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2.2 POLÍTICAS ECONÔMICAS: POLÍTICA INDUSTRIAL E POLÍTICA COMERCIAL

2.2.2 A Política Comercial como instrumento de comércio exterior

2.2.2.1 Barreiras tarifárias da política comercial

As barreiras tarifárias referem-se à uma tarifa que, de acordo com Krugman e Obstfield (2005), também é conhecida como um imposto de importação, ou mesmo uma taxa cobrada para uma mercadoria estrangeira entrar no mercado doméstico. As tarifas são as mais simples políticas de comércio utilizadas, e representam um imposto cobrado a um bem que esteja sendo importado.

Salvatore (2007) aponta três tipos de tarifas: as tarifas ad valorem, expressas como uma porcentagem fixa do valor da commodity comercializada, as tarifas específicas que são expressas a partir de uma quantia fixa por unidade física de commodity comercializada e a tarifa composta que se refere a uma combinação das tarifas ad valorem e específica.

Krugman e Obstfeld (2005) também evidenciam as tarifas como um imposto que pode ser cobrado como um valor fixo por unidade do produto, chamado de tarifa específica, ou mesmo como na forma de uma taxa ad valorem, sendo cobrada uma percentagem sobre o valor do produto importado. E as tarifas mistas, que se referem na cobrança de uma tarifa específica sobre o preço de determinada quantidade de produto e uma tarifa ad valorem sobre o excesso daquela quantidade.

Os efeitos da utilização de uma tarifa sobre o comércio apresentam-se de forma distinta, levando em consideração a condição que o país representa no cenário internacional, se é um país grande ou se é pequeno. No caso de ser grande, a imposição de uma tarifa, pode refletir principalmente sobre os preços internacionais, que serão alterados, o que reduz a demanda por importações e a oferta de exportações. Já no caso, de a tarifa ser imposta por um país pequeno, o efeito sobre o preço internacional do produto é reduzido, no entanto, internamente, ocorrerá uma elevação nos preços dos produtos importados que se tornarão mais caros, e reduzirá, assim as importações. Nestes casos, em maior ou menor grau, afetará o país que a impõe, bem como poderá levar a efeitos sobre os demais países inseridos no comércio internacional (HELLER, 1978).

Brum e Heck (2005) apontam as tarifas como uma forma muito utilizada pelos países que desejam proteger a economia doméstica. Nestes casos, os efeitos podem ser distintos,

beneficiando produtores e prejudicando consumidores, por pagar um preço mais elevado nas mercadorias importadas.

Heller (1978) apresenta quatro efeitos da imposição tarifária sobre as relações comerciais: o efeito-consumo: quando uma tarifa é imposta, ocorre uma elevação nos preços, o reflexo sobre o consumo é negativo, e assim reduz a demanda pelo produto; o efeito na produção: como a imposição tarifária é uma forma de protecionismo das indústrias locais, esse fato proporciona uma expansão da produção interna; O efeito-redistribuição: que reflete o fato de os produtores receberem um preço mais elevado por seus produtos; e o efeito-receita, que consiste em uma mudança nos recebimentos governamentais devidos à imposição da tarifa.

Exceto para o efeito-receita, os demais (efeito consumo, produção e redistribuição) são definidos da mesma forma em país grande e pequeno. No caso do efeito-receita, a diferença está na receita tributária governamental mais elevada, no caso de um país grande, visto que aumenta os preços para os consumidores internos e reduz para os consumidores internacionais, o que não acontece no caso de um país pequeno, que a imposição tarifária tem um impacto muito pequeno ou nenhum sobre o preço das exportações (HELLER, 1978).

A utilização de tarifas por grande parte dos países tem diminuído, pois grande parte dos governos tem optado proteger as economias domésticas por meio das barreiras não tarifárias, com a finalidade de evitar sanções ou mesmo, discussões na Organização Mundial do Comércio (KRUGMAN e OBSTFELD, 2005). No entanto, a China atualmente tem aplicando tarifas elevadas aos produtos americanos, e em resposta EUA tem taxado os produtos Chineses (COSTA, 2018). Apesar dessa guerra comercial entre os dois países, as tarifas têm sido consideradas como barreira transparente e fácil de administrar pelo governo, apesar disso os governos têm optado por cotas para proteger seus países, com o objetivo de aumentar produção interna em detrimento das importações (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2009).

De acordo com o relatório World Trade Organization (2009) para analisar e compreender os efeitos de uma tarifa utiliza-se de uma estrutura de demanda e oferta apresentados na figura 2. Nesta análise, assume a existência de concorrência perfeita e uma pequena economia tomadora de preços e que o excedente do consumidor representa o bem- estar econômico nacional e o excedente do produtor refere-se a soma dos lucros auferidos pelos fornecedores, por fim a tarifa refere-se a receita do governo. A demanda do consumidor é representada pela curva de demanda D e os produtores estão em um mercado competitivo representados pela curva de oferta S.

No livre comércio, os consumidores compram a preço mundial 𝑃𝑊 e demandam uma quantidade igual a 𝐷1, fornecedores domésticos produzem 𝑆1 e as importações preenchem o excesso de demanda. Na figura 2, o excedente do consumidor é dado pela soma de a, b, c, d, e e f enquanto o excedente do produtor é dado por g.

Figura 2 - Representação do efeito de uma tarifa

Fonte:World Trade Organization (2009).

Com isso, supõem-se que um país impõe uma tarifa por unidade sobre as importações estrangeiras. O preço interno torna-se (𝑃𝑊 + t), a quantidade demanda diminui para 𝐷2 e a oferta aumenta para 𝑆2. Como consequência, as importações caem. O excedente do produtor aumenta para (g + c), o excedente do consumidor diminui para (a + b), mas a receita do governo da tarifa sobre as importações é coletada, totalizando e. A soma do bem-estar econômico nacional na presença de uma tarifa é menor do que o bem-estar sob o livre comércio. Devido ao aumento de preço, alguns consumidores são expulsos do mercado e essa perda é capturada pelo triângulo f. Além disso, o aumento da produção interna implica custos que excedem os custos das importações que substituem. Assim, o triângulo d captura a perda de excedente associada à produção doméstica, assim representadas as perdas como d e f.

Nesta subseção buscou-se apresentar as barreiras tarifárias existentes, expondo quais são as principais barreiras tarifárias utilizadas e porque os países operam com as barreiras. Além

disso, também trouxe graficamente os impactos no mercado pela imposição de uma barreira por um país grande.