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CAPÍTULO 2 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

2.1 Bases teórico-metodológicas

Os estudos de caso5 têm sido historicamente marcados por trabalhos que demonstram o emprego de métodos quantitativos para relatar e explicar a fenomenologia. Hoje, porém, utiliza-se cada vez mais outra forma de abordagem, que é a pesquisa qualitativa, e esta tem se efetivado como promissora na possibilidade de investigação. Embora a pesquisa qualitativa tenha surgido no alicerce da antropologia e da sociologia, ganhou novos espaços a partir dos anos 50, nas áreas de psicologia, educação e administração.

Nos estudos de caso, Yin (2001) define assim os componentes da pesquisa:

Para os estudos de caso, são especialmente importantes cinco componentes de um projeto de pesquisa: 1) as questões de um estudo; 2) suas proposições, se houver; 3) sua(s) unidade(s) de análise; 4) a lógica que une os dados às proposições; e 5) os critérios para se interpretar as descobertas (2001, p. 42).

Enquanto a pesquisa quantitativa trabalha com um rigor no planejamento previamente estabelecido nas hipóteses, a pesquisa qualitativa vai além. A pesquisa qualitativa não busca apenas enumerar ou medir os fenômenos, ela amplia a atuação através de observações e interpretações obtidas em relatos.

Para a construção das bases teórico-metodológicas que me permitiram chegar ao meu objetivo, servi-me da abordagem qualitativa, pois ela possibilitou uma melhor reflexão sobre a parceria entre o modelo de gestão educacional

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O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados (GIL, 2006, p. 54).

indicado pelo Instituto Ayrton Senna e o adotado pela Secretaria de Educação de Caruaru.

Os estudos de pesquisa qualitativa diferem entre si quanto ao método, à forma e aos objetivos (GODOY, 1995b, p. 62). É destacada a diversidade que existe nos trabalhos qualitativos e indica algumas características importantes para distinguir esse tipo de pesquisa, como:

1. O ambiente natural como fonte direta de dados; 2. O pesquisador como instrumento fundamental; 3. O caráter descritivo;

4. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador;

5. Enfoque indutivo.

Os métodos qualitativos se aproximam de procedimentos de interpretação dos fenômenos que usamos no nosso dia a dia, que têm o mesmo objetivo dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Tanto em um como em outro caso, os dados devem estar situados em um contexto, sendo fundamental ter a consciência que os dados revelam parte da realidade e escondem outra parte.

A escolha pelo método qualitativo pelo pesquisador já demonstra uma maior preocupação com o processo social do que com a estrutura social, buscando uma visualização maior do contexto para uma melhor compreensão do objeto de estudo, embora registre-se que na construção e no desenvolvimento da ciência, as teorias venham antes dos fatos, sob a forma de hipóteses. Pereira (2006) diz que se teoriza porque pensa, sente e age, e seu ato teórico está ligado ao desejo e à paixão do pesquisador.

No método qualitativo, o pesquisador pode conferir durante o processo o redirecionamento da investigação, possibilitando uma flexibilidade com vista a obter informações mais amplas. Mesmo com todo o planejamento já realizado anteriormente, a mudança de trajetória em algumas situações não prejudica o estudo.

O cuidado nesses casos é para não haver ilusões, não fugir do foco, pois em se tratando desses dados que são mais atrativos, mais ricos, mais globais do que os da pesquisa quantitativa, isso pode vir a ocorrer. Cabe ressalvar que tanto o método quantitativo quanto o qualitativo são capazes de produzir excelentes trabalhos e que um não exclui o outro, mas sim, se completam.

Godoy (1995b, p. 25) mostra a existência de três diferentes possibilidades oferecidas pela pesquisa qualitativa: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. A opção do estudo de caso é o resultado de uma análise profunda de uma unidade de estudo.

A forma utilizada para avançar neste estudo é o conhecimento do fenômeno através: da descrição, da medição, pela busca do nexo causal entre seus condicionantes, pela análise do contexto, pela distinção entre a forma manifestada e a essência, pela visão de sua estrutura. Portanto, compreender e interpretar fenômenos são tarefa presente na produção do conhecimento.

Entrevistei a técnica pedagógica e representante do Instituto Ayrton Senna, bem como os representantes da Secretaria de Educação de Caruaru nas várias etapas de gestão, que foi escolhida pela melhor condição de aprofundamento da análise. Também foi entrevistado o Gestor Municipal, ator importante na decisão da parceria. Como pesquisadora, esta abordagem ajudou na atribuição do entendimento dos fenômenos pesquisados e da transformação das informações coletadas em conhecimentos acerca das práticas da gestão pública educacional.

Esse processo de reflexão se efetivou de forma mais contundente no momento da imersão no campo de investigação, quando entrevistei os atores envolvidos no processo de parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Secretaria de Educação de Caruaru. A abordagem qualitativa se opõe ao pressuposto experimental que visa “legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais” (CHIZZOTTI, 1995, p. 79).

Realço que a pesquisa qualitativa se especifica do estudo do comportamento humano e social; a descrição dos fatos e dos fenômenos é uma de suas características, mas a descrição ancorada em pressupostos teóricos transforma-se em análise e interpretação dos fatos e dos fenômenos.

A abordagem qualitativa parte do “fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito” (CHIZZOTTI, 1995, p. 79).