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BIBLIOTECA PÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL: CONTEXTUALIZAÇÃO

6. REVISÃO DE LITERATURA

6.1. DA EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL

6.1.1. A BIBLIOTECA COMO CENTRO SOCIAL E INFORMACIONAL

6.1.1.4. BIBLIOTECA PÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL: CONTEXTUALIZAÇÃO

Brasília, a Capital Federal do Brasil foi, construída por brasileiros de todas as regiões do país num esforço sobre-humano. Inaugurada no dia 21 de abril de 1960, data cívica que homenageia Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira.

Em 19 de setembro de 1956, Juscelino Kubitschek sancionou a lei que determinava a transferência da capital e autorizava a criação da Novacap, (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), empresa responsável pelas obras civis da futura cidade.

O Plano do Governo do Presidente Juscelino Kubitschek (1956 – 1961) foi concretizado ao transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do País, com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais e promover o desenvolvimento econômico, antes concentrado no litoral sul e, ainda, reequilíbrar cerca de quase dois terços do território nacional que se encontrava vazio e quase inabitado no interior do país.

Conhecida como a Capital da Esperança, Brasília surgiu num momento de grande efervescência política e econômica.

Embora Brasília seja uma cidade nova, o projeto de construção da capital vem desde a época do Brasil Império. Em 1823, José Bonifácio apresentou um projeto para mudança da capital, sugerindo o nome "Brasília", mas o então governante, D. Pedro I, dissolveu a Constituinte antes que ela pudesse aprovar o projeto. No final do século XIX, uma missão explorou o Planalto Central e demarcou uma área de 14.000 km2 para a construção da futura capital. Em 1955, o então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek, foi indagado durante um comício na cidade de Jataí, interior de Goiás se, caso ele fosse eleito, faria respeitar a Constituição e transferiria a capital para o Planalto Central. Juscelino prometeu que sim, e cinco anos mais tarde Brasília foi inaugurada.

No livro de memórias Porque Construí Brasília (1975), Juscelino Kubitschek dizia que todas as grandes iniciativas surgiram de um quase nada ao lembrar-se do episódio de Jataí.

Reconhecida pelo seu modelo urbanístico e arquitetônico, Brasília é consagrada internacionalmente. Em 1987, o conjunto urbanístico básico foi elevado à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Foi a primeira cidade do século XX a merecer o título, mesmo sem estar completamente construída. O tombamento de Brasília possui um caráter inédito, uma vez que nenhuma outra cidade nova foi tombada. Outra diferença é que o tombamento da capital da República engloba todo o conjunto urbanístico, arquitetônico e ambiental enquanto que em outras cidades históricas o tombamento é apenas arquitetônico.

O local que abriga o Distrito Federal tinha, no fim dos anos 1950, uma densidade demográfica de meio habitante por quilômetro quadrado. Hoje são mais de tinta e cinco. Localizado em uma área de 5.822 quilômetros quadrados no Centro do Planalto Central, o Distrito Federal é formado por 29 Regiões Administrativas e 24 Subadministrações. Com exceção de Brasília, que é conhecida como o Plano Piloto, as demais áreas são denominadas cidades-satélites. O Distrito Federal está situado em área de cerrado, um dos mais ricos ecossistemas do mundo em biodiversidade. Embora no passado o cerrado tenha sido devastado sem critério, hoje a preocupação com a preservação do equilíbrio ambiental dessa área é grande e por isso existem inúmeras unidades de conservação no território do DF, com diferentes critérios de destinação.

Em 1957 quando se iniciou a construção da Capital, Brasília tinha uma população de 12.000 habitantes. Projetada para 500 mil, Brasília tem hoje 2.051.146mil habitantes conforme dados do IBGE-CODEPLAN-IDAHAB/DF de 2000. O fluxo migratório para Brasília, em busca das oportunidades que surgiam no Planalto Central, gerou ocupações irregulares, o que comprometeria seriamente o projeto original da cidade, não fosse a intervenção do Governo do Distrito Federal, para garantir a marca de sua origem: o planejamento, a intervenção do poder público, a favor da coletividade, o progresso beneficiando o homem.

Em 1980, o Distrito Federal tinha mais de 60 invasões que abrigavam 150 mil famílias em pontos diferentes do Plano Piloto e cidades-satélites, que viviam em condições subumanas, em barracos de madeira e lona, sem acesso aos serviços sanitários básicos. O grande desafio era retomar o planejamento da cidade. A partir de 1988, a situação começou a ser mudada e em 1991, o problema de habitação tornou-se prioridade para o governo. Novas cidades foram criadas e a Região Metropolitana tem o menor percentual de famílias ocupando áreas urbanas informacionais, segundo dados do IBGE. Do total de domicílios do DF, entre 6 % e 7 % podem ser considerados nesta situação, enquanto o índice nacional chega a 40%.

A favor da urbanização organizada, o governo tinha em suas mãos 90% das terras públicas desocupadas, o que dispensou burocracias e redução de custos para a promoção dos assentamentos. Era preciso apenas identificar as áreas e fazer estudo de impacto ambiental para receber os novos adensamentos populacionais.

Uma série de obras impediu que o Distrito Federal se degradasse e reordenou sua urbanização, mantendo suas características originais e preservando o meio ambiente.

Porém, o problema de moradia não se restringia apenas à população de baixa renda. O grande desafio hoje das autoridades do Distrito Federal é identificar e regularizar uma série de condomínios de classe média que foram se espalhando pelas imediações da cidade de forma clandestina.

Tal situação cria uma gama de conseqüências, como a ocupação de terrenos legais por grileiros, a favelização das cidades satélites e prejuízos ao meio ambiente.

Como capital do país, centro administrativo de onde emanam as principais decisões políticas e econômicas, a cidade é referência mundial. Hoje Brasília, uma das maiores metrópoles brasileiras, possui autonomia política, administrativa e tem vida própria. Possui uma cobertura de 92% de água potável, 98% de rede elétrica, 98.9% de crianças matriculadas na escola (Ensino

Fundamental) e o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,844, o que faz com que ela tenha o maior nível de qualidade de vida do Brasil.

Sede da burocracia estatal recebe bem os turistas e os homens de negócios. O grande desafio para o Governo do Distrito Federal é permitir que a cidade continue crescendo e ao mesmo tempo preservar Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade.

O acerto do projeto do presidente Juscelino Kubitschek, muito contestado na época, é consenso nacional. É quase impossível imaginar hoje como seria o Brasil sem Brasília, sem a interiorização demográfica e econômica que sua existência provocou.