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EXTREMO ORIENTE

4.2.1 O bloco dos países produtores

Este bloco refere-se aos países considerados grandes produtores e exportadores. São os países que detêm as grandes reservas mundiais de petróleo e que garantirão o seu suprimento por 40 a 50 anos ou mais. São eles: a Arábia Saudita, o Iraque, o Irã, o Kuwait, Abu Dabi, Venezuela, o México, a Líbia, a Nigéria e a Argélia.

Sem exceção, esses países nacionalizaram sua indústria petrolífera assumindo o controle de suas reservas de petróleo e das demais atividades no País. Mantêm poderosas empresas estatais e não abrem mão do controle dos negócios. Os seus chefes de Estado envolvem-se diretamente com os negócios do petróleo e suas empresas estatais executam a política petrolífera do País.

As empresas estatais, criadas praticamente nas últimas cinco décadas, partiram da comercialização de petróleo e desenvolveram a refinação, a petroquímica e os fertilizantes. Nesse caminho, evoluíram para a compra de refinarias no exterior e mesmo a compra de redes de postos de gasolina nos EUA e Europa. Essas empresas são: a Saudi Aramco da Arábia Saudita, a NIOC do Irã, a ADNOC de Abu Dhabi, a KPC do Kuwait, a Pertamina da Indonésia, a PEMEX do México, a PDVSA da Venezuela, a Sonatrach da Argélia, a NOC da Líbia, a INOC e a SOMO20 do Iraque e a NNPC da Nigéria, entre outras.

Por outro lado, esses países, notadamente os do Oriente Médio e da África, vêm se envolvendo em conflitos armados, o que tem debilitado a economia local. A crescente influência dos países desenvolvidos no Oriente Médio, resultante do envolvimento direto na última guerra do Golfo (invasão do Iraque), e na África, aliado à carência de recursos

20State Oil Marketing Organization (Somo), a estatal iraquiana que coordena as vendas de petróleo e

dos países desse bloco, vem forçando a maioria desses países em desenvolvimento a firmarem parcerias com algumas transnacionais.

Os interesses de alguns desses países em alavancar mercado adicional para seus excedentes de petróleo, os levaram a estudar a conveniência de suas estatais estabelecerem algumas parcerias com as majors e supermajors, sem abrir mão do domínio absoluto que têm sobre os negócios do petróleo e do monopólio. Quando muito, algumas das transnacionais são chamadas para resolver problemas específicos e para associarem-se em “joint-ventures”, mantendo-se, entretanto, a estatal do País cada vez mais forte.

As razões básicas dessas parcerias são: a existência de imensas reservas, sem mercado local garantido no momento, especialmente de gás natural e óleos ultrapesados e um grande déficit de divisas necessárias para alavancar o desenvolvimento nesses países. Para isso, associam-se em projetos específicos voltados para exportação. Este caso não se aplica aos países como o Brasil, que, por enquanto, não tem expectativa de reservas suficientes para exportar petróleo e gás, tendo em vista que ainda é importador de petróleo leve, LGN (gás de cozinha), diesel, GLP e nafta petroquímica.

O México que se integrou aos EUA através do NAFTA21, e a Venezuela, por exemplo, mantêm o absoluto controle, por intermédio de suas estatais, dos negócios petrolíferos do País.

Na Venezuela, que conta com 68% das reservas de gás da América do Sul e 57% das reservas da América Latina e do Caribe, a estatal PDVSA firmou parcerias com as transnacionais para um projeto de exportação de gás natural liquefeito para os EUA e Europa em função de suas imensas reservas de gás e pequeno mercado interno, para a exportação de petróleo ultrapesados e de gás natural cujas reservas são suficientes para cerca de 80 a 100 anos de extração nos limites em que atualmente podem ser usados no mundo. Como não tem mercado interno, a solução é exportar. Nesses dois casos, as estatais locais do México e Venezuela, visando ampliar o mercado externo firmaram parcerias com as transnacionais ávidas por petróleo e gás do mundo inteiro.

21 NAFTA – North American Free Trading Agreement, (Bloco formado pelos EUA, México e Canadá) a

Além dessa estratégia de ampliar mercado para os seus produtos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, firmou três acordos regionais que deram origem à Petrocaribe, Petrosul e Petroandina, cujo propósito é o de congregar esforços econômicos, políticos e sociais no âmbito da América Latina. O primeiro desses blocos, a Petrocaribe, conta com a participação da Venezuela e de 14 países do Caribe; o segundo, a Petrosul, é formado pela Venezuela, Brasil, Uruguai e Argentina. A Petroandina é composta pela Venezuela, Colômbia, Bolívia e Equador. Esses três grupos foram constituídos ao longo do ano 2005 visando à criação, mais a frente, da PETROAMÉRICA, um consórcio estatal de companhias de petróleo que englobaria todos os países do hemisfério Sul e que, teoricamente, contribuiria para solucionar os problemas de abastecimento da região.

Ainda em 2005, durante a reunião de cúpula do Mercosul, em Assunção, foi também proposta a criação de um cone energético sul-americano (a ser constituído por uma rede de gasodutos e de energia elétrica) que atenderia às necessidades de gás e de energia elétrica dos países da região. Esses projetos têm como objetivo criar um anel energético que levaria LGN do campo peruano de Camisea até o Chile, Argentina, Brasil e Uruguai, com conexão também com a parte superior da América Latina, formada pela Petrocaribe. O Brasil que apresenta déficit na produção de LGN e sendo a PETROBRAS participante do bloco PETROSUL projeta investir em parceria (35%) com a PDVSA (65%) para produzir gás offshore na Venezuela.

O México cujas reservas22 de petróleo eram há 12 anos, maiores do que as dos Estados Unidos, alguns analistas admitem que após a adesão ao NAFTA a produção de petróleo atual apresenta-se em declínio. Mesmo assim, se de um lado há forças que entendem que o petróleo do México é o grande, senão o único trunfo, do País nas negociações comerciais; de outro, há os que entendem ser o controle estatal do petróleo mexicano um entrave para se efetivarem acordos necessários ao desenvolvimento da economia local.

De qualquer forma, como na Venezuela, o México, ao dominar absolutamente todos os segmentos do setor petróleo, vem oferecendo alternativas de cooperação diferentemente do que já ocorreu no Brasil com os contratos de riscos e atualmente com a abertura do setor sem interferência no controle de suas estatais. Assim, as grandes estatais SAUDI

ARAMCO, PDVSA, PEMEX, PETROBRAS tornam-se cada vez mais fortes ao mesmo tempo em que as fusões das majors e suas parcerias, nesses países, as fortalecem, fechando, mais ainda, o mercado mundial.