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CAPITULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Base Epistemológica da Pesquisa

Segundo DEMO (1992), método “significa, na origem do termo, estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência” (p.11). Não se circunscreve, ortanto apenas, aos métodos e técnicas utilizados na pesquisa, mas “a intenção da iscussão problematizante”. Por outro lado,

uito mais abrang

científica, mas fundamentalmente seu próprio processo, uma ez que o configuram como “a lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em u desenvolvimento” (p.29). Interpretam que, as opções metodológicas não se reduzem uma seqüência de operações e procedimentos, porque a prática científica, articularmente aquela das ciências sociais, é dinâmica exigindo análises e terpretações constantes entre os quatro pólos que fazem parte da metodologia sugerida: epistemológico, teórico, morfológico e técnico.

p d

“...não se pode subtrair a relevância do método para a pesquisa, uma vez que este, embora apenas instrumental, é indispensável sob vários motivos: de um lado, para transmitir à atividade marcas de racionalidade e ordenação, otimizando o esforço; de outro, para garantir espírito crítico contra credulidades, generalizações apressadas, exigindo para tudo que se diga os respectivos argumentos; ainda para permitir criatividade, ajudando a devassar novos horizontes (DEMO, 1992, p. 12). Na perspectiva desse entendimento o autor indica que: “a falta de preocupação metodológica leva à mediocridade fatal”(p.12).

Em relação ao método, BRUYNE et. al. (1977), indicam que é algo m

ente desempenhando o papel de ajudar a explicar e compreender não apenas os resultados da investigação v se a p in

Em resumo, para os autores a prática científica é um campo onde atuam as

forças (ou em última

stância que as escolhas metodológicas em qualquer pesquisa estão circunscritas,

A figura 3.1

constructo onde os a

inclusive das organizações. Conforme esses autores, o pólo epistemológico “exerce uma

RUYNE et al, 1977, p. 35). contingências) provenientes desses quatro pólos, o que significa

in

explícita ou implicitamente, por essas instâncias.

, denominada Espaço Metodológico Quadripolar, apresenta um utores procuram assegurar a cientificidade das práticas de pesquisa,

função de vigilância crítica”, “decide as regras de produção e de explicação dos fatos, da compreensão e da validade das teorias” (BRUYNE et al, 1977, p. 35). Relaciona-se, portanto, a “uma gama de ‘processos discursivos’, de ‘métodos’ muito gerais que impregnam, com sua lógica, as abordagens do pesquisador”. Os métodos referidos são: a dialética, a fenomenologia, a quantificação e a lógica hipotético-dedutiva. O pólo teórico relaciona-se com os “quadros de referência” orientando a formulação sistemática dos objetos de pesquisa, pois “desempenham um papel paradigmático implícito” que “propõe regras de interpretação dos fatos, de especificação e de definição das soluções provisoriamente dadas às problemáticas” (B

Métodos . Dialética . Fenomenologia . Quantificação . Lógica hipotético- dedutiva Quadro de Análise .Tipologias . Tipo Ideal . Sistemas . Modelos estruturais PÓLO EPISTEMOLÓGICO PÓLO TÉCNICO PÓLO MORFOLÓGICO PÓLO TEÓRICO Quadro de Referência . Positivismo . Compreensão . Funcionalismo . Estruturalismo Modos de investigação . Estudos de caso . Estudos comparativos . Experimentações, . Simulação

Figura 3.1 – Espaço Metodológico Quadripolar Fonte: Bruyne, P. et. al. (1977, p. 36).

Na perspectiva dos autores, os principais quadros de referência que compõem esse pólo são o positivismo, a abordagem compreensiva, o funcionalismo e o estruturalismo.

O pólo morfológico, por outro lado, é o lugar da objetivação da problemática de pesquisa formulada pela teoria. Refere-se a um espaço onde se articulam os conceitos, os elementos e as variáveis. Representa o plano de organização dos fenômenos. Segundo os autores, “ao mesmo tempo, ele é o quadro operatório, prático, da representação, da elaboração, da estruturação dos objetos científicos”. Os principais métodos que ordenam os elementos constitutivos desses objetos, em ciências sociais, configuram as seguintes modalidades de quadros de análise: as tipologias, os tipos ideais, os sistemas e as estruturas-modelos.

Finalmente, o pólo técnico é o que “trata dos procedimentos de coleta das informações e das transformações destas ultimas em informações pertinentes à problemática geral”. Representa o espaço responsável pelo esforço de constatação dos dados com o propósito de confrontá-los com a teoria que os suscitou. O pólo técnico relaciona-se com os modos de investigações possíveis na prática científica, os quais serão escolhidos em cada caso segundo as opções definidas nos outros pólos acima descritos. Desse modo, as principais formas de investigação no campo das ciências sociais, de acordo com BRUYNE et al. (1977) são os estudos de caso, os estudos comparativos, as experimentações e as simulações. Em cada uma dessas formas de investigação comportam diversas técnicas de coleta dos dados ou informações, as quais esmo modo selecionadas em função dos demais campos que constituem a esquisa a ser executada.

serão do m p

Na concepção desses autores, portanto, as alternativas metodológicas de uma pesquisa compõem um verdadeiro sistema, com os quatro pólos interagindo de modo dialético para formar o conjunto dessa prática. Assim, a estratégia de pesquisa em ciências sociais pode ser: experimental; survey (levantamento); histórica; análise de informações de arquivos (documental) e estudo de caso. Cada uma das estratégias pode ser usada para propósitos: exploratório; descritivo ou explanatório (casual). Assumindo esse entendimento procura-se apresentar a seguir os procedimentos metodológicos a serem adotados na presente pesquisa. Antes porem, é pertinente esclarecer que a intenção deste trabalho é identificar, compreender e descrever a institucionalização, a estrutura e o comportamento das universidades que constituem o sistema de ensino superior público estadual paranaense para aproximar visões e experiências

universitárias, na perspectiva cientifica e tecnológica, visando implementar o intercâmbio cultural entre as referidas universidades.

A identificação, descrição e a interpretação do fenômeno estudado foram feitas com a finalidade de atingir sua compreensão apenas. Não realizar intervenções nas

organizacionais começou a desenvolver-se

re adequada, de uma maneira geral, a concepção positivista da organizações estudadas, ainda que se tenha consciência de que em um estudo desse tipo não é possível total neutralidade da parte do pesquisador. A interferência direta é evitada, mas sabe-se que a simples presença do pesquisador, de alguma forma, afeta o objeto de estudo, por isso a preocupação com o rigor metodológico que dê a garantia de cientificidade ao estudo realizado.

Uma das correntes importantes nas ciências sociais, fazendo contraponto à corrente positivista, é a abordagem humanista. ROBBINS (2000), coloca que a abordagem humanística, dentro dos estudos

nos anos 30. Dois fatores interligados nessa década foram determinantes no fomento desse interesse. O primeiro foi uma rejeição da visão mecanicista dos funcionários defendida pelos clássicos. O segundo foi o advento da Grande Depressão.

A abordagem clássica tratava as organizações e pessoas como máquinas. Por seu lado, a abordagem das relações humanas propunha aos gerentes soluções para reduzir essa alienação e melhorar a produtividade do trabalhador. A Grande Depressão ocorrida nos anos 30’ do século XX, entre outras conseqüências, também provocou uma ampliação radical do papel do governo nas questões individuais e empresariais. Esse fenômeno, entre outras coisas, possibilitou que o espaço de trabalho nas organizações passasse a ser considerado e visto de outro modo tanto pela sociedade em geral quanto pela comunidade científica em particular.

Ainda que conside

ciência natural, segundo HUGHES (1983), a abordagem humanista rejeita a noção de que o método científico positivista possa ser aplicado ao estudo da vida social humana em todas suas dimensões. Ao contrário, o papel da interpretação, da compreensão, do comentário moral ou de algum outro critério é ressaltado como o modo apropriado e válido de se obter conhecimento do referido assunto. O autor salienta ainda que, o mundo sócio-histórico é um mundo simbólico criado pelo espírito humano que não pode ser entendido simplesmente como uma relação entre coisas materiais.

Como sabemos, a ação e o comportamento social humano são impregnados de valores e o conhecimento de uma cultura pode ser obtido por meio do isolamento de idéias comuns, sentimentos ou objetivos em um período histórico específico. Para

HUGHES (1983), a vida humana em sua essência, é diferente daquela proposta pela concepção positivista. O homem só pode conhecer as coisas na medida em que estas se lhe apresentam como fenômenos, nunca como as coisas são em si mesmas. Assim, os

or isso a diferença fundamental entre o tipo de

orporação de

tiva o elemento básico de análise são os úmero

fatos constituem-se a partir dos fenômenos e recebem da mente a forma quanto o conteúdo.

Na mesma linha de HUGHES (1983), MINAYO et al. (2002) salientam que a pesquisa qualitativa considera o universo dos significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, que correspondem um espaço profundo das relações, processos e fenômenos que não podem ser quantificados e tão pouco reduzidos à operacionalização de variáveis. P

pesquisa qualitativa e quantitativa. Na pesquisa do tipo quantitativa, a revisão da literatura deve ser no inicio do estudo/pesquisa. Enquanto que, na pesquisa do tipo qualitativa a revisão da literatura pode ser feita a medida que o estudo/pesquisa se realiza. Para o presente caso, embora se apresente a revisão da literatura (ver Capítulo II – Revisão da Literatura), verificamos que foi necessário revisar a literatura a medida em que o estudo/pesquisa estava sendo desenvolvido para possibilitar a inc

novos elementos em sua abordagem. Apresentando, portanto, um caráter incremental. A pesquisa qualitativa apresenta-se sob múltiplas realidades: focada numa realidade complexa e larga. Enquanto que a pesquisa quantitativa está focada em um único e bem definido problema. A pesquisa quantitativa está circunscrita à redução, controle e precisão. Enquanto a pesquisa qualitativa preocupa-se com a descoberta, descrição, compreensão e interpretação compartilhada. A pesquisa de tipo quantitativo constrói relações causais. Por outro lado à qualitativa descreve significados e revelações de um fenômeno. Na pesquisa de tipo quantita

n s. Enquanto na qualitativa temos um relatório rico de análise e interpretação individual. Os elementos básicos de análise são palavras e idéias.O trabalho de STREUBERT & CAMPERTER (1995), sintetizado na Figura 3.2 – Tipos de

Pesquisa, esclarece em detalhes outras características e natureza da pesquisa de tipo

Quantitativa

Qualitativa

Objetiva Subjetiva A revisão da literatura deve ser no início do

estudo/pesquisa

A revisão da literatura pode ser feita a medida em que o estudo/pesquisa se realiza

Testa/prova teorias Desenvolve/cria teorias

Uma realidade focada em um único e bem definido Múltiplas realidades: focado numa realidade

problema complexa e larga

Redução, controle, precisão Descoberta, descrição, compreensão, interpretação compartilhada

Limitado Interpretativo Mecanicista: partes iguais ao todo Orgânico: o todo é igual as partes

Relatório de análise estatística. O elemento básico de análise são os números.

Relatório rico de análise e interpretação individual. Os elementos básicos de análise são:

palavras/idéias

Pesquisador é separado do processo Pesquisador é parte do processo

Sujeito Participante

Contexto livre Contexto dependente

Hipóteses Pesquisa questões/problemas

A conclusão é lógica e dedutiva A conclusão é dialética e indutiva Constrói relações causais Descreve significados e revelações

Usa instrumentos Usa comunicação e observação Design/Propósito: descritivo, correlacional,

Quase-experimental; experimental.

Design/Propósito: fenomenológico; Grounded theory; etnográfico; histórico;

Filosófico; estudo de caso

Tamanho da amostra: 30 a 500 Tamanho da amostra não é relevante; busca “informação rica” a partir da amostra. Leva em conta o programa aplicativo Levanta informações relevantes que merecem

valor. Figura 3.2 – Tipos de Pesquisa

Fonte: STREUBERT & CAMPERTER (1995)

Conhecidas as principais características tanto da pesquisa de tipo quantitativo quanto qualitativo cabe aqui a seguinte questão. Quais são e qual é a importância das fontes na abordagem qualitativa? Como vimos a pesquisa qualitativa procura levantar dados e informações relevantes que merecem valor. Esse conjunto de elementos foi obtido através de três fontes: (a) O levantamento e análise documental. Esse envolve ireta ou indiretamente cada uma das instituições objeto de pesquisa. Por exemplo: leis decretos de criação, estatutos, regimentos, portarias, resoluções, atas, estudos,

latórios, pesquisas, etc..; (b) Entrevistas e depoimentos com informantes-chave. São essoas ou personalidades que, em face de sua participação, vivência, experiência, d

e re p

conhecimento, expertise detêm dados, informações, insight sobre a criação institucionalização, estrutura e comportamento de uma dada instituição de ensino superior pública estadual paranaense; (c) A experiência e vivência do pesquisador. Pela razão de estar vinculado a m is de 20 anos em uma das instituições pesquisadas e, ter ao ssor quanto no exercício de funções ligadas a coordenação ac gestão universitária e; conhece rofundidade,

entre out tos impor

ensino superior público estadual paranaense.

ema proposto a e as

te ger

seguir. Pode-se afirmar que o presente estudo caracteriza-se por ser de natureza qualitativa, haja visto que, no entendimento de v ETTE (2001), as pesquisas qualitativas são consistentes em situaçõe que envolvem o estudo em organizações. Embora o conceito de pesquisa qualitativa possa acolher uma grande diversidade de trabalhos (GODOY,

característi atureza, de acordo NOS,

1995), são as

tural no qual o visto

dos dados d omo

instrumento-chave, na medida que é o responsável por realizar a ligação do

stão com est os

fenômenos pesquisados, não apenas entes;

r as inform o

partem de hipóteses a priori e; por isto, especialme pesquisas qualitativas fenomenológicas, os significados e a interpretação, surgem da percepção do

num contexto; (e) a preocupação essencial, principalmente nos fenomenológico, é com o significado que os fenômenos ara os indivíduos” (p. 127).

a

longo desse tempo atuado tanto como profe

adêmica e r com razoável p

ros aspectos, de momen tantes da evolução e desenvolvimento do

Tendo em vista que o probl para um trabalho de pesquis orias adotadas para orientá-lo é que su em a forma ou o método que ele deverá

ários autores, como HAGU s como as

1995a,b), fundamentalmente as cas de estudos dessa n com BOGDON (apud TRIVI

seguintes:

“(a).. o ambiente na como fonte direta

fenômeno a ser estudado está inserido, é a pesquisa e o pesquisador é tido c fenômeno em que

essencialmente descritivos; (c) existe a

e ambiente real e complexo; (b) são trabalh preocupação em estudar o processo dos os resultados e o produto deles decorr

(d) tendem a analisa ações obtidas indutivamente, uma vez que nã

nte nas fenômeno visto

trabalhos com enfoque pesquisados assumem p

As pesquisas de natureza qualitativa, além dessas características diferenciam-se das quantitativas em outros aspectos, por exemplo, com relação as etapas de desenvolvimento da pesquisa. Um estudo de natureza qualitativa é mais flexível, de modo que as fases de coleta e análise de dados não se apresentam rigidamente separadas. E, mesmo a própria pergunta que norteia o estudo pode sofrer revisão durante o processo.

Assim, define-se a presente pesquisa, como tendo caráter humanista de tipo qualitativa e centrada na perspectiva institucional, estrutural e comportamental dos estudos organizacionais, no espaço conceitual das ciências administrativas.

Tendo em vista a natureza e as características da presente pesquisa, foi utilizado ao longo do seu desenvolvimento o Estudo Comparativo. A seguir apresenta-se e descreve-se o referido método destacando, entre outros fatores, suas características, vantagens e limitações.