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Conforme o mundo foi se desenvolvendo, com ele, novas tecnologias surgiram, a quantidade de informação cresceu, extraordinariamente, e o contexto do conhecimento

sofreu uma enorme evolução, assim também foi necessário que as bibliotecas acompanhassem essas evoluções, adaptando-se à modernidade para atender seus leitores.

O livro que veio das tabuinhas, dos papiros, dos pergaminhos e, durante muito tempo se estabilizou no papel, passou por uma nova evolução, saindo do papel e passando para o digital, oferecendo novas oportunidades de acesso às informações na sociedade, sem contar a facilidade temporal, que permitiu um acesso quase instantâneo a informação, o que antes demorava dias para chegar ao leitor, agora poderia ser acessado quase que com um piscar de olhos.

É incontestável que nos últimos séculos o processo tecnológico permitiu que as inovações fossem aceleradas, a popularização da eletricidade nas cidades fez com que o rádio, a TV e, posteriormente, a Internet, servissem para aproximar as pessoas e principalmente entre as informações que podem gerar o conhecimento. O relacionamento com essas inovações tecnológicas impactaria, diretamente, na forma que o indivíduo passaria a se relacionar com a informação e com a leitura.

Bem diferente da Idade Média, em que para ter acesso à informação era um processo quase impossível; neste novo contexto o homem é quase que sufocado de tanta informação, como podemos ver:

Com a internet muitas barreiras que se antepunham ao conhecimento ruíram – ainda que se levantassem outras. Ela possibilita, na prática, mesmo com obstáculos a serem superados, o acesso ao conhecimento de forma menos onerosa e mais ampla. Não é mais o indivíduo que persegue a informação, mas as informações que soterram o indivíduo quando ele ousa acionar uma ferramenta de busca na internet. (MILANESI, 2002, p. 51)

Depois de anos com o papel sendo o principal suporte da informação, no final do século XX, surge uma nova revolução relacionada ao material em que seria registrada a informação. O papel daria lugar ou, pelo menos, passaria a dividir sua funcionalidade com os documentos online, em que teriam destaques os e-books. Estes passaram a ser disponibilizados por meio do Projeto Gutemberg, idealizado por Michael Hart, no ano de 1971, em que os e-books eram disponibilizados on-line em formato TXT para serem baixados por seus usuários.

Contudo, é apenas, no ano de 1998, com a criação de aparelhos e de softwares voltados para leitura de livros digitais que este passa a ser mais conhecido e utilizado. Estes novos suportes informacionais surgem com diversas funcionalidades que melhoram ou, pelo menos, tem a intenção de melhorar o ato da leitura, conforme nos é apresentado a seguir:

[...] O aparelho possui funcionalidades como paginação, mudança de orientação de página, marcação de página, destaque de texto, anotações do leitor, busca por texto, além de luz interna para leitura no escuro. A maioria desses recursos não pode ser usada no exemplar de papel, o que confere outra vantagem ao livro digital. (MESQUITA; CONDE, 2008, p. 3)

Como ressalta os autores na citação anterior, percebemos que o livro digital apresenta algumas funções ou facilidades que não podem ser encontradas nos livros de papel, ou seja, a tecnologia oferece à leitura novas possibilidades, permitindo que os leitores, talvez interessem-se mais pela leitura, de acordo com as facilidades do novo suporte.

Ainda apoiados nas palavras de Mesquita e Conde (2008), além das facilidades relacionadas ao texto, temos facilidades relacionadas com a locomoção, pois imagine o quão mais confortável é transportar um livro extenso em uma plataforma de leitura digital que lhe possibilita ler com mais facilidade em qualquer local, como metrô, ônibus ou outro meio de transporte. Outra facilidade que temos é a possibilidade de pesquisa online, não sendo necessário ir em busca de outros livros para sanar uma dúvida que apareça ou buscar alguma referência intertextual, por exemplo.

Após a Segunda Guerra Mundial, as bibliotecas viram o surgimento dos computadores, mas não conseguiram, pelo menos no primeiro momento, acompanhar a utilidade desta nova ferramenta que muito serviria para o desenvolvimento de seus serviços. Durante muito tempo os computadores serviam apenas como ferramenta utilizada pelos cientistas.

Nas bibliotecas, quase ninguém conseguia encontrar uma boa utilização para os computadores, era quase impossível conceber a troca das fichas de assuntos que se encontravam em enormes armários, as tabelas de classificações e os manuais de catalogações, por máquinas, que, mesmo grandes no início, agilizavam o processo de busca daquilo que interessava ao leitor.

No decorrer do tempo, as enormes máquinas foram assumindo uma nova roupagem, tornando-se menores e com capacidade de armazenar muito mais informações do que quando foram criadas, sem contar a possibilidade de interação entre computadores que foi um grande avanço tecnológico, iniciando a internet, que consentia que computadores estivessem conectados em redes.

O surgimento da internet proporcionou uma mudança fundamental no processo de gestão de informação, em que as pessoas teriam mais facilidades para chegar ao conhecimento desejado. Com os computadores e uma linha de telefone para conectar com

a internet, as pessoas poderiam acessar os mais diversos conhecimentos, nos mais diversos cantos do mundo.

Outro ponto importante que viria com a tecnologia seria a facilidade de selecionar de forma mais precisa a informação desejada, haja vista que a produção de informação cresceu, exorbitantemente, precisando ser melhor selecionada para atender as necessidades dos que os buscavam. Desta forma, o leitor teria mais possibilidades de leitura, mas a internet disponibilizava informações que precisavam ser tratadas para atender à necessidade deste leitor; assim, passaria a biblioteca ter uma nova função.

Com o desenvolvimento tecnológico, mais uma vez, várias mudanças relacionadas ao leitor e às bibliotecas passam a acontecer. O leitor, além de ter mais possibilidades de acesso à leitura e à informação, passou a ter a oportunidade de assumir a dualidade leitor/escritor, como descreve Milanesi (2002, p. 32), ao dizer que “[...]caía a barreira entre o escritor e o leitor: todos podiam desempenhar esses dois papéis”.

No que se relaciona às bibliotecas, tornava-se necessário desenvolver novas formas de atender a seus usuários, elas continuariam oferecendo informação por meio dos livros, mas precisava se adequar às tecnologias, desenvolvendo soluções para se adequar à função de auxiliar na busca e na utilização da informação. Em um primeiro momento nas bibliotecas, o computador era visto apenas como um instrumento de pouca utilidade e, ainda, com preço alto. Porém, com o passar do tempo com a popularização dos computadores as bibliotecas mudaram sua visão e começaram a se abrir para o uso das tecnologias, conforme podemos observar a seguir:

Só posteriormente, com a popularização dos computadores, é que se percebeu que a informação é a razão da Biblioteconomia e que os computadores são as máquinas que tornam a informação mais acessível e que a informática e informação não só têm a mesma raiz etimológica como são indissociáveis. (MILANESI, 2002, p. 49)

Desta forma, a biblioteca passou a utilizar a informática, a tecnologia para oferecer melhores formas de acesso a informação, agora os usuários das bibliotecas poderiam buscar as informações com mais facilidade e principalmente com mais eficácia, eliminando as informações desnecessárias que antes eram recuperadas junto com as informações que interessavam.

Se antes os atendentes das bibliotecas apenas direcionavam a informação solicitada pelo leitor, agora, a biblioteca tinha o papel de ajudar o leitor no processo de seleção da informação, principalmente, com a habilidade de separar informações verdadeiras e seguras, de outras que não atendiam a necessidade do leitor.

Com este desenvolvimento tecnológico, surge, então, as bibliotecas digitais, utilizadas para que a informação adentre no novo contexto dinâmico que a internet apresentou para a humanidade. A partir do pensamento de Murilo Bastos da Cunha (2008), vemos que a biblioteca digital ainda segue alguns padrões das bibliotecas convencionais, em que além da organização, temos também a estrutura e a forma de coleta de informação, mas de forma digital por meio da informática.

As bibliotecas digitais surgem com a capacidade de agregar um número infinitamente superior de informações, sem contar que permite um acesso mais ágil e de qualquer lugar do mundo, além da possibilidade de um melhor armazenamento e recuperação daquela. E, no que tange à recuperação, temos um diferencial maior:

[...] possui a capacidade de executar estratégias de buscas por palavras isoladas ou por expressões inteiras, e o conteúdo informacional – seja ele na forma textual, sonora ou em imagens – não sofre os desgastes naturais decorrentes do uso intensivo do documento impresso. (CUNHA, 2008, p. 5).

Segundo Cunha (2008), a forma de recuperar a informação se torna mais eficaz com as bibliotecas digitais, o que antes era feito por meio de fichas ou de livros de referências, passou a ser feito direto no computador, melhorando o tempo gasto e fazendo com que o leitor realize sua busca não apenas por assuntos específicos, mas por diversas formas que abrangem mais as possibilidades de respostas. Além disso, é importante ressaltar a questão da conservação do material utilizado, pois nas bibliotecas convencionais, os livros, ao serem muito utilizados, deterioram-se, o que não acontece com a informação digital.

Enfim, as bibliotecas digitais chegam como uma nova possibilidade de acesso ágil e fácil à informação, além de permitir uma quantidade maior de informações disponíveis para acesso e utilização de todos. Outro ponto importante é a possibilidade de armazenar diversos tipos de materiais como mapas, slides, filmes e etc. tendo mais facilidade de recuperação de acordo com a necessidade de cada usuário.

E com as bibliotecas digitais também aparece um novo perfil de leitor, mais independente e cheio de possibilidades de encontrar as leituras que lhe interessam. A leitura se torna mais possível e com mais agilidade, podendo o leitor escolher a melhor forma de ler e de armazenar o que leu.