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Benefícios do Incentivo Fiscal da Inovação Tecnológica

2.3 Incentivo Fiscal da Inovação Tecnológica

2.3.2 Benefícios do Incentivo Fiscal da Inovação Tecnológica

Em 21 de novembro de 2005, foi publicada a Lei 11.196 (também conhecida como Lei do Bem), que introduziu no sistema tributário o incentivo fiscal da inovação tecnológica. Desde sua edição, a Lei do Bem passou por diversas alterações: foi regulamentada pelos Decretos 5.798/2006, 6.260/2007, 66.909/2009 e alterada pelas Leis 11.487/2007, 11.774/2008.

Segundo audiência pública realizada em 2004 pela Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Júlio Semeghini, a criação da Lei do Bem teve a seguinte justificativa:

Mesmo com dificuldades históricas, o Brasil construiu um significativo parque científico e tecnológico. Atualmente constam quase 80 mil pesquisadores. Já avançou bastante na implementação de uma infra-estrutura de laboratórios, de recursos humanos trabalhando no Brasil, o que já permitiu, há alguns anos, começarmos a pensar em trabalhar um terceiro aspecto importantíssimo para o País, a fim de que tenhamos uma cultura e uma política de inovação bastante efetiva e abrangente, cobrindo a maior parte das empresas no trabalho institucional. Ou seja, precisamos melhorar e modernizar as nossas instituições para que possam ser mais ágeis e tratar melhor o financiamento da pesquisa e da tecnologia, que não é o mesmo que comprar produtos de uma cesta geral como o serviço público faz. O financiamento da pesquisa tem algo de específico, de particular, que deve ser considerado. Essa melhoria institucional já vem sendo construída ao longo dos anos.

Em resumo, as principais justificativas apresentadas para criação da Lei do Bem foram:

 promoção da inovação tecnológica nas empresas;

 criação e apoio das atividades tecnológicas no âmbito das empresas;  investimento de aproximadamente 1,5% do PIB em ciência e tecnologia;  apoio financeiro às atividades de PD&I;

 inserção de pesquisadores nas empresas (crédito, bolsa de cessão de pesquisadores na empresa e subvenção);

 cooperação entre empresas e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT);

 divulgação dos programas e instrumentos de apoio na área de ciência e tecnologia;  capacitação de recursos humanos para inovação;

 implementação de centros de P&D nas empresas;  aumento de competitividade nas empresas.

De forma geral, a Lei do Bem se aplica às empresas consideradas inovadoras que realizam pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica, desde que suas atividades estejam relacionadas: à concepção de novos produtos ou processos de fabricação, à agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo já existente que implique melhorias incrementais e efetivos ganhos de qualidade e/ou de produtividade, resultando em maior competitividade.

Enquadrando-se nos critérios mencionados, essas empresas poderão usufruir dos seguintes incentivos fiscais, demonstrados no Quadro 4:

Quadro 4: Incentivos fiscais da inovação tecnológica

Ordem Incentivos Fiscais da Inovação Tecnológica

1

Dedução do IRPJ e da CSLL dos Gastos com Pesquisa Tecnológica e Desenvolvimento de Inovação Tecnológica.

2

Redução de 50% do IPI sobre os equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos novos destinados às atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

3

Depreciação integral no próprio ano da aquisição dos equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos novos destinados às atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

4

Amortização acelerada dos dispêndios relativos à aquisição de bens intangíveis vinculados às atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

5

Crédito do IRRF incidente sobre os valores pagos ou remetidos ao exterior a título de Royalties de assistência técnica ou científica e de serviços especializados previstos em contratos de tranferência de tecnologia averbados ou registrados.

6

Redução a zero da alíquota do IRRF nas remessas efetuadas para o exterior destinadas ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares.

7

Exclusão no IRPJ e da CSLL no valor correspondente a 60% da soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

8

A exclusão menicionada poderá atingir 80% dos dispêndios em função do número de empregados pesquisadores contratados.

9

Exclusão no IRPJ e na CSLL no valor correspondente a 20% da soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, objeto de patente concedida ou cultivar registrado.

10

Exclusão no IRPJ e na CSLL dos dispêndios efetivados em projetos de pesquisa científica e tecnológica e de inovação tecnológica a serem executados pela Instituição Científica e Tecnológica (ICT).

11

Poderão ser depreciados ou amortizados, ou, ainda, o saldo não depreciado ou amortizado excluído na apuração do IRPJ e da CSLL, os valores relativos aos dispêndios incorridos em instalações fixas e na aquisição de aparelhos, máquinas e equipamentos, destinados à utilização em projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, metrologia, normatização técnica e avaliação de conformidade, aplicáveis a produtos, processos, sistemas e pessoal, procedimentos de autorização de registros, licenças,

homologações e suas formas correlatas, bem como relativos a procedimentos de proteção de propriendade intelectual.

12

Dedução do IRPJ e da CSLL no valor correspondente a 160% dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, relativamente às atividades de informática e automação.

13

A dedução mencionada poderá chegar a 180% dos dispêndios em função do número de empregados pesquisadores contratados pela pessoa jurídica.

Entretanto, para a utilização desses incentivos, as empresas deverão observar as seguintes exigências descritas no Quadro 5:

Quadro 5: Exigências para utilização do incentivo fiscal da inovação tecnológica

Ordem Exigências para utilização do Incentivo Fiscal da Inovação Tecnológica

1

Os dispêndios com inovação tecnológica e o desenvolvimento de inovação tecnológica devem ser realizados no Brasil e destinados a empresas e órgãos previamente aprovados pela Instituição Científica e Tecnológica (ICT).

2

Anualmente, a empresa fica obrigada a prestar em meio eletrônico as informações sobre os programas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação.

3

Deve-se apurar o Imposto de Renda e a Contribuição Social com base no Lucro Real.

4

Deve-se manter o controle sobre todos os gastos com inovação tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

5 Deve-se comprovar a regularidade fiscal.

Fonte: Lei 11.638/07

O descumprimento de qualquer obrigação assumida para a obtenção dos incentivos, bem como a sua utilização indevida, implicará a perda do direito aos incentivos ainda não utilizados e o recolhimento do valor correspondente aos tributos não pagos em decorrência dos incentivos já utilizados pela empresa, com os devidos acréscimos legais (sem prejuízo das sanções penais cabíveis).