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SOCIOLOGIA AMBIENTAL E SOCIOLOGIAL RURAL

5. ATORES, REDES E INTERFACES

5.2.2 Banco Mundial nos Programas Microbacias I e

O Banco Mundial foi criado em 1944, atuando inicialmente com um corpo de engenheiros e analistas financeiros na cidade de Washington. Sua missão era contribuir com a reconstrução e com o desenvolvimento dos países, após a II Guerra Mundial, transformando- se, segundo dados do próprio Banco, em uma entidade que trabalha no intuito de diminuir a pobreza no mundo, através de um processo de globalização, inclusivo e sustentável. Atualmente, o Banco Mundial é dividido em cinco instituições de desenvolvimento, com profissionais atuando em inúmeros campos de conhecimento.

Quadro 13 - As instituições que compõem o Banco Mundial

Banco Internacional de Reconstrução e Fomento (BIRD): fundado em 1944, foi a primeira instituição do Banco Mundial e, atualmente, atua como uma cooperativa, de propriedade dos 187 países membros. Obtém a maioria dos seus fundos nos mercados financeiros globais, tendo se tornado um dos maiores mutuários desde a emissão de seu primeiro título em 1947 (BIRD, 2012). Associação Internacional de Fomento (IDA): criada em 1960 com o objetivo de reduzir a pobreza dos países mais pobres do mundo através de empréstimos e doações para programas que fomentam o crescimento econômico, reduza as desigualdades e melhorem as condições de vida da população. A AIF complementa o trabalho do BIRD, auxiliando os 79 países mais pobres do mundo. O empréstimo de dinheiro se dá mediante reembolso em prazos que se estendem entre 35 a 40 anos, incluindo um período de carência de 10 anos. Corporação Financeira Internacional (IFC): criada em 1956, é considerada a primeira iniciativa da comunidade internacional de promover investimentos do setor privado nos países em desenvolvimento. O objetivo do IFC é promover o crescimento econômico nos países membros através do incentivo em empresas produtivas e mercados de capitais. Os investimentos em empresas e instituição financeiras objetivam gerar empregos, fortalecer as economias e gerar receitas fiscais, privilegiando o crescimento econômico sustentável e racional do ponto de vista ambiental e social.

Organismo Multilateral de Garantia de Risco (MIGA): fundada em 1988, com a missão de promover investimentos diretos em países em desenvolvimento visando apoiar o crescimento econômico, reduzir a pobreza e melhorar a vida das pessoas. O MIGA visa proteger os investimentos contra riscos políticos para investidores do setor privado e credores. A força da organização está em sua posição como membro do Banco Mundial, sendo que já emitiu mais de US$ 24 milhões em seguro de risco político para projetos desde sua fundação.

Centro Internacional de Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (ICSID): fundada em 1965, trata-se de uma instituição com mais de 140 Estados membros. Possui como objetivo proporcionar meios de conciliação e arbitragem de disputas sobre investimentos internacionais. Em outros termos, busca eliminar os obstáculos para fluxos de investimento internacionais atuando como uma organização internacional imparcial.

Fonte: World Bank (2012).

A primeira aprovação de um projeto brasileiro, pelo Banco Mundial, ocorreu em 29 de janeiro de 1949, quando se buscava melhorar as áreas de fornecimento de energia e telecomunicações. Essa iniciativa impulsionou a continuidade de outros empréstimos, realizados nas mais variadas áreas, totalizando 408 projetos até 2002 (MEDVEDEV; OLIVEIRA, 2002). Especialmente em Santa Catarina, foram aprovados projetos a partir 1971, tendo sido investidos cerca de 485 milhões no Estado, desde então, incluindo o SC RURAL, em

parceria com o BIRD (SECRETARIA EXECUTIVA DE ARTICULAÇÃO NACIONAL, 2010).

Conforme será possível perceber, nas análises empreendidas no capítulo 6, não há consenso entre os entrevistados, em relação aos resultados dos projetos Microbacias I e II. Apesar disso, no entanto, não resta dúvida quanto à influência desses projetos no meio rural catarinense, e, por consequência, do Banco Mundial como principal financiador. Diante disso, propõe-se apresentá-lo, salientando as ações de controle desempenhadas ao longo do processo de implementação dos projetos. Dada a quantidade e a complexidade de ações, passíveis de serem analisadas no documento de aprovação do projeto, optou-se por apresentar o modelo utilizado na primeira edição do Projeto, sendo que, em termos gerais, este foi recorrente, nas edições subsequentes do projeto.

No projeto Microbacias I, o Governo do Estado nomeou uma equipe composta por dois técnicos da ACARESC e dois pesquisadores da EMPASC, sendo um deles também professor do CCA da UFSC e outro também técnico do instituto CEPA. O referido grupo, chamado de Equipe Básica, elaborou um anteprojeto, que explicitou os objetivos do projeto e dimensionou os custos. O Governo do Estado, ao negociar com o Governo Federal, no sentido de que o projeto fosse incluído entre os prioritários, na obtenção do aval, simultaneamente, negociou com o Banco Mundial para a adequação do projeto às normas e exigências deste último, resultando em quatro anos de conversações. Segundo Dorigon (1997, p. 75), baseado nas palavras de um dos técnicos da Equipe Básica, as razões que levaram o Banco Mundial a financiar projetos no Sul foram: (i) pressão internacional, pelo fato de a organização ter financiado projetos que geraram impactos ambientais na região Norte e Nordeste, tal como o aceleramento da devastação da Amazônia, e (ii) pelo fato de os estados do Nordeste terem esgotado sua capacidade de endividamento, restando os Estados do Sul para receberem empréstimos.

Frente à preocupação em promover a recuperação e a conservação dos recursos naturais, já no início das negociações, o Banco Mundial contratou os serviços do Centro de Investimento da FAO, para assessorar a equipe que estava elaborando o projeto. A cada três ou quatro meses, uma equipe da FAO e do próprio Banco Mundial visitava a Equipe Básica para acompanhar a elaboração e discutir aspectos do gerenciamento e de enfoque do anteprojeto do Microbacias I.

Com a aprovação do projeto, o Banco Mundial passou a acompanhá-lo, basicamente, sob três formas:

 Relatórios financeiros: elaborados pela Gerência Administrativa Financeira, que compõe a Secretaria Executiva, e que eram remetidos ao Banco Mundial;

 Relatórios de alcances do Projeto: elaborados e remetidos pela Secretaria Executiva, com base em informações dos relatórios de cada um dos componentes. Estes relatórios subdividiam-se em dois tipos:

o Trimestrais: relatórios com dados quantitativos; o Semestrais: com informações quantitativas e avaliações

qualitativas da evolução do projeto naquele período;  Missões do Banco Mundial: não seguiam um cronograma

previamente definido; porém, ocorriam entre três a quatro vezes por ano e duravam cerca de uma semana. As missões, geralmente, eram compostas por um técnico do Banco Mundial e por um membro da FAO, com a possibilidade da presença de consultores, variando de acordo com os objetivos específicos de cada Missão. Ao concluir o trabalho, a Missão elaborava uma “minuta de entendimento”, com os encaminhamentos que o projeto deveria doravante assumir.

Ao final do Projeto, o Banco pontuava as ações desenvolvidas, com uma nota por componente, que variava entre zero e dez. Os componentes eram em número de oito; portanto, foram oito notas, sendo que média dessas notas era a nota geral do projeto.