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A criação do curso de Saúde Coletiva Indígena, em 2013, está intimamente rela- cionada aos avanços e desafi os históricos, a partir do início da década de 90, da formação e atuação dos agentes indígenas de saúde e do processo de implantação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) no estado, destacando-se o pa- pel das articulações e parcerias feitas pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), o Conselho Indígena de Roraima (CIR) a Escola Técnica do Sistema Único de Saúde (ETSUS-RR). No nível federal, a assistência de saúde em atenção aos povos indíge- nas tornou-se uma política de Estado só a partir de 1999, como um subsistema no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com a criação em Roraima de dois distri- tos, o DSEI Yanomami e Ye’kuana e o DSEI Leste de Roraima.

Em 2006, esse processo culminou na certifi cação de 310 Agentes Indígenas de Saúde (AIS) representando o mais bem-sucedido processo de formação de AIS do país. Muitos deles estavam cursando ou já haviam concluído o ensino médio e pas- saram a reivindicar acesso ao ensino profi ssionalizante e superior em saúde. Assim, o Curso de Bacharelado Gestão em Saúde Coletiva Indígena veio como resposta à

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demanda do movimento indígena por profissionais (indígenas) habilitados para o atendimento, o planejamento e organização dos serviços de saúde.

A saúde coletiva valoriza as diversidades das populações e o entendimento da saúde como um processo que envolve questões epidemiológicas, socioeco- nômicas, ambientais, demográficas e culturais. Por outro lado, a formação de pro- fissionais na área direciona-se à implementação e aprimoramento do (Sistema Único do Saúde - SUS), com foco no interesse público, fazendo um contraponto à lógica e aos interesses de mercado que muitos cursos universitários de saúde privilegiam.

O principal objetivo do curso Gestão em Saúde Coletiva Indígena é reunir co- nhecimentos necessários às transformações das práticas em saúde e formar profis- sionais que se tornem agentes transformadores do perfil sanitário e da consolida- ção de práticas mais adequadas às necessidades de saúde da população indígena. O curso visa ampliar a participação de indígenas no âmbito do subsistema de saú- de indígena e nos diversos níveis de complexidade do SUS.

O curso dura um mínimo de 4 anos e um máximo de 6 anos. As disciplinas ofe- recidas dividem-se em três áreas temáticas: Ciências Sociais Básicas e Aplicadas em Saúde Coletiva e Saúde Indígena; Ciências da Vida e Tecnologia em Saúde; e Ciên- cias da Saúde Coletiva.

Os profissionais formados no curso estarão habilitados para atuar nos distritos sanitários especiais indígenas tanto no planejamento, execução, gestão e avaliação das políticas de saúde indígena do SUS, Secretarias de Saúde estaduais e munici- pais, órgãos de políticas indigenistas, como na formulação de políticas públicas em atenção à saúde dos povos indígenas, nas instituições governamentais e sociedade civil organizada.

Como os demais cursos do Instituto Insikiran/ UFRR, o ingresso no curso de Ges- tão em Saúde Coletiva Indígena se dá por meio de um processo seletivo específico composto por duas fases, sendo a primeira eliminatória (Prova Objetiva e Prova de Redação) e a segunda classificatória (análise de currículo). A prova objetiva com- preende as disciplinas comuns do currículo padrão do Ensino Médio, como tam- bém disciplinas específicas sobre questões indígenas. Desde o inicio do curso, em 2013, são oferecidas anualmente 40 vagas. Em 2018, duas vagas foram reservadas para não indígenas (com atuação no âmbito do Subsistema de Saúde Indígena).

O Estágio Curricular Supervisionado pode ser feito na comunidade, nos DSEIs, na Casa de Apoio à Saúde do Índio (CASAI), na Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (SESAU) e nas Secretarias Municipais de Saúde (SEMSA), prevendo todos os níveis de atenção e gestão, desde hospitais gerais e especializados, ambulató- rios até a atual estrutura da Vigilância em Saúde instituída na Secretaria Estadual de Saúde, possibilitando ao estudante a vivência em situações profi ssionais. Para se formar bacharel em Gestão em Saúde Coletiva Indígena, o aluno deve ainda fazer uma defesa pública do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Atualmente, o Bacharelado de Gestão em Saúde Coletiva Indígena da UFRR é reconhecido como um “curso de excelência” pelo Ministério da Educação (MEC): em 2017, em sua primeira avaliação pelo órgão, o curso atingiu a nota máxima (5) nas três dimensões consideradas: organização didático-pedagógica, corpo docente e infraestrutura.

Bacharelado em Etnodesenvolvimento (UFPA)

O Curso de Bacharelado em Etnodesenvolvimento, juntamente com o curso de Licenciatura em Educação do Campo, compõem a Faculdade de Etnodiversidade (FacEtno) do Campus Universitário de Altamira, da Universidade Federal do Pará (UFPA). O curso de Etnodesenvolvimento teve início em 2011 como fruto da de- manda do movimento indígena da mesorregião do Xingu pela criação de cursos específi cos que os qualifi casse para a melhoria de suas ações políticas. Entretanto, desde o início, este curso esteve voltado também para outros povos e comunida- des tradicionais da região, como quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, pescadores,

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agricultores, sendo um de seus propósitos articular as lutas em comum entre os diversos movimentos.

O curso está dividido em oito núcleos: 1 - Sistemas de Saúde, 2 - Desenvolvi- mento e Sustentabilidade, 3 - Educação, 4 - Direitos Humanos, 5 - Sociedade e Meio Ambiente, 6 - Nação e Território, 7 - Identidades, 8 - Linguagens Étnicas. Seu objeti- vo é qualificar os alunos para contribuir com a construção dos projetos de futuro de suas comunidades/ povos, considerando as demandas presentes. Os alunos forma- dos como bacharéis em Etnodesenvolvimento estarão habilitados para atuar e in- tervir em favor de suas comunidades no planejamento, execução e monitoramento de projetos, programas, políticas públicas, como também na construção de parce- rias com o setor público ou privado, em consonância com os princípios do etno- desenvolvimento. Eles estarão, portanto, habilitados para atuar profissionalmente nos mais diversos setores da sociedade – agências governamentais, empresas pri- vadas, ONGs – com ações incidentes sobre povos e comunidades tradicionais, seja na área de saúde, educação, projetos socioambientais, de geração de renda etc.

O curso tem a duração de quatro anos e funciona em regime de alternância, com etapas presencias em sala de aula (Tempo Universidade) nos meses de janeiro, fevereiro e julho, agosto, e etapas intermediárias nas comunidades (Tempo Comu- nidade) durante o restante do ano. Durante as etapas intermediárias os alunos rea- lizam atividades junto a suas comunidades, em sintonia com os objetivos do curso e os conteúdos ministrados em sala de aula. Ao final, os alunos devem elaborar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que contemple ações de etnodesenvolvi- mento voltadas para o seu povo ou comunidade.

Até o momento, foram abertas quatro turmas do curso de Bacharelado em Etnodesenvolvimento, sendo a última oferecida no campus de Soure, na Ilha do Marajó. Desde então, indígenas de sete diferentes etnias já passaram (ou estão pas- sando) por esta formação: Araweté, Kuruaya, Juruna, Xipaya, Assurini, Munduruku e Bakairi. Entretanto, importante ressaltar que os indígenas não são maioria neste curso que, como dito acima, inclui representantes de diversas populações tradicio- nais.

Para ingressar neste curso o candidato deverá passar por um processo seletivo especial, voltado especificamente para o público do curso, que compreende duas etapas: 1- Prova de Língua Portuguesa (Redação) e 2 - Entrevistas individuais.

Na escala avaliativa de 1 a 5 do MEC, o curso de Bacharelado em Etnodesenvol- vimento obteve Conceito 4, o que o caracteriza como um curso muito bom.

A discussão sobre "etnodesenvolvimento" surgiu nos anos 80 como um contraponto às teorias e ações desenvolvimentistas que consideravam as sociedades indígenas e demais povos e comunidades tradicionais como um entrave ao desenvolvimento e ao "progresso".

Etnodesenvolvimento, portanto, é um modelo alternativo de desenvolvimento que leva em consideração o bem-estar, a autonomia e a autodeterminação dos diferentes povos que compõem a sociedade. Ao invés de priorizar o crescimento econômico, o objetivo é satisfazer as necessidades fundamentais de um maior número de pessoas.

Alguns princípios do etnodesenvolvimento são: a valorização dos conhecimentos próprios e da visão interna dos povos e comunidades envolvidos, a participação social, o respeito ao meio ambiente, o desenvolvimento de atividades que visem a auto-sustentação.

O Que É

Etnodesenvolvimento?

Marcos Legais

Marcos

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