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3 MATRIZ TEÓRICA

3.5 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)38 é um documento que tem como intuito sistematizar o que é ensinado nas escolas brasileiras. Na BNCC, os objetivos de aprendizagem de cada uma das etapas de formação não representam um currículo fixo, mas uma ferramenta orientativa para a elaboração do currículo específico de cada escola.

Este documento apresenta os conhecimentos essenciais a que os educandos da Educação Básica têm direito e precisam de acesso durante sua trajetória, desde o ingresso na Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Oferece ao sistema educacional, às escolas e professores instrumentos de gestão pedagógica. É um orientador da construção do currículo para as escolas de Educação Básica, elencando os elementos fundamentais que precisam ser ensinados nas áreas do conhecimento: na Matemática, nas Linguagens e nas Ciências da Natureza e Humanas e orienta na formulação do Projeto Político Pedagógico.

A sua criação se dá mediante ao cumprimento de leis, como a Constituição Federal, de 1988, no Art. 210; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em seu artigo 26 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que têm melhor detalhamento de sua necessidade e demandas a serem apresentadas. É indicada nas Conferências Nacionais de Educação e também no Plano Nacional de Educação (PNE). A sua construção conta com a participação de toda a sociedade brasileira.

A partir deste documento ficam definidos quais os conhecimentos necessários nas especificidades das linguagens, da matemática, das ciências da natureza, das ciências humanas para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Considerado importante averiguar o que o mesmo traz sobre temas que compreendo fazerem parte da cultura digital. Esta escolha foi mediante o entendimento de que os professores que hoje estão em formação em uma das licenciaturas presenciais da UFSM futuramente poderão atuar em uma escola da Educação Básica que recorra a este documento em sua totalidade para nortear as aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas no decorrer das etapas e modalidades da Educação Básica. E, quando pesquisado quais tópicos são elencados, foram encontradas as informações de norteamento, que apresento no Quadro 7, a seguir:

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Informações que aqui constam sobre as Bases Curriculares Nacionais estão na página do Ministério da Educação (MEC). Disponíveis em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/base/o-que>. Acesso em: 30/06/2016.

Quadro 7 – Temas que versam sobre a cultura digital para a Educação Básica na BNCC

TÓPICO NORTEAMENTO

Competência Geral: entre uma das dez competências gerais da BNCC que discursa sobre a necessidade de construção do conhecimento, de habilidades e a formação de atitudes e valores nos termos da LDB ao longo da Educação Básica.

Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas.

Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil: entre um dos seis direitos apresentados no documento que incluem as questões de: conviver; brincar; participar explorar; expressar, conhecer-se.

Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica: com nove anos de duração, é a etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14 anos.

As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação são fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das relações dos seres humanos entre si e com a natureza.

Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais: os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária que corresponde à transição entre infância e adolescência, marcada por intensas mudanças decorrentes de transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais.

Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo- se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efemeridade das informações, privilegiando análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar. Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento do seu papel em relação à formação das novas gerações. É importante que a instituição escolar preserve seu compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as novas linguagens e seus modos de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação (e também de manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das tecnologias e para uma participação mais consciente na cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode instituir novos modos de promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento de significados entre professores e estudantes.

[...]A compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias e saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura midiática e digital, fortalece o potencial da escola como espaço formador e orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.

Quando analisado o documento acerca das competências e habilidades específicas de cada área de conhecimento do Ensino Fundamental, em vários momentos há orientações direcionadas para características que fazem parte da cultura digital. Além de o estudante ter habilidades para utilizar as tecnologias digitais nas diferentes áreas de conhecimento, o documento também menciona sobre as necessidades do saber analisar criticamente sobre sua influência na sociedade, na cultura, assim como, os seus efeitos na organização social, no corpo e na cognição. Apresento abaixo alguns exemplos o que este documento traz como contribuições para a compreensão do enunciado:

 Língua Portuguesa – 6º ano (habilidades): expor, no tempo previsto, resultados de pesquisa ou estudo, em colaboração com o grupo, com apoio de quadros, tabelas ou gráficos e uso de recursos de tecnologias da informação e comunicação, adequando vocabulário, pronúncia, entonação, gestos, pausas e ritmo.

 Arte (Artes visuais, Dança, Música e Teatro) - competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental: compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.

 Educação Física – 6º E 7º anos (habilidades): identificar as transformações nas características dos jogos eletrônicos em função dos avanços das tecnologias e nas respectivas exigências corporais colocadas por esses diferentes tipos de jogos.

 Língua Inglesa - Competências específicas de Língua Inglesa para o Ensino Fundamental: utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.

 Matemática 6º ano (habilidades): construir figuras planas semelhantes em situações de ampliação e de redução, com o uso de malhas quadriculadas, plano cartesiano ou tecnologias digitais.

Ciências – Unidade temática Terra e Universo: Impossível pensar em uma educação científica contemporânea sem reconhecer os múltiplos papéis da tecnologia no desenvolvimento da sociedade humana. A investigação de materiais para usos tecnológicos, a aplicação de instrumentos óticos na saúde e na observação do céu, a produção de material sintético e seus usos, as aplicações das fontes de energia e suas aplicações e, até mesmo, o uso da radiação eletromagnética para diagnóstico e tratamento médico, entre outras situações, são exemplos de como ciência e tecnologia, por um lado, viabilizam a melhoria da qualidade de vida humana, mas, por outro, ampliam as desigualdades sociais e a degradação do ambiente. Dessa forma, é importante salientar os múltiplos papéis desempenhados pela relação ciência-tecnologia-sociedade na vida moderna e na vida do planeta Terra como elementos centrais no posicionamento e tomada de decisões frente aos desafios éticos, culturais, políticos e socioambientais.

 Geografia – Anos finais - aprendizagem: é preciso que os alunos ampliem seus conhecimentos sobre o uso do espaço em diferentes situações geográficas regidas por normas e leis historicamente instituídas, compreendendo a transformação do espaço em território usado – espaço da ação concreta e das relações desiguais de poder, considerando também o espaço virtual proporcionado pela rede mundial de computadores e das geotecnologias. Desenvolvendo a análise em diferentes escalas, espera-se que os estudantes demonstrem capacidade não apenas de visualização, mas que relacionem e entendam espacialmente os fatos e fenômenos, os objetos técnicos e o ordenamento do território usado.

 História: para o 4º ano há como unidade temática circulação de pessoas, produtos e culturas, o mundo da tecnologia: a integração de pessoas e as exclusões sociais e culturais. E habilidade para o 3º ano como objeto de conhecimento: identificar diferenças entre formas de trabalho realizadas na cidade e no campo, considerando também o uso da tecnologia nesses diferentes contextos.

A atual base curricular deverá ser implementada nas escolas até o ano de 2018. Com esta perspectiva as redes estaduais e municipais terão que se adequar e reformular os seus currículos para atender este documento de caráter normativo, definidor do conjunto orgânico e progressivo das aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas com todos os alunos ao

longo das etapas e modalidades da Educação Básica. E, com base nestas propostas de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos da Educação Básica para os Estados, o Distrito Federal e Municípios, precisamos compreender a importância dos diversos diálogos necessários na formação inicial nas licenciaturas presenciais da UFSM no que se refere à cultura digital e suas características segundo Manuel Castells (2008).