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3.1 – BREVE DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS

O site do Ministério da Saúde sobre o SNS revela que a organização dos serviços de saúde sofreu, ao longo dos tempos, a influência de conceitos políticos, económicos, sociais e religiosos de cada época e foi-se concretizando para dar resposta aos problemas de saúde identificados.

Dos séculos XIX e XX até à criação do SNS, a assistência médica competia às famílias, a instituições privadas e aos serviços médico-sociais da Previdência. Seguindo-se no site do Ministério da Saúde, um extenso cronograma pormenorizado relativo a todas as resoluções legislativas que nos levam aos dias de hoje começando em 1899 quando Ricardo Jorge inicia a organização dos "Serviços de Saúde e Beneficência Pública” e que Baganha, Ribeiro & Pires (2002) resumem conforme o quadro abaixo e que aqui expomos apenas como forma de contextualização:

1899 - O Dr. Ricardo Jorge inicia a organização dos "Serviços de Saúde e Beneficência Pública” que, regulamentada em 1901, entra em vigor em 1903.

1901 - É criada a Direção Geral de Saúde e Beneficência, relevando-se deste período a criação do ensino de saúde pública por Ricardo Jorge, pela criação do “Instituto Central de Hygiene”.

1946 - A Lei n.º 2011, de 2 de Abril de 1946, estabelece a organização dos serviços prestadores de cuidados de saúde então existentes: Hospitais das Misericórdias, Hospitais Estatais, Serviços Médico-Sociais, de Saúde Pública e Privados.

1971 - Com a reforma do sistema de saúde e assistência (conhecida como “a reforma de Gonçalves Ferreira”), surge o primeiro esboço de um Serviço Nacional de Saúde (SNS). São explicitados princípios, como o reconhecimento do direito à saúde a todos os portugueses, cabendo ao Estado assegurar esse direito, através de uma política unitária de saúde da responsabilidade do Ministério da Saúde, a integração de todas as atividades de saúde e assistência, com vista a otimizar os recursos e a noção de planeamento central e de descentralização na execução, dinamizando-se os serviços locais.

1971 - Os serviços de saúde em Portugal são reorganizados em 1971, pelo Decreto-lei nº 413/71, com prioridade às atividades de promoção da saúde e de prevenção da

doença e garantir o direito à saúde. Inicia-se a criação de centros de saúde (de 1ª geração) em quase todos os concelhos, que têm uma atividade predominantemente vocacionada para a saúde da mãe e da criança.

1974 – A partir de 1974 a política de saúde em Portugal sofreu modificações radicais, tendo surgido condições políticas e sociais.

1976 - O “despacho Arnault” abriu acesso aos postos de Previdência Social (mais tarde Segurança Social) a todos os cidadãos independentemente da sua capacidade contributiva.

1979 - Criação do SNS, através do qual o Estado assegura o direito à saúde (promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação médica, social e de vigilância) a todos os cidadãos. Criado pela Lei n.º 56/79, de 15 de setembro para assegurar o direito à proteção da saúde a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos.

1990 – É o ano de viragem decisiva do Sistema de Saúde Português com a aprovação da Lei Orgânica do Ministério da Saúde (Estatuto Nacional de Saúde) através do Decreto- Lei n.º 11/93, de 15 de janeiro, que tenta ultrapassar a dicotomia entre os cuidados de saúde primários e diferenciados, através da criação de unidades integradas no sentido de viabilizar a articulação entre grupos personalizados de centros de saúde e hospitais procurando uma gestão de recursos mais próxima dos cidadãos. É aprovada a Lei de Bases da Saúde através da Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, onde estão explanados os princípios como a proteção da saúde, a defesa da saúde pública e onde o Estado promove e garante o acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde.

1999 - Foi estabelecido o regime dos Sistemas Locais de Saúde (SLS), um conjunto de recursos articulados na base da complementaridade e organizados segundo critérios geográfico-populacionais, que visam facilitar a participação social e que, em conjunto com os centros de saúde e hospitais, pretendem promover a saúde e a racionalização da utilização dos recursos. É no prosseguimento desta linha de atuação que são criados os Centros de Responsabilidade Integrada (CRI), órgãos de gestão intermédia que, sem quebrar a unidade de conjunto, sejam dotados de poder decisório, possibilitando-se a desconcentração da tomada de decisão.

2002 – Gestão empresarial, com a aprovação do novo regime de gestão hospitalar, pela Lei nº 27/2002, de 8 de novembro, introduzem-se modificações profundas na Lei de

Bases da Saúde. Acolhe-se e define-se um novo modelo de gestão hospitalar, aplicável aos estabelecimentos hospitalares que integram a Rede de Prestação de Cuidados de Saúde e dá-se expressão institucional a modelos de gestão de tipo empresarial (EPE). 2005 – Inicia-se o processo de reforma dos Cuidados de Saúde Primários.

2011 – Aprovada a Lei Orgânica aprovada pelo Decreto-Lei 124/2011, de 29 dezembro, e alterada pela Declaração de Retificação 12/2012, de 27 fevereiro. Integram o Serviço Nacional de Saúde todos os serviços e entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde.

Tabela 1: Cronograma Legislativo do SNS Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde (2018) e Baganha, Ribeiro & Pires (2002) O Sector da saúde em Portugal:

funcionamento do sistema e caraterização socioprofissional

Amendoeira (2009) refere as profundas transformações sociais em Portugal vividas na segunda metade do Séc. XX (democratização e descolonização em 1974, entrada na CEE em 1985 e a integração na União Monetária Europeia em 2000 além da evolução tecnológica) para agrupar a evolução do SNS Português em 5 períodos distintos:

 Antes dos anos 70

 Do início dos anos 70 a 1985 – estabelecimento e expansão do Serviço Nacional de Saúde

 De 1985 a 1995 - regionalização do SNS e novo papel para o setor privado  De 1995 a 2005 – Uma nova “gestão pública – new public management” para o

SNS baseado no modelo empresarial (EPE)  A partir de 2005 – As novas reformas em curso