• Nenhum resultado encontrado

4.2 PERCEPÇÃO DOS INFORMANTES QUALIFICADOS QUANTO ÀS DIFERENÇAS DE

4.2.5 Análise das categorias analítica: Vantagens comparativas

4.2.5.1 Locacional

Por fim, a última categoria analítica definida como “vantagem locacional” representou uma das variáveis mais importantes na explicação da intensificação das exportações de farelo de soja e óleo pela Argentina. O nó “vantagem Locacional” apresentou uma frequência percentual de 0,69% do total da entrevista com a fonte 1, 2,35% do total da entrevista com a fonte 2, 8,69% do total da entrevista com a fonte 3, 10,45% do total da entrevista com a fonte 5 e 15,98% do total da entrevista com a fonte 4. Esse resultado demostra que um dos fatores que tem explicado a intensificação das exportações de farelo de soja e óleo de soja na Argentina é explicada pela vantagem locacional, a figura 45 ilustra a distribuição da categoria.

Figura 45 - Cobertura percentual da categoria de análise: Locacional

Fonte: dados da pesquisa.

De acordo com os entrevistados a Argentina detém uma vantagem comparativa na logística, pois as plantas industriais de esmagamento concentram se a um raio de no máximo 300 km de distância da produção de soja e encontra-se próxima do escoamento da produção para o mercado internacional, por tanto os custos em logísticas são menores no esmagamento doméstico da Argentina e por tanto, tornam-se mais competitivas que o Brasil.

<Internos\\fonte 1> - § 1 referência codificada [0,69% Cobertura] Referência 1 - 0,69% Cobertura

A produção da Argentina está mais próxima aos portos o que facilita também o escoamento por conta de um custo de distribuição disso de transporte menor que o do Brasil.

<Internos\\fonte 2> - § 1 referência codificada [2,35% Cobertura] Referência 1 - 2,35% Cobertura

A logística pelo rio Paraná e boa rede ferroviária favorecem as plantas da Argentina.

<Internos\\fonte 3> - § 2 referências codificadas [8,69% Cobertura] Referência 1 - 5,97% Cobertura

O que eu entendo basicamente relacionado a pergunta do por que Brasil tende a esse viés de exportar soja e a Argentina tem um foco maior na industrialização, o princípio realmente está na questão de posicionamento geográfico que dá diferenciação que existe de mercado na Argentina e no mercado brasileiro.

Um panorama diante do mercado argentino, o mercado argentino é um produtor na casa de 55 milhões de toneladas que tem grande parte de esmagamento justamente pelas diferenças de perfis de esmagamento que existe, falando especificamente da Argentina, ela tem uma grande produção, essa produção é concentrada em uma área menor muito mais próxima do rio, e esse rio que está em rosário que é o principal centro, são plantas de alto potencial de esmagamento, ou seja, são plantas que esmagam de 10, 15, 20 a 23 mil toneladas por dia de esmagamento, então todo esse complexo concentrado de esmagamento dá a Argentina uma competitividade muito maior para esmagamento de soja.

Referência 2 - 2,72% Cobertura

Essa vocação geográfica de posicionamento industrial, esse escoamento através do rio da possibilidade de os navios adentrarem ao interior e ter essa logística mais aproximada possibilitou a Argentina todo esse desenvolvimento.

Quando a gente olha a história do Brasil a gente tem um perfil um pouco diferente, e esse perfil muda radicalmente seja pela distribuição da produção de soja, a produção de soja brasileira vai de sul ao norte atualmente.

<Internos\\fonte 4> - § 5 referências codificadas [17,40% Cobertura] Referência 1 - 1,42% Cobertura

A Argentina se estruturou para ser uma grande exportadora de produtos industrializados, se estruturou para ser exportadora de farelo de soja, óleo de soja e biodiesel.

Referência 2 - 5,98% Cobertura

Muito próxima dos centros de produção, favorecendo a logística de escoamento da safra de soja para a indústria e favorecendo também a exportação via os portos pelo rio Paraná, a Argentina concentrou e a capacidade industrial dela chega muito próximo, a uma distância de 400km de distância entre os maiores centros de produção e as indústrias. Isso tudo trouxe mais competitividade para a Argentina.

O brasil, por outro lado, como foi expandindo em um território muito grande, a indústria aqui do sul e sudeste ficou longe dos centros de produção, que ficaram no centro oeste (MT e MS), com isso se vê o contexto de perda de competitividade pelo fato da indústria estar distante dos centros de produção.

Referência 3 - 3,58% Cobertura

O que se entende é que tem esse fator de logística, fator de infraestrutura que a Argentina já tem uma vantagem muito grande e que nos anos 90, quando o governo argentino abriu a economia para grandes indústrias, grandes multinacionais se instalaram lá e ampliaram essa capacidade de produção, por exemplo a Cargill, Bunge, Louis Dreyfus, Vicentin, algumas indústrias Argentinas ampliaram bastante a capacidade produtiva.

Referência 4 - 4,33% Cobertura

Por que na Argentina já estão estruturados desde os anos 90 para toda a cadeia, em que 80% da soja, 80% das exportações saem por portos que são concentrados na região de rosário, santa fé, uma parte de Buenos aires, norte de Buenos aires e eles tem mais dois portos que estão ao sul de Buenos aires, Bahia branca e Quequén/Necochea que exportam mais uma parte, mas o grosso está concentrado nessa região que eles se estruturaram para atender farelo e óleo e biodiesel, que são grandes importadores de biodiesel.

Referência 5 - 2,10% Cobertura

Questão de proximidade, logística favorável, regiões planas, o consumo de combustível é menor, as distâncias são menores, eles têm uma excelente malha ferroviária para baratear o custo logístico, e o custo de produção, como comentei antes, é menor.

<Internos\\fonte 5> - § 3 referências codificadas [12,55% Cobertura] Referência 1 - 7,83% Cobertura

Essa é uma política, então, há uma questão de localização da indústria, uma condição natural, que temos a hidrovia que pode chegar até a cidade de Rosário e também um pouco mais, mais ao norte da cidade de Rosário que chega ao coração da produção de soja. Nós, em um raio de 300 km, temos mais de 80% da produção de soja. Isso gerou uma vantagem natural e, obviamente, o desenvolvimento da infraestrutura, acompanhado pelo desenvolvimento da hidrovia, favoreceu a localização de mais de 90% do óleo e farinha de soja exportados da Argentina, sai do polo industrial de Rosário. É mais do que 95%. Então isso nos dá uma vantagem comparativa em relação ao Brasil muito importante. A produção está realmente concentrada em um raio muito menor, muito mais pequeno que a produção brasileira e nos permitiu instalar plantas no polo de Rosário com capacidade de moagem de 20 mil toneladas por dia.

Referência 2 - 3,32% Cobertura

Estas são as principais vantagens que temos na Argentina: a localização da produção, a localização da indústria em um raio curto, pequeno, a vantagem da hidrovia que nos permite carregar navios de até aproximadamente 40 mil toneladas, se forem navios Panamax, que têm uma capacidade de carga superior a 70 mil toneladas que carregam até 40, 50 mil toneladas nas portas superiores.

Referência 3 - 1,40% Cobertura

As usinas no Brasil são disseminadas em um raio muito maior do que na Argentina e o custo de deixar essa mercadoria no exterior é maior do que no caso argentino.

Um dos principais fatores competitivos que elevaram o beneficiamento da soja na Argentina é a distância percorrida da produção de soja até o beneficiamento e portos, esse fator reduz consideravelmente os custos de produção, apresentadas nas figuras 46 e 47. De acordo com Bender (2017) a localização é um fator fundamental na competitividade, e na Argentina uma das principais características das empresas produtoras de soja e que as diferencia de suas concorrentes brasileiras, é precisamente sua localização.

Figura 46 - Localização das principais áreas de cultivo de soja, ferrovia do Nuevo Central Argentino e distância às agroindústrias de Rosário

Fonte: Bender (2017).

É na cidade de Rosário que se concentram os portos e o esmagamento argentino, aproximadamente no centro da principal área produtora de soja. Além disso, nesta zona fluvial da Argentina, na margem direita do rio Paraná, também chamada de agroportos privados de "up-river", é o local onde se encontra as principais empresas agroindustriais e portuárias de grãos e subprodutos, bem como onde se localizam as principais vias de comunicação do país (BENDER, 2017).

Figura 47 - Localização do polo agroindustrial e exportador de soja argentino no sul de Santa fé (up river) e ponte Rosário-Victória.

Fonte: Bender (2017).

Um dos fatores de competitividade de um país reside na distância de um produto ao mercado, neste caso a soja Argentina apresenta vantagens em relação à brasileira por concentrar suas lavouras nos arredores dos portos agroindustriais. Como é exibido na figura. O cultivo da soja na Argentina está nas terras do centro e sul de Santa Fé, norte de Buenos Aires, leste de Córdoba e oeste de Entre Rios; e em menor proporção na região do noroeste, principalmente nas províncias de Tucumán e Santiago del Estero (BENDER, 2017).

Entre as distâncias a serem percorridas pelos caminhões e trens que transportam os grãos até as agroindústrias rosarinas em geral não superam os 300 ou 400 km, sendo que a maior parte da colheita se dá num raio de 200 km. Já no caso do Brasil, a distância desde Sorriso, no Mato Grosso (principal município e estado produtor de soja respectivamente) até o porto de Santos, fica a uma distância aproximada de 2.000 km, o que evidencia assim a grande vantagem de logística da Argentina (BENDER, 2017).

A zona chamada de “up river” é uma grande referência no comércio mundial pois representa uma elevada concentração espacial de indústrias processadoras de soja, bem como também é a que possui a maior capacidade de esmagamento doméstico por planta (Bender, 2017).