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2.6 6 6 6 Beja Beja Beja Beja — —— — Gabros Gabros Gabros Gabros 2.

No documento Arsénio em águas subterrâneas em Portugal (páginas 120-132)

2.

2.

2.6666. . . . Beja Beja Beja Beja ———— Gabros Gabros Gabros Gabros

2.

2.

2.

2.666.1. Geologia6.1. Geologia.1. Geologia.1. Geologia

Os Gabros de Beja fazem parte do Maciço de Beja. Este maciço caracteriza-se por ser um complexo plutono — vulcânico e localiza-se no limite das zonas de Ossa Morena e Sul Portuguesa. De entre as várias unidades que se podem encontrar representadas no Maciço de Beja, neste estudo só serão caracterizadas duas (o Complexo Máfico/Ultramáfico de Beja — Acebuches e o Complexo Plutono — Vulcânico de Odivelas), já que estas unidades suportam as litologias que definem o sistema aquífero em questão. Deste modo, e segundo Oliveira (1992), o Maciço de Beja engloba as seguintes unidades/litologias (Figura 2.8):

• Complexo Complexo Complexo Máfico/Complexo Máfico/Máfico/Máfico/Ultramáfico de BeUltramáfico de BejaUltramáfico de BeUltramáfico de Bejaja----Acebuchesja AcebuchesAcebuchesAcebuches;

• Complexo Plutono Complexo Plutono Complexo Plutono Complexo Plutono ———— Vulcânico de Odivelas Vulcânico de Odivelas Vulcânico de Odivelas Vulcânico de Odivelas::::

o Complexo Básico de Odivelas;

o Gabros de Beja;

• Xistos de Alfundão;

• Complexo de Cuba — Alvito;

o Dioritos de Casa Branca;

o Dioritos de Monte Novo;

• Complexo Gabróico de Cuba, e;

• Pórfiros de Baleizão.

O Complexo Máfico/Ultramáfico de Beja — Acebuches, ou Ofiolito de Beja- Acebuches, apresenta uma idade Silúrica — Eodevónica, embora idades mais antigas não sejam, em rigor, de excluir. Dados relativos à datação isotópica realizada pelo método

40

Ar/39

Ar indicam idades compreendidas entre os 342 e os 247 M. A. (Viseano), sendo interpretadas como representando o evento de arrefecimento pós — metamórfico aos

40000 mE 30000 20000 10000 ' ] '] ' ] ' ] # Y 10000 20000 30000 40000 mN Beja Beja Beja Beja Ferreira do Alentejo Beringel Salvada Serpa N # Y # Y # Y # Y #Y 0 5 10 15km

) )

Limites aquífero Falha Falha provável Cavalgamento e/ou carreamento # YLocalidades Anfibolitos Formação de Mértola Xistos borra de vinho

Espilitos indif., andesitos e diabases Tufos e lavas riodacíticas Formação Filito-quartzítica Formação de Barranco do Homem Formação de Gafo

Formação de Horta Torre Formação de Santa Iria Formação de Ribeira de Limas Formação de Pulo do Lobo Anfibolitos, granulitos e flaser gabros Serpentinitos

Aluviões

Terraços fluviais e depósitos de vertente Areias, arenitos e cascalheiras Argilas, margas, calcários e conglomerados Conglomerados, arenitos, margas e argilas Granitos

Pórfiros de Baleizão Granófiros

Complexo gabro-diorítico de Cuba Dioritos de Monte Novo Xistos de Alfundão Dioritos de Casa Branca Gabros de Beja Basaltos e diabases

Metabasaltos Metavulcanitos básicos Metavulcanitos ácidos Xistos sericíticos com quartzo Metavulcanitos ácidos e cherts negros Basaltos, tufitos e calcoxistos Mármores e calcários dolomíticos Mármores com forsterite Rochas quartzo-feldspáticas Micaxistos, gnaisses biotíticos e quartzitos negros Anfibolitos e gnaisses anfibólicos Doleritos do Alentejo Figura Figura Figura

Figura 2.2.82.2.888 ———— Esboço geológico da envolvente Esboço geológico da envolvente aos gabros de Beja Esboço geológico da envolvente Esboço geológico da envolvente aos gabros de Beja aos gabros de Beja ((((adaptado da Carta Geológica aos gabros de Beja adaptado da Carta Geológica adaptado da Carta Geológica adaptado da Carta Geológica 1:20

1:20 1:20

1:200000, Folha 0000, Folha 0000, Folha 8. Oliveira, 19880000, Folha 8. Oliveira, 19888. Oliveira, 19888. Oliveira, 1988).).).).

Este complexo caracteriza-se por apresentar três tipos distintos de litologia

(Batista

et al

., 1976; Andrade, 1977, 1979; Oliveira, 1992; Quesada

et al.

, 1994).

-

Serpentinitos

:

Esta litologia corresponde a peridotitos (plagioclásicos ou não) muito serpentinizados com texturas cumulativas residuais, por vezes intensamente deformadas. Estes peridotitos estão impregnados com magnetite e apresentam, geralmente, cor acinzentada com tons acastanhados ou esverdeados. De acordo com os estudos

realizados por Batista

et al.

(1976) e Santos (1990), distinguem-se dois tipos de rochas

por serpentina, observando-se ainda a presença de idingsite [MgO.Fe2O3.3SiO2·4(H2O)] e

minério negro acompanhados pela presença esporádica de espinela rica em crómio, que derivam de peridotitos, e (b) os serpentinitos feldspáticos, identificáveis pela presença de manchas de cor branca (plagioclase) que sobressaem do material mais escuro. A sua composição mineralógica é: serpentina + labradorite + olivina + clinoanfíbola + zeólitos + espinela cromífera. Por aumento da percentagem de plagioclase esta rocha passa a gabro.

-

Metagabros

:

Esta litologia engloba “flaser gabros” e metatrondjemitos que são, regra geral, anfibolitos de grão médio a grosseiro mais ou menos foliados, por vezes com texturas do tipo “flaser”. De um modo geral, esta unidade é constituída por gabros (augite, labradorite, ilmenite com olivina, ortopiroxena e hornblenda acessórias) recristalizados em fácies granulítica (hiperstena, diópsido, labradorite — bitounite), metapiroxenitos (hornblenda, ilmenite e labradorite) e metatrondjemitos (quartzo, oligoclase e hornblenda). Os metagabros apresentam uma foliação muito bem marcada, sendo, nalguns casos, do tipo gnaissico com bandado mineralógico. Os metagabros são atravessados, com frequência, por veios pegmatóides com composição mineralógica semelhante.

-

Metavulcanitos básicos

Também designada por metabasaltos, esta litologia é uma mistura de anfibolitos e xistos verdes, os primeiros de grão fino a médio e os últimos de grão fino. Estes metavulcanitos básicos localizam-se junto ao cavalgamento no limite Sul, e quando afloram juntos os anfibolitos passam gradualmente a xistos verdes que se encontram muito deformados (milonitos a ultramilonitos). São rochas perfeitamente orientadas de granularidade muito fina. Localmente observam-se texturas basálticas residuais, tendo

sido identificadas estruturas mesoscópicas do tipo

pillow lava

. O quimismo é do tipo

toleítico e a composição mineralógica consiste na presença de albite, anfíbola verde azulada e verde pálida, clorite, epídoto e esfena. A deformação é muito intensa, observando-se fracturas que correspondem, possivelmente, a fendas de tensão que são preenchidas por zeólitos (laumontite), epídoto e clorite.

O Complexo Básico de Odivelas e os Gabros de Beja são parte integrante do Complexo Plutono — Vulcânico de Odivelas que se localiza na parte setentrional da área em estudo. Neste ponto serão somente descritos os Gabros de Beja, uma vez que é esta litologia que corresponde ao sistema aquífero aqui estudado.

Os Gabros de Beja, que se desenvolvem mais para Norte formando uma zona bandada invertida, são rochas maciças, melanocráticas e sem qualquer orientação de natureza tectónica. Apresentam um quimismo do tipo toleítico com nítido enriquecimento

em TiO2 e em P2O5 nos termos mais fraccionados. As datações efectuadas pelo método

40

Ar/39Ar em hornblenda ígnea apontam para uma idade compreendida entre os 337 e os

340 M.A. (Viseano superior) (Oliveira, 1992).

Esta litologia pode ser dividida em dois grupos. O primeiro grupo é denominado por Gabros Inferiores, em que as rochas dominantes são os gabros em sentido lato, normalmente muito plagioclásicos e contendo porções significativas de piroxena e olivina e percentagens menores de óxidos e anfíbolas. Alternando com este tipo de rochas ocorrem leitos de anortosito e, embora mais raros, existem níveis ultrabásicos de melotroctolito e melagabro olivínico, ambos serpentinizados. Os Gabros Inferiores caracterizam-se por incluir veios pegmatóides de plagioclase e anfíbola e podem exibir uma tonalidade esverdeada devido à presença de anfíbola actinolítica e clorite, que substituem minerais ferromagnesianos primários (Andrade, 1977, 1979; Andrade, 1983; Santos, 1990; Oliveira, 1992).

Os Gabros Superiores, que correspondem ao segundo grupo, caracterizam-se por não apresentarem um bandado, uma vez que sofreram uma alteração hidrotermal mais intensa do que os Gabros Inferiores. No entanto, assumem um aspecto concordante com o zonamento global da intrusão (Santos, 1990). Esta parte superior da intrusão contém gabros anfibólicos e ferrogabrodioritos aparentemente maciços. Numerosos filões plagiograníticos atravessam aquela litologia. A presença de hornblenda castanha confere-

lhes um aspecto “mosqueado” e estão enriquecidos em óxidos de Fe e Ti e em P2O5

(apatite) (Andrade, 1979, 1983; Oliveira, 1992). A acompanhar este enriquecimento há um enriquecimento metassomático em álcalis, sódio em particular (Andrade, 1979).

Em termos tectónicos, o maciço de Beja situa-se ao longo de um importante acidente tectónico de 1ª ordem (cavalgamento Ferreira — Ficalho) que separa a Zona Ossa Morena da Zona Sul Portuguesa. Este cavalgamento inclina cerca de 65º para N, colocando em contacto o maciço de Beja com a faixa devónica, localizada a Sul (Batista

et al.

, 1976; Andrade, 1977). Este acidente de 1ª ordem é rejeitado para NE, perto de

Mombeja, por outro acidente muito importante, de orientação NE — SW, no qual está instalado o filão dolerítico do Alentejo.

O Complexo Máfico/Ultramáfico de Beja — Acebuches preserva pelo menos três

fases de deformação. A primeira, D1, é representada por uma foliação milonítica associada

a uma lineação de estriamento em que o sentido de cisalhamento mostra um transporte por obducção para N-NE. Esta fase está associada com a obducção inicial deste complexo com um continente a Norte. Concomitantemente terá ocorrido subducção,

também para Norte (Batista

et al.

, 1976).

Segundo os mesmos autores, a segunda fase de deformação, D2, também provocou

uma foliação milonítica em que a lineação de estiramento possui um sentido de cisalhamento para WNW-NW. Acidentes de orientação WNW-ESE jogaram como cisalhamentos esquerdos (assim como cavalgamentos com componente esquerda cisalhante importante) de rampas laterais em que a combinação de movimentos originou o aspecto desmembrado do complexo. Estas rampas laterais esquerdas de carreamentos de direcção NE-SW levemente inclinados para SE são os responsáveis pela presença, lado a lado, de rochas de grau de metamórfico muito diferente.

Estes acidentes foram retomados pela terceira fase de deformação D3, bem

representada pelo acidente de Ferreira — Ficalho, fazendo com que o contacto entre os gabros não orientados e os dioritos orientados seja do tipo intrusivo. Porém, a hipótese de ser de natureza tectónica não está excluída, pois são frequentes acidentes menores

2.

2.2.

2.6666.2. Hidrogeologia.2. Hidrogeologia.2. Hidrogeologia.2. Hidrogeologia

O sistema aquífero dos Gabros de Beja ocupa uma área de 387 km2 e constitui um

dos mais importantes reservatórios de água subterrânea (Almeida, 2000d). Este aquífero está instalado em rochas cristalinas básicas na região semi — árida do Alentejo

(Paralta

et. al.,

2003).

A província alentejana, tal como muitas outras zonas mediterrânicas, tem períodos com falta de água potável e em situações mais graves, como por exemplo no caso de secas cíclicas, este factor chega a ameaçar o abastecimento público (como aconteceu em 1991, 1995 e 2005). O Alentejo depende grandemente dos recursos hídricos subterrâneos para o abastecimento público e para a agricultura. Cerca de 66% dos distritos alentejanos dependem da existência de poços de grande diâmetro e furos para exploração de água para consumo humano. Cerca de 77% do total dos recursos hídricos utilizados no abastecimento público provêm de água subterrânea. Na actividade agrícola, 48% da água utilizada tem origem subterrânea e a indústria contribui com a menor parcela, mas ainda assim 40% do total de água utilizada na indústria tem origem subterrânea (Paralta & Ribeiro, 2001).

Regra geral, este sistema apresenta-se como aquífero livre e a circulação de água subterrânea é realizada em meio fissurado, embora este aquífero possua algumas características semelhantes às de um meio poroso. A alteração que afecta as rochas que constituem o aquífero originou uma cobertura argilosa com uma espessura que, em média, se situa aproximadamente dos 3,5 m, seguindo-se uma zona alterada com espessura a rondar os 22m. Finalmente, existe uma zona fracturada que pode atingir entre 40 a 60m. A circulação de água subterrânea faz-se essencialmente na zona de alteração. Devido a este facto, a piezometria acompanha aproximadamente a topografia registando-se os valores mais elevados na região de Beja. Deste modo, o escoamento subterrâneo faz-se de W para E sendo o vale do Guadiana uma zona de descarga preferencial. Esta descarga realiza-se através de pequenas nascentes que se mantêm activas no Verão (Duque, 1997).

Quanto aos parâmetros hidráulicos, Ferreira

et al.

(2000) indicam um valor para a

transmissividade (T) a variar entre 5 e 452 m2.dia-1. Para um conjunto de 62 dados,

Duque (1997) encontrou um valor médio de transmissividade de 58 m2.dia-1 e o valor

máximo de 452 m2

.dia-1

. Almeida

et al.

(2000d) apontam para um valor de

transmissividade de 39 m2

.dia-1

. A produtividade média (baseada em 132 leituras) é de

cerca de 5 l.s-1, podendo atingir valores máximos na ordem dos 36 l.s-1, podendo este

aquífero ser classificado como de produtividade média (Almeida

et al

., 2000d). Chambel

et al.

(2002), apoiados nos valores de caudal instantâneo de 10 furos determinaram,

para os Gabros de Beja, um valor médio de caudal instantâneo de 1,92 l.s-1.

A recarga faz-se directamente sobre os solos e rochas aflorantes sendo a área de recarga igual à área total do sistema aquífero (Fialho, 2003). Os valores de recarga

média apresentados por Duque (1997) correspondem aproximadamente a 9 hm3.ano-1,

representando uma taxa de recarga de cerca de 4% da precipitação. Paralta (2001) considera para valor médio de recarga um valor que pode variar entre os 10 e 20%. Este resultado foi estimado a partir do balanço de cloretos e do balanço hídrico entre a precipitação e as extracções contabilizadas na bacia hidrográfica em Pisões, em Beja. O

armazenamento permanente situa-se nos 87 hm3

(Ferreira

et al.

, 2000).

De acordo com Almeida (2000d), o sistema encontra-se em regime de equilíbrio, pelo que, em termos médios, as saídas são iguais às entradas. Estima-se que 86% das

saídas (7,75 hm3.ano-1) correspondam a extracções para abastecimento público e regadio

e os restantes 14% (1,25 hm3

.ano-1

) às descargas naturais do sistema. As águas apresentam uma fácies do tipo bicarbonatada cálcica ou calco-magnesiana sendo bastante mineralizadas.

Este sistema aquífero é explorado pelas Câmaras Municipais de Beja, Serpa e Ferreira do Alentejo e por particulares (Fialho, 2003).

O Quadro 2.12 resume os valores encontrados para os parâmetros hidráulicos e para o balanço hídrico referentes aos Gabros de Beja.

Quadro QuadroQuadro

Quadro 2. 2. 2.12 2.121212 ———— Resumo dos parâmetros hidráulicos e balanço hídricoResumo dos parâmetros hidráulicos e balanço hídricoResumo dos parâmetros hidráulicos e balanço hídricoResumo dos parâmetros hidráulicos e balanço hídrico para os Gabros de Beja

para os Gabros de Beja para os Gabros de Beja para os Gabros de Beja....

Parâmetro Parâmetro Parâmetro

Parâmetro Hidráulico Hidráulico Hidráulico Hidráulico Valores MédiosValores Médios Valores MédiosValores Médios Transmissividade Transmissividade Transmissividade Transmissividade 58 m2.dia-1a 4% a Taxa de recarga Taxa de recarga Taxa de recarga Taxa de recarga 10 — 20% b Produtividade média Produtividade médiaProdutividade média

Produtividade média 5 l.s-1c Armazenamento ArmazenamentoArmazenamento Armazenamento 87 hm3d 7,75 hm3.ano-1e Saídas Saídas Saídas Saídas 1,25 hm3.ano-1f Entradas EntradasEntradas Entradas 9 hm3.ano-1a a

Duque (1997); bParalta (2001); cAlmeida et al. (2000d); dFerreira et al. (2000);

e

Para abastecimento público e regadio; fDescargas naturais do sistema.

2.

2.2.

2.6666.3. Fisiografia.3. Fisiografia.3. Fisiografia.3. Fisiografia

A zona onde se enquadra o sistema aquífero dos Gabros de Beja deriva da grande peneplanície do Alentejo, da qual se salientam poucos e modestos relevos. Regra geral, esta unidade é uma aplanação bem conservada, por vezes muito perfeita, outras vezes com ondulações suaves correspondentes a rugosidades residuais ou resultantes do rejuvenescimento lento. De entre os relevos residuais podem-se destacar os morros de Beja e de Serpa. Na área de Beja a altitude da peneplanície varia entre 200 e 230 m, mas aparecem com frequência cotas entre 160 e 180 m bem como áreas bastante mais elevadas (Oliveira, 1992).

2. 2.2.

2.6666.3.1. Bacia Hidrográfica.3.1. Bacia Hidrográfica.3.1. Bacia Hidrográfica .3.1. Bacia Hidrográfica

Embora o sistema aquífero dos Gabros de Beja se localize nas bacias hidrográficas do Guadiana e Sado, praticamente 75% do aquífero está situado na bacia hidrografia do rio Guadiana.

A bacia do Guadiana caracteriza-se por apresentar uma área de 11300 km2

sendo delimitada a Norte pela bacia hidrográfica do Tejo, a Oeste pelas bacias dos rios Sado, Mira e Arade, a Sul pela bacia das ribeiras do Algarve e, finalmente, a Este pela fronteira com Espanha. O valor de evapotranspiração potencial média, calculada de acordo com o

valor de temperatura média diária e mensal, insolação, velocidade do vento e humidade, registados em 66 estações climáticas, é de 1229 mm. Este valor foi calculado considerando a série de valores correspondentes aos anos hidrológicos de 1941/42 a

1990/91. Por sua vez, o escoamento tem um valor de 1887 hm3

e foi calculado com base na modelação matemática dos processos hidrológicos que ocorrem na bacia em questão (PNA, 2002 — W 23).

Sendo a maior bacia hidrográfica inteiramente portuguesa, a bacia do Sado ocupa

uma área de 7692 km2

e, de entre estes, cerca de 153 km2

são ocupados pelos Gabros de Beja. Esta bacia apresenta uma orientação geral N — S e a sua largura é ligeiramente inferior ao seu comprimento. A Norte é delimitada pela bacia do Tejo, a Este pela bacia do Guadiana e a Sul e a Oeste pela bacia do Mira e por uma faixa costeira drenando directamente para o mar (Morais, 2000).

O valor relativo ao escoamento médio anual ponderado para o período compreendido entre 1941/42 e 1990/91 é de 175 mm, o que corresponde,

aproximadamente, a um escoamento global de 1460 hm3

. A irregularidade deste escoamento é muito acentuada, existindo grandes variações entre os anos mais secos e os anos mais húmidos. O período mais seco ocorre entre Maio e Outubro e o semestre húmido entre os meses de Novembro e Abril (Morais, 2000).

2. 2. 2.

2.6666.3.2. Dados Climáticos.3.2. Dados Climáticos.3.2. Dados Climáticos.3.2. Dados Climáticos

No que se refere ao clima, a região em estudo apresenta um clima mediterrânico de características temperadas, por vezes com períodos plurianuais de seca. Este facto deve- se à sua localização interior Sul que beneficia do anticiclone subtropical e das características do relevo. Os Verões são quentes e secos e os Invernos pouco chuvosos, muitas vezes com precipitação de carácter torrencial.

• Precipitação, evapotranspiração real e humidade do ar

De acordo com os dados do Instituto de Meteorologia (2004, W 12), verifica-se que na estação meteorológica de Beja (M = 23293 m; P= -183143 m) a precipitação total anual para o ano hidrológico de 2002/03 foi de 582 mm, valor semelhante ao encontrado

para os valores normais do período 1961 — 1990. No Anexo I (Fig. A1.1 a) mostra-se o mapa de superfície relativo à precipitação total para Portugal continental para a série 1931 — 1960 (Atlas do Ambiente, 2004 — W 13). Verifica-se que, de um modo geral, os valores encontrados para a série mais antiga são semelhantes àqueles da série mais recente. O Quadro 2.13 sumaria os dados disponibilizados pelo Instituto de Meteorologia relativos à precipitação para a estação de Beja.

Quadro 2. Quadro 2. Quadro 2.

Quadro 2.131313 —13——— Valores d Valores d Valores d Valores deeee precipitação precipitação ((((em mm) precipitação precipitação em mm)em mm)em mm) para a estação meteorolpara a estação meteorolpara a estação meteorológica de Bejapara a estação meteorológica de Bejaógica de Bejaógica de Beja (Fonte:

(Fonte: (Fonte: (Fonte: W 12W 12W 12).W 12).).).

Ano 2002/03 Ano 2002/03Ano 2002/03

Ano 2002/03 Valores extremosValores extremosValores extremosValores extremos Estação Estação Estação Estação meteorológica meteorológica meteorológica

meteorológica Total Total Total Total Anual Anual Anual Anual Máximo Máximo Máximo Máximo diário diário diário diário Valores normais Valores normais Valores normais Valores normais (1961/90) (1961/90)(1961/90) (1961/90) Média anua Média anuaMédia anua

Média anuallll Mínimo anualMínimo anualMínimo anualMínimo anual Máximo anualMáximo anualMáximo anual Máximo anual Beja

Beja Beja

Beja 582 58 586 207 979

Quanto à evapotranspiração real, o mapa de superfície colorida presente no Anexo I (Fig. A1.1 b) indica que os valores médios anuais medidos na região em estudo são dos mais baixos encontrados no nosso país (entre 400 e 450 mm).

No mesmo anexo pode observar-se a carta relativa aos valores médios anuais para a humidade do ar (Fig. A1.1 c). O sistema aquífero dos Gabros de Beja localiza-se numa zona com percentagens médias anuais de humidade entre 75 e 80%.

• Temperatura

Esta zona do Alentejo caracteriza-se por apresentar valores de temperatura média que variam entre os 15,0 e os 16,0 ºC (nas zonas ocidental e central do aquífero) e entre os 16,0 e 17,5 ºC no extremo oriental, perto de Serpa (Anexo I, Fig. A1.1 d). Estes dados baseiam-se nos valores médios anuais apresentados na versão online do Atlas do Ambiente (2004, W 17). Ao comparar estes valores com os dados disponibilizados pelo Instituto de Meteorologia (2004, W 16) para a estação meteorológica de Beja (resumidos no Quadro 2.14), verifica-se que as semelhanças são evidentes.

Quadro 2. Quadro 2.Quadro 2.

Quadro 2.141414 —14——— Valores d Valores d Valores deeee temperatura Valores d temperaturatemperaturatemperatura ((((em em ºCem em ºCºCºC)))) para a estação meteorolpara a estação meteorolpara a estação meteorológica de Bejapara a estação meteorológica de Bejaógica de Bejaógica de Beja (Fonte: (Fonte: (Fonte: (Fonte: W 16W 16W 16W 16)))).... Ano 2002/0 Ano 2002/0 Ano 2002/0

Ano 2002/03333 Valores extremosValores extremosValores extremosValores extremos Estação Estação Estação Estação meteorológica meteorológica meteorológica

meteorológica Média Média Média Média aaaanualnualnualnual

Valores normais Valores normais Valores normais Valores normais (1961/90) (1961/90) (1961/90) (1961/90) Média anual Média anual Média anual

Média anual Mínimo (Ano)Mínimo (Ano)Mínimo (Ano)Mínimo (Ano) Máximo (Ano)Máximo (Ano) Máximo (Ano)Máximo (Ano) Beja

BejaBeja

Beja 17,2 16,2 15,0 (1972) 18,6 (1950)

• Vento

A estação meteorológica de Beja apresenta valores relativos à frequência e velocidade do vento (para o período compreendido entre 1951 — 1960) bastante variados. Assim, 31% dos ventos são do quadrante W (65% destes apresentam uma velocidade entre 21 e 51 km/h e os restantes 35% entre 6 e 21 km/h), enquanto que 19% sopram de NW. Neste último caso, velocidades que variam entre 6 e 21km/h são as mais frequentes. Ventos provenientes de N contribuem com 14% das existências e para os restantes

No documento Arsénio em águas subterrâneas em Portugal (páginas 120-132)