• Nenhum resultado encontrado

EXTREMO ORIENTE

4.2.4 O bloco da China, Rússia e Índia.

produção em meados de 2009, Agbami gerará 250 mil bpd - 33 mil barris serão da PETROBRAS.

Agko é um pouco menor e deve gerar uma produção de 185 mil bpd, 73 mil barris para a PETROBRAS. Esse campo é explorado em parceria com a TOTAL e começou a ser desenvolvido em abril/2005. A previsão é que comece a sua produção no quarto trimestre de 2008. Agko e Agbami deverão produzir durante 25 anos (PLANO..., 2006).

Em suma, também, na América Latina, os países se fecham ou estatizam o setor petróleo, mesmo nos pequenos como a Bolívia (YPFB, estatal), Equador (Petroequador, estatal), Colômbia (ECOPETROL, estatal) e Uruguai, (ANCAP, estatal), além da Venezuela (PDVSA, estatal) e México (PEMEX, estatal), Argentina recriando estatal, e na África, em países como a Nigéria (membro da OPEP), embora o setor seja aberto à parcerias, a NNPC é estatal e participa com 55% a 60% dos negócios. Logo, a concentração de poder nas mãos de poucas empresas privadas (supermajors) não pode ser considerada como um fator para que o Brasil mantenha seu mercado aberto da forma como está, em um negócio altamente estratégico com tendências para um fechamento mundial do mercado.

4.2.4 O bloco da China, Rússia e Índia.

O que caracteriza este bloco é a dimensão territorial, a grande população, o estágio de desenvolvimento, o seu grande mercado, a existência de grandes reservas de petróleo e gás, principalmente na Rússia, a possibilidade de o petróleo inserir-se fortemente no modelo de desenvolvimento e as perspectivas de crescimento acelerado da demanda de petróleo e derivados neste bloco.

A presença estatal, sobretudo, no setor petróleo e gás, têm sido marcante no desenvolvimento econômico deste bloco. Na China, Rússia e Índia tal presença foi de 100%. Embora na Rússia de forma abrupta, e na China de forma planejada, tenha-se processado a privatização de milhões de empresas antes completamente controladas pelo Estado, porém na Índia, como na China o setor petróleo permaneceu controlado pelo

Estado. Esses países não têm, ainda, uma estrutura completa para o modelo recém adotado de desenvolvimento econômico.

O modelo de desenvolvimento deste bloco implica o aumento do consumo de energia indicando que a produção de petróleo, exceto na Rússia que é produtor e exportador de petróleo e gás, não acompanharia a demanda na China e na Índia. A China que vem crescendo a taxas de 9% a 10% ao ano e tem imensas possibilidades para aumentar suas reservas de petróleo, mesmo que não aumente de imediato a sua produção petrolífera, apresenta elevadas reservas em dólares para importar o petróleo. Porém, o atraso tecnológico da indústria chinesa no setor e a grande poluição causada pelo uso do carvão estão levando a China a desenvolver parcerias em algumas áreas da indústria do petróleo, sem perder o controle do setor no País.

Mesmo assim, nesses países, megaestatais continuam se desenvolvendo com boas perspectivas, pois o mercado interno da China é o dobro do Brasil e tende a ser maior, e o da Rússia é sete vezes o mercado brasileiro, e o da Índia é um mercado gigantesco. Só o conglomerado indiano Reliance Industrie Ltd. parece uma cidade petroquímica com mais de 40.000 fábricas na costa ocidental do País, perto de Jamnagar, na Índia. Tudo isto sem considerar o gás natural cuja produção na Rússia é dezenas de vezes maior do que a do Brasil.

A abertura de mercado nesses países, tal como no Brasil, foi creditada à impossibilidade de suas empresas estatais resolverem sozinhas a crucial questão do abastecimento interno e da geração de divisas para os respectivos países. Assim, grandes corporações transnacionais foram chamadas a participar do setor petróleo neste bloco de países, com acesso a um imenso mercado e às suas extensas reservas.

Na Rússia – após o desmembramento da URSS, a produção de petróleo que tinha entrado em declínio não só devido ao esgotamento natural de grandes áreas produtivas, mas também, em função de um relativo atraso tecnológico e carência de investimentos no setor para reverter o processo de rápida deterioração da economia – atualmente a produção de petróleo voltou a aumentar girando em torno de 9,6 milhões de barris diários. Além disso,

a Rússia está passando por um processo de fechamento na área do petróleo e gás, cancelando parcerias com capitais internacionais.

O presidente Vladimir Putin, consciente da segurança energética do seu País – embora pressionado pelo G830 para assinar o Energy Charter (Tratado de Energia), que garantiria a segurança dos investimentos no setor energético a todos que aderissem ao tratado – reestatizou o setor petróleo incorporando a indústria do petróleo ao setor de gás. A Rússia é dona da maior reserva e produção mundial de gás, controlada pela maior empresa de gás do mundo, a estatal Gazprom. A companhia petrolífera estatal Rosneft (100% russa) comprou o Baikal Finance Group, que, por sua vez, comprou por US$9,34 bilhões, em leilão público, a Yugansknefetgaz, a maior filial de extração da petrolífera Yukos.

A Índia, durante o modelo de substituição de importação até 1980 crescia a taxas de 3,5% ao ano e a partir do modelo pós-substituição de importações, 1990 em diante, vem apresentando um crescimento médio a taxas de quase 7% ao ano. Com quase 1,1 bilhão de habitantes, (15% do total mundial), uma classe média de 300 milhões de pessoas com crescente poder aquisitivo, uma economia crescendo 8,5% (em 2005) e um governo mais agressivo e aberto para negócios, o País é a nova sensação no cenário internacional, tornando-se um pólo de investimento e comércio (1% do comércio mundial). É o resultado de investimentos maciços e contínuos em educação universitária, desenvolvimento do capital humano e de instituições sólidas importantes voltadas para os setores intensivos em conhecimento, geradores de progresso técnico e criadores de externalidades.

O crescimento rápido e sustentado – relacionado ao modelo pós-período de substituição de importações indiano (pós-1991) – decorre não apenas da abertura econômica lenta e gradual, mas também da preservação do papel estratégico do Estado na coordenação de políticas econômicas de curto e longo prazo, bem como de sua participação em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento como é o caso do setor petróleo. Além disso, as estratégias de políticas industriais implementadas no setor de serviços, notadamente naqueles relacionados às tecnologias de informação (TI), com ênfase na

30G8 – Grupo dos oito países mais desenvolvidos (EUA, Canadá, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália

chamada indústria do software e demais setores ligados a este segmento e nos setores de biotecnologia, posicionam a Índia como participante global.

O País é o segundo maior produtor de cana do mundo depois do Brasil, maior importador de álcool brasileiro e produzirá seu próprio álcool como alternativa energética ao petróleo. Para garantir o seu suprimento de petróleo e ampliar a produção local a ONGC, maior petrolífera estatal da Índia, assinou acordo de cooperação com a PETROBRAS para exploração de petróleo no Brasil e para que a empresa brasileira prospecte petróleo na costa indiana. O potencial offshore na Índia não é muito explorado e as reservas ainda não foram completamente mapeadas.

Assim, tendo em vista o que vem ocorrendo no mundo dos negócios do petróleo e suas tendências, procura-se examinar, na seção seguinte, o caso Brasil, qualificando previamente as barreiras à entrada no mercado de refino e analisando a viabilidade de competição no referido mercado a partir de uma abordagem mais específica dos aspectos técnicos econômicos da indústria mundial do petróleo.