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3.2. BIM NO BRASIL

3.2.3. BIM na esfera legislativa brasileira

O Brasil experimenta a transição gradativa dos modos de projetação e construção, começando a inserir o BIM na indústria da Construção. Um marco importante para esta transição foi o estabelecimento do chamado Decreto do BIM, Decreto Presidencial nº 9.983, de 22 de agosto de 2019, que “dispõe sobre a estratégia nacional de disseminação do Building

Information Modelling e institui o comitê gestor da estratégia do Building Information Modelling”. O referido decreto revogou o antigo Decreto nº 9.377, de 17 de maio de 2018, que

Outrossim, corroborando a instituição do Decreto do BIM, anteriormente mencionado, o Governo Federal criou, em 2017, para o gerenciamento da Estratégia BIM BR, o Comitê Gestor (CG-BIM), “incumbido de implementar a Estratégia e gerenciar suas ações e desempenho, monitorando o seu progresso, verificando o cumprimento das metas e, caso necessário, promovendo iniciativas de correção ou aprimoramento” (BRASIL, 2018).

Na mesma esteira, foi criado, também em 2017, o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling – CE-BIM, com o intuito de promover a modernização e a transformação digital da construção.

O CE-BIM foi composto por representantes de sete Ministérios, a saber:

• Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que exerceu a Presidência;

• Casa Civil da Presidência da República; • Ministério da Defesa;

• Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; • Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; • Ministério das Cidades;

• Secretaria-Geral da Presidência da República.

O CE-BIM ficou responsável por “formular uma estratégia que pudesse alinhar as ações e iniciativas do setor público e do privado, impulsionar a utilização do BIM no país, promover as mudanças necessárias e garantir um ambiente adequado para seu uso” (BRASIL, 2018).

Desta forma, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) publicou, no ano de 2018, um livreto com o escalonamento da exigência do BIM conforme a Estratégia BIM BR (Figura 10), estabelecida pelo CE-BIM. A iniciativa enseja que o Poder Público estimule o mercado brasileiro, propondo atos normativos que estabeleçam parâmetros para que as compras e contratações públicas sejam com uso do BIM.

Figura 10 – Capa do livreto publicado pelo MDIC em 2018

Fonte: Brasil (2018).

O escalonamento proposto pelo CE-BIM possui 3 (três) fases, com metas estabelecidas para os anos de 2021, 2024 e 2028, conforme apresentado na Figura 11. Inicialmente, devem participar destas fases apenas o Ministério da Saúde, o Ministério da Defesa (por meio do Exército Brasileiro) e o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (por intermédio das atividades coordenadas e executadas pela Secretaria Nacional de Aviação Civil e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Programas Piloto).

Figura 11 – Resumo do escalonamento da implementação do BIM no Brasil

Fonte: Autor (2019).

Uma síntese do escalonamento da exigência do BIM definida pelo MDIC é exposta no Quadro 3 a seguir.

Quadro 3 – Escalonamento da exigência do BIM proposto pelo MDIC

Ano Etapa Foco Exigências

2021 Fase 1

Projetos de arquitetura e de engenharia para construções

novas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de grande

relevância para a disseminação do BIM

Elaboração dos modelos de arquitetura e de engenharia referentes às disciplinas de estrutura,

de hidráulica, de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e de elétrica, na

detecção de interferências e na revisão dos modelos de arquitetura e de engenharia, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica, a partir desses modelos

2024 Fase 2

Etapas que envolvem a obra, como o planejamento da

execução da obra, para construções novas, reformas,

ampliações ou reabilitações, quando consideradas de

grande relevância

No mínimo, nas atividades previstas na primeira fase e, de modo adicional, na orçamentação, no

planejamento da execução de obras e na atualização do modelo e de suas informações

como construído (“as built”)

2028 Fase 3

Todo o ciclo de vida da obra ao considerar atividades do

pós-obra

No mínimo, nas construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância, nos

usos previstos na primeira e na segunda fases e, além disso, nos serviços de gerenciamento e de

manutenção do empreendimento após sua conclusão

Fonte: Adaptado de MCID (2018).

O trabalho de formulação da Estratégia mobilizou profissionais de diferentes áreas e de instituições públicas e privadas. Além dos Ministérios integrantes do CE-BIM, tem-se as seguintes entidades envolvidas:

• ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial; • Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações;

• Abramat – Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção; • BCB – Banco Central do Brasil;

• BB – Banco do Brasil;

• BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; • CEF – Caixa Econômica Federal;

• CBIX – Câmara Brasileira da Indústria da Construção; • CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil; • CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; • DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes; • Infraero – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária; • MS – Ministério da Saúde;

• CGU – Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União; • MTPA – Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil;

• PRF – Policia Rodoviária Federal;

• Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; • Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;

• Sinaenco – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva.

Dessa forma, apesar das Exigências do BIM não atingirem todos os âmbitos dos setores público, privado, ou de economia mista diretamente, os atingem de forma indireta, uma vez que algumas dessas entidades possuem programas de financiamento para projetos e obras de grandes orçamentos. A este respeito, cita-se o Programa Pró-Saneamento da CEF, voltado para ações de saneamento e que é implementado por meio da concessão de financiamentos aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios ou a empresas estatais não dependentes, sendo o FGTS a fonte dos recursos.

3.2.3.1. Resultados esperados e objetivos específicos da Estratégia BIM BR

Com a disseminação do BIM no Brasil, o Governo Federal objetiva atingir resultados que retratem benefícios com a aplicação dessa nova metodologia. Segundo o livreto Estratégia BIM BR (2018), tais resultados esperados são:

• Assegurar ganhos de produtividade ao setor de construção civil; • Proporcionar ganhos de qualidade nas obras públicas;

• Aumentar a acurácia no planejamento de execução de obras proporcionando maior confiabilidade de cronogramas e orçamentação;

• Contribuir com ganhos em sustentabilidade por meio da redução de resíduos sólidos da construção civil;

• Reduzir prazos para conclusão de obras;

• Contribuir com a melhoria da transparência nos processos licitatórios;

• Reduzir necessidade de aditivos contratuais de alteração do projeto, de elevação de valor e de prorrogação de prazo de conclusão e de entrega da obra;

• Elevar o nível de qualificação profissional na atividade produtiva;

A Estratégia BIM BR tem nove objetivos, que buscam orientar as ações, as iniciativas e os projetos necessários para que se atinjam os resultados esperados citados anteriormente. Tais objetivos são apresentados na Figura 12.

Figura 12 – Objetivos específicos elencados na Estratégia BIM BR

Fonte: Brasil (2018).

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