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4 ENSINO SUPERIOR, MODALIDADES E METODOLOGIAS E ARQUITETURA &

4.1 Ensino Superior e suas modalidades

às atividades de treinamento e instrução e o segundo refere-se à prática educativa e ao processo de ensino e aprendizagem que leva o aluno a aprender, criar, inovar, pensar, participar ativamente na construção de conhecimentos.

No Brasil, em alguns casos, para que um curso superior seja ofertado por uma IES é obrigatória a apresentação do projeto pedagógico supervisionado e avaliado pelo Ministério da Educação (MEC) prezando pela qualidade do curso, sob o viés de critérios rígidos, que contenha os desdobramentos de cada modalidade incluindo as ações do NDE, a matriz curricular alinhada com o enfoque de cada curso, a organização das atividades complementares, a estrutura do estágio e diversos outros fatores. Há uma preocupação dos órgãos regulamentadores em ter qualidade nesses quesitos fundamentais de oferta de um curso superior. Em outros casos, as instituições têm autonomia para a oferta de cursos, necessitando de reconhecimento para tal.

É pertinente que sejam diferenciadas as competências de regulação e supervisão dos cursos relacionadas à Educação conferidas ao MEC e as competências relacionadas à fiscalização do exercício da profissão, atribuídas aos conselhos de classe. O Parecer CNE/CP nº 6/2006 do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2006), a respeito das interferências dos conselhos de profissionais e do sistema de ensino aponta que:

[...] enquanto os Conselhos de Fiscalização das Profissões Regulamentadas têm a atribuição de fiscalizar o exercício profissional que resulte de uma qualificação exigida por determinação legal, aos sistemas de ensino incumbe, nos termos do art. 43, fornecer à sociedade esses profissionais, portadores da qualificação que a lei exige, comprovada, nos termos do art. 48, pelo diploma devidamente registrado.

Convém ressaltar que, nos termos do art. 46 da LDB, nenhum diploma pode ser emitido ou registrado se o curso não estiver previamente reconhecido mediante processo de avaliação desenvolvido pelo Ministério da Educação para comprovar o padrão de qualidade o curso e, portanto, a garantia da qualidade no desempenho profissional, sob o princípio esculpido no art. 206, inciso VII, e 209, inciso II, da Constituição da República/88. (CNE, 2006, p. 3)

Em termos legais, de acordo com a Lei nº 9394/96 que institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), a Educação formal possui duas possibilidades de oferta previstas: uma é a modalidade presencial a outra é a modalidade a distância (EaD) (BRASIL, 1996). De acordo com Aretio (1994), a modalidade de ensino presencial (EP) é a convencional, ou seja, acontece a partir da comunicação direta entre professor e aluno, onde há a necessidade dos atores do processo de ensino e aprendizagem estarem num mesmo espaço, denominado sala de aula. Já a EaD, segundo Preti (2000), é uma modalidade de ensino e aprendizagem em que professores e alunos não estão necessariamente juntos fisica e temporalmente, mas podem interagir

de estudo e pesquisas, mediado por um professor-tutor.

Pelo Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017 (BRASIL, 2017), que regulamenta o art. 80 da LDB, a EaD é caracterizada como:

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. (BRASIL, 2017, n.p.)

No que tange ao Ensino Superior, essas modalidades podem ser oferecidas por universidades, centros universitários, faculdades, institutos superiores e centros de educação tecnológica, podendo ser públicos ou privados, de acordo com sua categoria administrativa, com ou sem fins lucrativos, em três tipos de graduação: bacharelado, licenciatura e formação tecnológica e de pós-graduação: Lato sensu, Especializações e Master of Business Administrations (MBAs); e Stricto sensu, mestrados e doutorados (MEC, s.d.).

Em um comparativo entre as duas modalidades, Aretio (1996 apud OLIVEIRA; VILAS BOAS; BOMBASSARO, 2004, p. 16) apresenta as principais diferenças conforme mostrado no Quadro 1, destacando para o ensino a distância e a condição de autonomia, de ensino por meio das mídias e de possibilidade de democratização do acesso, indo de encontro à aprendizagem dependente, com comunicação restritiva quanto aos meios e de caráter mais elitista e seletivo do ensino presencial.

Quadro 1 – Comparação entre o ensino presencial e o ensino a distância.

PRESENCIAL A DISTÂNCIA

Discentes homogêneos em idade, em qualificação e em nível escolar

Estudantes heterogêneos em idade, qualificação e nível de escolaridade

Aprendizagem dependente, o aluno depende do professor e de uma estrutura

curricular

Aprendizagem independente que produz uma menor interação social e é o aluno que determina seu próprio

currículo Somente um tipo de docente, basicamente

um educador

Vários tipos de docentes e estes são produtores de material

Comunicação: uso limitado de meios e a comunicação é direta

Comunicação: por ensino multimídia, sendo assim é diferenciada em espaço e tempo

Nível universitário se torna menos democrático, mais elitista e seletivo

Em tendência, deverá ser mais democrático possibilitando maior acesso de estudante por curso Fonte: Adaptado de Aretio (1996 apud OLIVEIRA; VILAS BOAS; BOMBASSARO, 2004, p. 16)

Segundo Romero (2010), existe uma tendência de “convergir aprendizagem eletrônica e convencional, rumo a uma coexistência harmoniosa entre presencial e virtual, em variadas

que essas modalidades forem combinadas, mais difícil ficará ver uma separação clara.

No que diz respeito à semipresencialidade, a Portaria n° 4.059, de 10 de dezembro de 2004 do MEC (BRASIL, 2004) sinaliza que:

As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996. [...] caracteriza-se a modalidade semi-presencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota. (BRASIL, 2004, p. 34)

Percebe-se por esse documento que a semipresencialidade é caracterizada equivocadamente como modalidade, apesar de sua definição tratá-la em um sentido metodológico, que pode ser adotada ou não pelas IESs dentro das modalidades de ensino legalmente previstas:

presencial e a distância. As IESs podem incorporar o uso integrado de TIC para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria. Lonchiati, Motta e Souza (2020, n.p.) sobre esse fato salientam que:

Diante do marco legal quanto ao reconhecimento da semipresencialidade tanto na modalidade de ensino presencial quanto à distância e com ressalvas quanto à sua aplicabilidade é perfeitamente cabível o entendimento de que o ensino semipresencial não é uma modalidade de ensino e sim uma metodologia de ensino, uma estratégia pedagógica que pode ser aplicada aos cursos permitidos e com a finalidade de evidenciar uma vivência presencial em determinado momento do curso. (LONCHIATI; MOTTA;

SOUZA, 2020, n.p.)

Pela Portaria n° 4.059/2004, “Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso.” (BRASIL, 2004, p. 34). Entretanto, a Portaria n° 1.428, de 28 de dezembro de 2018 (BRASIL, 2018), em seu art. 3º atualizou essa última prerrogativa, ampliando a possibilidade de oferta de disciplinas a distância nos cursos presenciais de 20% para o limite de 40% da carga horária total do curso, enfatizando a característica semipresencial em cursos ainda caracterizados na modalidade presencial. Importante ressaltar que essas possibilidades foram determinadas excluindo os cursos de graduação presenciais da área da saúde e engenharias. Essa ampliação do limite da carga horária também está condicionada a alguns requisitos como:

I - a IES deve estar credenciada em ambas as modalidades, presencial e a distância, com Conceito Institucional - CI igual ou superior a 4 (quatro);

II - a IES deve possuir um curso de graduação na modalidade a distância, com Conceito de Curso - CC igual ou superior a 4 (quatro), que tenha a mesma denominação e grau de um dos cursos de graduação presencial reconhecidos e ofertados pela IES;

III - os cursos de graduação presencial que poderão utilizar os limites definidos no caput devem ser reconhecidos, com Conceito de Curso - CC igual ou superior a 4 (quatro); e

9.235, de 2017, e da Portaria Normativa MEC nº 315, de 4 de abril de 2018. (BRASIL, 2018, p. 59)

A Portaria n° 2.117, de 06 de dezembro de 2019 (BRASIL, 2019) revogou a Portaria n°

1.428/2018. Nessa mudança manteve-se a oferta do limite de 40% da carga horária a distância para cursos presenciais. Porém, a proibição da aplicação dessa condição em cursos presenciais da área da saúde (exceto Medicina) e das engenharias foi retirada, gerando debates sobre a qualidade desses cursos, refletindo na área de Arquitetura e Urbanismo, objeto dessa pesquisa.