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drogas entre os universitários brasileiros

8.4. COMPARAÇÃO DO USO DE DROGAS APENAS

8.4.2. Brasil e Estados Unidos 1. Geral

Nos Estados Unidos, a importância do estudo do uso de álcool e outras drogas, entre adolescentes e jovens, é demonstrada pela existência do projeto “Monitoring the Future” - MTF, um levantamento nacional norte-americano que tem sido adaptado e executado pela “The University of Michigan”, com o patrocínio do “National Institute on Drug Abuse” – NIDA. Trata-se de um estudo prospectivo que tem acompanhado, há 30 anos, a prevalência do uso de drogas entre estudantes, desde a oitava série até a idade adulta, focando, dentro desse período de vida, a fase universitária.

O MTF considera como universitário os estu-dantes que, acompanhados 1 a 4 anos após a fina-lização do ensino médio, declaram estar atendendo cursos de graduação de dois a quatro anos de du-ração, em período integral. Ainda, os universitários norte-americanos têm, em sua maioria, idade entre

os 18 e 22 anos, o que força a comparação de com-portamento com os universitários brasileiros de faixa etária correspondente, ou seja, de 18 a 24 anos, para as substâncias que foram pesquisadas em comum por ambas as pesquisas. Para conhecimento, os dados mais recentes do MTF são do ano letivo de 2008. (Johnston et al., 2009)

A prevalência do uso de álcool e tabaco entre os universitários brasileiros e norte-americanos é bastante próxima para todas as medidas de uso (uso

na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias).

Soma-se a isso, que o uso geral de drogas ilícitas também é semelhante, ou seja, enquanto 45,7% dos universitários brasileiros (de faixa etária entre 18-24 anos) relataram ter feito uso na vida de alguma subs-tância psicotrópica, 49,5% dos universitários norte-americanos o fizeram, frequência que se aproxima para o uso nos últimos 12 meses, sendo ligeiramente superior entre os universitários brasileiros para a me-dida de uso nos últimos 30 dias. (Tabela 8.6)

Ao buscar por consumos específicos dentro de cada um desses segmentos, identificou-se que o uso

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de maconha e derivados é maior entre os universitá-rios norte-americanos, especialmente para as medi-das de uso na vida e nos últimos 12 meses. O contrá-rio é identificado para o uso de inalantes, feito com maiores prevalências, para todas as medidas, entre os universitários brasileiros.

Não parece haver diferenças notáveis de uso para as demais substâncias psicotrópicas pesquisa-das, a não ser o uso nos últimos 30 dias de alucinó-genos, ecstasy, tranqüilizantes e anfetamínicos que é ligeiramente superior entre os universitários brasilei-ros (Tabela 8.6).

Tabela 8.6: Prevalência de uso na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre os universitários brasileiros e os universitários norte-americanos respondentes da pesquisa “Monitoring the Future” (Johnston et al., 2009); (nd): não-informado.

Substância Psicotrópica

Uso na vida (%) Uso nos últimos 12 meses (%) Uso nos últimos 30 dias (%)

Brasil MTF Brasil MTF Brasil MTF

Uso de Drogas Ilícitas 45,7 49,5 35,5 35,2 24,8 18,9

Álcool 89,3 85,3 75,7 82,1 64,1 69,0 Produtos de Tabaco 45,5 nd 27,3 30,0 19,1 17,9 Maconha/Haxixe/ Skank 26,9 46,8 16,9 32,3 10,7 17,0 Inalantes e Solventes 21,6 4,9 9,7 1,1 4,2 0,4 Cocaína (Pó) 5,3 7,2 3,5 4,4 2,0 1,2 Crack 0,3 1,4 0,1 0,5 0,1 0,1 Alucinógenos 7,9 8,5 6,2 5,1 4,2 1,7 Ecstasy 7,5 6,2 4,3 3,7 2,5 0,6 Esteróides Anabolizantes 1,9 1,6 0,8 0,1 0,4 nd Tranquilizantes e Ansiolíticos 8,9 8.6 6,5 5,0 4,5 1,6 Sedativos ou Barbitúricos 1,1 nd 0,7 3,7 0,7 1,4 Heroína 0,1 0,7 0,0 0,3 0,0 nd Anfetamínicos 10,0 9,1 7,3 5,7 5,7 2,8

8.4.2.2. Universitários brasileiros

e norte-americanos: interferência

do gênero e variáveis acadêmicas

sobre o uso de drogas

Dentro da comparação entre as pesquisas bra-sileiras e norte-americanas, vale mencionar a inter-ferência de características individuais e acadêmicas sobre o uso de drogas pelos universitários.

O gênero tem sido um desses fatores

interfe-et al., 1999; Wagner interfe-et al., 2007; Oliveira interfe-et al., 2009). Entre os universitários da Universidade de São Paulo - USP já foi identificado que enquanto homens frequentemente experimentam álcool, ina-lantes, esteróides anabolizantes, cloridrato de cocaí-na e crack, as drogas prescritas (principalmente tran-qüilizantes e anfetamínicos) são de uso mais comum entre as mulheres (Wagner et al., 2007). Aqui, para a identificação da interferência do gênero do universi-tário, considerou-se apenas o uso nos últimos 30 dias,

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AMENTO NACIONAL SOBRE O USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

ENTRE UNIVERSIT

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AIS BRASILEIRAS

Entre os universitários brasileiros, o uso de ta-baco, inalantes e de drogas ilícitas (geral) é seme-lhante entre os sexos. Em contrapartida, o uso de álcool, maconha, tranqüilizantes e anfetamínicos sofrem influência do sexo do universitário, em que o uso atual de álcool e maconha é mais prevalente entre os homens e o uso de tranqüilizantes e anfe-tamínicos entre as mulheres. Entre os universitários norte-americanos, o uso de álcool e tabaco é

seme-lhante entre os sexos. Já o Uso de Drogas Ilícitas em geral, maconha, cloridrato de cocaína e alucinógenos é mais prevalente entre os homens, enquanto que o uso de anfetamínicos é mais prevalente entre as mu-lheres. Esses dados identificam uma possível interfe-rência do gênero do universitário sobre a substância consumida, de forma semelhante em ambas as cul-turas para o uso de maconha e anfetamínicos, o que precisa ser melhor investigado.

Tabela 8.7: Prevalência de uso na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias de álcool, tabaco e drogas ilícitas entre os universitários brasileiros e os universitários norte-americanos respondentes da pesquisa “Monitoring the Future” (Johnston et al., 2009); (nd): não-informado.

Substância Psicotrópica

Uso nos últimos 30 dias (%)

Brasil MTF

Masculino Feminino Masculino Feminino

Uso de Drogas Ilícitas 25,37 26,32 23,1 16,2

Álcool 66,57 55,84 71,2 67,5 Produtos de Tabaco 23,53 20,09 20,0 16,6 Maconha/Haxixe/Skank 12,95 6,13 22,1 13,6 Inalantes e Solventes 3,61 2,37 0,5 0,6 Cocaína (Pó) 2,38 1,38 2,0 0,6 Crack 0,29 0,06 0,3 nd Alucinógenos 3,42 2,42 1,2 0,5 Ecstasy 2,81 1,27 0,6 0,6 Esteróides Anabolizantes 1,11 0,01 nd nd Tranqüilizantes e Ansiolíticos 3,52 7,38 1,8 1,4 Sedativos ou Barbitúricos 0,22 1,38 1,6 1,3 Heroína 0,12 0,00 0,1 nd Anfetamínicos 4,44 11,69 4,0 1,9

Além das características individuais, variáveis aca-dêmicas também têm interferido sobre o uso de drogas entre os universitários (Oliveira et al., 2009) como, por exemplo, o ano acadêmico e o período de estudo.

O “National Survey on Drug Use and Health” – NSDUH (realizado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do “Substance Abuse and Mental

Health Services Administration” - SAMHSA, 2008),

que foca o uso de drogas entre os universitários, iden-tificou que os universitários que cursavam o ensino superior em período integral (full-time vs part-time college students) estavam mais propensos a usar

ál-cool nos últimos 30 dias, assim como terem realizado episódios de “binge drinking” ou terem bebido de for-ma pesada com for-maior frequência. Entre eles, 61,0% dos universitários relataram ter bebido nos últimos 30

dias, um número bastante próximo do Brasil, em que

60,7% dos universitários de período integral relata-ram ter feito uso de álcool no mesmo período, mas cuja frequência foi maior entre os alunos do período noturno (62,3%) (conforme ilustrado pelo capítulo dois desse levantamento). Ainda de acordo com essa pesquisa, os universitários do período integral foram menos prováveis de serem usuários de tabaco que os

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companheiros em cursos não-integrais ou que não atendessem o ensino superior, com uma prevalência de 27,2% (SAMHSA, 2008). Embora maior que a prevalência encontrada no Brasil, os universitários de período integral também fizeram menor uso de tabaco nos últimos 30 dias (integral: 15,7%; matutino: 18,5%; vespertino: 17,9%; noturno: 25,2%).

8.4.3. Prevalência de abuso e