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BALANÇO SOCIAL E MODELOS DE BALANÇO SOCIAL (IBASE, GRI, ETHOS)

BALANÇO SOCIAL: UMA ANÁLISE NAS 100 MAIORES EMPRESAS BRASILEIRAS Kelly J Becker

2.5 BALANÇO SOCIAL E MODELOS DE BALANÇO SOCIAL (IBASE, GRI, ETHOS)

Atualmente o balanço social também chamado de Relatório de Sustentabilidade ou Relatório de Responsabilidade Social, é o principal instrumento de divulgação das ações de responsabilidade social promovidas pelas empresas.

No entendimento do Ibase (2004), balanço social (BS) é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa que reúne um conjunto de informações sobre projetos, benefícios e ações sociais, dirigido aos stakeholders, tendo como função principal a publicidade da responsabilidade social da empresa. Cardoso (2007), acredita que o balanço social na sua concepção mais ampla envolve a demonstração da interação empresa/ambiente, ou seja, com os elementos que a cercam ou que contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente natural, a comunidade e economia local e recursos humanos, agregando indicadores que possam refletir a eficácia da gestão empresarial no que se referem os programas sociais e o meio ambiente e também ter um indicativo nível de satisfação dos colaboradores.

O balanço social é considerado um demonstração contábil, sendo o contabilista responsável por sua elaboração, visto que a principal fonte dos dados é a escrituração contábil, alguns dos dados que compõem o balanço social são de caráter patrimonial, administrativo, econômico, social, ecológico, dentre outros. Dessa forma, procura-se refletir os gastos e as influências recebidas e transmitidas pelas entidades à sociedade, abrangendo um campo de informações ainda pouco explorado pela contabilidade (KROETZ, 2000). Apesar do balanço social, ter sua origem na contabilidade, esse relatório não deve ser visto apenas como um demonstrativo contábil, mas como uma forma das empresas demonstrarem o cumprimento da sua responsabilidade social, representando um diferencial para aquelas que o adotam (SUCUPIRA, 2001).

Os resultados apresentados do balanço social têm como objetivo a agregação de informações, para melhor traduzir a contribuição das empresas em benefício da sociedade, informando-lhes seus resultados sociais, além de ser um instrumento gerencial de apoio à administração, em termos ideais uma empresa apenas poderia exercer suas atividades se o custo-benefício da sua existência fosse positivo. A empresa que danifica o meio ambiente, automaticamente coloca em risco a vida humana, destruindo o ecossistema que a rodeia, reduzindo a qualidade desta. (KROETZ, 2011)

Torres (2007) relata que no Brasil existem três modelos de balanço social normalmente utilizados, IBASE (Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas) que é um modelo reduzido e simplificado, o GRI (Global Reporting Initiative) que propõe um padrão internacional de relatório de sustentabilidade baseado no triple bottom line e o do Ethos (Instituto Ethos) baseado nas diretrizes do GRI e adaptado ao cenário brasileiro. Ressalta o autor que os modelos Ethos e GRI são modelos analíticos que podem ser incorporado o modelo do IBASE. Lembra o autor que várias empresas criam modelos próprios definidos dentro de suas estratégias de Comunicação e Marketing. O autor afirma que nem sempre as informações contidas no balanço social são compatíveis com a realidade da empresa, nestas empresas o balanço social é considerado apenas uma peça de marketing.

Quadro 2 – Indicadores e seções dos modelos IBASE, GRI e Instituto Ethos

Fonte - Adaptado de Godoy (2007)

O modelo de Balanço Social proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE é utilizado por várias empresas no Brasil. Nesse modelo, são apresentados indicadores laborais (alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência, saúde, educação, creches e participação nos resultados), indicadores sociais (tributos, contribuições para a sociedade, investimentos em meio ambiente) e indicadores do corpo funcional (nº de empregados,

Modelo IBASE GRI Instituto Ethos Consumidores Comunidade Governo e Sociedade

Indicadores de Desempenho referentes à Responsabilidade do Produto Valores, Transparência e Governança

Público Interno Meio Ambiente Fornecedores

Informações Relevantes

Indicadores de Desempenho Econômico Indicadores de Desempenho do Meio Ambiente

Indicadores de Desempenho referentes a Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente Indicadores de Desempenho referentes a Direitos Humanos

Indicadores de Desempenho referentes a sociedade

Indicador/Seção

Base de Calculo

Indicadores Sociais Internos Indicadores Sociais Externos Indicadores Ambientais

nº de admitidos, nº de mulheres em cargo de chefia, nº de empregados portadores de deficiência), além de outras informações consideradas relevantes ao exercício da responsabilidade social, conforme consta no modelo veiculado no site do IBASE (2005).

O modelo de balanço social GRI (Global Reporting Initiative) foi criado em 1997 pela organização não-governamental norte-americana Coalition for Environmentally Responsible Economics - CERES e pelo Programa Ambiental das Nações Unidas - UNEP - United Nations Environmental Programme. Busca desenvolver um modelo de Balanço Social que dissemina “[...] globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo”. Este orgão vem focando as atividades para o “[...] desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental”, conferindo a este “[...] a mesma utilidade e seriedade dos relatórios e balanços financeiros,” e que sejam “[...] tão rotineiros e passíveis de comparação como os relatórios financeiros” (GRI, 2006). O modelo conhecido como GRI3, está na terceira geração e a mais atual foi desenvolvida em 2006. Vale lembrar que as diretrizes são de uso voluntário, embora seja utilizado por mais de 1.000 organizações em 60 países.

O modelo de balanço social Ethos do Instituto Ethos na visão de Torres (2007) baseia-se em um relatório detalhado dos princípios e das ações da organização, incorpora a planilha proposta pelo IBASE e sugere um detalhamento maior do contexto da tomada de decisões, dos problemas encontrados e dos resultados obtidos. O Instituto Ethos defende a necessidade de os balanços sociais adquirirem credibilidade e consistência em relação às dos balanços financeiros. O modelo Ethos se utiliza de indicadores que permitem a avaliação da gestão no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa.

Costa, Visconti e Azevedo (2002) entendem que os modelos propostos de Balanço Social apresentam pequenas diferenças, mas têm em comum a abordagem de aspectos internos e externos da empresa.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa se classifica como descritiva, telematizada, com abordagem quantitativa. Os estudos descritivos medem, avaliam ou coletam informações sobre diferentes aspectos, dimensões ou componentes do elemento a ser pesquisado (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006). As pesquisas telematizadas buscam informações em meios que combinam o uso do computador e as telecomunicações como por exemplo na Internet (MORESI, 2003).

A pesquisa quantitativa se traduz por tudo aquilo que pode ser quantificável como opinão, informação ou dados e que por consequência poder ser, traduzido em números obtendo-se então uma a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão, para Fonseca (2002) a pesquisa quantitativa se centra na objetividade, a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.

Das 100 maiores e melhores empresas divulgadas pela Revista Exame 2012 com informações do ano-base 2010/2011, foram identificadas 92 empresas que publicam algum tipo de relatório social ou ambiental distribuídos entre 17 que elaboram o balanço social utilizando tanto o modelo GRI e o Ibase, 39 que utilizam apenas o modelo GRI, 23 empresas que divulgam as informações porém sem forma definida, 09 empresas divulgam somente em língua estrangeira, 04 utilizam somente modelo Ibase e 8 empresas não divulgam informações sociais e ambientais portanto, não fizeram parte da pesquisa.

Fizeram parte da amostra 21 empresas (Quadro 3) que usam o modelo Ibase por este apresentar em seu relatório os valores das receitas liquidas, operacionais e folha de pagamento. Ressalta-se que esses valores são retirados da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e, portanto, auditadas em razão de sua obrigatoriedade de divulgação.

Quadro 03 – Empresas da amostra

Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se que as empresas Petrobrás, BR Distribuidora, Transpetro e TAG e REFAP divulgam suas informações de caráter social e ambiental de forma conjunta, assim como a OI, Telemar e OI TNL PCS que fazem somente um relatório para todas as empresas que compõe o grupo, o Pão de Açúcar também reúne em seu balanço social informações da empresa Ponto Frio, restando desta forma 14 BS a serem analisados.

A análise dos balanços sociais foi elaborada a luz dos critérios apresentados pelo modelo Ibase, assim divididos para este trabalho: “Indicadores Sociais Internos”, “Indicadores Sociais Externos”, “Indicadores Ambientais Internos”, “Indicadores Ambientais Externos”, “Indicadores do Corpo Funcional” e “Informações relevantes quanto a cidadania empresarial”.