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Agora que cheguei ao fim do meu estágio curricular, consigo ter uma percepção melhor do que foi possível realizar e do que ficou para trás. A elaboração deste relatório de estágio, bem como a leitura dos diários semanais que fui fazendo permitiu- me ter uma noção de todo o percurso do meu estágio.

De um modo geral, não posso dizer que tenha sido um estágio “fantástico” uma vez que senti bastantes dificuldades em adaptar-me ao tipo de trabalho que é desenvolvido na ANQ, I.P. É de facto um trabalho extremamente técnico e burocrático já que, no fim de contas, trata-se de uma entidade de nível central e, por isso, possui essas características.

Além disso, e embora a equipa do DCNO esteja toda alojada num único piso, encontra-se dividida por vários gabinetes, onde se encontram os vários elementos pertencentes a cada uma das três equipas do DCNO. Esta disposição não permite uma aproximação muito grande em termos de desenvolvimento de trabalho, sobretudo quando se pretende uma colaboração entre equipas. Desta forma, não tive oportunidade de realizar tarefas/actividades com os elementos das outras equipas, o que teria sido bastante interessante para mim conhecer em detalhe o seu trabalho.

Um aspecto curioso, e o qual apreciei bastante, foi o facto de haver grande empatia entre todos os elementos do DCNO e uma dinâmica assumida de trabalho de equipa, apesar das características de uma entidade central nem sempre o permitir. Existiu de facto uma informalidade na forma como as pessoas falam umas com as outras, que me ajudou um pouco mais a sentir-me “em casa”.

Penso que a grande dificuldade com que me deparei, ao longo de todo o estágio, foi tentar encontrar actividades para realizar. A equipa onde estive inserida, de

“Informação, Atendimento e Acompanhamento” é uma equipa que tem o seu trabalho

muito segmentado e em que cada um desempenha uma tarefa muito técnica e específica no apoio aos Centros Novas Oportunidades. Senti que, por muito que estudasse e tentasse conhecer ao máximo todos os conceitos e fundamentos por

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109 detrás desta Iniciativa Novas Oportunidades, nada era suficiente para conquistar a confiança da equipa.

Apenas realizei tarefas muito isoladas e que não exigiram muita reflexão da minha parte ao executá-las, com excepção do questionário que se inseriu na Actividade nº 1 do meu projecto de estágio. Foi o único momento onde senti que era útil e capaz de realizar um bom trabalho e relevante para a equipa.

Desta forma, não considero que as transformações que esperava sentir ao longo do estágio, tenham sido tanto ao nível de competências, mas sim ao nível de ganho de conhecimentos. Sei que agora tenho as ferramentas essenciais para poder actuar ao nível desta Iniciativa, nomeadamente se pretender trabalhar num Centro Novas Oportunidades. Nisso tenho muito a agradecer à ANQ por me ter proporcionado alguns momentos altamente formativos, quer tenham sido em acções de formação que pude participar, quer tenham sido em pequenas reuniões realizadas no DCNO ou até algumas conversas informais com os elementos do CAI (Centro de Apoio Informativo).

Em termos de aprendizagens concretas realizadas, realizei imensas a nível técnico, fundamentalmente no manuseamento de vários programas de computador. Posso começar por referir o manuseamento do programa estatístico SPSS que me proporcionou novas aprendizagens, já que durante a licenciatura não tive muitas oportunidades para explorar as potencialidades deste programa. Este programa facilitou em grande medida a realização da Actividade nº1 relativa à aplicação dos questionários. Não se trata apenas de um programa de inserção de dados, mas sim um programa que nos ajuda a apresentar os resultados em variadas formas (tabelas, gráficos, etc.) e a apresentar apenas aquilo que é relevante para a análise em causa. Mas, para isso, é preciso reflectir sobre o tipo de análise que se pretende para que se possa definir devidamente as variáveis e para que os resultados não nos induzam em erro. É preciso ter a noção de que os resultados obtidos numa análise estatística univariada nos oferecem são limitados e, portanto, tive de tomar muita atenção às inferências que efectuava no momento da leitura desses resultados. Esta fase de interpretação dos resultados e da redacção do relatório final para a ANQ foi bastante importante e formativa, na medida em que pude aprofundar os meus conhecimentos ao nível da interpretação de dados e de gráficos, bem como adaptar a minha escrita

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110 aquilo que era requerido pela ANQ neste relatório78. Senti, nesse momento, alguma pressão para realizar o melhor trabalho que conseguia, mas penso ter conseguido lidar com isso e a prova disso foi o feedback positivo que recebi dos responsáveis do departamento.

Outro dos programas que nunca tinha tido oportunidade de conhecer e trabalhar foi o Microsoft Access, que se baseia num programa de gerenciamento de bases de dados. Este programa é utilizado pela ANQ para ter uma base de dados sobre todas as entidades onde estão sedeados Centros Novas Oportunidades que seja fácil de manusear e de fácil consulta. É de facto um programa fácil e que me facilitou muito a procura de informações sobre os Centros Novas Oportunidades, principalmente quando precisei de saber em que região se encontrava um determinado Centro aquando da análise dos questionários por regiões.

Finalmente, o Microsoft Excel que, antes do estágio, era um programa um pouco “estranho” para mim na medida em que sempre julguei que seria difícil de compreender e de manusear. No entanto, das vezes que pude trabalhar com ele em estágio realmente senti que essas representações que eu tinha acerca do Excel eram erradas. Utilizei o programa essencialmente para criar tabelas para serem posteriormente preenchidas e que foram utilizadas pelas colegas da ANQ para aglomerar dados e, portanto, aprendi com elas a fazer coisas simples de formatação das tabelas, a realizar cálculos de médias, ou mesmo a filtrar dados para uma leitura mais fácil dos dados.

Relativamente a outras aprendizagens que realizei durante o estágio, devo dizer que foram de forma muito individual, ao nível de ganho de conhecimentos acerca de toda a Iniciativa Novas Oportunidades e sobre o trabalho que é realizado na ANQ na regulação dessa iniciativa. Ganhei conhecimentos acerca dos termos legais da iniciativa e da forma como estes regulam a actividade dos Centros, das premissas e metodologias utilizadas pelos Centros. Estas aprendizagens realizaram-se fundamentalmente a partir da leitura de vários documentos que o DCNO me proporcionou logo no início do estágio e também através da observação do trabalho das colegas no dia-a-dia.

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111 Apesar de ter reunido bastantes informações e aprendendo a dinâmica da ANQ, bem como dessa com os Centros Novas Oportunidades, sinto que a equipa e o trabalho que desenvolvi no departamento não contribuiu para um período muito formativo, por algumas razões. A primeira prende-se com o facto das tarefas que pude realizar nesta equipa “Informação, Atendimento e Acompanhamento” terem sido muito “solitárias”, na medida em as tarefas foram somente realizadas por mim. Apenas me foram dados alguns feedback’s relativamente a essas tarefas que vieram, fundamentalmente, da minha coordenadora, Dra. Manuela Freire. A segunda razão baseia-se na forma como a equipa onde me integrei ter um trabalho muito individualizado, ou seja, cada gabinete tem um pequeno número de pessoas e essas pessoas acabam por se isolar, de certa forma, das colegas de outros gabinetes, a não ser em momentos mais informais ou em reuniões de equipa realizadas periodicamente. Portanto, nessa perspectiva, senti-me bastante sozinha ao longo de quase todo o estágio (principalmente quando a colega da equipa Formação, Certificação e Acreditação com a qual partilhava o gabinete saiu para outro gabinete). A terceira razão vem na continuação da anterior, já que com esse trabalho tão individualizado que pude observar na equipa Informação, Atendimento e Acompanhamento, compreendo agora que teria de ser minha a iniciativa e persistência para conseguir criar algum tipo de relação com as pessoas da minha equipa. Admito que foi muito difícil para mim adaptar-me ao ambiente instalado no departamento, e em cada uma das equipas. Pensava que iria encontrar um trabalho constante de equipa diferente da modalidade que encontrei. De facto, toda a informação circula na equipa (através de conversas de corredor, através de reuniões de equipa, pelo telefone e maioritariamente através do e-mail) mas a minha ideia é de que seria um trabalho de permanente contacto entre os membros de cada equipa de uma forma mais próxima, e apenas verifiquei isso na equipa de Formação, Certificação e Acreditação onde as colegas falam constantemente umas com as outras e discutem as melhores estratégias para abordaram os diferentes assuntos.

Apesar destas condicionantes, a ANQ proporcionou-me alguns momentos bastante formativos, na medida em que pude frequentar algumas acções de formação realizadas por esta às equipas dos Centros Novas Oportunidades. Uma destas acções foi relativa ao RVCC Profissional e teve como objectivo apresentar esta nova vertente da Iniciativa Novas Oportunidades. Esta formação teve como público-alvo pessoas

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112 vindas dos CNO da rede nacional, principalmente para quem desempenhava ou viria a desempenhar funções de tutor, profissional RVC ou de avaliador interno ao centro. Desta forma, e uma vez que frequentei os dois dias de formação, considero que agora encontro-me habilitada e com capacidade para actuar no RVCC Profissional numa função de tutora ou de profissional RVC.

Outra das formações teve como tema a “Construção de Projectos de Vida no Processo RVCC” e teve como objectivos sensibilizar os técnicos para a importância de promover a aprendizagem ao longo da vida no âmbito dos Processos de RVCC; e dar a conhecer metodologias e instrumentos que facilitem a construção de um projecto vocacional. Aprendi a importância dos instrumentos e das metodologias flexíveis num projecto de aprendizagem ao longo da vida, sendo o instrumento PDP (Plano de Desenvolvimento Pessoal)79 muito importante na medida em que é o documento onde o adulto pode ver reflectidos os planos que tem para o futuro em termos de formação e no contexto profissional, contribuindo para que o processo de RVCC não seja encarado como algo pontual e final mas sim como mais um passo no seu percurso formativo.

Agora que terminei o meu estágio, percebo que ainda tenho muito que aprender, principalmente a nível da adaptação ao local de trabalho, nomeadamente às pessoas com quem irei trabalhar e às metodologias que são empregues. Aprendi que tenho de ter, a partir de agora, uma atitude mais pró-activa, ser mais persistente, ter mais confiança nas minhas capacidades e mostrar realmente o meu valor.

Foram quase 8 meses de trabalho em que procurei, acima de tudo, extrair o máximo de informação e conhecimentos específicos, até porque a temática do reconhecimento e validação de competências sempre me suscitou muito interesse desde a licenciatura. Reconheço agora a importância de uma iniciativa como esta para aumentar os níveis de qualificação dos portugueses, muito embora considere que ainda há muito a fazer e, portanto, vejo este programa do Governo como algo inacabado e que necessitará sempre de inovação para conseguir obter padrões de qualidade de referência a nível europeu.

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Documento produzido no final de cada processo RVCC, que projecta os objectivos futuros do adulto no contexto profissional e de formação, numa lógica de aprendizagem ao longo da vida.

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