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3.2 TRATAMENTO DOS DADOS

3.2.1 Entrevistas com informantes qualificados: Análise de conteúdo

Segundo Bogdan e Biklen (2010), uma entrevista tem como finalidade recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, a fim de permitir ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam o mundo. Anderson e Kanuka (2003) referem-se a uma entrevista como um método único na recolha de dados, por meio do qual o investigador reúne através da comunicação entre indivíduos. Por tanto, essa pesquisa optou por realizar entrevistas com informantes qualificados do comércio do complexo soja com vistas a explorar as percepções dos entrevistados quanto as diferenças de exportação do complexo soja de Brasil e Argentina.

Para tanto, definiu-se o tratamento dos dados através da análise de conteúdo com o software NVivo9, pois essa técnica possuí como vantagens a utilização da tecnologia para análise de um problema real, a rapidez, rigor investigativo e a flexibilidade para que sejam introduzidas novas instruções de análise, permitindo a reflexão para o alcance dos resultados desejados (BARDIN, 2011). A análise de conteúdo, segundo Bardin (1977) é um conjunto de técnicas de análise da comunicação, com o objetivo de obter procedimentos sistemáticos e descrição do conteúdo das mensagens e indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção de mensagens. Para Franco (2008), as mensagens podem ser verbais (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada. Nesta pesquisa, utilizou-se as mensagens dos registros orais.

A utilização da análise de conteúdo para Thompson (1995) é realizada por um pesquisador que pode não ser neutro, no entanto há a necessidade da inferência do pesquisador por parte da pesquisa, mas este deve procurar interferir minimamente de maneira pessoal. Com isso a neutralidade pode representar a limitação desse estudo, mas entre as preocupações da

análise, a busca da superação ocorrerá pelo detalhamento dos procedimentos adotados pelo pesquisador no tratamento da entrevista, com vistas a garantir a validade da análise.

Realizou-se a coleta de dados por meio de entrevista semiestruturada (apresentada no apêndice 9.1) com 5 profissionais da área vinculados as exportações do complexo soja, 4 representantes no Brasil e 1 na Argentina, para que fosse possível abordar as percepções e contribuições da realidade dos dois países no presente estudo. Esses entrevistados foram escolhidos a partir de um estudo prévio a respeito dos atores diretamente envolvidos às exportações do complexo soja. Há entre os entrevistados brasileiros, um economista chefe, dois gerentes comerciais e um gerente de produção e o entrevistado da Argentina, gerente de assuntos econômicos e comerciais.

Para a entrevista buscou-se elaborar um roteiro de questões (apêndice 9.1) que permitisse perguntas abertas, com o objetivo de maior liberdade de respostas do entrevistado e com isso uma reflexão da entrevistadora sobre as experiências vividas sobre o assunto. A amostra é não-probabilística, e intencionalmente, pois não há necessidade de um segmento representativo, mas sim, de elementos representativos, para que assim, se busque compreender a riqueza das peculiaridades que o setor vivenciou e vive. De acordo com Oliveira e Gomes (2005) é necessário reflexão e habilidade na descrição e clareza para expressar o contexto social de vivências e experiências do sujeito, bem como é necessária uma abordagem de pesquisa que promova a descrição das relações e inter-relações, sem que haja um juízo de valor.

Para tanto, para a análise dos resultados foi utilizado o software NVIVO9 como ferramenta que contribuí no processamento dos dados. Seguindo essas orientações, a coleta de dados foi realizada pelo pesquisador, e cada entrevista durou aproximadamente 30 minutos realizados em apenas um encontro com cada entrevistado, juntamente com o orientador e coorientador da pesquisa.

3.2.1.1 Tratamento das entrevistas: Utilização do Software NVIVO9

A formulação dos materiais e instrumentos da pesquisa referem-se a uma fase de organização dos dados obtidos, com o objetivo de construir o conteúdo a ser analisado. O conteúdo da pesquisa refere-se ao conjunto de documentos obtidos durante a entrevista, para serem submetidos aos procedimentos analíticos (BARDIN, 1977). Após realizada esta primeira etapa de construção do conteúdo a ser analisado, inicia-se a exploração e análise dos materiais.

Dessa forma, parte-se para um estudo aprofundado do material, com o objetivo de estabelecer as unidades de registro e unidades do contexto. Para isso, então classificou-se, agregou-se e categorizou-se os trechos da entrevista conforme os objetivos do estudo apresentados no framework. Bardin (1977) aponta que os resultados devem ser tratados de maneira a serem significativos e válidos.

Os dados foram tratados a fim de verificar o seu significado, e se estabelece a partir de eixos temáticos e de tabelas as categorias de análise da pesquisa. Para Bardin (1977) surgem por meio de uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero, com os critérios previamente definidos.

Para o tratamento dos resultados foram estabelecidas as categorias de análise para a apresentação dos principais temas e subtemas. A partir das operacionalizações, o software cumpre etapas de organização, codificação, categorização, permite a inferência e possibilita medir a frequência das palavras para verificar os termos comumente usados no campo (BARDIN, 2011).

O discurso de cada entrevista foi digitado e analisado a luz de cada categoria definida no framework, e foram avaliadas segundo a frequência em percentagem relativa aos discursos totais dos entrevistados, possibilitando suas análises e vinculação das referidas referências. Os resultados estão apresentados na seção “Resultados e Discussões”, onde encontram-se divididos em seções.

Na tabela 1, apresenta-se as perguntas referente a cada categoria analítica. As categorias analíticas são política industrial, política instrumental, política macroeconômica, política estruturante e vantagens comparativas. As perguntas referem-se as do apêndice 9.1

Tabela 1 - Apresentação das categorias analíticas de cada pergunta

Categoria Analítica Perguntas

Política Industrial 2.1 e 2.2

Política Instrumental 2.3, 2.4, 2.5, 3, 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.5 e 3.6

Política macroeconômica 2 e 2.5

Política Estruturante 1, 1.1, 1.3 e 1.4

Vantagens Comparativas 1.2, 4 e 4.1

Fonte: Elaboração própria

Após submetido as entrevistas para o software, realizou-se os próximos passos da análise, representada pela codificação dos trechos da entrevista na categoria analítica

correspondente (nó). As categorias de análise, derivadas do framework são representadas pelos nós e permitem reunir materiais e temas relacionados em local específico para facilitar a organização e a procura de padrões. Eles também podem ser utilizados para reunir evidências sobre os relacionamentos entre itens do projeto. Neste caso, as categorias de análise estão apresentadas na figura 5.

O processo de análise das entrevistas deu-se pela codificação dos trechos relevantes as suas respectivas categorias analíticas (nó). O software NVIVO9 permitiu acessar os resultados tabulados em termos de referências codificadas, representadas pelo número de ocorrências em cada entrevista, e em termos percentual, representado pela participação do nó dentro do total de considerações da entrevista. Optou-se por utilizar as duas opções para a clareza na exposição dos resultados, onde na primeira opção apresenta-se o número de ocorrências de cada nó por fontes, e a segunda por manifestar a densidade do nó dentro do total de nós. Também se verificou as palavras mais frequentes na entrevista coletadas, fazendo-se uso da regra de contagem de frequência simples de palavras.

Cabe ressaltar que, além das categorias de análise definidas no framework e que no software assumem a forma de “nós”, foram inseridas outras categorias que foram identificadas ao longo do processo de categorização das entrevistas, definidas em três eixos centrais, são elas: a demanda, preocupações futuras e propriedade intelectual, a primeira com subcategorização em demanda internacional e doméstica, a segunda com subcategorização em alterações de poder, dificuldade de se operar com derivados, negociações e padrões de qualidade, e a terceira sem subcategorização. Ainda na categoria analítica vantagens comparativas, incluiu-se as subcategorias clima e escala.

Figura 5 - Categorias analíticas utilizadas na análise de conteúdo (nós)

Fonte: NVIVO9.

O software permite marcar o início do trecho que trata da categoria analítica em questão bem como o fim desse trecho, o que leva a definição da densidade que a categoria assumiu em relação ao discurso do indivíduo e em relação a soma dos discursos de todos os indivíduos, apresentado na figura 6.

O discurso de cada uma das fontes é analisado a luz das categorias definidas pelo framework, e foram avaliadas segundo a sua densidade em percentagem relativa aos discursos totais das entrevistas, possibilitando suas análises e vinculações das referidas referências, pode se observar essas considerações na figura 6. Pode-se observar que o valor percentual que consta ao lado da referência diz respeito ao tempo destinado da referência ao nó (6,83%).

Figura 6 - Tela de codificação da entrevista na categoria analítica correspondente

Fonte: NVIVO9.

3.2.2 Indicadores de competitividade e de vantagens comparativas