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Apêndice I Descrição arquivística de fotografias digitais em Patrimônios de Maria

2.4 Internet

2.4.4 Colaboração via Internet

O termo “web colaborativa” refere-se a alguns projetos criados de modo colaborativo, não individual, sem suporte financeiro e é uma das características da web 2.0. No seu princípio, a web colaborativa reforça a ideia de que cada usuário é um potente emissor de

informação, diferente do que havia sido até o início do século XXI, quando a comunicação de massa tinha os papéis de transmissor e receptor de informação fortemente marcado.

Incontáveis são os exemplos dos projetos colaborativos envolvendo a informática. Pode-se citar como precursor o Sistema Operacional Linux para computadores pessoais, desenvolvido pelo finlandês Linus Torvalds, em 1991 (LINUX, 2011). O sistema é disponibilizado gratuitamente na Internet com a colaboração de outros programadores, que têm contribuído para o seu aperfeiçoamento.

Na Internet, alguns projetos chamam atenção pelas potencialidades que a colaboração de usuários pode ter, sob diferentes formas, em diferentes suportes de informação – textos, fotografias, simulações de edificações em três dimensões, traduções de eventos, entre outras inúmeras possibilidades –, como apresentados a seguir.

Um exemplo disso é o projeto Cidades em 3D do Google Earth – um software que tem como função apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de mosaico de imagens. O programa foi desenvolvido pela Keyhole Inc, uma companhia adquirida pela Google em 2004, que está disponível para diversos sistemas operacionais (GOOGLE, 2011).

Uma de suas ferramentas disponibiliza modelos tridimensionais de edificações em qualquer cidade do mundo feita por usuários comuns, cadastrados no website. Isso foi possível quando, em 2006, a Google adquiriu a At Last Software, empresa que produziu o SketchUp e criou plug-in para modelos 3D no Google Earth, como mostra a Figura 34.

Esse software permite modelar edificações em 3D, agregar texturas e compartilhar os arquivos gerados na comunidade do Google Earth na Internet, em que cidades, como Porto Alegre, possuem algumas edificações modeladas em três dimensões, disponibilizadas no software.

Figura 34 - Cidade de Porto Alegre em 3D no software Google Earth

Fonte: Google Earth66, 2010

Do mesmo modo, o website Arquigrafia67 (Figura 35) reúne desde 2009 uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IMEUSP) e Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECAUSP) “para a criação de um ambiente colaborativo para a visualização, interação e compartilhamento de imagens digitais de arquitetura – fotografias, desenhos e vídeos –, na Internet” (ARQUIGRAFIA, 2011).

O objetivo principal do projeto é contribuir para o estudo, a docência, a pesquisa e a difusão da cultura arquitetônica e urbanística, ao promover interações colaborativas entre pessoas e instituições. A iniciativa colaborativa que, entre os anos 60 e 80, em outro contexto e com outros recursos técnicos, formou o acervo atual de slides da FAUUSP, “pode ser reformulada hoje no Arquigrafia, com o mesmo caráter, mas em uma escala muito mais abrangente, em um ambiente virtual na Web 2.0” (ARQUIGRAFIA, 2011).

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Disponível em <http://earth.google.com>. Acesso em: 25 set. 2011.

Figura 35 - Website Arquigrafia

Fonte: Arquigrafia68, 2011

Da mesma maneira, o Open Translation Project utiliza a Internet para a tradução de palestras do TED. A sigla, referente a technology, entertainment e design, é o nome da fundação privada, sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que promove palestras sobre temas destinadas à disseminação de ideias. O grupo foi fundado em 1984, no Vale do Silício, e abrange temas de tecnologia, entretenimento e design e quase todos os aspectos de ciência, cultura e Internet.

Entre os palestrantes das conferências estão Bill Clinton, Al Gore, Bill Gates, os fundadores da Google e diversos ganhadores do Prêmio Nobel (TED, 2011). Suas palestras estão espalhadas pelo mundo, ocorrendo, também, em diversas cidades brasileiras e no Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Canoas e Caxias do Sul. Suas apresentações são limitadas a dezoito minutos, e os vídeos são amplamente divulgados na Internet.

Como o evento tem alcance global, seus vídeos no website da organização podem ser traduzidos por qualquer pessoa cadastrada. Em junho de 2011, contava com 81 línguas, 5.760

tradutores e 19.468 traduções. A sua contribuição ajuda a difundir ideias em âmbito global, através de uma seleção de palestras que está sempre recebendo adições (TED, 2011).

Um exemplo é a da romancista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que conta a história de como descobriu a sua voz cultural no evento TED Global de 2009, uma palestra em inglês, traduzida pela usuária Goreti Araújo e revisada pelo usuário Paulo Calçada, conforme Figura 36.

Figura 36 - Tradução para o português da palestra de Chimamanda Adichie

Fonte: TED69, 2011.

Por fim, Cronidas (Figura 37), que é produto da dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa intitulada “Cronidas: Elaboração da Base de Dados para Auxílio de Mapa de Danos” tange as áreas de conhecimento de tecnologias dos materiais e a de tecnologia da informação aliadas ao patrimônio cultural arquitetônico (COSTA, 2010).

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Disponível em <

http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html>. Acesso em: 23 jun.2011

Essa base de dados é uma coleção de informações sobre os vários tipos de danos ocorrentes nas edificações, com as suas representações e codificações padronizadas, em uma ferramenta CAD, tendo como objetivo implementar um inventário de danos contendo a descrição, identificação, ilustração e representações gráficas codificadas desses danos, visando contribuir para a padronização da representação gráfica desses mapas.

Além disso, a base de dados contempla a definição de termos relacionados à patologia das edificações, suas características e agentes, os procedimentos e os meios para identificar e diagnosticar as manifestações, além de catalogar os danos mais incidentes nos diversos materiais de construção e nos componentes construtivos. Seus usuários podem enviar informações referentes às patologias, aumentando a base de dados do website, conforme a Figura 37.

Figura 37 - Website do Cronidas

Fonte: Cronidas70, 2011

Através desses exemplos, é possível ver a diversidade e o potencial da ideia de colaboração, dependendo do objetivo que o projeto quer atingir. Seja no meio acadêmico, seja para o público em geral, o conceito de colaboração está presente.