• Nenhum resultado encontrado

Binge nos últimos 30 dias

3.3.4. Consumo de álcool de acordo com a quantidade e

frequência

A amostra também foi avaliada quanto aos pa-drões de consumo do álcool de acordo com a quan-tidade e frequência de uso. Os universitários foram classificados em: “abstêmios” (não beberam no

últi-mo ano), “bebedores leves e muito pouco frequentes” (consumo de uma a duas doses de álcool uma vez por mês ou menos), “bebedores leves e pouco frequentes” (consumo de uma a duas doses de bebidas alcoóli-cas semanalmente), “bebedores moderados e bebe-dores não pesados” (consumo de mais do que duas doses e menos do que cinco, de uma a quatro vezes por mês), “bebedores pesados” (consumo de mais de cinco doses em uma única ocasião, semanalmente) e “bebedores pesados e frequentes” (consumo de mais de cinco doses, quase todos os dias).

Houve diferenças na frequência do uso de ál-cool entre universitários de acordo com o gênero. Os homens beberam mais, em maior quantidade e frequência, do que as mulheres, como pode ser ob-servado na Figura 3.8.

96

I LEV

ANT

AMENTO NACIONAL SOBRE O USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

ENTRE UNIVERSIT

ÁRIOS DAS 27 CAPIT

AIS BRASILEIRAS

Figura 3.8. Padrões de consumo de álcool, de acordo com a quantidade e frequência, conforme o gê-nero dos universitários.

Abstêmios

Bebedores leves e muito pouco frequentes

Bebedores leves e pouco frequentes Bebedores moderados e não pesados Bebedores pesados Bebedores pesados e frequentes Abstêmios

Bebedores leves e muito pouco frequentes

Bebedores leves e pouco frequentes Bebedores moderados e não pesados Bebedores pesados Bebedores pesados e frequentes

MULHER

HOMEM

22,7% 17,7% 3,5% 22% 1,9% 20,1% 4,4% 30,5% 12,8% 0,2%

SEÇÃO III: USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

CAPÍTULO 3: P

ADRÕES DE CONSUMO DO ÁLCOOL ENTRE UNIVERSIT

ÁRIOS

3.4. PRINCIPAIS

CONCLUSÕES

Essa é a primeira pesquisa nacional que investi-ga os padrões de consumo do álcool entre universitá-rios, a partir de medidas de quantidade e frequência, assim como avalia os riscos decorrentes do consumo dessa substância, a partir da aplicação de um instru-mento da Organização Mundial de Saúde que mede risco e necessidade de intervenção (ASSIST). Inclu-sive, a literatura sugere que a classificação do padrão de consumo de álcool, considerando a quantidade e a frequência, melhora a identificação dos indivíduos mais expostos a prejuízos decorrentes do uso dessa substância (Presley & Pimentel, 2006; Turrisi et al., 2006). O presente capítulo oferece um panorama so-bre o uso do álcool na vida, nos últimos 12 meses e nos

últimos 30 dias, assim como as frequências do beber

pesado episódico nos últimos 12 meses e nos últimos 30

dias, entre homens e mulheres.

Nota-se que a maioria dos universitários faz uso do álcool e a proporção entre homens e mulheres be-bedores é de aproximadamente 1:1. Além disto, a ida-de ida-de início para o consumo do álcool nesta amostra se dá em mais de 50% dos universitários antes dos 16 anos de idade. Tal convergência (proporção de consumo entre as mulheres semelhante aos homens) e precocidade para o uso do álcool são preocupantes visto que expõem esta amostra aos prejuízos agudos e

crônicos decorrentes dessa substância, de forma no-tável. Quanto mais precoce o uso de álcool, maiores as chances de desenvolver uma dependência alcoólica, especialmente pela interferência sobre a etapa da vida em que acontece o processo de maturação do sistema nervoso central e da personalidade (Hingson & Zha, 2009; Sartor et al., 2007; Zucker, 2008). Além disto, as mulheres são mais sensíveis que os homens aos efeitos do álcool no organismo devido a questões fisiológicas e constitucionais próprias do gênero (Kerr-Correa et

al., 2007; Nolen-Hoeksema & Hilt, 2006;

Simons-Morton et al., 2009).

No que diz respeito às consequências agudas, o fato de um em cada quatro universitários relatar consumo do álcool no padrão binge nos 30 dias anteriores à entrevista mostra que estes alunos estão frequentemente expostos a riscos, especial-mente acidentes de trânsito, intoxicação, a atos de violência e abuso sexual sob influência do álcool, sexo desprotegido, problemas acadêmicos (apren-dizado e comportamentos inadequados) e proble-mas legais.

A partir dos dados deste estudo será possível desenvolver programas de prevenção para minimi-zar os problemas decorrentes do uso do álcool em diferentes regiões do Brasil; ajustar os programas de prevenção já existentes aos indivíduos mais expostos e d efinir indicadores para serem usados como parâ-metros de sucesso em programas de prevenção.

98

I LEV

ANT

AMENTO NACIONAL SOBRE O USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

ENTRE UNIVERSIT

ÁRIOS DAS 27 CAPIT

AIS BRASILEIRAS

3.5. Referências Bibliográficas

•Andrade AG, Queiroz S, Villaboim RCM, César CLG, Alves MCGP, Bassit AZ. Uso de álcool e drogas entre alunos de graduação da Universidade de São Paulo. Rev ABP-APAL 19: 53-59, 1997.

•Carlini, E.A.; Galduróz, J.C.F.; Noto, A.R.; Fonseca, A.M.; Carlini, C.M.; Oliveira,L.G.; Nap-po S.A.; Moura, Y.G.; Sanchez, Z.V.M. II Levanta-mento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotró-picas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país. – 2005. São Paulo: CEBRID – Cen-tro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psico-trópicas, Departamento de Psicobiologia, UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, 468 p., 2007.

•Courtney KE, Polich J. Binge drinking in young adults: Data, definitions, and determinants. Psychol Bull 135: 142-56, 2009.

•Galduróz, J.C.F.; Noto, A.R.; Fonseca, A.M.; Carlini, E.A. V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 17 Capitais Brasileiras – 2004. São Paulo: CEBRID – Centro Brasileiro de Informa-ções sobre Drogas Psicotrópicas, Departamento de Psicobiologia, UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, 398 p., 2005.

•Galduroz JC, Noto AR, Nappo SA, Carlini EA. Trends in drug use among students in Brazil: analysis of four surveys in 1987, 1989, 1993 and 1997. Braz J Med Biol Res 37: 523-31, 2004.

•Hingson RW, Zha W. Age of drinking onset, alcohol use disorders, frequent heavy drinking, and unintentionally injuring oneself and others after drinking. Pediatrics 123: 1477-84, 2009.

•Hingson RW, Zha W, Weitzman ER. Magni-tude of and trends in alcohol-related mortality and morbidity among U.S. college students ages 18-24, 1998-2005. J Stud Alcohol Drugs Suppl 12-20, 2009.

•Kerr-Correa F, Igami TZ, Hiroce V, Tucci AM. Patterns of alcohol use between genders: a cross-cul-tural evaluation. J Affect Disord 102: 265-75, 2007.

•Laranjeira, R.; Pinsky, I.; Zaleski, M.; Caeta-no, R.; Duarte, P.C.A.V. I Levantamento Nacional

sobre os Padrões de Consumo de Álcool na Popula-ção Brasileira. Brasília: SENAD – Secretaria Nacio-nal de Políticas sobre Drogas, 76 p., 2007.

•Nelson TF, Xuan Z, Lee H, Weitzman ER, Wechsler H. Persistence of heavy drinking and en-suing consequences at heavy drinking colleges. J Stud Alcohol Drugs 70: 726-34, 2009.

•NIAAA. A Call to Action: Changing the Culture of Drinking at U.S. Colleges, National Ins-titute on Alcohol Abuse and Alcoholism, 2005.

•Nolen-Hoeksema S, Hilt L. Possible contri-butors to the gender differences in alcohol use and problems. J Gen Psychol 133: 357-74, 2006.

•Presley CA, Meilman PW, Leichliter JS. Col-lege factors that influence drinking. J Stud Alcohol Suppl 82-90, 2002.

•Presley CA, Pimentel ER. The introduction of the heavy and frequent drinker: a proposed classifi-cation to increase accuracy of alcohol assessments in postsecondary educational settings. J Stud Alcohol 67: 324-31, 2006.

•Sartor CE, Lynskey MT, Heath AC, Jacob T, True W. The role of childhood risk factors in initia-tion of alcohol use and progression to alcohol de-pendence. Addiction 102: 216-25, 2007.

•Schulte MT, Ramo D, Brown SA. Gen-der differences in factors influencing alcohol use and drinking progression among adolescents. Clin Psychol Rev 29: 535-47, 2009.

•Simons-Morton BG, Farhat T, ter Bogt TF, Hublet A, Kuntsche E, Nic Gabhainn S, Godeau E, Kokkevi A. Gender specific trends in alcohol use: cross-cultural comparisons from 1998 to 2006 in 24 countries and regions. Int J Public Health 54 Suppl 2: 199-208, 2009.

•Stempliuk Vde A, Barroso LP, Andrade AG, Nicastri S, Malbergier A. Comparative study of drug use among undergraduate students at the University of Sao Paulo--Sao Paulo campus in 1996 and 2001. Rev Bras Psiquiatr 27: 185-93, 2005.

•Turrisi R, Mallett KA, Mastroleo NR, Lari-mer ME. Heavy drinking in college students: who is at risk and what is being done about it? J Gen Psychol 133: 401-20, 2006.

SEÇÃO III: USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

CAPÍTULO 3: P

ADRÕES DE CONSUMO DO ÁLCOOL ENTRE UNIVERSIT

ÁRIOS

•Wagner GA, Andrade AG. Uso de álcool, ta-baco e outras drogas entre estudantes universitários brasileiros. Rev Psiq Clin 35: 48-54, 2008.

•Wechsler H, Lee JE, Kuo M, Seibring M, Nelson TF, Lee H. Trends in college binge drinking during a period of increased prevention efforts. Fin-dings from 4 Harvard School of Public Health College

Alcohol Study surveys: 1993-2001. J Am Coll Health

50: 203-17, 2002.

•Weitzman ER, Nelson TF, Wechsler H. Taking up binge drinking in college: the influences of person, social group, and environment. J Adolesc Health 32: 26-35, 2003.

•Zucker RA. Anticipating problem alcohol use developmentally from childhood into middle adul-thood: what have we learned? Addiction 103 Suppl 1: 100-8, 2008.

100

I LEV

ANT

AMENTO NACIONAL SOBRE O USO DE ÁLCOOL, T

ABACO E OUTRAS DROGAS

ENTRE UNIVERSIT

ÁRIOS DAS 27 CAPIT

CAPÍTULO 4:

USO MÚLTIPLO DE DROGAS