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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 CONTROLE E PREVENÇÃO DA EUTROFIZAÇÃO

2.4.2 Boas práticas agrícolas

Boas Práticas Agrícolas (BPA) são recomendadas para agregar princípios de sustentabilidade na produção de lavouras, principalmente, na agricultura familiar, visando à proteção da saúde dos agricultores e sua família, melhorando a qualidade dos produtos e reduzindo impactos ambientais. Algumas das práticas recomendadas em BPA são: uso de rotação de cultura, uso racional da água, cuidados específicos no manuseio, estocagem e aplicação de agroquímicos, orientação para combate de pragas (EMBRAPA, 2004).

Além das BPA, muitos países com produção agrícola intensiva veem adotando o conceito de nutrição das culturas ou manejo integrado de nutrientes, baseadas em exigências estabelecidas por instituições financeiras e investidores de grandes projetos agrícolas.

A Corporação Financeira Internacional (IFC), ligada ao Banco Mundial, é uma instituição financeira que tem como missão a promoção do investimento sustentável dos países em desenvolvimento, ajudando a reduzir a pobreza e a melhorar a vida das pessoas. É uma entidade investidora e consultora global empenhada em promover projetos sustentáveis em países membros. Como premissa básica, esses projetos devem ser financeira e economicamente saudáveis, além de ambiental e socialmente sustentáveis (IFC, 2013). A implementação estratégica do manejo integrado de nutrientes, é fortemente recomendado para projetos agrícolas financiados pelo Banco Mundial, com o intuito de melhorar a produtividade agrícola e manter a fertilidade do solo, ao mesmo tempo, reduzindo os riscos de problemas ambientais a partir da prevenção, redução e controle da contaminação das águas subterrâneas e superficiais por runoff e drenagem (IFC, 2007).

O conceito de manejo integrado de nutrientes, ou sistema integrado de nutrição de plantas, tem o objetivo aumentar a eficiência do uso de todas as fontes de nutrientes, seja do solo, fertilizantes minerais, adubos orgânicos, resíduos recicláveis ou biofertilizantes. Compreende desde os conhecimentos dos agricultores sobre as técnicas aplicadas para fertilização do solo, até a construção de recomendações práticas e o desenvolvimento de novas técnicas e aperfeiçoamento das já existentes com base nos resultados do campo. Aplicada como ferramenta de controle e gestão para uso de fertilizantes, essa estratégia define ações voltadas para os seguintes aspectos:

− avaliação da necessidade de aplicação de nutrientes, que destaca a sistemática de análise do solo, aplicação de acordo com as necessidades especificas da planta, uso de rotação de cultura e treinamentos para os agricultores sobre os princípios e práticas de adubação;

− uso de técnicas de fertilização mais adequadas e sustentáveis, que inclui a incorporação de matéria orgânica a partir da valorização de resíduos como fertilizantes, redução de perdas, contaminação ou risco de super dosagem de fertilizantes, implementação de controle dos produtos com data de compra, data de uso, volume utilizado por hectares, entre outros;

− utilização de técnicas adequadas para manuseio e estocagem dos produtos com objetivo de prevenir e redução riscos de contaminação do solo e recursos hídricos causados por vazamento acidentais ou durante as operações de transferência, preparação e estocagem de produtos perigosos.

Segundo Roy (2006), os fertilizantes são e continuarão a ser um componente importante para produzir altos rendimentos e boa qualidade nas plantações. A implementação do manejo adequado é fundamental para que a agricultura desenvolva em base sustentável. Algumas ações para o manejo integrado de nutrientes da quais são:

− Análise do solo como forma de pesquisa para aumentar a rentabilidade, maximizando recomendações de adubação, principalmente para as culturas frutíferas. Esta análise pode ser definida como uma análise química do solo aceitavelmente rápida e precisa para avaliar o estado nutricional disponível para fazer recomendações de adubação como uma ferramenta de diagnóstico, sendo útil quando a interpretação dos resultados do teste é baseado em correlação com a resposta da cultura e considerações econômicas para chegar a recomendações de adubação praticamente utilizáveis para uma dada situação de solo-cultura.

− Conhecimentos sobre a dinâmica solo-nutriente-planta e das propriedades e funções dos nutrientes, bem como a mobilidade dos seus componentes no solo e nas plantas e sintomas de deficiência e toxicidade para o metabolismo da planta.

− Informações sobre a propriedades físico-químicas e a estrutura do solo, o arranjo tridimensional das diferentes partículas, tamanhos e formas de agregados que

determinam a permeabilidade à água e o grau de resistência a fatores de deterioração causados por agentes molhantes e de pressão.

− Conhecimento de definição, classificação e aspectos gerais dos fertilizantes, que podem ser definidos como, produtos refinados ou fabricados extraído contendo um ou mais nutrientes essenciais de plantas em formas disponíveis ou potencialmente disponíveis e em quantidades comercialmente valiosas sem levar qualquer substância nociva acima dos limites permitidos. Cada produto comercializado no mercado de agroquímicos, tem formulação que refere-se a garantia legal do teor de nutrientes. É expresso em percentagem, em peso. Por exemplo, um fertilizante 12-32-16 NPK

indica a presença de 12% de nitrogênio (N), 32% de fosfato (P2O5) e 16% de potássio

(K2O). Em um saco de fertilizante, o teor de NPK é sempre escrito na sequência.

− reciclagem de resíduos de produtos de origem vegetal e animal, humana e industrial como fontes de nutrientes para as plantas e recuperação de nutrientes a partir da rotação de culturas e plantação de leguminosas.

− emprego de bioinoculantes ou conhecidos também como biofertilizantes, que é um termo amplo utilizado para produtos que contenham vida ou dormentes de microrganismos, como bactérias, fungos e algas isoladamente ou em combinação, que promovem a fixação de N atmosférico ou solubilização ou ainda mobilização dos nutrientes do solo, além de secretar substâncias promotoras do crescimento.

− medidas preventivas para evitar a dosagem excessiva de fertilizantes, que constitui um desperdício e também pode ter impactos negativos sobre o meio ambiente e para produtividades da cultura. Por exemplo, altas doses de potássio reduzir a absorção de magnésio, mesmo quando há uma oferta de magnésio satisfatória.

− racionalização no uso da água, uma vez que o teor de água disponível no solo tem uma influência sobre vários aspectos do fornecimento de nutrientes. A eficiência na utilização da água como no caso de qualquer insumo de produção deve ser acompanhada e expressa em quilogramas de colheita por milímetro de água utilizada. A quantidade de água aplicada, principalmente nas culturas irrigadas influencia na disponibilidade dos nutrientes, na atividade biológica do solo e na perda de nutrientes devido à lixiviação.

− planejamento das culturas por região de exploração também é uma forma de racionalizar o consumo de água a partir do controle por evaporação nas áreas plantadas. Algumas culturas requerem 300-800 litros de água para produzir 1 kg de matéria seca. A quantidade de água consumida é ao mesmo tempo específica da planta e clima dependente, mas a seleção das culturas atrelada a técnicas adequadas de aplicação de nutrientes podem otimizar o aproveitamento da água e aumentar a resistência aos períodos secos. Por exemplo, o fosfato promove o crescimento da raiz cedo, o que permite um melhor acesso à água das camadas mais profundas do solo e também encurta o período de crescimento. Isto leva a maturação precoce, o que reduz a demanda de água. Em certa medida, uma escassez de água podem ser compensadas por optimização nutrição das plantas.

− incentivo às formas de agricultura biológica ou agricultura orgânica, que se referem a sistemas especiais de cultivo que excluem a aplicação de fertilizantes minerais fabricados ou pesticidas, mas o uso de minerais naturais, como estercos, compostagem e leguminosas como fontes de nutrientes. Tais sistemas têm importância considerável na ciclagem de nutrientes. Alega-se que este sistema de produção promove uma melhor qualidade dos alimentos produzidos com maior proteção ambiental e prevenção contra a poluição indesejada causada por produtos químicos agrícolas. O sistema é viável por causa dos preços mais altos realizados, que compensam os rendimentos mais baixos geralmente obtidos.