• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.4. PROPOSTA DE FLUXO DE PROCESSOS PARA O CENÁRIO BIM NA

A caracterização da atual forma de projetação da GPR foi fundamental para a identificação dos principais inconvenientes de projetos enfrentados pela respectiva gerência. Segundo ela, um inconveniente frequentemente constatado apenas na etapa de construção é a existência de interferências entre as diferentes disciplinas (projetos) de uma edificação.

É válido ressaltar que o inconveniente mencionado não é necessariamente um produto da atual ferramenta de projetação da GPR, 2D CAD, e sim se refere, principalmente, ao fluxo de processos adotado. Pois quando existe um ajuste ou revisão a ser realizado, o profissional deve realizar tal atividade de modo manual em todos os documentos e desenhos que mostram a referida informação que necessita ser ajustada ou revisada.

Assim, a coerência dos projetos, e entre eles, depende basicamente da atenção humana, o que pode gerar, inclusive no âmbito dos empreendimentos da CAERN, a necessidade de aditivos de prazos, materiais e serviços, tornando o empreendimento mais oneroso.

Frente a este cenário, a inserção do BIM na GPR é de grande importância, pois pode aprimorar o modo de projetação e aumentar a qualidade dos projetos realizados pela CAERN. Neste contexto, o presente Estudo teve como resultado a sugestão de um fluxo de trabalho para a implementação do BIM na GPR, com base no fluxo de processos em BIM e nas boas práticas indicadas na literatura.

O fluxo de trabalho apresentado na Figura 32 é voltado para a implementação do BIM com o foco nos usos de design autoral e coordenação espacial 3D, que são alguns dos objetivos da GPR com a implementação do BIM, de acordo com o mencionado no item 5.1.5. Além disso, ele foi elaborado de forma que possa ser visualizado em uma única página todas as etapas do o fluxo processos de implementação do BIM sugerido para a GPR.

Diversos manuais preconizam que a implementação do BIM deve ser feita através do estabelecimento de um projeto formal, estruturado e documentado. O início do fluxo de trabalho de implementação do BIM na GPR é destinado para atividades especialmente organizacionais, onde o marco do início da implementação é uma reunião (reunião de partida) entre a diretoria da CAERN e o(a) gerente da GPR, momento propício para ser acordada uma versão preliminar do cronograma de reuniões entre a equipe de implementação.

É necessário, neste momento, formalizar a implementação do BIM e apontar que o modo de trabalhar dos profissionais envolvidos será totalmente modificado, para proporcionar uma adequada adesão da metodologia BIM na GPR. Frisa-se que os profissionais que constituirão a equipe de implementação deverão, preferencialmente, ter turnos semanais destinados apenas para esta atividade.

Para o cronograma de reuniões, sugere-se que sejam planejadas 2 vezes mensais para o acompanhamento do desenvolvimento dos modelos autorais, e outras 2 vezes mensais para as compatibilizações dos modelos. De modo alternado, de forma que toda semana tenha uma reunião específica para atividades da implementação, visando o constante acompanhamento e andamento das atividades.

Após a formalização da implementação do BIM, é interessante que o gerente da GPR convoque uma reunião com os profissionais da referida gerência, apresentando o que foi acertado com a diretoria da CAERN. Devendo-se, neste momento, definir a equipe, inclusive o gerente BIM, que precisará, entre outras responsabilidades, ser capaz de:

• Comunicar visão BIM, tanto do projeto total de implementação quanto do projeto-piloto;

• Liderar e garantir a efetividade do treinamento da equipe; • Atuar como ponto focal BIM;

• Liderar e gerenciar o projeto de implementação BIM;

• Realizar reuniões periódicas para o gerenciamento da implementação e do desenvolvimento do projeto-piloto;

• Garantir a efetividade dos processos de troca de informações; • Solucionar conflitos;

• Gerenciar, manter e controlar a qualidade dos modelos desenvolvidos.

A GPR pode, também, neste momento, deliberar sobre a possibilidade de contratar um gerente BIM externo ou uma consultoria para capacitar um profissional fichado na estatal.

O núcleo da equipe de desenvolvimento de um projeto utilizando BIM, para este contexto, pode ser constituído pelos seguintes componentes:

• Gerente BIM; • Arquiteto / designer; • Engenheiro estrutural;

• Engenheiro de instalações hidráulicas;

• Engenheiro de instalações de conforto (ar condicionado, aquecimento, ventilação, etc.);

• Engenheiro eletricista; • Engenheiro civil;

• Consultores específicos.

Aponta-se a importância de ser discutido como será o treinamento da equipe em geral. Neste momento, é interessante levantar o grau de expertise de cada integrante da equipe com o manuseio das ferramentas BIM e forma de capacitação deles, podendo ser por profissionais da própria companhia ou por equipe externa contratada.

Ressalta-se que, ainda na reunião com a equipe da GPR, recomenda-se que seja validado o cronograma de reuniões e escolhido o profissional responsável pela coordenação espacial dos modelos. Sugere-se que seja um arquiteto, o próprio gerente BIM ou engenheiro civil com experiência no manuseio do software de desenho 3D.

Definida a equipe e os cronogramas de reuniões e o treinamento da equipe, a próxima etapa é a escolha do projeto-piloto. Ressalta-se que, a depender dos interesses da GPR, este projeto-piloto pode ser uma reprodução de um projeto já realizado em 2D CAD, de preferência que tenha gerado problemas de interferência, com o intuito de capacitar a equipe e visualizar os benefícios da implementação do BIM. Os resultados poderão ser mapeados, analisados e relacionados para serem apresentados para a CAERN de modo geral, em reunião.

Em seguida, as informações necessárias para a elaboração dos projetos autorais (design autoral) devem ser levantadas, para, então, ser elaborado o Plano de Execução BIM (PEB), que organizará os processos BIM e definirá as responsabilidades, produtos e o modo de comunicação para todos os participantes da equipe de implementação. Frisa-se que é essencial atualizar o PEB de acordo com as necessidades.

É fundamental que o PEB seja elaborado com a participação de toda a equipe, devendo conter, no mínimo, as seguintes informações:

• Usos previstos do BIM;

• Lista de participantes do processo;

• Definição das funções de cada participante; • Requisitos mínimos de modelagem;

• Definição de instrumentos e procedimentos de colaboração;

• Mapa de processo geral – BIM (podendo ser o sugerido neste Estudo, ou uma adaptação dele);

• Controle de qualidade dos modelos BIM.

Quanto ao compartilhamento de arquivos digitais, conforme abordado no item 5.3, sugere-se o uso do modelo federado depositado no servidor local da GPR. Entretanto, não se descarta a possibilidade de uma análise da equipe de implementação do BIM quanto à colaboração instantânea, em que toda a equipe trabalha on-line em um mesmo modelo depositado em um local virtual. Neste caso, deve ser analisado se a GPR possui conexão de internet de alta velocidade e hardware de alto desempenho que proporcione a colaboração instantânea.

Dando continuidade aos processos, deve ser elaborado o estudo de viabilidade técnica e econômica, com o envolvimento dos profissionais responsáveis por tal atividade na atual metodologia, mas, agora, com os preceitos BIM e conforme o estipulado no PEB. A melhor alternativa deve ser validada para, então, ser enviada para os profissionais responsáveis pela elaboração de cada uma das disciplinas (projetos) autorais e para o gerente BIM.

O gerente BIM, por sua vez, é o responsável por definir quais os modelos serão necessários para a alternativa escolhida para o respectivo empreendimento. Caso o gerente BIM seja arquiteto, ele pode definir o conteúdo de modelagens paramétricas, junto com os engenheiros responsáveis por cada disciplina, ou pode indicar uma equipe específica para tal atividade.

Em seguida, deve ser desenvolvido o conteúdo de modelagem paramétrica, por exemplo, as famílias, análogo aos blocos do desenho 2D, só que paramétrico e inteligente, específico para o projeto-piloto definido pelo gerente BIM, podendo ser projeto de sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário ou drenagem (áreas de atuação da CAERN). O gerente BIM pode indicar uma equipe específica para isso, de preferência, que inclua arquiteto(s), ou pode terceirizar esse serviço.

Criado o conteúdo de modelagem paramétrica, é o momento de ser desenvolvido o modelo de arquitetura (anteprojeto). Tal modelo deve ser enviado para o profissional

responsável pela análise dos modelos, que pode ser o gerente BIM ou outro profissional, de preferência, arquiteto. O profissional responsável pela análise, é responsável por sempre realizar a detecção de interferências, detecção de incompatibilidades e verificar se os modelos atendem aos requisitos mínimos já definidos.

Após a análise do anteprojeto de arquitetura pelo profissional responsável, caso haja alguma incompatibilidade ou interferência, ou tenha sido identifica a incompletude do modelo, o anteprojeto deve ser reenviado para o profissional responsável pelo projeto autoral de arquitetura, para que este realize as adequações necessárias. Finalizada a revisão, o modelo deve ser enviado novamente para o profissional responsável pela análise dos modelos.

Caso não haja nenhuma desconformidade, o projeto poderá ser enviado para todos os profissionais responsáveis pela elaboração dos modelos das diversas disciplinas, como estruturas, instalações hidrossanitárias, instalações elétricas (inclusive para o responsável pelo modelo de arquitetura), dentre outras. Agora, serão elaborados os projetos básicos.

Finalizados os projetos básicos das diversas disciplinas determinadas pelo gerente BIM, os modelos devem ser enviados para o profissional responsável pela análise dos modelos. Este, por sua vez, compilará os projetos, criando, assim, o modelo composto dos projetos. Em seguida, realizará a análise de incompatibilidades, interferências e requisitos mínimos para todas as disciplinas. Caso haja alguma inconformidade, ele deve solicitar para o profissional responsável pelo respectivo modelo para que seja ajustado conforme tudo o que foi apontado. Esta dinâmica acontece até que todas as disciplinas passem pelo crivo do profissional responsável pela análise dos modelos e sejam aprovadas por ele.

Ressalta-se que a GPR, conforme levantamento realizado, não realiza projetos de estruturas. Estes, em sua maioria, são terceirizados. Neste caso, é importante que a GPR se atente a esta situação na fase de definição dos modelos que serão necessários para a implementação. Outrossim, é comum que, após o modelo de arquitetura, seja realizado apenas o de estrutura. Após estes devidamente finalizados e coordenados, é que a elaboração das demais disciplinas (projetos complementares) é solicitada.

Após todas as análises e revisões, os produtos gerados são os modelos coordenados. Com eles, pode ser marcada uma reunião de fechamento. Nesta reunião, todos os envolvidos com a implementação devem estar presentes, de modo que todos analisem os modelos produzidos. Caso identificada a necessidade de mais algum ajuste, é importante a elaboração de uma lista de pendências, que será encaminhada ao profissional responsável pelo respectivo modelo, para que ele realize as últimas adequações.

Finalizadas todas as etapas de implementação, o gerente BIM juntamente com a diretoria da CAERN pode discutir a necessidade de uma reunião aberta para toda a companhia, visando apresentar os resultados, dificuldades e benefícios observados com a utilização dessa nova metodologia.

Documentos relacionados