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Este estudo está ancorado nos estudos sobre Dinâmica de Grupos, Psicologia Cognitiva e Teoria de Redes, que vai compor um modelo de análise cognitiva, destro de um metamodelo que tem como suporte operacional a Teoria Geral dos Sistemas.

Os estudos sobre Grupos e suas Dinâmicas são tomados aqui como fundamento para a compreensão dos processos grupais e suas relações com os processos cognitivos dos seus integrantes, em especial os relacionados à reeducação e à dissonância cognitiva.

Aqui um grupo é entendido como um ente composto de valores, crenças e padrões que permeiam as relações, em um processo dinâmico de trocas simbólicas. Justamente dentro deste contexto grupal podem surgir mudanças intimas nos indivíduos, com reflexos diversos, inclusive na linguagem e no comportamento, como resposta cognitiva, analisadas sob a ótica da psicologia. A Psicologia Cognitiva fornece o lastro necessário para correlacionar os processos cognitivos por meio da linguagem verbal ou postural.

O estudo no campo da Teoria de Redes traz duas vertentes: as Redes Sociais e as Redes Semânticas. A primeira considera as pessoas como vértices (ou nós, ou atores) de uma rede, conectados por um ou mais tipos específicos de relacionamentos como amizade, parentesco, interesses, crenças, conhecimento ou prestígio etc. permitindo mapear as conexões sociométricas existentes. A segunda, as Redes Semânticas, considera o significado nas relações entre os conceitos com a intermediação da linguagem, com seus símbolos e signos através de uma “teia” de representação composta de palavras, conceitos ou entidades com significado semântico.

Outro elemento teórico que fornece bases analíticas para entender as relações atitudinais do indivíduo em um grupo é a Teoria dos Sistemas, que desvela o papel das ligações macro e micro entre o indivíduo, o grupo e o ambiente. Estas bases serão abordadas nas próximas seções.

8.1.1 Bases relacionadas à teoria de redes, grupos e psicologia cognitiva

O metamodelo aqui proposto, sob a ótica das Redes Sociais, tem como foco as relações dentro de um sistema social definido (i.e. os grupos de Narcóticos Anônimos), e também nas relações entre as pessoas que lá frequentam. Estas relações de afinidade podem ser de amizade, ou confiança, ou de aprendizagem. Isso permite investigar uma série de indicadores que definem como os subgrupos são formados, que valores possuem, no que acreditam, como traçam objetivos e como se apoiam para conseguir alcançá-los. As redes sociais geralmente são importantes para a iniciação no uso de drogas. Estas podem também ajudar a enfraquecer certos elos sociais.

A análise de redes existentes em grupos de NA – tais como redes formadas pelos membros que se relacionam quando precisam de ajuda entre si, redes formadas entre um membro e aqueles que eles mais admiram por seu processo de recuperação, dentre outras – permite identificar participantes de destaque nesses grupos, e ao analisar seus perfis, conhecer mais sobre as relações e suas características.

Os grupos de NA trabalham a partir das partilhas de seus membros, ou seja, do discurso. Os membros buscam ser sinceros e honestos, em temas tais como as situações do cotidiano que possam estar associadas a desvio de caráter. Ao falarem dos próprios problemas, e constatarem suas próprias mudanças no sentido de posturas desejáveis, eles reduzem a dissonância cognitiva entre o que gostariam de ser ou de fazer e suas práticas atuais.

Assim, com base no que foi apresentado acerca de re-educação, na seção 6.2, pode-se dizer que a configuração dos processos cognitivos e comportamentais que ocorrem a partir do encontro de pessoas nos grupos (como NA) pode ser definida como um processo educativo, ou melhor, re-educativo. Nesse sentido, a natureza do processo re-educativo face às divergências entre o indivíduo ou grupos e a sociedade passa por algumas condições importantes, de maneira que este indivíduo ou grupo reveja seus valores e condutas, de modo a modificá-las no sentido de ajustar-se à sociedade em que ele está inserido. Assim esses indivíduos ou grupos reduzem a dissonância cognitiva, num processo aqui denominado, inspirado por Lewin (1978), de re-educação.

Como dito na seção 5, a Psicologia Cognitiva fornece o embasamento necessário para correlacionar os processos cognitivos com a linguagem e o comportamento do indivíduo em um grupo. Na seção 5 também foi destacado que, na grande parte dos grupos, prevalece a crença de que o conteúdo dos discursos é importante para analisar e trabalhar os significados e os sentidos atribuídos às vivências dos sujeitos.

Relacionado a Psicologia Cognitiva e a linguagem, pode-se dizer que as transformações de atitudes de indivíduos ao longo do tempo podem ser percebidas no comportamento e na linguagem.

Considera-se aqui que existem atitudes socialmente inadequadas, e é desejável que estas sejam inibidas; o oposto do que ocorre com as atitudes socialmente adequadas, que devem ser estimuladas (Quadro 14).

Quadro 14. “Procures e Evites” nas salas de reuniões de NA.

PROCURAR EVITAR

- Ser honesto; - Ter mente aberta; - Ter boa vontade;

- Frequentar reuniões de NA; - Partilhar em público;

- Exercer serviço voluntário; - Contribuir com recursos;

- Ter coerência discurso/comportamento - Ser humilde;

- Desenvolver empatia;

- Ter um tutor (padrinho/madrinha).

- Primeira dose / uso; - Pessoas da ativa16; - Lugares da ativa; - Hábitos da ativa; - Mentira; - Fofoca; - Fome/sede; - Raiva; - Medo; - Isolamento.

Fonte: elaborado pelo autor com base em observação participante.

O processo de ajuda e incentivo grupal favorece que pessoas saiam de uma condição inicial incômoda para a condição mais aceitável, ou seja, elas buscam reduzir as atitudes inadequadas e fortalecer aquelas mais satisfatórias, com o objetivo de interagir mais construtivamente na sociedade. Durante a coleta de dados por observação participante, foi verificado que algumas destas atitudes são

16 Estar “na ativa” é a condição daquele indivíduo que não aderiu a tratamento da Dependência Química, seja

ele um Programa de 12 Passos ou qualquer outro. Em NA, estar “na ativa” significa o mesmo que estar “em uso de drogas”.

explicitadas nas salas de reuniões de NA, muitas vezes escritas em quadro de avisos como recomendações.

Na elaboração do metamodelo, é levado em conta que as mudanças efetivas ocorrem mais facilmente se forem voluntárias e consentidas, e que algumas atitudes são subjetivas, difíceis de serem avaliadas diretamente, justamente por se tratar de elementos privativos no campo afetivo, ou mesmo no campo do inconsciente, geralmente desconhecidos até mesmo pela própria pessoa.

8.1.2 Teoria de Sistemas

De um ponto de vista sistêmico, as bases teóricas que norteiam este estudo, abordadas nos capítulos 5, 6 e 7 (i.e. Psicologia Cognitiva, a Dinâmica de Grupos e a Teoria de Redes) e resumidas aqui, são conectadas de forma sistêmica, de maneira a se relacionarem para atender aos propósitos da construção do metamodelo.

Para isso, considera-se um sistema como um conjunto de elementos que tem uma função de transformação, composto de pelo menos três elementos: uma entrada, um meio de transformação e uma saída. Geralmente um sistema está entre um supersistema, que comporta outros sistemas, e os subsistemas, que são as menores partes que compõe o sistema.

Consideramos que os membros de NA são, cada uma deles, um tipo de sistema que recebe informações, orientações, estímulos que provocarão processos de transformação ao nível de subsistemas, resultando em mudanças de atitude e comportamento. Os subsistemas são aqueles que ocorrem a nível cognitivo, emocional, psíquico, muitos deles difíceis de serem medidos diretamente. A forma de perceber este resultado geralmente é em termos de comportamento.

O macrossistema abraça os diversos sistemas (i.e. os indivíduos), cada um com seus subsistemas (i.e. os fenômenos que ocorrem em nível invisível do inconsciente a nível psíquico). No caso de NA, o macrossistema é composto por sua cultura, ou seja, pelo conjunto de princípios, valores e crenças coletivas que se materializam como os Passos e as Tradições e que são as base da recuperação de seus membros. A difusão desta cultura se dá através da sua

própria literatura de NA e da liderança, refletida na influência espontânea que alguns membros exercem nos demais componentes do grupo.

8.1.2.1 Controle por Realimentação Negativa (Feedback)

Depois do nascimento da Cibernética, a compreensão acerca da relação entre causa e efeito se tornou mais complexa, incluindo o foco voltado para a realimentação negativa. Sobre realimentação negativa, apresenta-se o conceito de Vasconcellos (2013, p. 115):

Isso quer dizer que uma parte do efeito (output) ou resultado do comportamento/funcionamento do sistema volta à entrada do sistema como informação (input) e vai influir sobre o comportamento subsequente.

Esse conceito de realimentação negativa é importante, porque poucos sistemas na natureza não apresentam mecanismos de controle. E, em geral o mecanismo de controle encontrado em diversos fenômenos, desde aqueles que ocorrem nos seres vivos até o sistema planetário, é o chamado de controle feedback, retroação ou realimentação negativa.

Para compreender este mecanismo de controle, e como ele foi usado na construção do metamodelo, faz-se necessário entender um pouco acerca da Teoria Geral dos Sistemas. Em 1968, o criador da Teoria Geral dos Sistemas, Ludwig von Bertalanffy (2010), disse que:

[...] uma grande variedade de sistemas na tecnologia e na natureza viva segue em esquema da retroação [...] A teoria procura mostrar que os mecanismos de natureza retroativa são a base do comportamento teleológico17 ou finalista nas maquinas construídas pelo homem assim como nos organismos vivos e nos sistemas sociais (BERTALANFFY, 2010, p. 70).

Os elementos essenciais de qualquer sistema são a entrada (elementos do ambiente que chegam ao processo de transformação), o processo de transformação (que normalmente é o coração do sistema) e a saída (os

17

(Filos.) Teoria das causas finais; conjunto de especulações que têm em vista o conhecimento da finalidade, encarada de modo abstrato, pela consideração dos seres, quanto ao fim a que se destinam. (Biol.) Interpretação das estruturas dos seres em termos de finalidade e utilidade (Michaelis - Dicionário de Português Online, 2016).

elementos resultantes do processo de transformação que são dirigidos ao ambiente).

Assim, um controle por Realimentação Negativa é composto por esses elementos que compõe o sistema propriamente dito (i.e. Entrada, Processo de Transformação e Saída), e também pelos elementos da malha de controle. Essa malha de controle é formada por quatro elementos: (1) dispositivo de Medição da Variável de interesse (ou principal), (2) Subtrator, (3) Mecanismo de Controle e (4) Elemento Final de Controle da malha (Figura 22).

Figura 22. Controle do processo por realimentação negativa. Fonte: Lima Neto, Pereira (2016b).

O funcionamento de cada um desses elementos do controle do processo por realimentação negativa é descrito a seguir.

1) O Dispositivo de Medição tem a função de capturar a informação (ou impulso) da saída do sistema (que aqui é denominada Variável de interesse) e condicioná-la de forma apropriada para ser processada pelo elemento seguinte. Esse dispositivo faz isso através do bloco Repetidor, que tem a função de manter inalterado, nas saídas, o valor que entra neste bloco.

2) O Subtrator faz a comparação entre o valor oriundo do dispositivo de medição e o valor atribuído arbitrariamente como referência desta variável medida. O resultado desta subtração é mostrado a seguir:

E = Vi – Ref (4) Onde:

E: Erro;

Vi: Variável de interesse; Ref: Referência da Vi.

Pode-se tomar como exemplo o controle de temperatura interna de uma geladeira. O papel do subtrator é comparar o valor da temperatura interna (Vi) da geladeira com a temperatura de referência fornecida arbitrariamente. Se a referência for 10ºC e o valor da temperatura interna for 12ºC o erro será de +2ºC. Se a temperatura interna mudar para 8ºC, mantendo a mesma referencias de 10ºC, o erro será de -2ºC. Esta informação de erro será enviada ao próximo elemento da malha de controle, que é o Mecanismo de Controle.

3) O Mecanismo de Controle é um dispositivo que processa a informação oriunda do subtrator, gerando um sinal de controle que atuará de volta na entrada do processo, fechando o circuito entre o sistema e a malha de controle. A finalidade do Mecanismo de Controle é eliminar algum erro que porventura esteja existindo entre o valor da Variável de interesse do sistema quando comparado com o valor de Referência. Além do sinal de entrada oriundo do subtrator, outros sinais também atuarão no mecanismo de controle, fornecendo parâmetros que, ao interagirem com o sinal do subtrator, poderão ampliar, atenuar ou alterar o sinal de saída, em função de um algoritmo de controle. Em sistemas de controle aplicados a dispositivos artificiais (indústria, robótica, comunicação digital, aparelhos eletrônicos etc.), o algoritmo é um conjunto de equações cuja finalidade é gerar o sinal de controle mais adequado, para eliminar o erro. Porém, no campo das ciências humanas a identificação deste “algoritmo” é mais complicada. Compreender o comportamento de pessoas em grupos é uma tarefa que exige uma cuidadosa observação, visando identificar as variáveis que funcionariam como reforçadoras e aquelas que seriam inibidoras de comportamentos. Em muitos casos se recorre a estímulos emocionais específicos, visando desencadear comportamentos estereotipados.

4) O Elemento Final de Controle faz a conexão da malha de controle com a entrada do processo, atuando em uma variável controlada. O sinal que o Elemento Final de Controle recebe do mecanismo de controle modula a forma e a quantidade de estímulos que entrará neste sistema. O elemento final de controle é um executor, um mero escravo da malha de controle, que tem também a finalidade de fechar a malha de controle por realimentação negativa.

Em última instância o que a malha de controle faz é medir a Variável de interesse (Vi), comparar com a referência da Vi, gerando assim um sinal de erro. Este sinal

de erro é processado pelo mecanismo de controle, gerando um sinal de controle que atua de volta no processo através do elemento final de controle, visando eliminar o erro, controlando o sistema como um todo (Figura 22).

Pode-se tomar como exemplo o funcionamento do olho. A variável de interesse, ou seja, aquela que se deseja controlar é a quantidade de luz no fundo do globo ocular, e ela pode ser representada, no diagrama da Figura 22, pela seta de saída. O sistema nervoso do indivíduo se encarrega de medir a informação de luminosidade, e promover o processamento desses dados, de maneira a solucionar o problema da quantidade de luz no fundo do olho, atuando na abertura da janela de luz, isto é, nos músculos que controlam a abertura da pupila, que responde a esse mecanismo de controle. Logo, quanto mais luz ambiente, mais fechada estará a pupila, permitindo a entrada de pouca luz e, se a luz ambiente diminui, as pupilas serão abertas permitindo a entrada de mais luz externa. Esta abertura da se dá de maneira automática e involuntária através do controle do sistema nervoso parassimpático. Esse mesmo princípio é utilizado em diversos outros mecanismos que estão dentro do campo da cibernética e dos sistemas sociais.

Esta configuração de controle não é a única. Ela pode se conectar a outras, aumentando assim sua complexidade de funcionamento, que será explicada na próxima seção.

8.1.2.2 Duplo controle por Realimentação Negativa (Cascata)

Os sistemas controlados podem ter diversas configurações, uma vez que podem associar vários sistemas entre si desde malhas de controle mais simples, sejam eles na versão de microssistemas até os macrossistemas, resultando em sistemas mais complexos que precisam de malhas de controle com configurações mais sofisticadas.

Esta estratégia de controle é de fundamental importância para esta tese. É a base do metamodelo SIIG (Sistema de Interação de Indivíduos em Grupos).

A primeira e mais elementar combinação é quando se tem um circuito de controle composto de dois outros circuitos por realimentação negativa. Chama-se esta configuração de Cascata, composta de vários blocos funcionais interligados

(Figura 23), de maneira que o fluxo de informações (ou materiais, ou influência, etc.) transita entre os elementos que compõe o sistema a partir de dois feedbacks.

Considera-se aqui que o primeiro sistema engloba um lócus maior e é por isso mais lento. Pode ser um organismo, um grupo de indivíduos, uma empresa etc. Para fazer as atuações de controle, o primeiro sistema deve contar com um segundo sistema, menor e mais ágil, como, por exemplo, os órgãos em um corpo, ou o indivíduo quando se trata de grupo, ou algum departamento da empresa. Além disso, este sistema maior tem uma vulnerabilidade maior proveniente de sua variável controlada (uma das entradas do sistema) e, por isso, se justifica um controle feedback adicional para melhorar a controlabilidade do Sistema-1, exatamente nesta entrada da variável controlada.

Figura 23. Sistema em cascata ou dupla realimentação negativa . Fonte: Lima Neto, Pereira (2016b).

Pode-se considerar que entre a entrada do Sistema-2 e a saída do Sistema-1 existem muitas interações (Figura 24). Cada sistema (1 e 2) pode ter mais de uma entrada, mas para efeito de análise só é representada a Variável manipulável de entrada, que, no Sistema-1, coincide com a Variável de interesse do Sistema-2. As transformações que ocorrerão no Sistema-1 resultarão no sinal de saída, ou na Variável de interesse principal (Vi-1) a ser controlada do Sistema-2.

Para que isso ocorra deve-se atribuir valores de Referência do Sistema (Ref-1). O subtrator calculará a diferença existente entre a Ref-1 e a Vi-1, gerando o valor de

erro E-1 que será processado pelo Controle-1, resultando em uma Saída de controle-1, que tem a função de ser a Ref-2 da Malha de controle do Sistema-2. A partir da comparação desta Ref-2 com a Vi-2, surge o erro E-2 que, passando pelo processamento do Controle-2, resulta na Saída de controle-2. O Controle-2, atuando na entrada do Sistema-2, implicará em mudança nos valores de sua saída, que resultará na medida a Vi-2, comparada com Ref-2 continuamente até que o erro seja eliminado. Ao mesmo tempo em que é medida, a Vi-2 também atua na entrada do Sistema-1, provocando mudanças internas que serão refletidas na saída percebida através de Vi-1, que novamente é comparada com Ref-1. Assim, o ciclo de realimentação prossegue até que se alcance o mínimo erro possível.

8.1.2.3 A natureza do controle bio-psico-social

A cognição humana trata os fatos com os quais se depara por meio de um processo de retroalimentação. Na cognição esse processo é acionado, ou seja, ocorre um circuito fechado de ações que envolvem os mesmos elementos: medição (percepção), processamento e atuação (Figuras 14 e 15). A interação desses elementos ocorre praticamente de forma contínua, mas, para fins de entendimento, eles serão abordados separadamente.

Essa apreensão cognitiva tem início na percepção dos fenômenos que ocorrem através dos órgãos dos sentidos, mais também através das lembranças arquivadas na memória, ou até mesmo das deduções decorrentes de processamento racional destes estímulos. Por exemplo, se os órgãos da visão estiverem usando lentes corretivas inadequadas, isso pode gerar distorções visuais, aberrações cromáticas que comprometerão a qualidade destes dados visuais de entrada; para entender este exemplo, pode-se fazer uma metáfora com as “lentes” psíquicas geradas pelas crenças e ideologias no processo de distorção da leitura da realidade.

A etapa intermediária da apreensão cognitiva, que é a etapa do processamento, implica numa série de elementos que compõem a capacidade psíquica e cognitiva das pessoas, tais como memória, compreensão da linguagem, resolução de problemas, raciocínio, dentre outros.

Dar a dimensão adequada ao fenômeno neste processamento não é tarefa fácil. O fenômeno é sempre afetado por elementos, tais como as crenças, ideologias políticas, circunstâncias de vida experimentadas como dores e sofrimentos, alegrias etc. Esses elementos (cognitivos, afetivos e comportamentais) funcionam como pesos ou multiplicadores da intensidade desse processamento. Eles acabam por embotar o entendimento, distorcendo as interpretações, uma vez que a intensidade com que são percebidos pelo indivíduo depende das “lentes” cognitivas com que vê as coisas do mundo.

Por fim, é preciso considerar o nível motor. Os comportamentos, os gestos, a postura, a forma de falar e o conteúdo do que é expressa ajudam a definir a forma como o indivíduo se posiciona no meio social e o seu grau de influência. Esta forma de expressão física pode também mascarar a verdade, daí a importância de um acompanhamento longitudinal de forma a verificar a proporção entre coerência e contradição, e analisar suas possíveis causas.

O uso de Substâncias Psicoativas altera o fluxo de informações pelo sistema nervoso, o seu processamento cerebral e o equilíbrio físico-motor. Daí a