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Capítulo III – Análise da Informação

3.2. Dados dos questionários a residentes e comerciantes

3.2.3. Bairro Alto

O Bairro Alto foi o que recolheu o maior número de inquéritos, com um total de 99 residentes inqueridos. Sendo a Bica o segundo bairro com mais habitantes participantes, com um total de 76, isto pode se justificar pelo facto de que o inquérito foi divulgado em grupos de Facebook da Junta de Freguesia da Misericórdia, à qual ambos os bairros pertencem, até porque todas as pessoas que visualizaram essa publicação eram obrigatoriamente dessa área geográfica específica.

Dessas 99 pessoas, uma maioria esmagadora mostrou realizar as atividades e frequentar os locais presentes na sua zona de residência. Um total de 93,94% pessoas confirma adquirir os seus bens e utilizar cafés; 84,85% dizem frequentar os restaurantes da área, 75,76% os transportes, 58,59% os arraias locais e 43,43% os estabelecimentos de vida noturna.

Outro facto importantíssimo nesta análise é que são muito poucas as pessoas que deixa de realizar as ações presentes na pergunta anterior por causa da presença de um maior número de turistas nestes espaços, sendo que apenas 17,17% afirmam deixar de frequentar restaurantes na área e 16,16% não usam os transportes públicos.

As melhorias na zona também não passaram despercebidas, com 65,66% de inquiridos a reconhecer uma revitalização de edifícios e áreas degradadas, 50,51% a verificar uma maior oferta comercial, 37,37% o embelezamento da rua e também 37,37%

16.16% 30.30% 37.37% 37.37% 15.15% 13.13% 34.34% 50.51% 65.66% 9.09% 22.22% 2.02% 3.03% 7.07% 5.05% 3.03% 2.02% 8.08% 20.20% 31.31% 4.04% 3.03%

Reconhece melhorias Considera que as melhorias são direccionadas ao turista

Figura 22: Melhorias reconhecidas pelos residentes do Bairro Alto e crença de que estas são direccionadas ao turista

a manutenção (lixo). Não muito atrás estão os 34,34% que confirmaram uma melhor oferta cultural e os 30,30% que mencionaram as áreas públicas como mais bonitas.

Mais uma vez, os residentes não parecem dar muito crédito à presença acentuada de turistas pelas melhorias na área, pois apenas 31,31% disseram que acreditavam que a revitalização dos espaços urbanos era apenas para atrair turistas e 20,20% consideraram que os alvos da recente oferta comercial são os visitantes da cidade. Todas as outras categorias de resposta apresentam números inferiores aos 8%.

O Bairro Alto também mostrou ser, até agora, o bairro com mais dificuldades visíveis, não só pelo maior número de diferentes pontos problemáticos na zona com habitantes a reparar neles, mas também porque essas percentagens de residentes com

93.94% 93.94% 84.85% 43.43% 44.44% 47.47% 49.49% 58.59% 75.76% 7.07% 2.02% 17.17% 10.10% 5.05% 1.01% 2.02% 5.05% 16.16% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00% 90.00% 100.00%

Realiza Tem Dificuldade em realizar

47.47% 66.67% 65.66% 38% 41.41% 39.39% 26.26% 20.20% 62.63% 31.31% 68.69% 19.19% 24.24% 34.34% 21.21% 19.19% 19.19% 13.13% 13.13% 18% 15.15% 54.39% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00%

Presente no bairro Intensificado pelo turismo

observações negativas da sua área de residência mostram-se muito mais elevadas que as que visualizámos até agora, para mesma questão, nos restantes bairros.

Um total de 68% dos habitantes dos bairros aponta para o elevado custo de vida, não muito atrás, 66% comenta a sujidade nas áreas públicas e 65% a poluição sonora. Logo depois, temos uma percentagem de 62% que fala da difícil circulação de veículos na via pública. Com números ainda bastante elevados, temos 47% da população a queixar- se da poluição, 41% do vandalismo, 39% do tráfico de droga e 38% a sobrelotação dos espaços públicos.

Como seria de esperar, uma vez que a percentagem de queixosos subiu consideravelmente, também o número desses mesmos inquiridos a culpabilizar o turismo por estas questões aumentou.

Uma maioria preocupante de 51% dos inquiridos culpou o turismo no aumento dos custos de vida, enquanto 34% mencionaram o barulho como estando potenciado com a presença dos turistas nas ruas. Mais 24% mencionaram a influência negativa que os estrangeiros têm em relação à limpeza e manutenção higiénica dos espaços públicos, 21% falou da sobrelotação e 19% mencionaram a poluição, o vandalismo e o tráfico de droga. Contudo, apenas 18% responsabilizou os turistas pela má circulação de carros e transportes públicos na área.

Na terceira parte do inquérito, este foi um dos bairros cujos valores dos habitantes mostraram maior insatisfação com a presença de turistas na região. Foi dos que mais sentiu a perda das características dos bairros, com as alterações trazidas pelo desenvolvimento turístico e foi também das vozes mais desagradadas com a expulsão de residentes para abrir espaço a alojamento local.

Também não ficou atrás dos restantes a reconhecer as vantagens e os benefícios do turismo, e a abrir os seus braços e as suas portas aos visitantes. Apesar deste ser um dos bairros que mais se mostra incomodado com a presença turística, é possível que este descontentamento provenha do facto de este ser uma zona de vida noturna, e ser também o que mais queixas apresenta em termos de ruído e de sujidade na via pública.

O Bairro Alto contou com a participação de 11 comerciantes portugueses e 2 estrangeiros. Alguns destes eram residentes nos bairros onde possuíam negócios, sendo que 61,54% vivem fora do centro histórico de Lisboa. Na sua maioria, os negócios eram todos recentes, com idades compreendidas entre os 0 e os 15 anos, havendo apenas 30,76% com tempo de existência mais longo que isso.

Destes negócios, a maioria reconheceu que o seu fluxo atual de clientes conta com mais turistas do que portugueses, com uma percentagem de 69,23%. Isto não é de estranhar, uma vez que um grande número deles também afirma que os seus clientes alvo ou são exclusivamente turistas, 7,69%, ou todas as pessoas, 69,23%.

Figura 25: Público-alvo dos negócios no Bairro Alto e nacionalidade dos clientes dos mesmos

Outros 55% confirmam que realizaram alterações ao seu métodos operandi ao disponibilizar coisas para estrangeiros, como empregados bilíngues, menus e precários em várias línguas e até outra situação interessante: alguns estabelecimentos cujos principais tipos de comércio não incluíam artigos diretamente direcionados aos visitantes da cidade, começaram a vender souvenirs, postais e bens alimentares enlatados, apenas e exclusivamente para incentivar os turistas a consumir mais do que fariam se fossem apenas lá para consumir o principal fabrico do estabelecimento.

Mais uma vez, aqui com uma superioridade por parte do mercado de bens alimentares, mas com os negócios mais antigos presentes nesta amostra a preencher uma percentagem de 4 em negócios mais domésticos e com fins muito mais específicos, como por exemplo uma loja de molduras, um alfaiate…