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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3. Planta

4.3.2. Biomassa seca

A biomassa seca representa fisiologicamente o crescimento da planta ao longo do seu ciclo de desenvolvimento e representa a taxa de fotossíntese líquida.

Ao final do experimento, as plantas foram cortadas e toda a parte aérea foi pesada e seca em estufa para a determinação da matéria seca, conforme a metodologia descrita na seção 3.4.3. O resumo da análise de variância dos dados de matéria seca das plantas, obtido através do teste F, se encontra exposto na Tabela 41.

A análise de variância dos dados de matéria seca da parte aérea das plantas revelou haver diferenças significativas entre os tratamentos, entre os níveis de adubação, bem como para a interação tratamento x nível de adubação.

Tabela 41 – Resultados da análise de variância da matéria seca da parte aérea das plantas ao final experimento

Fontes de variação

Tratamento (T) Nível de adubação (NA) T x NA

Variáveis CV (%) QM F QM F QM F

Matéria seca (g) 8,34 8,50615938 8,78* 66,21742604 7,07* 9,86564826 10,19* Nota: * Significativo (p < 0,05).

Como a interação tratamento x nível de adubação foi significativa para a matéria seca, desdobrou-se os dados da análise de variância entre os tratamentos. Os dados do desdobramento da interação estão apresentados na Tabela 42.

De acordo com os dados expostos na Tabela 42, nota-se que não houve diferenças significativas na produção de matéria seca apenas no tratamento CO2, ou seja o nível de adubação não influenciou na produção de matéria seca das plantas cultivadas nesse tratamento.

Tabela 42 – Desdobramento da interação tratamento x nível de adubação para a matéria seca da parte aérea ao final do experimento

Tratamentos Quadrado médio Valor de F Pr>F

AP(1) 28,710938 29,64 <0,0001*

FAD(2) 31,327350 32,34 <0,0001*

CO2(3) 0,395267 0,41 0,5246NS

UV(4) 35,380817 36,53 <0,0001*

Nota: NS – Não significativo; * Significativo (p < 0,05). (1) AP – Tratamento com água potável;

(2) FAD – Tratamento com água residuária filtrada por filtro de areia e discos; (3) CO2 – Tratamento com água residuária com injeção de CO

2; (4) UV – Tratamento com desinfecção por radiação ultravioleta.

Esse resultado foi comprovado também pelo contraste de comparação das múltiplas médias (Tukey) da matéria seca. Infere-se que o nível de adubação não influenciou significativamente na produção de matéria seca no tratamento CO2, em virtude da presença do CO2, já que o uso desse gás proporciona melhorias nas condições de liberação de nutrientes para a solução do solo, acarretando maior disponibilidade de nutrientes às plantas.

Como o teste F foi significativo para os tratamentos e para os níveis de adubação, realizou-se o teste de Tukey para a comparação das médias da matéria seca produzida pelas plantas nos tratamentos AP, FAD, CO2 e UV. Os resultados da produção da fitomassa seca das plantas estão apresentados na Figura 25.

Figura 25 – Acúmulo de biomassa seca (g planta-1) das plantas cultivadas nos tratamentos AP, FAD, CO2 e UV

De acordo com os dados apresentados na Figura 25, a biomassa seca média da parte aérea não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos FAD, CO2 e UV. Entretanto, a biomassa seca das plantas obtida nesses tratamentos foi significativamente maior do que a biomassa seca das plantas cultivadas no tratamento AP. Este fato era esperado, uma vez que, nas águas residuárias utilizadas para a irrigação das plantas cultivadas nos tratamentos FAD, CO2 e UV, o aporte de alguns nutrientes, especialmente do nitrogênio e suas frações, era maior do que na água potável utilizada para a irrigação das plantas cultivadas em AP. Tal aporte favoreceu, entre outras características, uma maior produção de matéria seca nas plantas que foram irrigadas com água residuária.

O efeito que aplicação da adubação nitrogenada ocasionou na produção de matéria seca das plantas está representado em forma de dados, os quais se encontram dispostos na Figura 26.

Com relação aos níveis de adubação, pode-se verificar através da Figura 26, que a biomassa seca média das plantas adubadas com N mineral foi significativamente maior do que a biomassa seca média das plantas que não receberam fertilizante nitrogenado.

Mediante a visualização dos dados, observa-se que a adubação nitrogenada proporcionou um acréscimo de 15% na biomassa seca das plantas contempladas com essa adubação.

A B 10,50 11,00 11,50 12,00 12,50 13,00 13,50 Nível de adubação fi to m assa seca (g p lan ta -1) Presença de adubação nitrogenada Ausência de adubação nitrogenada

Figura 26 – Efeito de N mineral na biomassa seca (g planta-1) das plantas cultivadas

Os resultados obtidos no presente estudo estão em concordância com as observações feitas por Fonseca (2001), quando irrigou milho com efluente tratado, constatou que sem fertilizante nitrogenado mineral, as plantas aproveitaram o nitrogênio contido no efluente para produzir maior quantidade de matéria seca e acumular maior quantidade de nutrientes, quando comparadas às plantas irrigadas com água potável. Entretanto, embora a irrigação com efluente tenha adicionado N às plantas, a produção de matéria seca dessas plantas ficou muito aquém da matéria seca das plantas que foram irrigadas com efluente e que receberam N mineral. Essas observações também concordam com os resultados encontrados por Feigin et al. (1981), embora esses autores relatem que o aproveitamento do nitrogênio proveniente do efluente tenha sido menor do que o nitrogênio oriundo dos fertilizantes nitrogenados incorporados ao solo.

Azevedo (2004) cultivou alface americana e utilizou água de um ribeirão receptor de efluentes para irrigação. Na ocasião, o autor observou que a produção de matéria seca foi maior nas plantas irrigadas com a água em questão do que nas plantas irrigadas com água de abastecimento. Resultados semelhantes aos encontrados no presente estudo são mencionados por Hussain & Al-Jaloud (1998), Hussain & Al-Saati (1999) e Bielorai et al.(1984).

Pereira (2006) aplicou efluente de origem predominantemente suína em plantas de

Brachiária decumbens e observou um acréscimo que variou de 225 a 338% na produção de

matéria seca em relação às plantas que receberam água (testemunha). Um grande aumento na produção de matéria seca, devido à aplicação de efluente proveniente da suinocultura, também foi detectado por Gonçalves (2002) e Drumond (2003). Entretanto, esse tipo de efluente contém

concentrações maiores de nutrientes do que as águas residuárias de origem predominantemente domésticas, sobretudo de nitrogênio, potássio e zinco.

Anteriormente, foi comentado que a utilização de N mineral garantiu um acréscimo, mesmo que pequeno, na produção de matéria seca. A produção média de matéria seca das plantas cultivadas nos tratamentos AP, FAD, CO2 e UV, levando-se em consideração a presença e ausência de adubação nitrogenada, é mostrada na Figura 27.

Figura 27 – Efeito de N mineral na biomassa seca (g planta-1) das plantas cultivadas nos tratamentos AP, FAD, CO2 e UV levando-se em consideração os níveis de adubação

Segundo os dados apresentados na Figura 27, verifica-se que adubação com N mineral propiciou um aumento significativo de matéria seca em todos tratamentos em que foi utilizado esse tipo de adubação. Como esperado, o tratamento AP-N apresentou a menor produção de matéria seca e, conseqüentemente, menor teor de nitrogênio no tecido foliar, como já foi discutido na análise foliar das plantas.

Em relação ao tratamento AP-N, os tratamentos que utilizaram água residuária para irrigação e não receberam N mineral, FAD-N, CO2-N e UV-N, apresentaram um aumento significativo de biomassa seca. Entretanto, o uso da água residuária para irrigação foi efetivo apenas como fonte parcial de N, uma vez que a produção de matéria seca nestes tratamentos foi menor do que nos tratamentos em que o N mineral foi incorporado ao solo.

O fato da água residuária não substituir completamente a fertilização nitrogenada mineral deu- se, provavelmente, ao curto tempo de cultivo, à baixa lâmina aplicada, às concentrações de

N na água residuária, bem como ao baixo teor de matéria orgânica existente no solo utilizado no experimento. Essa afirmação corrobora com as observações feitas por Overman et al. (1975). Tais autores relataram que os efluentes são ricos em nutrientes, porém não podem ser a única fonte de fertilização, sendo necessário complementação com fertilizantes minerais, garantindo uma nutrição adequada às plantas.