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Guia. Caru. Guajajara. Rio Pindaré. Ensino Técnico Universitário. de Acesso ao. para os. das TIs

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Guia

de Acesso ao

Ensino Técnico

Universitário

para os

Guajajara

Caru

Rio Pindaré

das TIs

e

e

Realização Parceiro Implementador

Este material é parte do Plano Básico Ambiental Componente Indígena (PBACI) - Povos Awá e Guajajara / Subprograma Fortalecimento Cultural do Processo de Licenciamento Ambiental da

ampliação da Estrada de Ferro Carajás

Guia de A

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Guia

de Acesso ao

Ensino Técnico

Universitário

para os

Guajajara

Caru

Rio Pindaré

das TIs

e

e

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Texto: Ingrid Weber

Colaboração e revisões: Daniel Ferreira, Francisco Apurinã,

João Guilherme Nunes Cruz e Suzanne Scaglia

Ilustrações: Cristiano Caragiu Viana Guajajara Júnior Projeto gráfico: Zoltar Design

Equipe ISPN

Amanda Abreu, Antônio Pedro da Silva, Aurilene Timbó, Carolina Gomes, Daniel Ferreira, Erinaldo Nunes, Fabiana Castro, Fábio Vaz, Francisco do Nascimento, Geane Pimentel, Guilherme Eidt, Hélio Henrique Silva, Isabel Figueiredo, Isabella Braga, João Guilherme Nunes Cruz, Juliana Napolitano, José Sousa, Lanna Ferraz, Lirian Ribeiro, Luciano Silva, Luís Alberto Pereira, Márcia Braga, Méle Dornelas, Paula Sobral, Paulo Borges , Polyanna Campelo, Renato Araújo, Rodrigo Noleto, Silvana Bastos, Suely Dias, Paula Sobral, Suzanne Scaglia, Werlon Fontes

Guia de Acesso ao Ensino Técnico e Universitário para os Guajajara das Tis Caru e Rio Pindaré / Instituto So-ciedade, População e Natureza (ISPN) – Brasília: ISPN, 2019. pp

100p.

ISBN: 978-85-63288-30-1

1.Educação Indígena; 2. Ações Afirmativas; 3. Guajajara; 4. Ensino Universitário e Técnico; 5. Sistema Educacional

(5)

Santa Inês – MA

Rua 2, n° 440, Jardim Abreu CEP: 65.302-140

Fone: (98) 3653-9783

Brasília – DF

SHCGN CLR Quadra 709, Bloco E, Loja 38 CEP: 70.750-515

Fone: (61) 3327-8085

instituto@ispn.org.br — www.ispn.org.br

@ISPNBR @ispn_brasil @ISPN_Brasil

@ISPNBR @ispn_brasil @ISPN_Brasil

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Sumário Sumário

Ações Afirmativas O que são?

Contexto de Implementação das Ações Afi rmativas no Brasil Quem cria as ações afi rmativas? As primeiras iniciativas A "Lei de Cotas"

Como Permanecer? Bolsas e Auxílios Bolsas Acadêmicas

Outras ações afi rmativas voltadas para a permanência de estudantes indígenas no Ensino Superior

12 13 16 17 18 20 Introdução Como Entrar?

Processos de Ingresso e Ações Afi rmativas

ENEM

Ingresso em IES públicas SISU

Processos seletivos e cotas nas IES públicas do Maranhão

Vagas exclusivas para indígenas "Vestibular Indígena"

Ingresso em IES particulares PROUNI FIES 26 27 27 29 29 30 32 34 36 36 39 46 47 51 53 6

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5 Sumário 5 Sumário O Sistema Educacional Brasileiro Cursos Técnicos Cursos de Nível Superior Os dez cursos preferidos pelos Guajajara das TIs

Rio Pindaré e Caru Direito Medicina Administração Ciências Sociais Letras Ciências Biológicas Enfermagem Educação Física Engenharias Agronomia Cursos Específicos para Indígenas Licenciaturas Interculturais Gestão Territorial Indígena (UFRR) Gestão de Saúde Coletiva (UFRR) Etnodesenvolvimento (UFPA) Marcos Legais 66 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 60 62 64 84 86 88 90 92 96

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Introdução

Introdução

O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) é um cen-tro de pesquisa e documentação independente, sem fi ns lu-crativos, fundado em abril de 1990 e sediado em Brasília – DF. Tem como objetivo principal contribuir para a viabilização do desenvolvimento econômico com maior equidade social e equilíbrio ambiental. Destacam-se duas áreas de atuação: i) Apoio a projetos de organizações não governamentais e de base comunitária que promovam modos de vida sustentá-veis no Cerrado, Caatinga e Amazônia; e) Atuação em espa-ços sociopolíticos em diferentes temáticas.

Desde 2013, o ISPN instalou um escritório no município de Santa Inês - MA para desenvolvimento das atividades com povos indígenas, comunidades quilombolas, quebradeiras de coco, assentados e agricultores familiares em geral, desen-volvendo parcerias com outras organizações da sociedade civil, associações, empresas, órgãos governamentais e insti-tuições de ensino.

Sobre o

ISPN

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Introdução A elaboração deste Guia é uma ação prevista no Subprograma de Fortalecimento Cultural do Plano Básico Ambiental - Componente Indígena Guajajara das Terras Indígenas Caru e Rio Pindaré (PBA-CI) relacionado ao Processo de Licenciamento Ambiental da ampliação da Estrada de Ferro Carajás (Vale), e implementado pelo ISPN. As atividades desse Subprograma visam mitigar o impacto "intensificação da pressão sobre o patrimônio cultural" decorrente do crescimento populacional no entorno das terras indígenas, da intensificação do contato interétnico (entre os Guajajara e a população não indígena) e da insegurança social gerada pelo

prová-vel aumento das invasões nas terras indígenas1. No âmbito do Subprograma

Forta-lecimento Cultural estão sendo realizadas, portanto, um conjunto de ações volta-das à valorização de aspectos culturais e do modo de vida dos Guajajara. Por outro lado, esse novo contexto também gera expectativas em relação a novos papeis sociais dentro das aldeias e à formação profissional. A ação de elaboração do pre-sente Guia foi incluída no PBA-CI em resposta à demanda das lideranças das Terras

Indígenas (TI) impactadas com relação ao ingresso dos jovens no ensino superior.

A elaboração deste documento foi precedida por diversas reuniões e entrevis-tas realizadas em 2017 e 2018 nas Terras Indígenas Caru e Rio Pindaré com estu-dantes, professores e lideranças com o objetivo de levantar dados e informações e qualificar melhor a demanda dos Guajajara pelo acesso ao ensino superior.

A TI Rio Pindaré possui 15 mil hectares e uma população de cerca de 1300 ha-bitantes. Ela está localizada no município de Bom Jardim, às margens da BR 316, nas proximidades da cidade de Santa Inês. A TI Caru possui 173 mil hectares e uma

população de cerca de 400 pessoas Guajajara2. Ela está situada nos municípios de

Bom Jardim e São João do Caru, às margens do rio Pindaré.

Nas duas terras indígenas há escolas que oferecem o ensino médio completo. Na TI Rio Pindaré ele começou a ser oferecido em 2010, enquanto na TI Caru ele só começou em 2017. Antes disso, os Guajajara frequentavam o ensino médio em escolas não indígenas, em Santa Inês ou em povoados próximos. Na escola da TI Rio Pindaré já se formaram 133 alunos, enquanto na TI Caru temos cerca de 20 alunos 1 Comtexto Treinamento e Consultoria Ltda. 1995. Plano Básico Ambiental Componente Indígena Awá e Guajajara das

Terras Indígenas Caru e Rio Pindaré. Processo de Licenciamento Ambiental da ampliação da Estrada de Ferro Carajás / Vale.

Brasília. Mimeo, pp. 159 – 184.

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que concluíram o ensino médio. No total, portanto, temos cerca de 153 alunos que já se formaram no ensino médio nas duas terras indígenas.

Dentre estes, atualmente, 37 estudantes se encontram no Ensino Superior, sen-do a grande maioria da TI Rio Pindaré (34 alunos) e uma pequena parte da TI Caru

(3 alunos)3. Em 2017 este número era ainda menor. Eram apenas 20 estudantes

guajajara no ensino superior, sendo que a grande maioria se encontrava em cursos de licenciatura (Licenciatura Intercultural e Programa Ensinar, ambos da

Universi-dade Estadual do Maranhão - UEMA)4. Este aumento na quantidade de alunos e na

diversidade dos cursos frequentados se deve, em parte, ao início da presente ação de elaboração deste Guia, quando realizamos diversas reuniões nas aldeias para discutir e esclarecer dúvidas sobre o ingresso e a permanência de indígenas no en-sino superior, mas se deve sobretudo à mobilização dos Guajajara, em especial, da diretoria da escola Centro de Educação Escolar Indígena Januária (TI Rio Pindaré).

Em cursos técnicos de nível médio, por sua vez, só há 2 alunos, 1 da TI Rio Pinda-ré e outro da TI Caru. O primeiro está cursando Informática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus Santa Inês, enquanto o segundo está cursando Enfermagem em um instituto particular em Alto Alegre do Pindaré.

Para as lideranças Guajajara, especialmente na TI Rio Pindaré onde o ensino mé-dio já foi implantado há mais tempo, o número de estudantes no ensino superior ainda é baixo; eles se dizem decepcionados por não haver até hoje nenhum aluno “formado” na universidade. Além disso, a maioria dos alunos que atualmente se 3 Da TI Rio Pindaré temos 9 alunos cursando Licenciatura Intercultural na UEMA (São Luís), 3 cursando Licenciatura em

matemática no Programa Ensinar na UEMA (Santa Inês), 1 cursando Serviço Social na Universidade Estácio (Santa Inês) com bolsa do PROUNI, 1 cursando Agronomia na UEMA (São Luís), 2 cursando Engenharia Civil na UEMA (Bacabal), 2 cursando Administração na UEMA (Bacabal), 3 cursando Enfermagem na UEMA (Santa Inês), 4 cursando Letras na UEMA (Santa Inês), 3 cursando Pedagogia na UEMA (Santa Inês), 3 cursando Ciências Sociais na UEMA (São Luís), 2 cursando Licenciatura em Educação do Campo na UFMA (Bacabal) e 1 cursando Biologia na UFMA (Bacabal). Da TI Caru temos 2 alunas cursando Licenciatura Intercultural na UEMA (São Luís) e 1 cursando Pedagogia em um instituto particular (IESAAP) em Alto Alegre do Pindaré.

4 Da TI Rio Pindaré haviam 11 alunos cursando Licenciatura Intercultural na UEMA (São Luís), 3 cursando Licenciatura em matemática no Programa Ensinar na UEMA (Santa Inês), 1 cursando Licenciatura em história no Programa Ensinar na UEMA (Santa Inês), 1 cursando Educação Física em uma faculdade particular em Bom Jardim e 1 cursando Serviço Social na Universidade Estácio (Santa Inês) com bolsa do PROUNI. Da TI Caru haviam 2 alunas cursando Licenciatura Intercultural na UEMA (São Luís) e 1 cursando Pedagogia em um instituto particular (IESAAP) em Alto Alegre do Pinda-ré. De lá pra cá, 3 alunos desistiram (1 da Licenciatura Intercultural, 1 da Licenciatura em historia do Programa Ensinar e 1 da Educação Física) e 1 aluno se mudou de terra indígena.

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encontra no ensino superior estão em cursos de Licenciatura, enquanto a grande expectativa, tanto das lideranças quanto dos próprios alunos, é se formar em áreas de maior prestígio, como Direito e Medicina. Esses cursos, por sua vez, não são ofe-recidos na região de Santa Inês.

Se para os Guajajara ingressar em um curso de nível superior nas instituições da região já é tido como algo difícil de se conseguir, muito mais complexa é a ideia de cursar uma universidade em uma cidade mais distante. Dentre os obstáculos apontados pelos estudantes Guajajara com relação ao acesso ao ensino superior, além da dificuldade de se obter um bom desempenho no Exame Nacional do En-sino Médio (ENEM) ou nos Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior (PAES) (UEMA) e das questões de ordem financeira, um outro fator sempre mencionado é o receio de ficar distante da família.

Além do levantamento junto aos Guajajara, também foram visitadas as três prin-cipais instituições públicas de ensino superior no Maranhão – UEMA, IFMA e Univer-sidade Federal do Maranhão (UFMA) – com o objetivo de conhecer as experiências dessas instituições com ações afirmativas para povos indígenas. Observamos que, com exceção das vagas reservadas (cotas) para indígenas, em conformidade com as leis federal (Lei 12.711/2012) e estadual (Lei 9295/2010), em nenhuma delas há um programa ou uma política institucional voltada especificamente para o acolhimento e a permanência de estudantes indígenas. Também visitamos algumas instituições privadas que oferecem o ensino técnico ou superior na região de Santa Inês onde, por sua vez, não há qualquer ação afirmativa voltada para o público indígena.

Este guia foi construído, portanto, a partir do cenário encontrado no que se refere à demanda e à oferta de ensino superior e técnico aos Guajajara das Terras Indíge-nas Rio Pindaré e Caru. Nesse sentido, foram feitas algumas escolhas e alguns temas ganharam maior destaque que outros. Por exemplo, embora a proposta original do Guia contemplasse ensino técnico e superior, constatamos que a demanda dos Gua-jajara está muito mais voltada para o segundo e, por esse motivo, este será o nosso foco principal. Interessante observar que esta preferência está em sintonia com as demandas do movimento indígena nacional e os debates atuais sobre políticas de ação afirmativa muito mais voltados para o ensino superior do que o técnico.

Outra questão a ser justificada é a ênfase que está sendo dada às Instituições de Ensino Superior (IES) públicas. Embora as estatísticas apontem que, no Brasil, o

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mero de indígenas e de estudantes em geral em IES privadas é bem maior que em

IES públicas (cerca de 75% nas primeiras e 25% nas segundas)5, é nas instituições

públicas onde há maiores chances de serem implementadas ações afirmativas de acesso e permanência voltadas para povos indígenas. De fato, é nelas que vem se dando as mais interessantes "experiências afirmativas" junto a povos indígenas e sobre as quais traremos algumas informações neste guia.

Por último, um terceiro recorte a ser mencionado é com relação ao destaque que está sendo dado às instituições localizadas no Maranhão (UEMA, Universidade Es-tadual da Região Tocantina do Maranhão - UEMASUL, IFMA, UFMA) e, especialmen-te, aos campi localizados nas proximidades das Terras Indígenas Rio Pindaré e Caru. Isto porque, como dito acima, permanecer distante da família e da aldeia é um fator apontado pelos Guajajara como obstáculo para o acesso a cursos superiores em ci-dades mais distantes ou outros estados. Por esse motivo, embora este guia reúna informações sobre cursos e instituições de ensino superior em todo o Brasil, ele trará informações mais detalhadas sobre as IES públicas do Maranhão.

O objetivo principal deste guia é reunir informações úteis aos estudantes Guajaja-ra sobretudo o que diz respeito ao acesso e à permanência no ensino superior. Uma reportagem recente baseada em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) apontou que, dentre as minorias (pretos, pardos, indígenas) que são foco das atuais políticas de ação afirmativa para o ensino superior, os povos indígenas são

o grupo menos favorecido6. Este guia pretende contribuir no sentido de aumentar o

acesso a essas políticas, não somente por parte dos Guajajara das Terras Indígenas Rio Pindaré e Caru, como dos demais povos indígenas no Maranhão e em todo Brasil. Por outro lado, entendemos que isto só será possível se, junto com os indígenas, as insti-tuições de ensino superior também se mobilizarem nesse sentido. Portanto, para além de reunir informações direcionadas aos Guajajara, este guia tem a intenção também de sensibilizar as instituições de ensino superior públicas do Maranhão com relação às expectativas dos Guajajara e de inspirá-las com as experiências de outras instituições engajadas há mais tempo na implementação de ações afirmativas para indígenas. 5

https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas-sao-os-que-menos-contam-com-apoio-publico-para-pagar-universidade.ghtml 6 Idem.

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Ações

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Ações Afirmativas

O que são?

Ações afi rmativas são políticas públicas feitas pelo Governo com o objetivo de cor-rigir desigualdades presentes na sociedade, acumuladas ao longo de anos. Elas têm o intuito de reparar ou compensar grupos sociais que tenham sido prejudicados por discriminação (étnica, racial, religiosa, de gênero), aumentando a sua partici-pação no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais,

redes de proteção social e reconhecimento cultural7.

No Brasil, sabemos que os povos indígenas sofreram violência e discriminação, fo-ram massacrados, expropriados de seus territórios e de seus modos de vida ao longo do processo de colonização do Brasil e até os dias de hoje. As ações afi rmativas direcionadas aos povos indígenas buscam, portanto, reparar ou compensar esta dívida histórica.

Embora existam ações afi rmativas para povos indígenas em outros campos, neste guia vamos tratar exclusivamente das ações afi rmativas para acesso e perma-nência de estudantes indígenas no ensino superior.

Até há pouco tempo, as universidades brasileiras eram frequentadas, em sua grande maioria, por alunos brancos e pertencentes às classes econômicas mais altas. Por um lado, os jovens procedentes de grupos sociais menos favorecidos não tinham condições de se manter em uma universidade particular, pois não tinham como ar-car com as mensalidades. Por outro, tampouco tinham condições de ingressar nas 7 Adaptação da defi nição encontrada em: http://gemaa.iesp.uerj.br/ (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação

Afi rmativa – GEMAA)

Para saber mais sobre o que são ações afi rmativas, aces-se a página do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afi rmativa (GEMAA).

http://gemaa.iesp.uerj.br/o-que-sao-acoes-afi rmativas/

Para

saber

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Ações Afirmativas

universidades públicas, pois a disputa pelas vagas é acirrada e elas acabavam sendo quase sempre preenchidas por aqueles que tiveram a oportunidade de frequentar escolas de melhor qualidade. A implementação de ações afi rmativas nas instituições de ensino superior tem como objetivo mudar esta situação, estabelecendo medidas para que jovens procedentes de classes econômicas mais baixas e de grupos minori-tários também tenham a oportunidade de cursar uma universidade.

De fato, as ações afi rmativas que vêm sendo implantadas no Brasil nos últimos anos têm contribuido enormemente para a democratização da educação superior no Brasil, tornando as universidades e demais Instituições de Ensino Superior (IES) mais acessíveis para estudantes de todas as procedências. Com relação aos povos indígenas, embora sejam o grupo social menos favorecido pelas ações afi rmativas vigentes, conforme mencionamos acima, ainda assim o número de estudantes in-dígenas em cursos de nível superior cresceu enormemente. Em 2003/2004, eles

eram cerca de 18008, enquanto hoje são cerca de 49.0009.

8 Lima, Antônio Carlos de Souza (org). 2016. A Educação Superior de Indígenas no Brasil. Balanços e Perspectivas. Rio de Janeiro: Editora E-pappers, pp. 174.

9 https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas-sao-os-que-menos-contam-com-apoio-publico-para-pagar-universidade.ghtml

"Minorias" não são, necessariamente, grupos com menor quantidade de pessoas. Quando se diz que um determinado grupo é uma "minoria" ou um "grupo minoritário" estamos nos referindo a uma situação de desvantagem social. Ou seja, trata-se de um grupo de pessoas que de algum modo se encontra em uma situação de dependência ou desvanta-gem em relação a um outro grupo, “maioritário”, ambos in-tegrando uma sociedade mais ampla. Os povos indígenas no Brasil são considerados um "grupo minoritário". (Adaptado de: http://www.politize.com.br/o-que-sao-mi-norias/)

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Quando falamos em Instituições de Ensino Superior (IES) es-tamos nos referindo não somente às universidades, mas tam-bém a todas as demais instituições habilitadas para oferecer cursos de nível superior, como faculdades e institutos federais. As Instituições Públicas de Ensino Superior podem ser dividi-das em instituições federais, estaduais e municipais. As ins-tituições federais são aquelas que foram criadas e são man-tidas pelo Governo Federal, como é o caso da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e do Instituto Federal do Mara-nhão (IFMA). Já as instituições estaduais são aquelas criadas e mantidas pelos Governos Estaduais, como é o caso da Univer-sidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da UniverUniver-sidade Esta-dual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). Há tam-bém instituições municipais, mas estas são menos comuns. Além das instituições públicas, há também as instituições de ensino superior que são "particulares", ou seja, que pertencem a uma pessoa ou a uma instituição privada. É por esses moti-vos que nas instituições particulares há cobrança de mensali-dade dos alunos, enquanto nas instituições públicas não há, pois elas são mantidas com recursos públicos.

De um modo geral, as vagas nas instituições de ensino supe-rior públicas são mais disputadas que nas instituições particu-lares pois, além de gratuitas, o ensino costuma ser de melhor qualidade.

Instituições de Ensino Superior

(IES): Públicas e Particulares

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Contexto de implementação das Ações Afirmativas no Brasil

No contexto de implementação das Ações Afirmativas no ensino superior no Brasil, alguns eventos tiveram influência fundamental sobre este debate e por isso vale a pena serem mencionados aqui.

Primeiramente, a Constituição Federal de 1988, também chamada de "Consti-tuição Cidadã", é tida como um marco com relação ao reconhecimento da diversi-dade, sendo contrária a qualquer tipo de preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Há o reconhecimento de que todos são iguais perante a lei e que a prática do racismo é crime inafiançável e imprescritível. A erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das de-sigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária são apontados como objetivos fundamentais.

Constituição da República Federativa do Brasil

Título I - Dos Princípios Fundamentais

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I. construir uma sociedade livre, justa e solidária; II. garantir o desenvolvimento nacional;

III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades so-ciais e regionais;

IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Com relação aos povos indígenas, mais especificamente, na Constituição de 1988 pela primeira vez é reconhecido o caráter multiétnico (diversos povos), plu-ricultural (diversas culturas) e multilíngue (diversas línguas) da sociedade brasilei-ra. Ao mesmo tempo em que os índios são reconhecidos como integrantes dessa sociedade, ou seja, tendo os mesmos direitos de qualquer cidadão comum, a eles também são garantidos direitos diferenciados, como à suas formas de organiza-ção própria, costumes, línguas, crenças e tradições, além do direito originário sobre suas terras.

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“Temos o direito de ser iguais sempre que as diferenças nos inferiori-zem, temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos des-caracteriza.” Boaventura de Souza Santos

Outro evento importante no contexto da implementação de políticas de ação afirmativa voltadas para a educação superior no Brasil foi a III Conferência Mundial das Nações Unidas de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Into-lerância Correlata, conhecida como a "Conferência de Durban", realizada na África do Sul, em 2001. Nessa conferência, os países que estavam presentes debateram sobre a necessidade de se criar mecanismos de combate à discriminação e com-pensação às vítimas da escravidão e do racismo e assumiram compromissos nesse sentido. Foi a partir desse evento que foi lançada a proposta de criação de um pro-grama de cotas para estudantes negros nas universidades públicas brasileiras que posteriormente se estendeu também a estudantes indígenas.

A implementação de ações afirmativas para acesso e permanência de grupos minoritários no ensino superior é, portanto, um movimento que não se restringe ao Brasil e que já vem acontecendo há mais tempo em outros países.

Quem cria as ações afirmativas?

Na maior parte das universidades estaduais onde há ações afirmativas, elas foram implantadas a partir de leis estaduais que determinam a quantidade de vagas que devem ser reservadas para cada grupo social beneficiado.

Há outras universidades (estaduais e federais) que passaram a adotar ações afirmativas por iniciativa própria, através de seus Conselhos Universitários, em par-ceria com outras instituições ou não. Ou seja, nessas universidades elas não foram implementadas por determinação de uma lei, mas a partir da mobilização da pró-pria instituição.

Como veremos adiante, em 2012 foi aprovada a lei federal 12.711 que estabele-ceu a reserva de vagas para estudantes indígenas, dentre outros grupos sociais, em todas as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Com essa lei, o número de IFES com ações afirmativas cresceu muito.

(20)

Hoje, a grande maioria das instituições de ensino superior públicas brasileiras oferecem ações afi rmativas para o ingresso de estudantes indígenas.

As primeiras iniciativas

No Brasil, a primeira experiência de ação afi rmativa destinada a povos indígenas ocorreu no estado do Paraná, em 2001, a partir da Lei Estadual 13.134 que estabe-leceu a reserva de três vagas nas universidades estaduais paranaenses para serem preenchidas exclusivamente por estudantes indígenas. Naquele mesmo ano, por iniciativa da Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT), também foi criado o primeiro curso de Licenciatura Intercultural voltado especifi camente para a forma-ção de professores indígenas em nível superior. Em 2003, a Universidade de Brasília (UnB), em convênio com a Funai, foi a primeira universidade federal a estabelecer uma ação afi rmativa voltada para povos indígenas, a partir de um convênio com a Funai.

No Maranhão, a primeira instituição de ensino superior a implantar ações afi r-mativas voltadas para estudantes indígenas foi a Universidade Federal do Mara-nhão (UFMA) que, em 2006, através de seu conselho universitário, estabeleceu uma vaga adicional por curso para estudantes indígenas.

Em 2010, foi a vez da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) que, de acor-do à Lei Estadual 9295, estabeleceu que 10% das vagas de cada curso regular deve-riam ser destinadas a estudantes oriundos de comunidades indígenas e estudantes negros que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Para saber sobre as ações afi rmativas oferecidas especifi ca-mente em uma determinada universidade, acesse o Mapa das Ações Afi rmativas no Brasil na página do Grupo de Es-tudos Multidisciplinares da Ação Afi rmativa (GEMAA IESP/ UERJ): http://gemaa.iesp.uerj.br/mapa-da-acao-afi rmativa/

Para

saber

mais

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19

No Instituto Federal do Maranhão (IFMA), por sua vez, o sistema de reserva de vagas só foi implantado em 2012, a partir da Lei Federal 12.711 (´Lei de Cotas´).

Por fim, a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), que vem a ser um desmembramento da UEMA, foi criada recentemente, em 2017. Enquanto uma instituição estadual, ela também segue a Lei Estadual 9295.

Linha do

Tempo

2001

Universidades estaduais do Paraná oferecem vagas reservadas para indígenas (Lei Estadual 13.134/ 2001)

Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) cria o pri-meiro curso de Licenciatura voltado para professores indígenas

2003

Universidade de Brasília (UnB) em convênio com a FUNAI oferece vagas para indígenas em alguns de seus cursos

2006

Universidade Federal do Maranhão (UFMA) reserva uma vaga em cada um de seus cursos para estudantes indígenas

2010

Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) oferece vagas reserva-das para estudantes negros e indígenas (Lei Estadual 9295/ 2010)

2012

Criação da Lei 12.711/ 2012 (Lei de Cotas) que estabelece a obrigatoriedade de reserva de vagas para indígenas em todas as instituições de ensino superior federais do país

2017

Criação da UEMASUL que passou a seguir a Lei estadual 9295/2010 que determina a reserva vagas para estudantes negros e indígenas

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A “Lei de Cotas”

Em 2012, depois de muitos anos de tramitação no Congresso Nacional e vários debates na sociedade civil, foi aprovada a lei federal 12.711, que fi cou conhecida como a "Lei de Cotas". Esta lei determina que, no mínimo, 50% das vagas das insti-tuições federais de ensino superior devem ser reservadas a estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Deste percentual, me-tade (25%) deve ser destinada a estudantes de baixa renda, ou seja, com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo e meio, enquanto a outra metade (25%) deve ser destinada a estudantes com renda familiar per capita superior. Nos dois subgrupos, devem ser reservadas vagas a estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, de acordo ao percentual dessa população no estado onde se encontra a instituição.

10 Em 01/01/2019 o valor do salário mínimo foi reajustado para R$998,00.

A expressão per capita signifi ca "por cabeça", ou seja, por cada indivíduo. "Renda familiar per capita" signifi ca, portanto, a renda total da família di-vidida pelo número de seus integrantes. Por exemplo, se uma família tem 5 pessoas, então o cálculo da "renda familiar per capita" será a soma de todos os salários recebidos por essa família dividido por 5.

Atualmente, um salário mínimo e meio equivale a R$1.497,0010. Então, se o

resultado fi nal dessa conta for inferior ou igual a esse valor, o aluno se en-quadra no perfi l "baixa renda" e pode concorrer às vagas reservadas para esses candidatos.

O que é renda familiar per capita

inferior a um salário mínimo e meio?

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21

Para entender melhor a distribuição de vagas nas instituições federais de acor-do ao que determina a "Lei de Cotas", veja o gráfico a seguir:

No entanto, o texto da Lei 12.711/2012 não explicita se as vagas devem ser re-servadas separadamente para cada grupo – pretos, pardos, indígenas – ou se para todos indiscriminadamente. Por exemplo, se de acordo ao último censo do IBGE (2010) o percentual de população indígena no estado do Maranhão é de 0,5%, o percentual de pretos é de 9,7% e o percentual de pardos é de 66,5%, não está claro se devem ser reservadas separadamente 0,5% das vagas para candidatos indíge-nas, 9,7 % para candidatos pretos e 66,5% para candidatos pardos, ou se a quanti-dade de vagas reservadas deve ser equivalente à soma de todos esses percentuais – cerca de 76% - para todos os três grupos indiscriminadamente. Como veremos adiante, as instituições federais de ensino superior no Maranhão, por exemplo, se-guem regras diferentes.

Ampla Concorrência Lei de Cotas Renda familiar até 1,5 salário mínimo Pardos 66,5% 66,5% Pardos Pretos 9,7% 9,7% Pretos Índios 0,5% Índios 0,5% Outros Outros Renda familiar acima de 1,5 salário mínimo Ações Afirmativas

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Quantidade de vagas no curso NO MÍNIMO 50% Alunos de escola pública 50% Renda ≤ 1,5 salário mínimo per capita NO MÍNIMO % IBGE Pretos, pardos e indígenas Renda > 1,5 salário mínimo Demais vagas Demais vagas NO MÍNIMO % IBGE Pretos, pardos e indígenas Demais vagas Adaptado/MEC

De acordo à Lei 12.711, as instituições de ensino superior federais devem oferecer vagas a candidatos indígenas de acordo ao per-centual de população autodeclarada indígena no estado em que a instituição estiver instalada.

No Brasil, de acordo ao censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os estados com o maior percentual

População indígena nos

estados do Brasil

Sobre o

Sistema

Ações Afirmativas

Cálculo do número mínimo de vagas reservadas.

Procedimento de aplicação da Lei nº 12.711/2012 sobre o ingresso nas instituições federais de ensino

(25)

23

de população autodeclarada indígena são Roraima, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Acre, enquanto os estados com o percentual mais baixo são Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí e Rio Grande do Norte.

Como vemos na tabela abaixo, o estado do Maranhão encontra-se na décima posição, juntamente com Alagoas, Pará e Paraíba.

1 – Roraima 11,0%

2 – Amazonas 4,8%

3 - Mato Grosso do Sul 3,0%

4 – Acre 2,2% 5 - Mato Grosso 1,4% 6 – Amapá 1,1% 7 – Tocantins 0,9% 8 - Rondônia 0,8% 9 – Pernambuco 0,6%

10-Maranhão, Pará, Paraíba, Alagoas 0,5%

11 – Bahia 0,4%

12 - Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catari-na, Sergipe

0,3%

13 - Paraná, Distrito Federal, Ceará, Minas Gerais 0,2%

14 - Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Rio Gran-de do Norte

0,1%

Fonte: https://indigenas.ibge.gov.br/images/indigenas/estudos/ indigena_censo2010.pdf

(26)

É importante salientar que a Lei 12.711/ 2012 tem o prazo de duração de dez anos contados a partir da data de sua publicação. Após este período, ou seja, em 2022, está previs-ta uma avaliação e, previs-talvez, uma revisão das regras de aces-so especial ao ensino superior. É importante, portanto, que até lá as minorias que são foco desta política aproveitem a oportunidade e monitorem o andamento da avaliação.

Em 2016, a Lei 12.711/2012 foi alterada pela Lei 13.409/2016, passando a incluir a reserva de vagas para pessoas com defi ciência, também de acordo ao seu per-centual na população do estado em que está instalada a instituição. No Maranhão, por exemplo, o percentual de pessoas com defi ciência de acordo ao último censo do IBGE é de 25%.

Lei Federal 12.711/2012 (Redação dada pela Lei nº 13.409/ 2016) “Art. 3° Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1° desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com defi ciência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com defi ciência na popu-lação da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística - IBGE.”

A ´Lei de Cotas´ tem

prazo de duração

(27)
(28)

Como

Entrar?

(29)

27

Como Entrar?

Processos de ingresso e Ações Afirmativas

Na maioria das Instituições de Ensino Superior, o candidato indígena precisa passar pelo mesmo processo seletivo estabelecido para os candidatos da chamada "am-pla concorrência", ou seja, aqueles que não entram por meio de ações afirmativas. Por exemplo, para ingressar na UFMA ou no IFMA, assim como em muitas outras instituições de ensino superior, o candidato indígena também terá que prestar o Exame Nacional do Ensino Médio, mais conhecido como ENEM. Dada a importân-cia desse exame, que se tornou o maior vestibular do país, veremos a seguir como ele funciona.

ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 1998 para avaliar o desempenho dos estudantes ao término da Educação Básica. Com o passar do tempo, ele passou a ser utilizado também como processo seletivo para o ingresso em instituições de ensino superior. Atualmente, o ENEM funciona como um grande vestibular nacional; com a nota do ENEM, o estudante pode concorrer a uma vaga em universidades públicas e particulares em qualquer região do país.

As provas do ENEM são realizadas anualmente no fim do ano, mas o período de inscrição acontece ainda no primeiro semestre. O exame é constituído por uma prova de redação e quatro provas objetivas: 1- Linguagens, Códigos e suas tecno-logias; 2 – Matemática e suas tecnotecno-logias; 3 – Ciências da Natureza e suas Tecnolo-gias; 4 – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Cada prova possui 45 questões de múltipla escolha. As provas são aplicadas em dois dias, com a duração de cerca de 5 horas.

É importante observar que ainda há instituições que não aderiram ao ENEM e permanecem realizando seus próprios processos seletivos, como é o caso da UEMA e da UEMASUL. Há também instituições que oferecem mais de uma opção como forma de ingresso, ou seja, o aluno poderá ingressar através de processo seleti-vo próprio daquela instituição, ou através do ENEM. Nesses casos, dizemos que a instituição aderiu parcialmente ao ENEM. Para saber exatamente qual é a forma

(30)

de ingresso estipulado pela instituição onde o candidato deseja estudar, é preciso pesquisar diretamente no site daquela instituição.

Para maiores informações sobre o ENEM, acesse: https://enem.inep.gov.br

Para

saber

mais

Quem tem direito à isenção na

taxa de inscrição do ENEM?

Todos os alunos que estiverem cursando o 3º ano do Ensino Médio em uma escola da rede pública podem se inscrever gratuitamente.

Aqueles que concluíram o 3º ano em anos anteriores, mas que cursaram todo o ensino médio em uma escola da rede públi-ca e possuem renda familiar per públi-capita até um salário mínimo e meio, também estão isentos, ou seja, não precisam pagar. Mas atenção: se o estudante se inscreveu no ENEM em anos anteriores e não compareceu no dia da prova, ele deve jus-tifi car a sua ausência para solicitar novamente a isenção da taxa de inscrição.

(31)

29

Ingresso em IES públicas

SISU

Depois de realizar o ENEM, o aluno poderá se inscrever no SISU (Sistema de Seleção Unificada) que é o sistema informatizado do Ministério da Educação por meio do qual as instituições públicas de ensino superior que aderiram ao ENEM oferecem vagas aos candidatos.

Para se inscrever no SISU, o aluno precisa ter feito a prova do ENEM no ano ante-rior e não ter tirado zero em redação. A inscrição é gratuita e é realizada através da internet com o mesmo número e senha de inscrição no ENEM. O aluno poderá se inscrever em dois cursos na mesma instituição ou em instituições diferentes. Assim, se sua nota não for suficiente para passar em sua primeira opção, ele tem a chance de passar para a segunda.

No momento da inscrição no SISU, o aluno também terá que optar em qual

modalidade de concorrência ele irá se inscrever. Se for uma instituição federal,

por exemplo, haverá pelo menos duas modalidades de vagas: as da "ampla concor-rência" e as reservadas de acordo à Lei 12.711/2012. Há instituições que oferecem ainda uma terceira opção que são as vagas reservadas pelas ações afirmativas cria-das pela própria instituição.

Portanto, o candidato que optar por uma modalidade de concorrência estará concorrendo apenas com os candidatos que tiverem optado pela mesma moda-lidade. Por exemplo, se o candidato quiser ingressar em algum curso da UFMA e se inscrever nas vagas reservadas pela Lei 12.711/2012 para indígenas, ele irá con-correr somente com candidatos indígenas. Se ele quiser ingressar em algum curso do IFMA e se inscrever nas vagas reservadas pela Lei 12.711/2012 para estudantes pretos, pardos e indígenas com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, ele só concorrerá com candidatos pretos, pardos ou indígenas com o mes-mo limite de renda familiar. Assim comes-mo as vagas destinadas à ampla concorrência, também nas vagas reservadas (Ações Afirmativas) terão prioridade os alunos que obtiverem a melhor pontuação no ENEM.

Durante o período de inscrição, o sistema calcula diariamente uma "nota de cor-te" para cada curso/ instituição. Este cálculo é feito com base no número de vagas

(32)

disponíveis e no total dos candidatos inscritos para aquele curso por modalidade de concorrência. A "nota de corte" serve como uma referência para que o candida-to tenha uma ideia se sua pontuação (ENEM) será sufi ciente para ingressar no curso que deseja ou não. Caso não seja, ele tem a opção de alterar a sua inscrição para outro curso até o fi m do período de inscrição.

O SISU possui duas chamadas ao longo do ano, uma no primeiro semestre e outra no segundo. Assim, se o candidato não for classifi cado na primeira chamada, ele tem a possibilidade de ainda ser classifi cado na segunda.

Processos seletivos e cotas (reserva de vagas) nas IES públicas

do Maranhão

Apresentamos abaixo as principais informações com relação aos processos seleti-vos e reserva de vagas para indígenas nas quatro instituições públicas de ensino superior no Maranhão:

UFMA – Para ingressar na UFMA, o estudante deverá prestar o ENEM e se inscrever

no SISU. De acordo à lei 12.711, são reservadas em cada curso 2 vagas para indíge-nas que tenham cursando o ensino médio integralmente em escola pública, sendo uma delas destinada a estudante com renda familiar per capita igual ou abaixo de 1,5 salário. Na edição 2018/1 do SISU foram reservadas 122 vagas exclusivas para indígenas em 61 cursos desta instituição.

Para maiores informações sobre o SISU, acesse: http://sisu.mec.gov.br

Para

saber

mais

(33)

31

UEMA e UEMASUL – Para ingressar na UEMA e na UEMASUL, o estudante deverá

prestar o PAES (Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior) que é o vestibular próprio dessas universidades. São destinadas 10 % das vagas de cada curso para candidatos indígenas e negros que cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas públicas. Portanto, como a maior parte dos cursos oferece 40 vagas, costu-mam ser reservadas 4 vagas para estudantes indígenas e negros (conjuntamente). Para o primeiro semestre de 2018 foram reservadas 88 vagas nos 31 cursos ofereci-dos pela UEMA e 35 vagas nos 13 cursos ofereciofereci-dos pela UEMASUL.

IFMA – Para ingressar no IFMA, o estudante deverá prestar o ENEM e se inscrever

no SISU. De acordo à lei 12.711/2012, são reservadas em cada curso 16 vagas (con-juntamente) para candidatos pretos, pardos ou indígenas que tenham cursado o ensino médio integralmente em escola pública. Dentre estas, 8 vagas são para can-didatos com renda familiar per capita igual ou abaixo de um salário mínimo e meio, sendo duas vagas destinadas a candidatos com deficiência. As 8 vagas restantes são para candidatos com renda familiar per capita superior a um salário mínimo e meio, sendo duas delas também destinadas a candidatos com deficiência. Na edição 2018/1 do SISU foram reservadas um total de 658 vagas para candidatos pretos, pardos e indígenas em 41 cursos.

As informações acima estão sintetizadas no quadro a seguir:

Instituições Forma de Ingresso

Vagas para indí-genas por curso

Total de vagas oferecidas para indígenas (2018/1) UFMA ENEM

2 vagas exclusivas para indígenas em cada curso

122 vagas exclusivas para indígenas em 61 cursos (SISU 2018/1)

UEMA PAES

4 vagas para indí-genas e negros em cada curso

88 vagas para indígenas e negros em 31 cursos (PAES 2018/1)

(34)

Vagas exclusivas para indígenas

Como podemos observar no quadro acima, as quatro instituições de ensino su-perior públicas do Maranhão seguem regras diferentes com relação à reserva de vagas para indígenas. Embora a UFMA e o IFMA, enquanto instituições federais, sigam ambas a Lei 12.711/2012 (Lei de Cotas), a UFMA oferece vagas exclusivas para candidatos indígenas, enquanto o IFMA oferece vagas para os três grupos in-discriminadamente: Pretos, Pardos e Indígenas. A UEMA e a UEMASUL, por sua vez, também oferecem vagas conjuntas para estudantes indígenas e negros de acordo à Lei Estadual 9295/2010.

Para os indígenas, ainda que seja ofertado um número menor de vagas por curso, o modelo de vagas exclusivas, tal qual adotado pela UFMA, é mais vantajo-so. Isto porque é mais fácil acessar vagas concorrendo exclusivamente com outros candidatos indígenas do que concorrendo com candidatos pretos e pardos. Os estudantes indígenas, em sua maioria, estudaram nas aldeias, em "escolas indíge-nas" que seguem propostas curriculares diferenciadas, ao passo que os estudantes negros e pardos estudaram em escolas fortemente orientadas para a realização do ENEM (dentre outros processos seletivos para acesso ao ensino superior). Por esse motivo, os estudantes indígenas ficam em desvantagem quando concorrem com outros estudantes (pretos, pardos, brancos).

UEMASUL PAES

3 a 4 vagas para indígenas e negros em cada curso

35 vagas nos 13 cursos oferecidos pela UEMASUL (PAES 2018/1) IFMA ENEM 16 vagas para pretos, pardos e indígenas em cada curso

658 vagas para candidatos pretos, pardos e indígenas em 41 cursos (SISU 2018/1)

(35)

33

Desde 1991 (Decreto n° 26/1991), a competência para coordenar as ações re-ferentes à Educação Escolar Indígena foi transferida da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para o Ministério da Educação (MEC), cabendo aos Estados e Mu-nicípios a execução das ações. À FUNAI, por sua vez, cabe contribuir, acompa-nhar, monitorar as políticas e programas de educação escolar destinados aos povos indígenas.

Os Povos Indígenas têm direito a uma educação escolar diferenciada – especí-fi ca, intercultural e bilíngue – conforme deespecí-fi ne a legislação nacional que a fun-damenta:

• Constituição Federal de 1988. Artigos 210 e 231.

• Lei 9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Artigos 32, 78 e 79. • Resolução CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999. Fixa Diretrizes Nacionais

para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências. • Decreto 6861/2009. Dispõe sobre a Educação Escolar Indígena, defi ne sua

or-ganização em territórios etnoeducacionais, e dá outras providências. • Resolução CNE/CEB nº 05/2012. Defi ne Diretrizes Curriculares Nacionais para

a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.

• Resolução CNE/CP nº 1, de 7 de janeiro de 2015 - Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em cursos de Educação Superior e de Ensino Médio e dá outras providências.

Educação Escolar Indígena

(36)

"Vestibular Indígena"

(Processos Seletivos Específicos para Indígenas)

Além dos processos seletivos que são abertos a qualquer candidato, há ainda al-gumas universidades públicas que oferecem um processo seletivo específico para candidatos indígenas, muitas vezes chamado de "vestibular indígena" ou Processo Seletivo Especial (PSE) Indígena. Nesses casos, o candidato não precisa realizar a prova do ENEM ou outra destinada à ampla concorrência, ele irá participar de um processo seletivo diferenciado.

Na maioria das vezes, esse processo envolve outras modalidades de avaliação para além da prova escrita, tais como prova oral, entrevistas com o candidato e carta de indicação de sua comunidade ou da organização indígena que ele repre-senta. A prova escrita, por sua vez, não se restringe aos conteúdos escolares, mas costuma conter também questões atuais e históricas relacionadas aos povos indí-genas no Brasil. Muitas vezes, também, a prova escrita se resume a uma redação em língua portuguesa.

Muitos indígenas e pesquisadores defendem que o "vestibular indígena" é a forma mais apropriada de acesso de indígenas ao ensino superior pois, se a legisla-ção brasileira garante a eles o direito à uma educalegisla-ção escolar diferenciada, é uma contradição exigir dos candidatos indígenas o domínio pleno dos conteúdos que costumam ser ministrados nas escolas não indígenas e avaliá-los com o mesmo instrumento de avaliação utilizado para os demais candidatos.

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Universidades que oferecem

"vestibular indígena" para

ingresso em seus cursos

(37)

35

Algumas universidades que realizam processos seletivos específi cos para indí-genas oferecem também algumas facilidades no período de realização da prova. As universidades do Paraná, por exemplo, oferecem alimentação e alojamento para os candidatos. Já a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) oferecem a possibilidade do candidato realizar a prova em outras cidades/ estados mais próximos de seu local de moradia para que ele não tenha que se deslocar até a cidade onde está localizada a universidade.

Além das universidades listadas acima, há ainda aquelas que oferecem cursos de "Licenciatura Intercultural Indígena" (veremos adiante), cujo ingresso se dá sem-pre por meio de processos seletivos especiais. No quadro acima, portanto, estão lis-tadas apenas as universidades que oferecem "vestibular indígena" para o ingresso em seus cursos "tradicionais", ou seja, para os cursos não específi cos para o público indígena.

Importante observar que em algumas universidades estaduais as vagas reser-vadas para indígenas são destinadas exclusivamente aos povos cujas terras

indíge-Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Universidade Estadual do Maringá (UEM) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Universidade de Brasília (UnB)

Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Universidade Federal de Roraima (UFRR) Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) Universidade Federal do Pará (UFPA)

Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

(38)

nas estão localizadas naquele estado. Já nas universidades federais, as vagas reser-vadas para indígenas são necessariamente abertas a candidatos provenientes de qualquer estado do Brasil.

Para saber esta e outras informações relacionadas ao processo seletivo para in-gresso em uma determinada instituição de ensino superior, é muito importante ler o edital que costuma ser disponibilizado no site da instituição alguns meses antes da realização do processo seletivo.

Ingresso em IES Particulares

Atualmente, do total de cerca de 49 mil estudantes indígenas matriculados no en-sino superior, 12.348 (25%) se encontra na rede pública, enquanto 36.678 (75%) se

encontra na rede particular11. Este percentual é praticamente o mesmo para o

uni-verso total de estudantes universitários brasileiros, onde a grande maioria também se encontra em instituições de ensino superior particulares. Por um lado, isto se dá pois há um maior número de vagas nas IES particulares do que nas IES públicas. Por outro, o acesso às IES particulares costuma ser mais fácil pois a concorrência é menor, enquanto nas IES públicas a disputa pelas vagas costuma ser maior, tendo em vista a gratuidade dos cursos e, em geral, a melhor qualidade do ensino.

Entretanto, também nas instituições de ensino superior particulares o estudan-te indígena poderá acessar algumas ações afirmativas que facilitarão o seu ingresso e permanência. As principais delas são os programas do MEC (Programa Universi-dade para Todos – Prouni e Fundo de Financiamento Estudantil – Fies) – que ofere-cem bolsas integrais, bolsas parciais ou o financiamento do valor do curso. Veremos adiante como funciona cada um deles.

PROUNI

Depois de realizar o ENEM, o aluno poderá se inscrever no Programa

Universida-de para Todos (PROUNI). O PROUNI oferece bolsas integrais ou parciais em

facul-11 https://g1.globo.com/educacao/noticia/estudantes-indigenas-sao-os-que-menos-contam-com-apoio-publico-para--pagar-universidade.ghtml

(39)

37

dades ou universidades particulares participantes do programa. Essas bolsas são destinadas a alunos sem diploma de curso superior, ou seja, aqueles que nunca cursaram uma faculdade. Com a bolsa integral, o aluno não terá que pagar nada e com a bolsa parcial ele terá um desconto de 50% nas mensalidades.

Para se inscrever no PROUNI, o candidato precisa ter cursado o ensino médio inte-gralmente em escola pública (ou com bolsa integral em escolas particulares), ter reali-zado o ENEM no ano anterior, ter obtido nota igual ou superior a 450 pontos e não ter zerado a prova de redação. Para concorrer à bolsa integral, o candidato deve ter renda familiar per capita mensal de até um salário mínimo e meio, enquanto para a concorrer à bolsa parcial, a renda familiar per capita mensal deve ser de até três salários mínimos.

O PROUNI funciona como o SISU, com duas chamadas ao longo do ano, uma no pri-meiro semestre e outra no segundo. A inscrição é gratuita e é realizada através da inter-net. O aluno poderá se inscrever em dois cursos na mesma instituição ou em instituições diferentes. Assim, se sua nota não for sufi ciente para passar em sua primeira opção, ele tem a chance de passar na segunda. Como no SISU, no PROUNI também são calculadas notas de corte para cada curso / instituição de acordo à oferta e à procura.

Da mesma forma que a lei 12.711/ 2012 reserva vagas para estudantes indígenas, pretos e pardos nas IES federais de acordo ao percentual populacional desses grupos em cada estado, no PROUNI também há bolsas reservadas para estudantes pretos, pardos e indígenas de acordo ao mesmo critério.

Assim como as vagas nos cursos, as bolsas também são distribuídas para os alunos de acordo à sua pontuação no ENEM, ou seja, os candidatos que obtiverem as melhores notas terão prioridade. Para o primeiro semestre de 2019, foram ofertadas 243.888 bol-sas (sendo 116.813 integrais e 127.075 parciais) em 1.239 instituições.

Para maiores informações sobre o PROUNI, acesse: http://prouniportal.mec.gov.br/

Para

saber

mais

(40)

De acordo à lei federal 12.711/2012 (Lei de Cotas), bem como as re-gras para a inscrição no PROUNI, o critério para o reconhecimento do candidato indígena é a autodeclaração. Ou seja, basta que o candidato se declare indígena para ser reconhecido como tal. Por isso, para concorrer às vagas reservadas na maior parte das institui-ções federais de ensino superior (universidades e institutos federais) ou às bolsas do PROUNI (IES particulares) não é solicitado nenhum documento comprobatório, basta que o estudante se inscreva nas vagas reservadas para indígenas no momento de sua inscrição no SISU ou no PROUNI.

Ultimamente, indígenas e pesquisadores têm criticado a autode-claração como critério único para o reconhecimento do candidato indígena, pois além de dar maior chance para atitudes de má-fé, ou seja, candidatos não indígenas que se declaram indígenas para concorrer às vagas reservadas, a autodeclaração não leva em conta a coletividade da qual faz parte o candidato.

É importante lembrar aqui que as ações afirmativas para o acesso de indígenas ao ensino superior foram implementadas, em parte, sob a justificativa de que é preciso formar profissionais indígenas para assumirem cargos e representarem suas comunidades no di-álogo com os diferentes setores da sociedade envolvente. Como também ouvimos das lideranças Guajajara durante o levantamen-to que orienlevantamen-tou a elaboração deste Guia, espera-se que os jovens egressos do ensino superior retornem a suas comunidades para contribuir com seus novos conhecimentos e habilidades. Portanto, quando o processo seletivo para ingresso na IES exige do candidato

Autodeclaração indígena

(Critério para inscrição nas vagas

reservadas para indígenas)

(41)

39

FIES

O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) funciona como um empréstimo para o estudante que não tem condições fi nanceiras de pa-gar um curso em uma instituição de ensino superior particular. O fi nanciamento começa a ser pago depois que o estudante concluir a graduação e o prazo para a quitação da dívida é de até 14 anos. O bolsista parcial do PROUNI também poderá participar do processo seletivo do FIES e fi nanciar a parte da mensalidade que não foi coberta pela bolsa.

Assim como o PROUNI, para concorrer ao FIES, o estudante precisa ter feito a prova do ENEM, ter obtido uma média superior a 450 pontos e não ter tirado zero em redação. No FIES, entretanto, não há "cotas" ou reserva de vagas para estudan-tes indígenas. Sendo assim, o candidato indígena que desejar acessar este progra-ma terá que concorrer a uprogra-ma vaga junto a todos os deprogra-mais candidatos e terão prio-ridade aqueles que obtiverem as melhores notas no ENEM.

A partir de 2018, ocorreram mudanças importantes neste programa que passou a ser chamado de Novo FIES. Foram estabelecidas modalidades de fi nanciamento, cada uma direcionada a um perfi l distinto de candidato. Em 2019 foram ofertadas duas modalidades. Na primeira modalidade, direcionada a estudantes com renda familiar per capita mensal de até três salários mínimos, foram ofertadas vagas com juros zero. Já na segunda modalidade (denominada P-Fies), direcionada a estudan-tes com renda familiar per capita mensal de até cinco salários mínimos, as con-dições de concessão do fi nanciamento serão defi nidas entre o agente fi nanceiro operador do crédito (banco), a instituição de ensino superior e o estudante.

indígena uma carta de sua comunidade indicando-o ou reconhe-cendo-o como um membro (como de fato vem acontecendo em um número crescente de instituições), este vínculo é enfatizado e, acredita-se, assim haverá uma maior possibilidade de retorno desse estudante à sua comunidade.

(42)

Importante observar que o FIES é válido somente em cursos superiores bem avaliados pelo MEC e ofertados por instituições de educação superior que aderi-ram ao progaderi-rama.

Durante o levantamento realizado para a elaboração deste guia, soubemos de alguns estudantes Guajajara que fre-quentam ou frequentaram cursos de nível superior em insti-tutos particulares nas cidades próximas às Terras Indígenas Caru e Rio Pindaré. Na maior parte das vezes, esses institutos não possuem sede própria e as aulas funcionam em escolas estaduais ou municipais durante os fi nais de semana. Além da proximidade, as mensalidades são relativamente acessí-veis e por isso, talvez, eles venham se tornando a principal op-ção dos Guajajara que querem frequentar um curso de nível superior.

Para maiores informações sobre o FIES e para saber quais os cursos e instituições participam do programa, acesse: http://fi es.mec.gov.br/

Para

saber

mais

Institutos de Educação

particulares na região de

Santa Inês e Alto Alegre do

Pindaré

(43)

41

É importante entender que, de um modo geral, esses institu-tos não são credenciados pelo Ministério da Educação (MEC) enquanto Instituição de Ensino Superior e, por esse motivo, eles não têm autorização para emitir certifi cado para os alu-nos que concluem o curso. Para contornar este problema, os institutos costumam vincular-se a uma instituição reconhe-cida pelo MEC, a qual passa a emitir o certifi cado para os alunos.

Este é o caso, por exemplo, do Instituto de Educação Supe-rior de Alto Alegre do Pindaré (IESAAP), que oferece cursos de Pedagogia e Administração, e é vinculado à uma faculdade localizada no estado de Tocantins (Faculdade Integrada de Araguatins - FAIARA). Assim, é através da FAIARA, que é uma instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC, que os certifi cados do IESAAP são emitidos.

Portanto, ao se inscrever em um curso oferecido por institutos locais é muito importante que o estudante procure saber o nome dele, como também da instituição de ensino superior à qual ele está vinculado. É importante também saber o nome de seus dirigentes e buscar informações para saber se o curso é confi ável ou não.

Para saber se uma determinada instituição de ensino supe-rior é reconhecida pelo MEC, acesse:

http://emec.mec.gov.br/

Para

saber

mais

(44)

12 Informações retiradas do site https://querobolsa.com.br/. Não foram encontrados dados sistematizados referente ao ano de 2018.

13 Como veremos adiante, estes são os dez cursos preferidos pelos estudantes Guajajara das Terras Indígenas Rio Pindaré e Caru, de acordo ao levantamento realizado em agosto de 2017.

Veja, abaixo, as notas de corte do SISU e PROUNI em instituições de ensino su-perior no Maranhão e em todo o Brasil em 2017:

Notas de corte em 201712

SISU (Modalidade de concorrência: cotas

raciais, renda e escola pública) PROUNI (cotas/bolsa integral) Cursos13 Menor nota de

cor-te no Maranhão

Menor nota de corte no Brasil Menor nota de corte no Mara-nhão Menor nota de corte no Brasil Direito 671

UFMA / São Luís 631 UFCG (PB) 616 Faculdade de Balsas 458 Instituto de Ensino Supe-rior da Grande Florianópolis (SC) Medicina 725 UFMA / Pinheiro 714 UFG (GO) -569 Faculdade Regional da Bahia (BA) Administração 576

IFMA/ São João dos Patos 554 Unipampa (RS) 554 Faculdade de Balsas 452 Faculdade Ideal de Alto Horizonte (GO) Ciências Sociais 591

UFMA/ São Luís

547 UFFS (SC)

635

Centro Universi-tário Internacio-nal (São Luís)

522 Universidade Paulista – Juína (MT) Letras 569 UFMA/ Bacabal 544 UFMS (MS) -617 Instituto Superior de Ciências Humanas e Sociais Anísio Teixeira (RJ) Como Entrar?

(45)

43

Como Entrar?

Ciências Bioló-gicas

561

IFMA/ São Raimun-do das Mangabeiras 509 IFPR (PR) -485 Centro Universitário Claretiano (PR) Enfermagem 647 UFMA/Impera--triz 594 UECE (CE) 581 Instituto de Ensino Superior Franciscano (Paço do Lumiar) 528 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (SP) Educação Física 594 UFMA/ Pinheiro 556 UFMT (MT) 567 Universidade Anhanguera (Caxias) 458 Universidade Anhanguera (SP) Engenharia Mecânica 644 IFMA/São Luís 595 IFSC (SC) 634 Faculdade Pitágoras de São Luís 457 (Universidade do Oeste de Santa Catarina (SC) Engenharia Florestal -559 UFSM (RS) -582 Faculdade Orígenes Lessa (SP) Engenharia Civil 672 IFMA/São Luís 620 IFS (SE) 616 Faculdade do Maranhão (São Luís) 493 Universidade Cruzeiro do Sul (SP) Agronomia 574 UFMA/Chapa-dinha 537 IFFar (RS) -486 Faculdade Católica do Tocantins (TO)

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(47)
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Como

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Como Permanecer?

Até agora, falamos sobre as políticas de ação afirmativa voltadas para o ingresso ou acesso do estudante indígena às instituições de ensino superior. Além delas, a maior parte das IES públicas também dispõem de ações afirmativas voltadas para a per-manência do estudante, ou seja, medidas voltadas para que ele permaneça na insti-tuição até a conclusão do curso. Uma dessas medidas é a oferta de bolsas ou outros tipos de auxílio financeiro para custear gastos do estudante, como veremos a seguir.

Bolsas e Auxílios

Veremos, abaixo, as bolsas e auxílios oferecidos pelas três principais instituições de ensino superior públicas no Maranhão em 2018:

Instituto Federal do Maranhão (IFMA): Os institutos federais oferecem bolsas de

estudo e auxílios para diversos fins. O valor da bolsa de estudos para alunos do ensino superior é de R$ 400,00, enquanto o valor dos auxílios varia de acordo ao campus. Por exemplo, para 2018, o campus de Santa Inês ofereceu auxílio moradia (R$220), auxilio transporte (entre R$140,00 e R$240,00, de acordo à distância da residência do aluno) e auxilio alimentação (R$130,00).

Universidade Federal do Maranhão (UFMA): Assim como em outras

universida-des federais, a UFMA também oferece diversos auxílios. O auxílio moradia concede vagas em residências universitárias (campi de Codó, Pinheiro e São Luís) ou, nos demais campi onde não há residência universitária, auxílio no valor de R$ 400,00 mensais. O auxílio alimentação concede gratuidade no restaurante universitário do campus São Luís ou, nos demais campi onde não há restaurante universitário, au-xílio no valor de R$300,00 mensais. O auau-xílio transporte varia de valor e pode ser de até R$180,00 mensais. O valor do auxílio creche é de R$200,00. O auxilio emer-gencial é destinado a atender situações emergenciais e momentâneas que podem comprometer a permanência do estudante na universidade. O valor deste auxilio é de R$400,00 que pode ser disponibilizado ao aluno até três vezes durante o ano. Além dos auxílios, a UFMA também oferece a Bolsa Permanência (diferente do

Pro-grama Bolsa Permanência do MEC), no valor de R$ 400,00. Para receber esta bolsa, o

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Universidade Estadual do Maranhão (UEMA): Assim como em outras

universi-dades estaduais, a UEMA também oferece os seguintes auxílios: Auxílio Moradia, Auxílio Creche e Auxílio Alimentação, todos no valor de até R$ 200,00.

Além destes, há também a possibilidade do aluno acessar a Bolsa Permanência (diferente do Programa Bolsa Permanência do MEC), no valor de R$ 400,00, concedi-da também mediante o desenvolvimento de ativiconcedi-dades em setores administrativos da universidade, às quais ele deverá dedicar 20 horas semanais.

É importante observar que a bolsa e auxílios oferecidos pela UEMA são destina-dos somente para alunos inscritos em seus cursos regulares. Os alunos inscritos nos cursos do Programa Ensinar (programa destinado à formação de professores em serviço), por exemplo, como é o caso de alguns alunos Guajajara da TI Rio Pindaré, não têm direito a esses benefícios.

No quadro abaixo estão sintetizadas as informações dos valores das bolsas e auxílios oferecidos em 2018 pelas três instituições mencionadas acima:

14 Importante observar que a bolsa e auxílios oferecidos pelo IFMA em 2018 tiveram a duração de apenas 9 meses e não de 12 meses, como costuma ocorrer nas outras IES.

Ano 2018 IFMA14

(campus Santa Inês) UFMA UEMA

Auxílio Moradia R$ 220,00 R$ 400,00 (ou vaga na

residência universitária) Até R$ 200,00 Auxilio Trans-porte R$ 140,00 até R$ 240,00 Até R$ 180,00 -Auxilio Alimen-tação R$ 130,00 R$ 300,00 (ou gratui-dade no restaurante universitário) Até R$ 200,00

Auxilio Creche - R$ 200,00 Até R$

200,00 Auxilio emer-gencial - R$ 400,00 (3x /ano) -Bolsa R$ 400,00 R$ 400,00 R$ 400,00 Como Permanecer?

Referências

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