• Nenhum resultado encontrado

Benchmarking Index (BMindex)

No documento Manual do benchmarking (páginas 64-69)

O Benchmarkindex (BMindex) foi desenvolvido em 1996 pelo Department of Trade and Industry (DTI) da Inglaterra e difundido através do projeto Regions Enterprises European Transnational Co-operation Actions (REACTE), nos anos de 2000 a 2002, quando foram criados oito centros de benchmarking europeus. O REACTE foi apoiado pela União Europeia com o objetivo de comparar PMEs europeias e reduzir gaps entre empresas e regiões. Ao todo foram cadastradas 1101 em- presas indústrias e 289 empresas de serviços (MERTINS; KOHL, 2009). Os principais resultados deste estudo europeu com BMindex foram:

existem grandes diferenças entre as PMEs dos países pesquisados;

existe uma grande lacuna entre as melhores empresas ranque-

adas e as piores. As 25% do nível inferior geram menos do que a metade das vendas por funcionários e menos do que 15% do lucro das empresas do nível superior;

mais de 25% das indústrias da amostra estão perdendo valor, ou seja, a rentabilidade do capital investido é menor do que o custo do capital;

mais de 50% das PMEs da amostra não investe em P&D;

as empresas situadas no quartil inferior recebem o dobro de

reclamações do que as situadas no quartil superior;

os funcionários estão insatisfeitos. As empresas do nível infe- rior precisam renovar anualmente 20% da sua força de trabalho e 30% dos recrutados não icam mais de seis meses na empresa.

O BMIndex é um sistema computacional que, através de um ques- tionário (Apêndice A), permite que empresas possam ser comparadas entre si. Este sistema funciona em rede, sendo que, após a inserção de dados, é possível gerar relatórios on-line. A empresa só é identiicada uma vez no país de origem. O BMIndex objetiva comparar PMEs de até 500 colaboradores e 100 milhões de euros de faturamento anual

Estudos da Pós-Graduação 64

(GÖRME; KOHL,2009). Possui 34 indicadores qualitativos e 69 quanti- tativos (Anexo B) com dados inanceiros e de gestão, assim estruturados (KOHL, 2007 e RIBEIRO, 2004):

indicadores qualitativos discretos baseados nos critérios

do Modelo de Excelência Empresarial do European Foundation for Quality Management (EFQM): Liderança, Política e Estratégia, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Recursos, Processos de Negócio, Satisfação de Clientes Externos e Internos, Impacto na Sociedade e Resultados Operacionais;

indicadores quantitativos do tipo contínuo (ver apêndice A e B):

indicadores inanceiros: Rentabilidade (1 a 7), Gestão

Financeira (8 a15), Produtividade (16 a 19), Crescimento (20 a 22) e Investimento (40 a 45);

indicadores de gestão: Satisfação do Cliente (23 a 28),

Satisfação de Pessoas (29 a 34), Satisfação dos Funcionários (35 a 39), Inovação (45 a 51), Produção (52 a 63) e Fornecedores (64 a 66).

A Figura 8 apresenta a estrutura dos indicadores. Os resultados são comparados com a média da amostra do banco de dados. Os nomes das empresas não são conhecidos.

Figura 8- Estrutura dos indicadores do BMindex Fonte: Kohl (2007).

MANUAL DO BENCHMARKING: um guia para implantação bem-sucedida 65

Os indicadores quantitativos são coletados através de um ques- tionário (Apêndice A) com informações referentes ao desempenho nos dois últimos períodos (anos). Os valores informados geram os índices inanceiros referenciados no Apêndice B.

Exempliicando o índice inanceiro “rentabilidade do capital investido (I2 do Apêndice B)” é obtido pela equação I2 = [Q7 / (Q17 + Q18 + Q19)] x 100, ou seja, das informações retiradas do questio- nário (Apêndice A), como segue: Q7 = Lucro antes dos impostos, Q17 = Crédito de longo prazo, Q18 = Outros ativos de longo prazo e Q19 = Capital próprio.

O teste de liquidez imediata (I9), também conhecido como acid test, mostra a capacidade da empresa em cumprir com os seus compro- missos inanceiros de curto prazo. Ele é calculado a partir da fórmula I9 = (Q10 + Q12 + Q13) / (Q14 + Q15 + Q16), conforme descrito no Anexo B. Espera-se que as empresas apresentem um desempenho su- perior a 1. Este indicador de insolvência inanceira é um dos principais motivos para o fechamento de PMEs.

A segmentação das empresas é feita por critérios como país de origem, faturamento, número de trabalhadores e código de classiicação industrial da EU (NACE) similar ao internacional (SIC). Este código, exempliicado no Quadro 13, permite classiicar empresas em 961 ati- vidades. O BMindex utiliza o NACE em três níveis.

Exemplo de codiicação SIC/NACE:

Quadro 13 - Codiicação SIC/NACE

Fonte: Kohl (2007).

Embora o SIC permita uma comparação internacional por ativi- dades, muitas vezes as empresas preferem se comparar com outras de

Ex.: 3465 Signiicado

3 Manufatura

34 Produtos metálicos

346 Forjaria ou estamparia

Estudos da Pós-Graduação 66

atividades ou setores mais dinâmicos. Comparação com SIC de mais níveis exige um número mínimo de empresas cadastradas no banco de dados naquela atividade especíica. Indica-se um mínimo de dez em- presas para emitir relatório.

Este modelo possui as seguintes etapas programadas para serem realizadas em três dias:

1.

preenchimento do questionário pela empresa (até oito horas de duração);

2.

validação dos dados preenchidos (consultor credenciado e li- mites estabelecidos);

3.

transferência das informações validadas para o banco de dados (consultor);

4.

elaboração do relatório (consultor credenciado através do banco de dados);

5.

elaboração do plano de ação (empresa com auxílio do consultor).

Os relatórios gerados apresentam informações e gráicos seg- mentados por atividades, localidades e quantidades de funcionários. O faturamento pode ser classiicado em 0-1, 1-5, 5-10, 10-50, 50-100 e maior do que 100 milhões de euros. A segmentação por quantidade de funcionários varia de menor de 10, 20, 50, 100, 250 e de 500, e maior do que 500. Após informar os parâmetros, são gerados os relatórios com o posicionamento comparativo da empresa da seguinte maneira:

Quadro 14 - Critério para o posicionamento de uma empresa

Fonte: Kohl (2007).

Um exemplo de relatório BMindex, mostrando o posicionamento relativo de uma empresa, é apresentado no Quadro 15. A empresa estu- dada está na posição 69 de um total de 181 empresas no critério lucro líquido por faturamento. Ela apresentou o lucro líquido de 6.315 euros

No quartil Valor correspondente à posição de: Posição da empresa na amostra

Valor inferior Pior valor ou desempenho encontrado Última posição Quartil inferior Valor do desempenho de 25% Superior a 25% da amostra

Mediana Valor da mediana de 50% Equivalente a 50% da amostra Quartil superior Valor relativo à posição 75% Superior a 75% da amostra

MANUAL DO BENCHMARKING: um guia para implantação bem-sucedida 67

(€) por funcionário, sendo que o menor lucro por funcionário encon- trado na amostra foi de 153 € e o maior de 21.171 €. Uma empresa que teve o lucro líquido por funcionário de 7.963 € icaria na posição de 75% da amostra. Qualquer faturamento superior a este, colocaria a empresa entre as 25% melhores (quartil superior).

Quadro 15 - Posicionamento das empresas

Fonte: Görmer e Kohl (2009).

Este relatório mostra claramente o posicionamento individual de uma determinada empresa. É possível visualizar se o seu desempenho está entre as melhores, as piores ou na média. As seguintes perguntas são respondidas: A sua prática leva à excelência ou à posição média? Ela é líder ou seguidora? Qual é o seu posicionamento em relação às demais?

Para aumentar a segurança dos dados estatísticos são retirados 5% dos valores superiores e inferiores da amostra e esta não pode ser de ta- manho inferior a dez empresas. A atualização do banco de dados é feita anualmente pela retirada de dados com mais de três anos. A descrição estatística dos quartis é detalhada no capítulo. 6 pela ferramenta boxplot.

Kohl (2007) observa que, na apresentação do relatório, são feitos alguns cálculos (ver equações do Apêndice B) que o torna diferente da estrutura do questionário (apêndice A) e isto pode diicultar a aceitação do modelo, principalmente por PMEs.

Observa-se que o BMindex proporciona uma visão mais abran- gente e estratégica que o modelo anterior, mas, por outro lado, exige maior esforço multifuncional no preenchimento do questionário e na

Indicador Posição Valor Menor 25% 50% 75% Maior Tamanho

relativa absoluto valor Valor da

amostra Lucro líquido/ no de funcionários 69 6.315 153 1.457 3.895 7.963 21.171 181 Faturamento/no de funcionários 79 11.321 48.762 66.307 84.319 105.081 204.935 181 Valor Agregado/Faturamento 95 66.661 5.886 23.948 30.745 40.287 83.397 181

Estudos da Pós-Graduação 68

sua interpretação. Para melhorar o desempenho dos indicadores, é ne- cessário identiicar as práticas relacionadas.

Ribeiro (2004) aplicou o modelo em diversas empresas portu- guesas e relata que uma estrutura relacional entre os fatores críticos e os indicadores inanceiros, qualitativos e de gestão facilitaria a realização da análise dos indicadores e dos relatórios.

Para inalizar, observa-se que este modelo oferece indicadores, dados e fatos fundamentais para o controlling de uma empresa. O BMindex é uma ferramenta de controle gerencial e pode antecipar a direção dos pontos fortes e áreas de melhorias, comparativamente com outras empresas do mesmo setor.

Um exemplo prático da aplicação deste modelo é descrito no capítulo 7. Os indicadores de desempenho são agrupados em Rentabilidade, Gestão da Inovação, Satisfação dos Colaboradores e Produtividade, comparando um grupo de empresas portuguesas de componentes automotivos com as do BMindex. O modelo seguinte possui uma proposta de complementar o BMindex, facilitando sua aplicação. Os índices do BMindex foram agrupados nas perspectivas do Balanced Scorecard (BSC).

No documento Manual do benchmarking (páginas 64-69)