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4.1.1. Grupo Bauru

Situada estratigraficamente no topo da Bacia do Paraná, com área de 350000 km² (Figura 41) e 300 metros de espessura máxima. Localiza-se a Sudeste do Brasil, e seus depósitos sedimentares são de origens fluviais e lacustres, com algumas fácies representando leques aluviais (FERNANDES & COIMBRA, 2000).

Ocorrem divergências quanto a inclusão do Grupo Bauru na Bacia do Paraná ou se deve ser tratado como uma bacia sedimentar individualizada, a Bacia Bauru composta pelos Grupos Caiuá e Bauru (FERNANDES & COIMBRA, 1996; BATEZELLI, 2015), outros autores consideram que mesmo o pacote de rochas sedimentares do Caiuá constituiriam uma bacia a parte, a Bacia Caiuá (FULFARO & BARCELOS, 1991; FULFARO et al., 1999).

Paula e Silva et al (2009) considera que o Grupo o Grupo Bauru reúne as formações Pirapozinho, Caiuá, Santo Anastácio, Birigui, Araçatuba, Uberaba, São José do Rio Preto, Adamantina e Marília (FERNANDES & COIMBRA, 2000; PAULA E SILVA, 2005), sendo que Pirapozinho e Birigui encontram-se apenas em subsuperficie. As rochas da Formação Serra Geral formam o substrato do Grupo, com os sedimentos das formações Botucatu e

Pirambóia ocorrendo localmente, como observado nas regiões das cidades de Bauru e Agudos, estado de São Paulo (PAULA E SILVA & CAVAGUTI, 1994).

Figura 41 - Mapa geológico da Bacia Bauru (modificado de FERNANDES & COIMBRA, 1996). Principais feições tectônicas das bordas da bacia por Riccomini (1997).

Morfótipos completos ocorrem nas Formações Santo Anastácio, Adamantina e Marilia, enquanto nas formações Araçatuba e Uberaba ocorrem apenas fragmentos que não contribuem taxonomicamente. A seguir são apresentadas as características das formações contendo material associável aos táxons descritos para o Grupo Bauru.

4.1.1.1. Formação Santo Anastácio

Predominantemente constituída por arenitos quartzosos, de granulometrias muita fina a média, com grãos subarredondados a subangulares, de cor marrom avermelhada, com cimentação e nódulos carbonáticos ocorrendo localmente (SOARES et al., 1980). Os arenitos

da Formação Santo Anastácio ocorrem em bancos de 2 a 3 cm, em estratos tabulares, com estratificações plano-paralelas (PAULA e SILVA et al., 2005). Possui contato basal com as formações Caiuá / Pirapozinho, bem como com a Formação Serra Geral, na ausência destas, é discordante, enquanto está sotoposta pelas as formações Birigui, Araçatuba ou Adamantina, também de modo discordante (PAULA E SILVA et al., 2005). A idade da Formação Santo Anastácio ainda é incerta, a presença de um Tapejaridae em sedimentos dessa formação poderia indicar uma idade Barremiano a Cenomaniano, porém, a ocorrência de um Pelumedusoide morfologicamente próximo dos táxons de Testudines do Neocretáceo do Grupo Bauru parecem indicar um intervalo entre Turoniano a Campaniano (MENEGAZZO et

al., 2015).

De acordo com Soares et al. (1980) a deposição da Formação Santo Anastácio teria ocorrido em um ambiente fluvial meandrante transicional para anastomosado. Para FERNANDES & COIMBRA (2000) seriam depósitos de lençóis de areias, acumuladas em extensas planícies desérticas. PAULA E SILVA et al. (2005) resgatam o modelo deposicional de SOARES et al. (op. cit.), no entanto também admitem a presença de sedimentos eólicos. Ocorrem fragmentos de ossos pertencentes à crocodilomorfos (FITTIPALDI et al., 1989) e recentemente constatou-se a presença do Gênero Baurusuchus, em afloramentos próximos à região de Jales (AGOSTINHO, 2009).

4.1.1.2. Formação Adamantina

Unidade geológica de mais ampla distribuição geográfica no Grupo Bauru, com idade próxima ao final do Campaniano e início do Maastrichtiano (BERTINI et al., 2001). Caracteriza-se por arenitos de granulações fina a muito fina, com estratificações cruzadas, alternando com bancos de lamitos, siltitos e arenitos lamíticos, de cores castanho-avermelhada a cinza-acastanhada, podendo ser maciços, com acamamento plano-paralelo, ocorrendo frequentemente marcas de ondas e microestratificações cruzadas (SOARES et al., 1980).

A deposição teria ocorrido em um sistema fluvial meandrante, com transição para anastomosado, em clima quente e úmido (SOARES et al., 1980). Possui contato basal discordante com as formações Santo Anastácio e Serra Geral, e localmente erosivo com a Formação Araçatuba. O topo da Formação Adamantina apresenta contato interdigitado à abrupto com a Formação Marília (PAULA E SILVA et al., 2005.). A proposta formal de Formação Adamantina veio com SOARES et al. (1980). Mas FERNANDES & COIMBRA

(2000) propõem o abandono do nome Adamantina e a divisão desta unidade em três formações: Vale do Rio do Peixe, São José do Rio Preto e Presidente Prudente.

A grande maioria dos morfótipos de Crocodylomorpha é proveniente de afloramentos do Adamantina. Das vinte e três espécies de Crocodyliformes encontrados no Grupo Bauru, vinte são provenientes desta unidade geológica: Baurusuchus pachecoi, Sphagesaurus huenei,

Mariliasuchus amarali, Stratiotosuchus maxhechti, Baurusuchus salgadoensis, Adamantinasuchus navae, Mariliasuchus robustus, Montealtosuchus arrudacamposi, Caipirasuchus montealtensis, Armadillosuchus arrudainho, Morrinhosuchus luziae, Baurusuchus albertoi, Campinasuchus dinizi, Caryonosuchus pricei, Labidiosuchus amicum, Pissarrachampsa sera; Barreirosuchus franciscoi e Gondwanasuchus scabrosus.

4.1.1.3 Formação Marilia

SOARES et al. (1980) definem a Formação Marilia como composta por arenitos grossos a conglomeráticos, com grãos angulosos, teor de matriz variável, seleção pobre, maciços e descontínuos, raramente apresentando estratificações cruzadas de médio porte. Apresenta contato basal interdigitado abrupto com a Formação Adamantina, seu topo sendo limitado pela superfície topográfica atual (PAULA E SILVA et al., 2003). Esta unidade geológica abriga afloramentos ricos em fósseis de testudinos, crocodilomorfos e dinossauros (BERTINI

et al., 2001; COSTAS et al., 2012; MENEGAZZO et al, 2015). Barcelos & Suguio (1987)

propõem sua divisão nos membros Echaporã, Ponte Alta e Serra da Galga.

O Membro Serra da Galga ocorre na porção nordeste da bacia, no Triângulo Mineiro, com uma espessura em torno de 110 metros (BARCELOS et al., 1987). É formado por extratos lenticulares de arenitos, incluindo conglomeráticos, de espessura decimétrica a métrica, com frequentes estratificações cruzadas tabular a acanalada, de pequeno a médio portes. Tem contato interdigitado, complexo e irregular, com o Membro Ponte Alta (FERNANDES & COIMBRA, 2000).

Para Fernandes & Coimbra (2000) o contexto deposicional do Membro Serra da Galga seria o de leques aluviais medianos a distais, com sistemas fluviais entrelaçados, associados a eventuais depósitos de dunas eólicas. É o membro de maior interesse para o presente trabalho, uma vez que nele foram encontrados pelo menos quatro espécies de Crocodyliformes:

Itasuchus jesuinoi, Peirosaurus tormini, Uberabasuchus terrificus e Labidiosuchus amicum

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