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Apêndice I Descrição arquivística de fotografias digitais em Patrimônios de Maria

2.2 Fotografia

2.2.1 Breve história da fotografia

A primeira fotografia (Figura 13) é creditada ao francês Niépce, que, através da parceria com Louis Jacques Mandé Daguerre, descobre, em 1831, a sensibilidade da prata iodizada à luz. Em 1835, Daguerre descobriu que uma imagem quase invisível podia ser revelada com o vapor de mercúrio, reduzindo – de horas para minutos – o tempo de exposição e batizou esse processo de Daguerreotipia.

Nesses mesmos anos, o inglês Talbot, fugindo da daguerreotipia, também realizava suas pesquisas fotográficas. Em 1835, ele construiu uma pequena câmera de madeira e carregou com papel de cloreto de prata. A imagem negativa era fixada em sal de cozinha e submetida a um contato com outro papel sensível, e, dessa maneira, a cópia apresentava-se positiva sem a inversão lateral.

Figura 13 - Telhados de Chalon-Sur-Saone: a primeira fotografia

Fonte: Nicéphore Niépce Museum21, 2011

Avançando no tempo, a empresa Eastman Corporation começa a produzir uma película emulsionada em rolo, feita com nitrato de celulose muito mais fina e transparente, que, em 1902, já era responsável por 85% da produção mundial.

Eastman, em 1888, já produzira uma câmera, a Kodak n.1, quando introduziu a base maleável de nitrato de celulose em rolo. Colocava-se o rolo na máquina e a cada foto era enrolado em outro carretel. Esse processo fotográfico foi a base da indústria fotográfica durante o século XX. O filme é comprado em rolos e emulsionado com base de celulose, as fotos são batidas, reveladas e positivadas.

A fotografia no Brasil é um campo vasto a ser estudado. São muitos anos de história, estéticas, ideologias e representações do país em sua grandeza. O destaque maior é Hércule Florence, francês radicado em Vila Rica (atual Campinas, SP), que, apesar de décadas de desconhecimento, foi trazido ao público da área como o verdadeiro inventor da técnica da fotografia (KOSSOY, 2009) na segunda metade do século XX, quando já se passava um século da sua morte.

Em janeiro de 1840, atraca no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, um navio-escola francês que traz consigo o primeiro daguerriótipo. Dois meses depois, o Imperador Dom Pedro II adquire um exemplar da câmera e torna-se um dos principais responsáveis pela difusão inicial da fotografia no Brasil. O Imperador levava consigo o daguerriótipo às viagens ao interior do Império e às expedições internacionais, fazendo com que o fascínio pela técnica fizesse parte da Coroa brasileira, deixando um legado pictográfico inigualável daquele tempo.

Segundo Magalhães e Peregrino (2003), quando do fim do Império e da sua volta a Portugal, em 1889, Dom Pedro II deixa a coleção intitulada Thereza Christina Maria para a Biblioteca Nacional com fotos de inúmeros fotógrafos. Ainda sob a ótica das autoras, destacam-se panorâmicas do Rio de Janeiro de Marc Ferrez de diversos ângulos da Cidade Maravilhosa, o que ajuda a contar a sua história, como a Figura 14.

Figura 14 - Museu Nacional de Bellas Artes, Rio de Janeiro, por Marc Ferrez

Fonte: Museu Nacional de Bellas Artes22, 2011

Um capítulo à parte na história da fotografia no Brasil e cujo tema pode ser mais conhecido através do livro A Fotografia Moderna no Brasil dos autores Costa e da Silva (1995), que demonstram como o experimentalismo e o rompimento com a técnica pictorialista fizeram desse período uma das fases mais ricas e impressionantes da estética fotográfica brasileira. Através da influência americana e europeia, Alfred Stieglitz (EUA) valorizava o processo fotográfico em si e cunhou o termo Straight Photography, ou seja, fotografia pura, nua, crua.

Assim como a arquitetura moderna não fazia uso de adornos, a fotografia moderna brasileira também não o faz. No Brasil, houve uma preocupação com a composição geométrica, geometrizações, abstrações e experimentações que rompem com o pictorialismo romântico. Alguns exemplos fundamentais desse período são Thomaz Farkas (Figura 15) e German Lorca, entre outros, como José Yalenti, Euardo Salvadore, Ademar Manarini, Geraldo Barros e José Oiticica Filho.

Figura 15 - Mirante do Trianon, Thomaz Farkas

Fonte: Folha de São Paulo23

O fator decisivo para a vasta produção e a enorme qualidade foi a criação de associações que uniram os fotógrafos nos grandes centros do país. Rapidamente destaca-se o

Foto Cine Clube Bandeirante de São Paulo, que foi o maior responsável pela consolidação da estética moderna na fotografia, com influência da Straight Photography americana. Através de seus concursos e salões expositivos, foi possível o desenvolvimento estético do período. No Rio de Janeiro, destaca-se o Foto Clube Brasileiro, o Foto Clube Fluminense de Fotografia e a Associação Brasileira de Arte Fotográfica, conforme Costa e da Silva (1995).

No Estado do Rio Grande do Sul, realiza-se o Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre24 (FestFotoPoA, 2010), que aproxima fotógrafo e público, pois, além de exposições, oferece bate-papos e palestras. A RBS Publicações lançou, no ano de 2008, a publicação Imagens Gaúchas, em três volumes, com fotografias do Estado, que apresentam algumas paisagens e detalhes obtidos pelas lentes de gaúchos, dentre eles alguns santa- marienses.

No ano de 2008, em comemoração aos 150 anos de Santa Maria, foi publicada a obra Céus de Santa Maria, que aborda a temática de fotos aéreas do passado e do presente da cidade. Seus autores, João Paulo Cardoso Marchiori e Paulo Fernando dos Santos Machado, fazem um breve histórico dos primeiros fotógrafos santa-marienses, dentre eles Miguel Lampert, Vitor Camargo, Bortolo Achutti, Léo Guerreiro, Armando Bondarenko, Waldir Pereira, Antônio Isaia e Herlmuth Staggemeir. Com fotos aéreas é possível se ter noção da evolução da Santa Maria dos anos de 1930 até os dias atuais.