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Existe um conjunto de problemas específicos relacionados aos recursos hídricos, tais como: a disponibilidade de água, gestão de bacias hidrográficas, poluição, degradação ambiental, mudanças no uso da terra e desmatamento. Todos estes problemas têm em comum a utilização dos limites das bacias hidrográficas para definir espacialmente uma região. Por exemplo, se o objetivo da gestão é melhorar uma bacia hidrográfica deteriorada para reduzir a erosão e minimizar o escoamento, os próximos passos seriam direcionados para a redução do movimento da água dentro dos canais e para fora da bacia. É importante, neste caso, que se tenha informações precisas sobre a bacia, para que seja possível definir os canais de fluxo e área de influência da mesma.

O conhecimento dos limites físicos de uma bacia de drenagem é importante para a gestão dos recursos, o estudo dos ecossistemas e das mudanças globais. As informações das bacias hidrográficas devem ser conhecidas para a realização de estudos que usam os limites físicos como forma de definir e caracterizar as regiões. Geralmente os dados de limites da bacia têm sido usados para o controle espacial em modelos dos recursos hídricos.

Bacia hidrográfica é um sistema biológico, físico, econômico e social. Este conceito surgiu com a história da humanidade. Ao longo do tempo o crescimento das cidades levou à necessidade de obras hidráulicas pela utilização da água e também gerou a necessidade de preservar e protegê-los dos problemas causados pelo

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assoreamento, poluição e alteração do regime hidrológico.

Um conjunto de definições representa uma clara concepção hidrológica do termo bacia, como mostrado por aquele que afirma:

"É uma unidade do território que capta a precipitação, percorre o escoamento superficial até um ponto de saída no canal principal ou é uma área delimitada por uma divisória topográfica que drena para um canal comum" (Brooks, 1985) citado em FAOa (1993, s/p)4.

Ao mesmo tempo e sob abordagem semelhante, outros autores argumentam que a bacia hidrográfica "é qualquer área que gera o escoamento a montante de um ponto de referência no rio principal” (Schwartz et al. 1976), citado em FAOa (1993).

Esta visão hidrológica das bacias hidrográficas é entendida como correta, mas um pouco limitada, o que tem servido como justificativa para o desenvolvimento de diversos projetos de ordenamento e gestão. Um caso típico é o desenvolvimento hidro- energético, onde a água, o produto da bacia, é o ingrediente principal.

Ao longo dos anos e a experiência adquirida na gestão de bacias hidrográficas, chegou-se à conclusão que o conceito de bacias hidrográficas continha uma realidade mais complexa, consubstanciado no sentido que a descreve "como um volume de terreno que em sua dimensão vertical é delimitada pela área, até onde o homem tem influências com sua atividade e limitada na sua superfície pelo divisor de água que se fecha no ponto de interesse no canal" (FAOa, 1993).

De acordo com FAUSTINO et al. (2006), é chamada de bacia hidrográfica a área de terreno de drenagem natural onde todas as águas da chuva convergem para um coletor comum de descarga. Os limites de uma bacia hidrográfica são determinados pela linha de "divortium aquarum" ou divisor de água. Devemos notar que as fronteiras geográficas (superficial) nem sempre coincidem com os limites do aqüífero (subterrâneo), podendo haver transferência de massas líquidas entre uma bacia e outra adjacente ou próxima à linha do divisor de água que começa e termina no ponto mais baixo ou de saída da bacia.

A bacia hidrográfica é também definida como um ecossistema em que interagem

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e se inter-relacionam variáveis biofísicas e sócio-econômicas que funcionam como um todo, com entradas e saídas, limites definidos e estrutura interna de subsistemas aninhados (por exemplo, no sistema biofísico: subsistemas biológicos e físicos). Neste sistema ocorrem entradas como a energia solar, hidráulica, eólica e gases como o CO2,

além disso, ingressam insumos, como sementes, alimentos tecnologias e outros; ambos dão origem a processos tais como o fluxo de energia, ciclagem de nutrientes, ciclo hidrológico, erosão e atividades produtivas (FAUSTINO et al. 2006).

De acordo com Moreno e Renner (2007) bacia ou bacia hidrográfica significa "a área das águas superficiais ou subterrâneas, que descarregam em uma rede de drenagem natural com um ou mais canais naturais, de fluxo contínuo ou intermitente, que convergem num curso maior, que por sua vez pode levar a um rio principal, em um reservatório natural de água, em um pântano ou diretamente para o mar”. Bacia é também definida como “o espaço que nos permite organizar as atividades humanas conhecendo as estruturas sistêmicas que a compõem e compreendendo as relações espaço temporais que a determinam”.

Os componentes da bacia são os elementos naturais e os de geração antrópica. Os naturais estão relacionados com os componentes bióticos como o homem, a flora e a fauna, e com os componentes abióticos, como a água, o solo, o ar, os minerais, a energia e o clima”.

As bacias hidrográficas são unidades morfográficas superficiais. Seus limites são estabelecidos pela principal divisão geográfica das águas da chuva, também conhecidos como "divisor de águas". Trata-se teoricamente de uma linha imaginária que une os pontos do valor máximo da altura relativa entre duas encostas adjacentes, mas de exposição oposta, a partir da parte mais alta da bacia até o ponto de emissão na zona baixa.

As bacias hidrográficas são utilizadas como unidades de planejamento territorial e são subdivididas em áreas menores chamadas sub-bacias e micro-bacias. Essas subdivisões são feitas pelas diferentes correntes que as compõem.

Todas as bacias hidrográficas têm três áreas ou zonas onde o impacto da água é diferente, embora permaneça uma estreita interação e interligação entre elas:

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hidrográfica. Nesta região se da a maior captação de água da chuva. A parte superior da bacia contribui na regulação e abastecimento de água para o resto do ano e para as outras partes da bacia. Todas as ações que são feitas nesta parte da bacia, sejam boas ou más, gerarão impactos sobre o restante da bacia.

- A segunda é a parte média da bacia. Geralmente é nesta parte da bacia onde se dão as atividades produtivas. É a região onde se faz a maior pressão para a parte superior da bacia. Essa região é como uma zona tampão (amortecedora) entre as ações da parte superior da bacia e os seus efeitos são evidentes na parte baixa da bacia.

- A terceira parte ou parte inferior da bacia fica normalmente perto da costa. Nesta área se evidenciam os impactos positivos ou negativos das ações que são feitas na parte superior da bacia.

A bacia hidrográfica funciona como um sistema indivisível e interdependente, onde existe uma relação estreita entre as pessoas e as atividades que se desenvolvem na parte superior, com a parte meia e baixa da bacia. Por exemplo, a manutenção da cobertura florestal adequada na parte superior da bacia, ajuda a regular e controlar a quantidade e sazonalidade de água que escorre dos rios e nascentes para a parte meia e inferior da bacia, com o qual, as populações das partes mais baixas são beneficiadas pela quantidade e qualidade da água potável, bem como pela proteção que pode fornecer a cobertura florestal na ocorrência de desastres por inundações, principalmente.

Entre os critérios para a gestão dos recursos naturais é muito oportuno considerar a bacia hidrográfica como unidade básica funcional e âmbito de aplicação dos programas e planos para a gestão integrada dos recursos naturais. Este é talvez o conceito mais abrangente para o uso e gestão sustentável dos recursos ali existentes, bem como a adoção e execução das decisões políticas, econômicas, sociais e ambientais básicas para o desenvolvimento sustentável.

Para esse fim foi criado em Cuba, no dia 5 de maio de 1997, pela Resolução 3139 do Comitê Executivo do Conselho de Ministros, o "Conselho Nacional de Bacias Hidrográficas", o órgão máximo de compatibilidade e adequação das ações nestes

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ecossistemas. Ele conta com um Grupo Técnico Consultor, composto por representantes técnicos dos Órgãos da Administração Central do Estado (OACE) e instituições de pesquisa e desenvolvimento. Sua finalidade é assessorar, científica e tecnicamente, o Conselho Nacional de Bacias.

Este grupo técnico fez a classificação das bacias hidrográficas de Cuba em diferentes níveis de interesse e prioridade do estudo: nacional, provincial e, levando em conta seus interesses econômicos, sociais e ambientais, sobre o grau de comprometimento de seus recursos naturais e características fisiográficas que possuem. Os diagnósticos feitos nestas bacias hidrográficas mostraram grandes afetações dos recursos naturais e, especialmente, do recurso solo.

A partir desses argumentos as bacias hidrográficas são unidades naturais adequadas para a avaliação de práticas de conservação, além de serem adequadas para a aplicação de alguns modelos de simulação de erosão, calibração e validação.

A bacia em estudo, Chambas constitui uma prioridade na província de Ciego de Ávila, onde os organismos responsáveis pela sua gestão (CITMA, MINAGRI, MINAZ, INRH, ANAP) estabeleceram um conjunto de ações para a reabilitação dos principais problemas de degradação, incluindo a erosão.

Para que os objetivos sejam alcançados é necessário considerar alguns critérios importantes técnicos e logísticos. Estes se relacionam com os objetivos do estudo, a representatividade da bacia, o seu tamanho, a homogeneidade, a importância do solo e da gravidade da erosão, além da disponibilidade de dados e facilidade de acesso e de supervisão.