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A fragilidade do solo, ou seja, sua suscetibilidade à degradação ocorre por propriedades intrínsecas do solo ou por diferentes variáveis no ecossistema, tais como alteração de cobertura vegetal, a severidade do clima ou as características do relevo. A ação humana pode introduzir desequilíbrio especialmente intervindo nas atividades agrícolas sobre a cobertura vegetal, com a má gestão de plantações florestais, com o desenvolvimento industrial inadequado, com projetos de urbanização mal planejados, etc.; intensificando os efeitos dos desastres naturais como tempestades, deslizamentos, inundações.

Uma vez degradado, o solo perde sua capacidade produtiva, e necessita cada vez mais da adição de nutrientes para equilíbrio de sua fertilidade e garantia de boas colheitas. Em geral, o desempenho diminui à medida que se vai deteriorando o solo.

A degradação pode se manifestar por meio de múltiplas alterações das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

A degradação química pode ser causada por vários fatores: perda de nutrientes, acidificação, salinização, sodicidade, aumento da toxicidade pela liberação ou a concentração de determinados elementos químicos.

Deterioração do solo é, por vezes, um resultado da degradação física: perda de estrutura, aumento da densidade aparente, permeabilidade reduzida ou diminuição da

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capacidade para reter água. Isso pode ser produzido pelas repetidas lavragens da terra (desagregando as partículas) ou pelos solos em pousio expostos à erosão (causando perda de matéria orgânica e água), ou também pela compactação devido à passagem de máquinas e animais.

Outras vezes a degradação do solo é biológica, ocorrendo quando há uma diminuição da matéria orgânica incorporada. Esta degradação ocorre principalmente por um excesso de lavragem do solo em uma área, perdendo a sua matéria orgânica por erosão.

A erosão, a compactação e o aumento da salinidade do solo são os maiores problemas relacionados ao manejo inadequado e estarão diretamente relacionadas à escassez de alimentos num futuro não muito distante, resultando num profundo desequilíbrio do sistema produtivo, caso práticas corretas não forem adotadas.

De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (2008) as terras agrícolas tornam-se gradualmente menos produtivas por quatro razões principais:

Degradação da estrutura do solo; Diminuição da matéria orgânica; Perda de solo e

Perda de nutrientes.

Estas razões são, basicamente, os efeitos do uso e manejo inadequado do solo e da ação da erosão acelerada.

A erosão é um processo natural caracterizado pela perda seletiva de materiais do solo, onde os materiais das camadas superficiais são arrastados pela ação da água ou do vento A erosão causada pela ação da água é denominada erosão hídrica enquanto a erosão eólica é aquela causada pela ação do vento. A ação de ambos os agentes, água e vento, é favorecida em áreas com declividade acentuada ou que não possuem cobertura vegetal suficiente para promover a redução da erosão.

Em geral, quando se trata de erosão do solo refere-se à erosão antrópica (ação humana), que é de desenvolvimento acelerado. No entanto, é necessário ressaltar a existência da erosão natural ou geológica, que diferentemente da erosão antrópica é de evolução muito lenta.

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continentes. Seus efeitos são compensados no solo, pois eles atuam com suficiente lentidão para que suas conseqüências sejam compensadas pela velocidade de formação do solo. Assim, o solo de superfície estável é formado, pelo menos, na mesma velocidade pela qual é erodido.

A erosão hídrica é causada pela dispersão e transporte de solo devido ao impacto das gotas de chuva, em conjunto com o escoamento superficial da água. A intensidade desse processo depende principalmente dos seguintes fatores e suas interrelações: quantidade e intensidade de precipitação, propriedades intrínsecas do solo, declividade e área da terra, vegetação e implementação ou não de medidas preventivas para a conservação do solo.

A perda da camada superficial do solo por erosão hídrica é o tipo mais comum de degradação do solo. Ela ocorre em quase todos os países, sob uma grande variedade de condições climáticas, físicas e de uso da terra. Como o solo é normalmente rico em nutrientes, uma quantidade relativamente grande de nutrientes é perdida com a ação da água sobre a superfície contribuindo dessa maneira para o processo de empobrecimento do solo. A perda de solo em si é precedida, muitas vezes, por compactação e/ou crostas, causando uma diminuição na capacidade de infiltração do solo, que por sua vez colabora para aceleração de escoamento superficial; e como consequência, acelera o processo de erosão do solo. Este processo limita o crescimento e desenvolvimento das culturas, reduzindo a quantidade de terras disponíveis para exploração das raízes, diminui as reservas de umidade e nutrientes no solo e expõe os horizontes inferiores menos férteis do perfil. A camada de solo fértil que cobre a terra agrícola tem apenas cerca de 15 a 20 cm de espessura.

A erosão é a remoção do solo pela água ou vento a velocidades superiores à formação do solo, Erosão não é apenas uma "doença" do solo, mas também da paisagem porque inclui a vegetação, o clima, etc. e é causada por uma série de fatores, incluindo, a chuva, o solo, a topografia e a cobertura da vegetação. O primeiro não pode ser controlado; no entanto, os outros três podem sofrer influencias externas de forma a acelerar os processos erosivos que ocorrem no solo. A gestão adequada dos mesmos é a base para a conservação do solo (CARLSON e RONCEROS, 1987).

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erosão são a intensidade, a duração e a frequência com a qual as chuvas ocorrem. A intensidade de chuva pode colaborar com a aceleração dos processos erosivos do solo à medida que esta pode causar um aumento do escoamento superficial. Tal processo ocorre quando há uma saturação do solo, ou seja, quando a intensidade da precipitação é maior do que a capacidade de infiltração do solo.

A característica do solo de maior importância considerado na erosão é sua permeabilidade. Geralmente, os solos argilosos (pesados) ou com uma camada dura são mais suscetíveis à erosão, devido à sua baixa permeabilidade. Solos com alto teor de matéria orgânica são bem mais resistentes à erosão porque a matéria orgânica contribui para o aumento da permeabilidade do solo, permitindo que se formem partículas de tamanho maiores no solo que não são transportadas tão facilmente pelo escoamento superficial.

As características da topografia do terreno têm um impacto significativo sobre a taxa de erosão do solo pelos agentes da água e da gravidade. Os aspectos importantes incluem a inclinação, comprimento, aspecto e forma. O efeito do relevo na erosão é praticamente inexistente em áreas plana, sendo que apenas em áreas de encostas, o escoamento pode causar erosão.

Na topografia do solo, as características mais importantes a serem consideraradas são o grau de inclinação e comprimento da encosta, pois estes fatores têm influencia direta na velocidade do escoamento. Quanto mais acentuada seja a inclinação ou comprimento da encosta, maior será a velocidade do escoamento e, portanto, seu poder erosivo. Algumas alternativas para redução da declividade e da extensão da encosta podem ser a construção de terraços e de barreiras ao longo das linhas de contorno e da agricultura de contorno.

As características do solo que determinam o que pode acontecer com a precipitação são a permeabilidade e estado de saturação. A baixa permeabilidade do solo tende a maior escoamento. A velocidade da água é fundamental quando se trata da erosão causada pelo escoamento.

A relação entre a velocidade de escoamento e seu poder erosivo é geométrico. Isto é, dobrando a velocidade de escoamento, aumenta-se em quatro vezes o seu poder erosivo; e se, por exemplo, aumentamos a velocidade de escoamento em três

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vezes, teremos seu poder erosivo aumentado em nove vezes. Em termos de material arrastado, ao duplicar a velocidade de escoamento aumenta-se em 32 vezes a quantidade de sedimentos a ser transportados (CARLSON e RONCEROS, 1987).

A cobertura do solo exerce um forte impacto moderador sobre a dissipação de energia fornecida pelos agentes de erosão do solo. O estabelecimento de vegetação, sejam as árvores, arbustos ou ervas ajudam a proteger o solo da erosão hídrica. Isso amplia o período de infiltração, reduzindo o escoamento superficial durante as tempestades menores.

O processo da erosão é modificado pelo ambiente biofísico composto pelos fatores antes mencionados e a interação entre eles conforme pode-se observar na Figura 2.1.

A susceptibilidade do solo aos agentes de erosão, é determinada pelas propriedades inerentes do solo, tais como: textura, estrutura, conteúdo de matéria orgânica do solo, minerais de argila, cátions trocáveis, retenção de água e as propriedades de transmissão. A erodibilidade do solo é uma propriedade dinâmica e está influenciada pelo manejo (LAL, 2001).

A erosividade está influenciada por fatores ambientais, principalmente climáticos, incluindo distribuição do tamanho das gotas e intensidade da chuva, quantidade e frequência da chuva, quantidade e velocidade de escoamento e velocidade do vento. Outro fator ambiental não climático que afeta a erosividade é a reação química que leva à dissolução por intemperismo.

O efeito dos processos biofísicos rege a erosão do solo influenciado por causas econômicas, sociais e políticas (Figura 2.1). As causas sociais que podem acentuar a taxa de erosão induzida pela degradação do solo incluem a agricultura de subsistência ou baseada em recursos, pobreza e analfabetismo, saúde precária e desnutrição, instabilidade política e pressão demográfica elevada. As causas sociais, econômicas e políticas atuam principalmente no tipo de uso e gestão da terra. Essas causas, em seguida, influenciam a taxa de erosão do solo que determina a gravidade da degradação do solo (LAL, 2001).

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Figura 2.1 Fatores e causas da erosão do solo e sua interação, adaptado de Lal, (2001).

A erosão causada pela água pode ser das seguintes formas: laminar, em sulcos e voçorocas, sendo que as três formas de erosão podem ocorrer simultaneamente no mesmo terreno (BERTONI e LOMBARDI NETO, 2008). Essa classificação se corresponde com as etapas progressivas à concentração de enxurrada na superfície do solo. A erosão laminar é a lavagem da superfície do solo nos terrenos arados; em seguida, é a erosão em sulcos, que é a concentração de água escorrendo em pequenos sulcos nos campos cultivados, e depois a erosão em voçorocas que ocorre quando os sulcos foram bastante erodidos em largura e profundidade. Essa

Estimativa da erosão do solo

Fatores da erosão do solo Causas da erosão do solo

Erodibilidade do solo Estrutura Textura Retenção de água Infiltração Conteúdo de matéria orgânica Minerais de argila Declínio da CEC (capacidade de troca catiônica) Erosividade climática Precipitação (quantidade, freqüência, intensidade) Velocidade do vento. Água e balanço energético Topografia do terreno Gradiente Compriment o Aspecto Forma Cobertura do solo Biomassa Cobertura do dossel Sistema radicular Diversidade de espécies Econômicas Desmatamen to e queima de biomassa Conversão de uso natural para agrícola Lavoura Sistema de cultivo Uso do solo industrial Urbanização Sociais Direitos à terra Forças do mercado Distribuição da riqueza Saúde Demografia Estabilidade social Políticas Políticas Legislação Governo Estabilidade política

Suscetibilidade do solo à erosão Estimativa da erosão do solo

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classificação é apropriada à nossa compreensão, porém omite a erosão por salpicamento ou o efeito do impacto da gota de chuva, que é a primeira e mais importante etapa do processo de erosão.

O solo é um organismo vivo, em contínua atividade, e há diversos fatores envolvidos na utilização dos nutrientes para as plantas. Além dos dados sobre os totais de perdas de solo ocasionados pela erosão, deve-se ter em mente as quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio arrastados pela enxurrada. A remoção de materiais mais grossos como areia e cascalho é muito menos prejudicial que a lavagem do material coloidal orgânico e inorgânico e dos nutrientes em solução. Dessa forma, o índice de erosão deve ser, além de quantitativo, qualitativo.

Os solos das regiões tropicais, com chuvas intensas, estão mais sujeitos a sofrer empobrecimento de bases do que outros elementos nutritivos. A cobertura vegetal e seu manejo adequado são de grande eficiência na redução das perdas de nutrientes e é fundamental no desenvolvimento de um plano de conservação da fertilidade dos solos.

A erosão hídrica do solo é amplamente reconhecida como o principal obstáculo para alcançar uma agricultura sustentável, uma vez que este processo contribui diretamente para a redução do potencial da produção agrícola em todo o mundo.