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1.2 Onze países: Onze Bienais de Arquitetura

1.2.11 Bienal do Brasil

Para entender o aparecimento da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, BIA, é preciso remontarmos a criação das Bienais Internacionais de Arte de São Paulo, organizadas pelo Museu de Arte Moderno MAM39, em outubro de 1951. Foi sobre essas Bienais do MAM, que

aconteceriam desde essa data, e em paralelo, as mostras de arquitetura paulistanas. Designadas como Exposições Internacionais de Arquitetura EIAs, essas exposições, significariam um balanço do que estava acontecendo no âmbito da arquitetura mundial e, claramente, sobre a já conhecida arquitetura brasileira que se circulava no mundo40. Sem ser ainda um evento exclusivo de

arquitetura, mas apenas um segmento, identificava-se, nas EIAs, os modelos de convocatória que temos visto nas demais Bienais latino-americanas. Para o nosso entendimento, esclareça-se dois aspectos importantes a serem ressaltados sobre essas mostras iniciais de arquitetura: o primeiro, o fato de serem convocatórias internacionais; e o segundo, serem as pioneiras, não como evento exclusivo de arquitetura, mas sim como iniciativa de exposição com formato de premiação Bienal de arquitetura no território Latino-americano. O que, guardadas as devidas proporções temporais, estaria mais próxima da Bienal Internacional de Buenos Aires, como modelo de difusão e intercâmbio

39 Segundo os regulamentos incluídos na pesquisa do (TARSO, 2008), dentro da organização destas exposições

também participou o Instituto de Arquitetos do Brasil IAB.

40 As pesquisas de (HERBST, 2007) e (TARSO, 2008), fazem referência a utilização destas plataformas Bienais na

consolidação do imaginário arquitetônico moderno brasileiro. Figura 24: Cartaz X BIA, 2013. Fonte:

Disponível em:

<http://www.iabrj.org.br/chamada- aberta-de-trabalhos-da-x-bienal-de- arquitetura-e-prorrogada/x-bienal- chamada-aberta>.

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da produção arquitetônica global.

As primeiras seis EIAs, entre 1951 e 1961, estiveram sobre a responsabilidade do MAM. A partir de 1963, e ao longo das seguintes cinco edições, até 1971, o segmento da exposição passaria a ser dirigida pela Fundação Bienal, junto com o Instituto de Arquitetos do Brasil, IAB. Dessa forma, aconteceriam somente duas edições das mostras, a VII EIA, em 1965, e a VIII EIA, em 1969, embora tenham ocorrido, no seu lugar, outras atividades que faziam parte da exposição, como os Concursos Internacionais de Escolas de Arquitetura CIEA, os Concursos Nacionais de Escolas de Arquitetura CNEA e o Concurso Latino Americano de Escolas de Arquitetura, CLAEA. Só em 1973 é que as EIAs ganham a sua autonomia como evento independente de arquitetura, tornando-se as atuais BIAs. Contudo, a iniciativa viu-se truncada por uma longa pausa de quase vinte anos, que ameaçou a desaparição desses concursos. Assim, após a primeira edição da BIA, em 1973, a segunda ocorreria somente em 1993; quanto à III BIA, aguardou-se mais quatro anos, realizando-se em 1997. Poderia destacar-se a primeira edição que ocorreria conforme o formato Bienal à IV BIA, em 1999. A partir dessa edição ter-se-ia alcançado uma certa continuidade nos eventos, ressalvando-se as pausas de 2001 e a recente, de 2015, quando não foram realizadas. A última Bienal ocorreu em 2013, a BIA X.

Com todas as transformações que se supõe terem acontecido ao longo do desenvolvimento dessas Bienais, incluindo a irregularidade e a descontinuidade dos diferentes programas e atividades paralelas que aconteciam no âmbito destas mostras, ainda teria se mantido a feição de convocatória internacional. De maneira similar, dentro da passagem das EIAs para as BIAs, a prática das mostras ou exposições

internacionais, também teriam se preservado como essência. Se bem que, nem sempre essas práticas abrangeram premiações, como inicialmente ocorreu. Nesse sentido, poderíamos relacionar esses vários desdobramentos da trajetória da Bienal, a uma das razões pelas quais não exista uma tradição de continuidade de um Grande Prêmio Bienal. Olhando brevemente para os regulamentos das primeiras EIAs41 vemos que, foi entregue, entre outros prêmios, o “Grande Prêmio Internacional

41TARSO, Paulo, Arquitetura nas Bienais Internacionais de São Paulo (1951 – 1961). Dissertação de Doutorado,

FAUUSP, 2008.

Figura 25: Exposição internacional da Dinamarca na IX BIA, Edifício da Oca. Fonte: Disponível em:

<http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/213/artigo243057-1.aspx >. Acesso em: 20 Fev. 2017

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de Arquitetura”, também chamado a partir da II EIA, de “Premio São Paulo”, que, diante das diversas

e interrompidas categorias de cada Bienal, representava o máximo prêmio, embora não tenha sido frequente. Na VI EIA, por exemplo, seria entregue o Grande Prêmio MAM SP e o Grande Premio

Presidente da República. Esses dados apenas servem para constatar a inexistência de uma

continuidade na entrega de um único prêmio, sem adentrarmos em outras especificidades próprias dessas mostras.

No que se refere às BIAs, no nosso recorte também não foi identificado a continuidade de um Grande Prêmio. Em primeira instância, e como mencionamos anteriormente, se mantém a ideia de exposição, perante o segmento da “mostra geral de arquitetos”, que corresponderia, em termos comparativos, à submissão de obras por categorias, como acontece com a maioria das Bienais. Todavia comparecem outras seções que denotam uma relativa continuidade entre cada edição,

Arquitetos Convidados Brasileiros, Arquitetos Convidados Estrangeiros, Mostras Especiais Internacionais e Concursos de Escolas de Arquitetura. Em nosso entender, essas seções podem ser

um resquício dos inícios das EIAs. Porém, toda a estrutura desses eventos estará marcada, como acontece com as Bienais do Chile, Buenos Aires ou a Pan-americana de Quito, por um trabalho curatorial. Como assinala Stella Miguez42, é com o início das BIAs que surge a figura do curador, cujo

papel se distancia da abordagem curatorial das Bienais de arte, exercendo mais uma figura de “porta-voz” na difusão e comunicação dos programas das Bienais; papel que precisaria de melhor aprofundamento, ao ser comparado com as Bienais acima mencionadas.

Sem entrarmos em detalhes de como tem se modificando, ao longo do tempo, a tutela das BIAs, com a saída de instituições tradicionais e significativas, como a Fundação Bienal, tem-se desencadeando várias transformações na organização da BIA, as quais poderiam responder a questionamentos relacionados com a ausência de premiações, a mudança de sedes ou até a intermitência com as publicações impressas da Bienal. Na atualidade, o máximo responsável pela organização da mostra é o IAB de São Paulo, o qual realizaria a Bienal XI, em 2017, após ter sido adiada duas vezes, e independentemente das atividades de gestão que procuram a incorporação de novos patrocinadores nos processos da organização do evento.

A submissão e seleção de projetos para a exposição geral poderia ser entendida, de alguma maneira, como uma premiação. Isso, se pensamos que os projetos selecionados teriam passado pelo processos de avaliação da comissão do júri; logo, fariam parte da exposição e poderiam ser publicados no livro da Bienal. Não obstante, na VI BIA, em 2005, por exemplo, não foi possível corroborar se, do total das 192 obras publicadas no segmento da exposição, todas elas passaram por

42 MIGUEZ, Stella, Arquitetura em Exposição: Uma prática interdisciplinar. Caracterização da Bienal

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um processo de avaliação ou se correspondiam à totalidade de obras concorrentes, já que nas outras quatro edições, houve premiações ou, então, a seleção de projetos foi produto da avaliação por parte da curadoria. Na V BIA também apresenta-se um total de 319 projetos sem nenhum tipo de hierarquia. Nessas publicações não fica expresso os processos de avaliação nem uma referência sobre a concorrência total dos projetos.

Com relação aos regulamentos das quatro edições a que se teve acesso e baseando-se nos resultados das publicações, foi possível constatar que a Bienal não mantém um programa de categorias de participação constante. Mesmo existindo algumas relações na forma de abordar categorizações, estas mudam em cada edição, como produto do projeto e temática curatorial, guardando certa semelhança com a Bienal de Arquitetura do Chile. Assim, na VII BIA se abrem três categorias: “Obras Construídas”; “Projetos não executados”; e “Projetos Propositivos/conceituais

propostos especialmente para o tema da bienal”. Para a VIII BIA mantém-se as mesmas categorias,

uma vez que as duas últimas passam a ser uma só, por outro lado, observa-se também uma discrepância de um ano, com respeito ao tempo máximo de culminação das obras construídas para sua participação: quatro e cinco anos, respetivamente. A IX BIA, ao contrário, abre duas modalidades para os projetos a serem expostos: “suporte físico” e “suporte digital”, categorias atreladas à temática da Bienal. Por fim, na X BIA não se propõem categorias de participação. O processo de submissão das obras dependeu, neste caso específico, da relação com o tema da Bienal e das diretrizes dadas pelos organizadores. Dessa forma, cada edição das BIAs, adéqua-se às questões próprias da temática da Bienal, que, por sua vez, estará sujeita à sua avaliação, e à aparição ou não de um único prêmio. Caberiam dentro dos modelos de premiação e apresentação da produção arquitetônica a “Mostra Geral e Projetos”, como seleções equivalentes, sem premiação; dentro dessa Figura 26: Mostra geral de projetos VII BIA, Fundação Bienal. Fonte: Disponível em: < http://www.pascalarquitectos.com/7a-bienal- internacional-de-arquitectura-de-sao-paulo/>. Acesso em: 20 Fev. 2017

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figura da mostra podem outorgar-se os “Primeiros Prêmios”, tanto para obras construídas quanto para projetos, e com a possibilidade de menções de honra, segundo determinação dos membros do júri; também haveria lugar à entrega de vários prêmios equivalentes, sem hierarquia.

A difusão do evento está sujeito à proposta curatorial de cada edição. No entanto, tem-se mantido as publicações, à maneira de livros de Bienal, documentando as diferentes realizações que compareceram na Bienal. Nessas, publicam-se os projetos da seleção de obras e os registros das premiações, caso tenham sidos entregues. Até a edição de 2009 os livros da Bienal foram impressos com o apoio da Fundação Bienal, para a IX BIA. Circulou-se apenas a versão digital do catálogo; e para a X BIA, o evento teve uma edição especial da revista Monólito, que dedicou um número a essa Bienal, publicando alguns dos trabalhos mais destacados, além de documentar o desenvolvimento do evento. Talvez, dentro dos esforços das futuras Bienais, esteja a de priorizar a volta dessas publicações.

Quanto aos lineamentos para a submissão de obras, podemos mencionar o caráter variável em cada chamada. Essa dependerá, também, do que os regulamentos acordem sobre a temática da Bienal. Assim, em algumas das edições, marcam-se pautas muito precisas de apresentação, referente às informações da obra e da sua relação com o tema da Bienal, incluído folhas dos projetos para as exposições, orçamentos, e requerimentos de montagem etc., como aconteceu com a X BIA; no entanto, para outras se recorre às informações mais ou menos padronizadas, com a solicitação de fotografias, memórias, desenhos do projeto. Ainda que, com certas semelhanças nas chamadas de cada edição, enfatiza-se, novamente, a importância que tem este tipo de informações diante da proposta curatorial, tanto na fase de análise quanto no que refere-se à exposição e montagem.

Poderíamos imaginar que, de maneira similar às Bienais de República Dominicana ou da Bolívia, as BIAs vêm passando por processos alheios à sua própria função, como eventos de difusão arquitetônica. Logo, são problemáticas atreladas a temas burocráticos ou da sua própria organização, os quais têm terminado afetando a ocorrência bianual destas edições, fragilizando a sua continuidade, traduzida em longas pausas, como, por exemplo, a acontecida na última edição, a qual deveria ter ocorrido em 2015. A partir dessa data se deu início à formulação do que seria a BIA XI, mediante a criação de um observatório e um estúdio, criado no IAB SP, como centro logístico do que seria a nova edição que estaria programada para acontecer ainda em 2017.

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1.3 Comentários sobre a contextualização das Bienais

O esforço anterior, que consiste em constituir um panorama das Bienais de Arquitetura no contexto latino-americano, significa apenas o primeiro passo na aproximação do entendimento desses eventos como conjunto de acontecimentos paralelos, arraigados à pratica disciplinar. Cabe ressaltar que são muitas as dificuldades para situar e entender em particular cada um desses eventos Bienais. Não obstante, esta breve síntese, recolhe também muitas observações e dúvidas, além de, certamente, abrir muitas possibilidades para a continuação de futuras abordagens. Embora a nossa trajetória esteja mais ou menos encaminhada, sobre uma aproximação contemporânea dos grandes

prêmios Bienais, surgem algumas observações sobre essas mostras.

Como veremos no capítulo seguinte, em quase todas essas Bienais existem mais ou menos um relativo consenso referente à entrega de um grande prêmio, apesar das diferentes facções que as caracterizam. É nesse sentido que tais especificidades podem facilitar a qualificação dessas Bienais de Arquitetura. Logo, significaria também uma possiblidade de estudo que marcaria pautas para o seu entendimento, por exemplo no que tange às trajetórias, às transformações, interrupções, enfim, nos desdobramentos que ao longo desses eventos podem decorrer.

Dessa forma, em nosso entender poderíamos trazer esses aspectos recorrentes, os quais constituem a essência mesma dessas Bienais, a sua fisionomia. Um primeiro aspecto estaria relacionado à fundação desses eventos. Em outras palavras, as instituições provedoras, que geralmente correspondem às entidades gremiais, ou tem alguma relação com elas, embora, como foi visto, nessas onze Bienais, podem também corresponder à entidades de outras áreas, geralmente relacionadas às artes. E nesse sentido, com exceção das EIAs de São Paulo, as BA de Buenos Aries e, em certa medida, as Bienais de Santo Domingo, todas as demais têm uma relação estrita com as suas respectivas associações gremiais, o que poderia ainda fortalecer a relação desses eventos Bienais, dentro dos esforços, de consolidação disciplinar, de que comenta Arango. Ainda como parte desse aspecto, poderia ser colocado, também, o atinente ao formato Internacional ou Nacional (local), que diferencia substancialmente a prática e a cobertura destes eventos. Referimo-nos, àquelas Bienais que, desde a sua constituição, tiveram esse traço, diferentemente daquelas que têm mudado o seu formato, como produto dos processos de internacionalização. Exatamente essa diferença coloca as

Bienais Internacionais de Buenos Aires e São Paulo como propostas que visam a um entendimento

para além das fronteiras latino-americanas, embora esteja pautado pelo intercâmbio e integração com o contexto latino-americano.

O que constitui também um tópico estruturante é a ideia de uma temática da Bienal, ainda que não esteja atrelada a uma proposta curatorial, ou que exija uma correspondência aos trabalhos e

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obras submetidas; coloca-se, portanto, como uma expectativa que norteará o desenvolvimento do evento. Seja pelo debate de júris, seja pelas palestras dos convidados, a temática colocará a Bienal dentro de um contexto do pensamento arquitetônico, senão contribuirá a constituí-lo.

Ainda que não exista uma relação direta entre as temáticas e as categorias, como comentávamos, por vezes, a abertura de atividades paralelas ou os critérios de avalição das obras estabelecem uma determinada correspondência. Esse outro aspecto, das categorias, resulta, talvez, em um dos mais diversos no interior das Bienais. Dessa forma, se diz respeito aos esforços pela classificação, ou melhor, pela agrupação, para a submissão e avalição da produção arquitetônica, no que, finalmente, se traduz em formas sistêmicas sobre entendimento da obra. Portanto, olha-se para as trajetórias de arquitetos ou para os conjuntos das obras. Classifica-se, segundo a função dos programas arquitetônicos, pela especialidade; pela natureza da intervenção (construído – não construído); pelas atividades próprias de cada Bienal, atreladas às propostas curatoriais; por gerações; pela sua procedência nacional ou internacional. Enfim, existem alguns consensos cem relação à tradição e manutenção de algumas dessas categorias em cada Bienal. Sem dúvida, cada Bienal, tem trajetórias diferentes, que dão conta das suas próprias transformações; algumas mantêm-se em determinadas linhas temáticas, quase de forma tradicional, enquanto outras, ao longo do tempo, vão adaptando-se, provavelmente como produto das mesmas transformações da produção arquitetônica.

Os processos de registro e divulgação têm um lugar fundamental dentro da figura institucional das Bienais, representando um importante suporte documental dessas práticas. Assim, as publicações, via revistas, catálogos ou livros sobre o evento, matérias em jornais, cartazes, submissões e regulamentos etc., representam um valiosíssimo registro historiográfico das Bienais de Arquitetura. Uma vez que, garantem inúmeras abordagens sobre o lugar onde ocorrem essas mostras, nos seus diferentes contextos e momentos históricos, isso, se consideramos que muitas delas se tornaram, de maneira transcendental, nos únicos espaços para se falar e se conhecer a produção arquitetônica.

Ainda que muitas dessas iniciativas propendam tornar-se uma ponte com a sociedade, e, inclusive, alcançar uma dimensão como prática cultural, continuam sendo círculos exclusivos para a comunidade arquitetônica. Salvo escassas ocasiões, em que esses eventos, disseminados com outras práticas artísticas, conseguem extrapolar as barreiras da exclusividade gremial da arquitetura, predomina a feição reservada para arquitetos e afins, inclusive, tendo pouca repercussão e participação na própria comunidade gremial, os arquitetos. , Visivelmente, a partir do olhar contemporâneo, a incursão nos avanços da mídia tem sido incorporada nesses processos de divulgação, produto também das dinâmicas de globalização que têm levado a extrapolar as fronteiras

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desses eventos. Assim, muitas destas Bienais de Arquitetura, têm integrado esses circuitos virtuais, ora pela maneira como estes têm criado seus próprios sites, ora pela submissão perante esses meios, o que significa uma circulação e promoção dos seus conteúdos, porém, também, a incorporação dos aspectos negativos, os quais podem acarrear a transitoriedade e efemeridade das novas mídias em um campo tão sensível, como seriam as mostras de arquitetura. Se já existia uma certa desatenção com os centros de documentação, talvez a incursão nas novas mídias possa não favorecer esses processos.

Outro aspecto presente e relacionado, de certa forma, aos processos de divulgação, é o referente à exposição de obras. Esse traço surge como elemento determinante nas tentativas dessas mostras de se tornarem eventos culturais, Exposições de Arquitetura. Logo, involucram-se ou não ao público. Um público, que como já mencionamos, rara vez pertence à sociedade fora dos circuitos gremiais. Como foi visto, algumas dessas Bienais, não têm como objetivo apresentar uma exposição, apenas realizar as chamadas e seus respectivos processos de avaliação, para, em uma única cerimônia, fazer uma entrega das premiações, com espaços para divulgação, restritos aos próprios participantes e ao cobrimento das mídias especializadas. Porém, existem outras que desenvolvem toda uma proposta de exposição, representando o grande alvo da Bienal. Nesse sentido, estariam aquelas de grande impacto midiático, atreladas as propostas curatoriais que propõem alcançar todos os públicos; e outras, de uma escala menor, cuja abrangência é dirigida justamente aos circuitos especializados de arquitetos e às esferas acadêmicas. Dentro dessas possibilidades, estariam, também, aquelas exposições itinerantes, que, como no caso da Bienal da Costa Rica ou das recentes edições da Bienal da Colômbia, propõem levar a diferentes locais, pequenas exposições, à maneira de salões, os projetos vencedores. Essas exposições às vezes podem ser internacionais, apresentando-se em diversos contextos ou até como mostras, em outras Bienais de Arquitetura. Contudo, as exposições das Bienais de arquitetura, contrariamente ao que se poderia pensar, não necessariamente possuem uma caraterística que as defina.

O tema das exposições leva a refletir sobre a relevância, ou não, que tem para algumas Bienais as sedes onde estas acontecem. Já que, algumas Bienais construíram uma tradição atrelada a determinados locais, muitos deles com um viés cultural, que favoreciam tanto as propostas expositivas quanto a identificação dentro das agendas culturais; outras, pelo contrário, têm dependido das circunstâncias existentes para cada edição, ou de uma tradição que, pelo contrário,

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