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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1.2. Os documentos oficiais que têm regulamentado o ensino de

4.1.2.4. BNCC (2018)

De acordo com as informações presentes em um portal5 gerido pelo

Governo Federal, cuja finalidade é que se divulguem esclarecimentos referentes à BNCC, para que este documento tomasse a forma com a qual foi aprovada em 2018, um longo caminho de discussões relacionadas à educação básica foi percorrido.

Após a publicação das OCEM, instituiu-se, em 2008, o Programa Currículo em Movimento, cujo objetivo seria buscar a melhoria na qualidade da educação básica, por meio de uma discussão com o foco no currículo proposto para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Mais adiante, em 2010, iniciaram-se as reflexões acerca da necessidade de que se instituísse uma Base Nacional Comum Curricular. O ápice dessas elucubrações se deu entre os dias 28 de março e 1º de abril,

período em que foi realizada a Conferência Nacional da Educação (CONAE), da qual participaram diversos especialistas em educação. Como resultado das discussões empreendidas no evento, foi produzido um documento, considerado o ponto de partida para a implementação de um Plano Nacional da Educação (PNE).

Em 13 de julho de 2010, a resolução n. 4 passa a definir as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNs). Estas mantêm como objetivo a orientação do planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Dois anos depois, em 2012, a resolução n. 2 define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

Em 2013, a portaria 1.140 de 22 de novembro, estabelece o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio e, em 2014, a lei n. 13.005, de 25 de junho, regulamenta o PNE, com duração prevista de 10 anos. Entre as 20 metas apresentadas pelo documento do PNE, 4 versam sobre a necessidade da elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Todas essas reflexões acerca da elaboração de uma base curricular foram estimuladas quando, em 2014, foi realizada a 2ª Conferência Nacional da Educação, promovida pelo Fórum Nacional de Educação (FNE). Das reflexões suscitadas no evento, originou-se um documento sobre as propostas para a educação básica brasileira, que se tornou uma importante referência para o processo de mobilização no sentido de que se produzisse a BNCC.

Houve, em seguida, um outro marco importante para que, mais adiante, viesse a se tornar realidade o texto final da BNCC. Entre os dias 17 e 19 de junho de 2015, foi realizado o 1º Seminário Interinstitucional para a Elaboração da BNC. Nesse evento, reuniram-se todos os assessores e especialistas envolvidos na elaboração da Base. Como consequência do seminário, instituiu-se a portaria n. 592, cuja função foi estabelecer a Comissão de Especialistas para Elaboração de Proposta da BNCC.

Em dezembro de 2015, foi divulgada a primeira versão do texto da BNCC e, em seguida, em dezembro do mesmo ano, esse texto foi alvo de consulta feita entre os professores das escolas de todo o Brasil. Após o período de consulta popular, o texto foi refeito e, em 2016, uma segunda versão da BNCC é apresentada. Posterior à divulgação da segunda versão da BNCC, foram realizados ao menos 27 seminários estaduais com a participação de professores

e gestores da rede básica de educação, além de especialistas no assunto para que estes pudessem debater o resultado das adequações feitas ao texto da BNCC após consulta popular. Todos esses eventos foram realizados pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação (CONSED) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Após a realização dos seminários, deu-se início à elaboração de uma terceira versão do texto da BNCC.

O Ministério da Educação (MEC) entregou a versão final da BNCC ao Conselho Nacional de Educação (CNE) em 2017. O CNE ficou responsável por elaborar o parecer e o projeto de resolução sobre a BNCC. Em 20 de dezembro de 2017, o então ministro da Educação, Mendonça Filho, homologou o texto da BNCC e, dois dias depois, o CNE apresenta a resolução CNE/CP Nº 2, que instituiu e orientou a implantação da BNCC. Só mais tarde, em 2 de abril de 2018, é que o texto da BNCC referente ao Ensino Médio foi entregue, e foi homologado pelo MEC em 14 de dezembro de 2018, pelo então ministro da Educação, Rossieli Soares.

De acordo com o texto apresentado pelo documento,

Na BNCC, o protagonismo e a autoria estimulados no Ensino Fundamental traduzem-se, no Ensino Médio, como suporte para a construção e viabilização do projeto de vida dos estudantes, eixo central em torno do qual a escola pode organizar suas práticas (BRASIL, 2008, p. 472).

Nesse sentido, é possível perceber que, já em sua apresentação, o documento deixa claro que a função da escola deve ser estimular a autonomia dos alunos, para que estes utilizem os conhecimentos por eles produzidos sob mediação dos professores em seu cotidiano. Ao usar os termos “protagonismo” e “autoria”, o documento deixa clara a necessidade de que, em sala de aula o processo de ensino-avaliação-aprendizagem aconteça que estimule a produção de conhecimento e não a simples transferência de conteúdos do professor aos alunos.

Mais adiante, no documento, há a informação de que os conteúdos relacionados ao ensino de LP devem prever

que os estudantes desenvolvam competências e habilidades que lhes possibilitem mobilizar e articular conhecimentos desses

componentes simultaneamente a dimensões socioemocionais, em situações de aprendizagem que lhes sejam significativas e relevantes para sua formação integral.

Percebe-se, neste trecho, a intenção do documento em ser utilizado como referência para o modo como se organizam pressupostos teórico- metodológicos para o ensino de LP no EM, mas que, ao mesmo tempo, devem ser respeitadas as particularidades de cada estudante, visto que o conhecimento acerca da LP compartilhado na escola, deve lhe ser útil em sua realidade individual. Assim, pode-se inferir que, em relação ao processo de ensino- avaliação de produção textual, foco dessa investigação, práticas cujo foco recaia apenas na estrutura do texto ou pautadas na mera repetição de modelos não devem fazer parte das aulas de LP.

No que diz respeito à contextualização do processo de ensino- avaliação, a BNCC apresenta um quadro no qual são expostos os “campos de atuação social”, que, segundo o documento, devem funcionar “como espaço de articulações e sínteses das aprendizagens de outros campos postas a serviço dos projetos de vida dos estudantes” (BRASIL, 2008, p. 502). Os “campos de atuação social” elencados pela BNCC são: 1) campo da vida pessoal; 2) campo artístico-literário; 3) campos das práticas de estudo e pesquisa; 4) campo jornalístico-midiático; e 5) campo de atuação na vida pública. De acordo com o documento, o processo de ensino-avaliação-aprendizagem de LP deve ser desenvolvido com base nesses campos de atuação social para que as práticas de linguagem abordadas em sala de aula relacionem-se com os diversos contextos dos quais se constitui a vida contemporânea e as condições de vida dos jovens no Brasil e no mundo.

No que diz respeito ao ensino de produção textual, os “campos de atuação social” elencados pela BNCC podem ser contemplados quando esse ensino é desenvolvido com base na teoria de gêneros, uma vez que os diversos textos por meio dos quais interagimos uns com os outros estariam presentes em sala de aula retratando situações reais de uso da linguagem que fariam da aula de produção textual mais do que apenas o momento em que os alunos repetem estruturas pré-determinadas, sem que se conheçam suas características discursivas.

4.1.2.5. Conclusões acerca do que apresentam os documentos oficiais

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