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4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.4 PERÍMETRO IRRIGADO DE ICÓ-MANDANTES

O Perímetro está inserido nos municípios de Petrolândia e Floresta, ambos em Pernambuco, com área de 22.914 ha, constituído por lotes de tamanhos diferenciados e dividido em duas áreas: Bloco-3 com 14.981 há; e Bloco-4 com 7.933 ha. Cada Bloco consiste de lotes irrigados, agrovilas, área de sequeiro e reserva legal, além da infraestrutura de estradas e equipamentos urbanos. No perímetro existem 16 agrovilas, onde foram reassentadas 657 famílias, sendo dez agrovilas no Bloco 03 e seis agrovilas no Bloco 04 (CARVALHO, 2009). De acordo com o projeto do perímetro, do total, 2.127 ha são áreas destinadas às parcelas irrigáveis; 187 ha de área das agrovilas; 20.406 ha destinados à área de sequeiro, reserva técnica, reserva legal e núcleo principal; e 194 ha são áreas incorporadas ao patrimônio público para estradas e equipamentos comunitários. As famílias reassentadas, receberam lotes agrícolas de tamanhos diferenciados (1,5 a 6,0 hectares) para desenvolver agricultura irrigada. Em 21 anos de projeto, houve mudanças quanto à distribuição das famílias e ocupação do perímetro. Segundo levantamentos da empresa responsável pela operação e manutenção dos sistemas de irrigação, em dezembro de 2011, existiam 749 lotes cadastrados, distribuídos entre os dois blocos do perímetro (464 lotes no Bloco-03 e 285 lotes no Bloco-04). Esse número representa um aumento de 14% no número de unidades cadastradas e é denominado de área de expansão (HIDRO SONDAS, 2012). Além da área de expansão cadastrada, muitos produtores ocupam irregularmente as áreas de sequeiro e reserva legal e implantam sistemas de irrigação próprios derivados das tubulações que abastecem os lotes regulares.

A agricultura irrigada dentro do perímetro irrigado de Icó-Mandantes foi implementada em etapas, a partir do início de operação das Estações de Bombeamentos (EB).

− Ano de 1993, EB-02 e EB-03 com atual capacidade de bombeamento de 949m³/h; − Ano de 1995, EB-04 e EB-05 com atual capacidade de bombeamento de 1.419m³/h; − Ano de 1998, EB-01 com atual capacidade de bombeamento de 1.827m³/h.

A captação é feita através de estação de bombeamento, a partir de um canal de aproximação, localizada na margem esquerda do reservatório de Itaparica, a qual alimenta um reservatório,

cujo volume é de aproximadamente 54.000 m3. O reservatório por sua vez alimenta por gravidade as adutoras principais, redes de distribuição e parcelares (HIDRO SONDAS, 2012). As principais culturas produzidas em Icó Mandantes estão classificadas em dois grupos: as culturas permanentes representadas por fruteiras como banana, coco, manga, goiaba, maracujá e mamão; e as culturas temporárias ou de ciclo curto como abóbora, feijão, jerimum, melancia, milho, amendoim e coentro (PLANTEC, 2012). O Bloco 04 começou a produzir em dezembro de 1994 com 8.937 ha, dos quais 812 irrigáveis. Já o Bloco 03 começou a produzir em março de 1998, com 14.981 há, sendo 1.315 há irrigáveis (CARVALHO, 2009). A rede de drenagem natural é formada principalmente pelo Riacho dos Mandantes e Baixa do Limão Bravo, ambos integram o Terceiro Grupo de Bacias (GI3), Grupo de Pequenos Rios Interiores, que é composto por uma grande quantidade de pequenos rios e riachos que deságuam no lago formado pelo reservatório de Itaparica (APAC, 2013).

Quanto ao sistema de drenagem coletora dos lotes irrigados, a instalação da rede aconteceu após a implantação de projeto. Na ocasião, alguns agricultores reassentados optaram por não permitir a instalação de dutos enterrados dentro de seus lotes. Por essa razão, muitas parcelas irrigáveis não dispõem de rede formada por dutos enterrados.

De acordo com o relatório da empresa de manutenção (HIDRO SONDAS, 2012), em dezembro de 2011 a rede de drenagem coletora de Perímetro Irrigado Icó-Mandantes tem 235 quilômetros, distribuídas conforme abaixo:

− Bloco-3: 137 km, sendo 21, 46 km de drenagem coletora aberta e 115,649 km de drenagem coletora entubada e dreno subterrâneo;

− Bloco-4: 98 km, sendo 22,76 km de drenagem coletora aberta e 75,488 km de drenagem coletora entubada e dreno subterrâneo.

O sistema de drenagem agrícola é configurado por uma rede de drenos superficiais e subterrâneos externos aos lotes agrícolas. Os drenos superficiais são abertos e apresentam dois tipos de estruturas construtivas: canais de concreto-alvenaria ou são simplesmente escavados no solo aproveitando o relevo e declividade natural do terreno (Foto 4.1). Em função do destino do fluxo da água, os drenos são classificados em:

− primários: conduzem a água direto para o reservatório de Itaparica; − secundários: direcionam o fluxo de água até um dreno primário e − terciários: direcionam o fluxo de água até um dreno secundário.

Foto 4.1- Tubos coletores e drenos escavados integrantes do sistema de drenagem agrícola

De modo geral, os solos que ocorrem são arenosos, derivados de sedimentos da Bacia do Jatobá. Estes sedimentos são pobres em nutrientes, e consequentemente, geram solos de baixa fertilidade natural, profundos a muito profundos, excessivamente drenados devido a sua textura arenosa (EMBRAPA, 2004).

Silva (2011), realizou o mapeamento dos solos do município de Petrolândia na escala 1:100.0000 utilizando tecnologias da geoinformação. A ocorrência solos argilosos, que incluem Luvissolos, Cambissolos e Vertissolos ocorrem em posições de cotas mais baixas. Por outro lado, onde ocorrem coberturas arenosas, o predomínio é de Neossolos Quartzarênicos. Esses solos predominam em locais de cotas mais elevadas. O relevo é uma das características analisadas nos mapeamentos de solos, principalmente no que diz respeito à declividade, por sua influência na mecanização e nos riscos de erosão hídrica do solo e é de grande relevância para as práticas de uso, manejo e conservação das terras.

Segundo Santos et al. (2005), são empregadas as seguintes classes para descrição do relevo: − Plano: superfícies de topografia esbatida ou horizontal, onde os desnivelamentos são

muito pequenos, com declividade menores que 3%.

− Suave ondulado: superfícies de topografia pouco movimentada, constituída por conjunto de colinas e, ou, outeiros (elevações de altitudes relativas da ordem de 50 a 100 m, respectivamente), apresentando declives suaves, de 3 a 8%.

− Ondulado: superfícies de topografia pouco movimentada, constituída por conjunto de colinas e, ou, outeiros, apresentando declives acentuados, entre 8 a 20%.

− Forte ondulado: superfícies de topografia movimentada, formada por outeiros e, ou, morros (100 a 200 m de altitude relativa) com declives fortes, entre 20 a 45%.

− Montanhoso: superfícies de topografia vigorosa, com predomínio de formas acidentadas, usualmente constituídas por morros, montanhas e maciços montanhosos e alinhamentos montanhosos, apresentando desnivelamentos relativamente grandes e declives fortes e muitos fortes, de 45 a 75%.

− Escarpado: regiões ou áreas com predomínio de formas abruptas, compreendendo escarpamentos, como: aparado, itambé, falésias, flancos de serras alcantiladas, vertentes com declives muito fortes de vales encaixados, maiores que 75%.

Correia et al.(2009) realizou levantamento dos usos e da qualidade de todos os lotes do Bloco-3 do Perímetro Irrigado de Icó-Mandantes, dentre os parâmetros pesquisados, o teor de fósforo foi avaliado como um indicativo de fertilidade do solo (Tabela 4.5).

Tabela 4.5 - Teores de fósforo encontrados no solo dos lotes do Bloco-3

Identificação Uso dos lotes Movimentação de solo

Teores de Fósforo nas camadas do solo (mg.dm-3) 0-10 cm 10-30 cm 30-60 cm Área com Culturas de ciclo curto Culturas anuais, principalmente, abóbora, melancia, coentro, milho e feijão.

Uma aração e duas gradagens no preparo do solo, no início de cada cultivo, duas a três vezes ao ano, caracterizando este sistema como de grande movimentação de solo.

42,1 39,7 7,3 Área com Fruticultura Cultivadas predominantemente com bananeira, coqueiro, goiabeira e mangueira.

Aração e gradagem apenas na implantação das culturas, sem uso de máquinas nas operações de colheita e tratos fitossanitários

28,5 15,2 5,9

Área de Pastagem

Utilizadas como pastagem nativa continuamente, em alguns casos, e, em outros, entre períodos de cultivo de espécies de ciclo curto mais espaçado.

Movimentação do solo intermediária entre os usos culturas de ciclo curto e fruticultura, em que, de modo geral, para a manutenção da pastagem, pratica-se uma superirrigação, com reduzido manejo da irrigação.

35,2 13,8 9,7

Área descartada

Classificadas como impróprias ao cultivo (observada a presença dos

usos descritos

anteriormente, bem como de áreas abandonadas com regeneração de vegetação nativa). - 39,7 23,9 13,2 MÉDIA 36,4 23,2 9,0 Áreas de Vegetação nativa (solo controle) Originalmente de

Caatinga, sem intervenção humana, nem histórico de cultivo agrícola.

7,4 4,6 4,1

Fonte: Adaptado de CORREIA et al., 2009.

As camadas superficiais das áreas cultivadas apresentam teores de fósforo cerca de cinco vezes maiores que as concentrações encontradas nas áreas de vegetação nativa, indicando a baixa fertilidade natural dos solos.