação 40

Docência Superior 40

Fotografia Aplicada à Arquitetura e Urbanismo 40 Geoprocessamento Aplicado à Arquitetura e

Urbanismo 40

Gerenciamento de Projetos 40

Gestão e Economia Empresarial 40

Instalações Prediais Especiais 40

Libras 60

Materiais Alternativos Aplicados à Arquitetura 40

Mobilidade Urbana e Sistemas de Transportes 40

Segurança do Trabalho 40

Técnicas Digitais para Apresentação de Projetos 40

Total: 120 Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Tabela 7 – Cargas horárias e quantitativos de disciplinas obrigatórias por categoria em cada período – IFFluminense.

PERÍODOS

CATEGORIAS

10º TOTAIS

POR

CATEGORIA (h/a)

Desenho/

Laboratórios Computacionais

100 (1)

100 (1)

60 (1)

60

(1) - - - - - - 320

(4)

Teóricas 280

(5) 140

(2) 140

(2) 60 (1)

80

(1) - 80

(2) 140

(3) 100

(2) 40 (1)

1.060 (19) Tecnológicas - 40

(1) 180

(3) 180

(3) 200

(3) 120

(2) 60 (1)

60

(1) - - 840

(14) Laboratórios

Experimentais

100 (1)

100

(1) - - - - - - - - 200

(2)

Projetos - 100

(1) 100

(1) 180

(2) 160

(2) 300

(3) 220

(2) 160

(1) 200

(1) - 1.420

(13)

Optativas - - - - - - - - - - 120

(3) Totais por

período (h/a)

480 (7)

480 (6)

480 (7)

480 (7)

440 (6)

420 (5)

360 (5)

360 (5)

300 (3)

40 (1)

3.960 (55) ( ) quantitativo de disciplinas

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Pela análise das tabelas 6 e 7, percebe-se que, quanto aos componentes obrigatórios, foram identificados quatro na categoria Desenho/Laboratórios Computacionais (Expressão e Representação Gráfica), diluídos nos quatro primeiros períodos do curso, perfazendo um total de 320 horas-aula.

Da categoria de disciplinas Teóricas, obteve-se um total de 19 componentes (dois de Teoria e História da Arte e Arquitetura, um de Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo, de Filosofia e Arquitetura, de Estudos Sociais, Econômicos, Ambientais e Urbanos, de Matemática Aplicada à Arquitetura e Urbanismo, de Ergonomia, Acessibilidade e Desenho Universal, de Arquitetura no Brasil, de Patrimônio e Técnicas de Preservação, de Teoria e História do Urbanismo, de

Planejamento de Urbano e Regional, de Empreendedorismo, de Estatística Aplicada à Arquitetura e Urbanismo, de Direito à Cidade e Direitos Humanos, de Seminário de Estágio, de Metodologia de Pesquisa, de Ética e Prática Profissional, de Fundamentos do Trabalho Final de Graduação e de Seminário de Arquitetura e Urbanismo), do 1º ao 10º período, exceto no 6º, contemplando um total de 1.060 horas-aula.

As disciplinas Tecnológicas perfazem um total de 14 (três de Tecnologia e Materiais de Construção, duas de Sistema Estrutural, de Estrutura de Concreto Armado, de Conforto, uma de Composições e Modelos Estruturais, de Instalações Prediais, de Topografia Aplicada à Arquitetura, de Estrutura de Aço e Madeira e de Orçamento, Planejamento e Gerenciamento de Obras), diluídas do 2º ao 8º período, com 840 horas-aula. As disciplinas de Laboratórios Experimentais são duas (Observação e Composição Plástica), no 1º e no 2º período, totalizando 200 horas-aula.

Para a categoria de Projetos obteve-se um total de 13 componentes (quatro de Projeto de Arquitetura, de Projeto Integrado, dois de Paisagismo, de Projeto Urbano, um de Arquitetura de Interiores), do 2º ao 9º período, totalizando 1.420 horas-aula. Como devem ser cursados pelo menos três componentes Optativos/eletivos integralizando 120 horas-aula, esse quantitativo mínimo foi considerado. Assim, tem-se um total de 3.960 horas-aula (3.300 horas) e 55 componentes curriculares obrigatórios (sem o TFG) e optativos a serem integralizados.

Desconsiderando os componentes optativos pela dificuldade de localização na matriz, os quatro primeiros períodos têm carga horária de 480 horas-aula, com sete componentes curriculares cada, exceto no 2º período, que tem seis componentes, com a predominância em carga horária das abordagens teórica e tecnológica. O 5º e o 6º período têm cargas horárias de 440 horas-aula e 420 horas-aula, com seis e cinco componentes, respetivamente, com a predominância em carga horária dos componentes tecnológicos e de projetos. O 7º e o 8º período apresentam carga horária de 360 horas-aula cada, com cinco componentes, com a predominância em carga dos teóricos e de projetos. O 9º período tem um total de 300 horas-aula, com três componentes, também com a predominância em carga horária de projetos. O 10º período apresenta uma carga de 40 horas-aula, um componente teórico de seminário. Não foi considerado neste último período o componente obrigatório Trabalho Final de Graduação, que tem um total de 320 horas-aula. De modo geral, nota-se que o curso se estrutura principalmente em disciplinas teóricas, tecnológicas e de projetos, que estão presentes em quase todos os períodos da matriz curricular.

Dentre os 18 componentes curriculares optativos/eletivos, foram identificados oito Teóricos (Cálculo Diferencial e Integral, Direito Ambiental, Direito à Cidade arquitetando cidadania, Docência Superior, Gestão e Economia Empresarial , Libras, Mobilidade Urbana e

Sistemas de Transportes, Segurança do Trabalho), seis Tecnológicos (Automação Predial, Composições Estruturais Especiais, Conservação e Uso Eficiente de Energia, Gerenciamento de Projetos, Instalações Prediais Especiais, Materiais Alternativos Aplicados à Arquitetura), três de Desenho/Laboratórios Computacionais (Desenho de Observação, Geoprocessamento Aplicado à Arquitetura e Urbanismo, Técnicas Digitais para Apresentação de Projetos) e um de Laboratórios Experimentais (Fotografia Aplicada à Arquitetura e Urbanismo), nenhum de natureza predominantemente projetual.

Pelo projeto pedagógico, a proposta do curso do IFFluminense, pautada pela interdisciplinaridade, se estabelece em seis conceitos estruturantes: ateliês de projeto por tema, teoria e processo de projeto, flexibilização, racionalização de horários, verticalidade e horizontalidade (IFFLUMINENSE, 2020). Os ateliês por tema constituem-se na utilização de temas ampliando as de proposição, do edifício para a cidade, e em complexidade, das questões programáticas mais singulares para as mais plurais. A teoria e o processo de projeto estão relacionados à integração dos conteúdos teóricos (teoria da arquitetura, conforto ambiental, estrutura) com o processo de projeto. A flexibilização consiste na diminuição de carga horária em disciplinas obrigatórias, a fim de permitir disciplinas optativas nos horários diurnos e noturno, ainda que a carga total exigida para estes componentes curriculares seja relativamente baixa (120 horas-aula, três disciplinas de 40 horas-aula). A racionalização de horários possibilita a alteração dos horários dos turnos para a facilitação do acesso por parte dos alunos. A verticalidade permite uma integração entre os graduandos dos diferentes semestres. A horizontalidade prevê uma integração temática, metodológica e didática entre as disciplinas de um mesmo semestre, por intermédio da reorganização da matriz curricular. Percebe-se, pois, uma preocupação manifestada no documento pela integração e pela interdisciplinaridade.

Sobre as tecnologias, no perfil do egresso, por exemplo, o curso traz a aplicação da

“tecnologia em respeito às necessidades sociais, culturais, estéticas e econômicas das comunidades”, bem como utilização da “tecnologia para o desenvolvimento sustentável do ambiente natural e construído” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 34), e também é definido que o egresso aprenda “novos conhecimentos, de modo que propicie o acompanhamento das constantes mudanças tecnológicas, permitindo o intercâmbio de dados através da utilização dos recursos da tecnologia da informação e comunicação” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 35).

No que tange a ideia da instrumentação da tecnologia, vale destacar que, é preciso que se desconstrua a restrição do conceito as máquinas, como bem aponta Kenski (2012, p. 23) ao relatar que o conceito de tecnolgia: “engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, formas de uso, suas aplicações [...] existem muitas

tecnologias ao nosso redor que não são máquinas”. No entanto, deve-se incitar aos discentes que se apropriem das novas tecnologias, que segundo a autora são oriundos da eletrônica, microeletrônica e das telecomunicações, no qual “[...] seu principal espaço de ação é virtual e sua principal matéria-prima é a informação” (KENSKI, 2012, p. 25).

Nessa perspectiva, pela proposta pedagógica do curso, o atual desafio social dos arquitetos e urbanistas em lidar com as “significativas alterações da realidade contemporânea, sobretudo no que tange ao equacionamento da formação humanística e tecnológica” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 17) pode ser abrandado pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) como objeto de estudo por parte do bacharel e como “ferramentas pedagógicas necessárias ao processo de ensino-aprendizagem” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 17, grifo nosso).

No PPC a inovação tecnológica também está ligada ao fortalecimento da tríade ensino-pesquisa-extensão, em que, as disciplinas de Projetos de Arquitetura (quatro ao todo), Projetos Integrados (quatro ao todo), Paisagismo (três ao todo), Projeto Urbano (dois ao todo), Direito à Cidade e Direitos Humanos (optativa), Observação e Composição Plástica II e Topografia prevêem cargas teóricas, práticas e de extensão, perfazendo um total de 2.120 horas-aula de atividades práticas. Deste total, dedicam-se 490 horas-aula às atividades relativas à curricularização da extensão e estratégias extracurriculares como cursos de pequena duração, seminários, fóruns, palestras, visitas técnicas, em que “no planejamento e execução dessas atividades, articulam-se os temas em questão, alinhando-os as questões de relevância social, local e/ou regional” (IFFLUMINENSE, 2020, p. 195).

Em relação à infraestrutura de suporte ao curso, o PPC aponta três laboratórios específicos, sendo eles: Laboratório de Informática, Maquetaria e Laboratório de Conforto Ambiental, que são específicos do curso de Arquitetura e Urbanismo, e apresenta que os demais laboratórios como o de elétrica, hidráulica, sanitário, canteiro de obras e resistência dos materiais, são utilizados pelo compartilhamento dos cursos técnicos da área de Construção Civil.

No que diz respeito ao incentivo ao uso das metodologias ativas dentro do curso, o projeto reconhece que:

um composto de metodologias, utilizadas de forma crítica, permitirá que cada discente também participe do seu processo de formação acadêmica. Assim, a prática do questionamento, da discussão, da inferência, da conjectura, da experimentação, da proposição e da reflexão serão motivados a todo o momento. (IFFLUMINENSE, 2020, p. 194)

Para tal, são sugeridas algumas práticas educativas de suporte aos docentes para o alcance de tais motivações como: “Exposição de conteúdos, por meio de aulas dialogadas, com auxílio de recursos tecnológicos disponíveis [...] bem como a utilização de laboratórios equipados e

preparados para experimentações, cujos propósitos promovem investigações e reflexões”; “Sala de aula invertida [...] o discente estudar previamente e [...] a sala de aula tornar-se um lugar de aprendizagem ativa, onde há perguntas, discussões e atividades práticas”; “Aprendizagem baseada em projetos [...] atividades envolvendo diversas áreas do conhecimento, os chamados projetos interdisciplinares [...] em torno de um problema significativo”; “Aprendizagem baseada em problemas [...] apresentação de problemas reais [...] resolvidos de maneira colaborativa pelos discentes [...] instigados a buscar novos conhecimentos”; “Estímulo à apresentação de seminários como forma de apresentação de resultados de pesquisas práticas, teóricas [...] com a promoção e compartilhar de saberes [...] participação ativa de todo o grupo envolvido”; “Encorajamento à escrita e publicação de artigos científicos bem como a participação em atividades extensionistas como feiras, colóquios, seminários, palestras e visitas técnicas”; “Motivar a participação dos educandos em projetos institucionais [...] como as monitorias, projetos de extensão, projetos de pesquisas, e projetos de ensino”; e “Incitar a elaboração e execução de projetos científicos fazendo da pesquisa científica um meio fértil para a construção e troca de conhecimentos e saberes”

(IFFLUMINENSE, 2020, p. 194-195).

No projeto foram identificadas quatro unidades curriculares de “Projeto Integrado”, em que, apesar da denominação, percebeu-se pouca materialidade na integração saberes, ficando as ementas com enfoque nas disciplinas de projeto e seus desdobramentos diretos, menos articuladas com outras unidades curriculares, que também são essenciais para a formação do arquiteto e urbanista. O termo “integrado” pressupõe um caráter interdisciplinar que se configura como uma possibilidade para estabelecer conexões entre os saberes baseando-se numa prática pedagógica centrada na formação global dos discentes, propiciando assim práticas integradoras que geram autonomia, interesse e a autodisciplina.

No PPC quando apontados os serviços de atendimento aos discentes, o plano pedagógico menciona o Programa Tecnologia-Comunicação-Educação (PTCE) que “visa contribuir para a apropriação das tecnologias digitais, por parte dos docentes e discentes”. Para tal, “foram reestruturados ambientes de salas de aula, com a instalação de TV com 42 e 55 polegadas e liberação de rede de internet aberta para docentes”, além da cessão de notebooks aos docentes do campus (IFFLUMINENSE, 2020, p. 237). O núcleo de Apoio do PTCE “presta atendimento a demandas dos docentes em relação ao uso de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem”

(IFFLUMINENSE, 2020, p. 237), desenvolvendo ações como:

suporte técnico e manutenção de recursos digitais; palestras, minicursos e seminários para docentes; apoio a eventos realizados no campus, relacionados à Educação e à Informática Educativa; projeto Tablet na sala de aula, que tem por objetivo geral levantar dificuldades e potencialidades relacionadas ao uso pedagógico desses dispositivos, incorporando-os à

prática pedagógica, assim como identificar metodologias adequadas para tal uso.

(IFFLUMINENSE, 2020, p. 237)

Também é citado como ação inclusiva o Centro de Referência em Tecnologia, Informação e Comunicação na Educação, inaugurado em março de 2015, que se propõe a

“ampliar os diálogos necessários à Educação com vistas à produção, apropriação e inovação do conhecimento, bem como a valorização da capacidade humana em todas as suas dimensões:

trabalho, saúde, cultura e ambiente”, pretendendo estabelecer:

um ambiente colaborativo para discussão das tecnologias educacionais, iniciado por meio das redes sociais e complementado com a realização de workshops e seminários, além de estimular a cooperação entre instituições públicas de ensino e pesquisa para a realização de projetos em parceria voltados para as tecnologias educacionais. (IFFLUMINENSE, 2020, p. 237-238)

Como a publicação do documento aconteceu no início da pandemia no Brasil, logicamente não há sinalizações quanto a isso no texto. Entretanto, acredita-se que com tal contexto, novas demandas foram construídas em relação à aproximação com os meios tecnológicos, o que não caracteriza a substituição do presencial, mas que possam ser consideravelmente pleiteadas como uma convergência do ensino on-line à presencialidade, como forma emancipatória imposta pelas mudanças contemporâneas trazidas pela cultura digital que, por sua vez, propõe novas perspectivas para contemporaneidade a respeito do processo formativo do arquiteto e urbanista há tempos, necessitando que ele seja alinhado com as TIC.

7 LEVANTAMENTO DE CAMPO

“Se você tem conhecimento, deixa os outros acenderem suas velas nele.”

(FULLER, Margaret)

Com o propósito de compreender as possibilidades de hibridização do ensino de Arquitetura e Urbanismo por meio do conhecimento das relações com as tecnologias e as práticas por parte dos professores e dos alunos fora e dentro do contexto do ensino remoto emergencial evidenciado pela pandemia da COVID-19, foi realizado um levantamento de campo pela aplicação de instrumentos de coleta de dados do tipo questionários on-line aplicados aos atores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo do UniRedentor e do IFFluminense, cujas amostras foram compostas por professores e alunos do 5º ao 10º períodos; e questionários on-line aplicados a alguns professores representantes dos Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs) e com as coordenações dos cursos.

Este capítulo, que está dividido em cinco seções, apresenta os resultados do levantamento de campo. Primeiro são apresentados os resultados dos questionários segundo a perspectiva dos professores e depois são apresentados os resultados sob a ótica dos alunos, em que por diversas vezes foram retomadas as respostas da primeira categoria. Na terceira seção é realizada uma simulação das possibilidades de hibridização a partir das convergências entre as perspectivas dos professores e dos alunos. Nas últimas duas seções estão as informações encontradas pela aplicação dos questionários aos professores dos NDEs e com as coordenações dos cursos, nesta ordem, em que também foram retomados alguns resultados obtidos nos questionários com professores e alunos. A apresentação das informações em todas as seções também foi fundamentada por entrelaçamentos com as teorias da literatura e com os resultados dos outros procedimentos metodológicos. Ao longo de todo o texto prezou-se pela confidencialidade das instituições e dos sujeitos envolvidos, todos chamados por nomenclaturas aleatórias.

As informações encontradas após o tratamento estatístico simples dos dados dos questionários são apresentadas por categoria (professores e alunos), sem separação por instituição, porque a pesquisa tem a intenção de conhecer as percepções gerais sobre o tema e não tecer comparativos e qualificações individuais das instituições. A apresentação dos resultados segue o formato dos questionários, constituídos por 28 questões (no caso dos professores) e 27 (no caso dos alunos), a maioria com respostas fechadas e poucas questões com respostas abertas cujo conteúdo se estrutura na identificação e na avaliação dos aspectos funcionais do ensino (on-line e presencial), quanto as TIC e as estratégias de ensino, bem como as experiências nas disciplinas de projeto, e nas possibilidades de hibridização curricular em Arquitetura e Urbanismo, pela avaliação

da otimização de carga horária por eixo de disciplinas. De maneira geral, as questões fechadas apresentaram a opção “não sei” e as questões abertas não eram de preenchimento obrigatório.

As informações encontradas pelos questionários aplicados com professores dos NDEs e com as coordenações dos cursos também foram apresentadas sem separação por instituição pelo mesmo motivo citado anteriormente. Os instrumentos de coleta eram compostos por 10 questões cada, todas de respostas abertas com preenchimento obrigatório. No questionário para os professores representantes do NDE foram pleiteadas questões tocantes as estratégias eficientes para o ensino on-line e para a formação profissional, relacionadas ao uso das TIC, metodologias ativas, integração de saberes e otimização de carga horária. No questionário para as coordenações dos cursos, em que se buscou uma ótica mais geral, foi contemplada a relação do curso com a experimentação do ensino remoto emergencial, a oferta on-line e as possibilidades de hibridização curricular. Reitera-se que a abordagem de pontos como as metodologias ativas e a integração de saberes, teve a intenção de conhecer se esses princípios são empregados nas práticas pedagógicas em comprometimento com o alcance de aprendizagem e uma formação eficaz.