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Apêndice I Descrição arquivística de fotografias digitais em Patrimônios de Maria

2.4 Internet

2.4.2 Creative Commons (CC) e softwares livres

Um exemplo da inteligência coletiva e do poder da Internet – como ambiente para a criação global – é a política de Creative Commons e dos softwares livres. A primeira é uma maneira de reestruturar relações de produção artística e científica; a segunda, o resultado prático dessa mesma linha de pensamento.

51 Disponível em <http://www.novaspivack.com/>. Acesso em: 29 maio 2011. 52

Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=ZLwgyui0Rxw&feature=player_embedded>. Acesso em: 02 Maio. 2011.

Segundo o website da Creative Commons53 – uma ONG sem fins lucrativos localizada em São Francisco (EUA) –, ela foi criada para expandir a quantidade de obras criativas, através de Licenças que permitem a cópia e compartilhamento com menos restrições que o tradicional copyright.

Tais Licenças – que são definidas pelo autor de música, artigo científico, fotografia ou qualquer outra obra cultural – medeiam o grau de compartilhamento que o criador da obra defende. Sua ideia, diferenciada do modelo do século XX, está no fato de descartar mediadores, como editoras e gravadoras, fazendo com que o criador da obra a disponibilize a seu interesse. São elas (CREATIVE COMMONS, 2011):

a) Attribution (CC BY-A): permite reproduzão, distribução, transmissão e construção sobre o seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que se dê crédito para à criação original. Ela é recomendada para divulgação e uso de materiais licenciados.

b) Attribution-ShareAlike (CC BY-AS): permite reproduzão, distribução, transmissão do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que se dê o crédito e se licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros.

c) Attribution-NoDerivs (CC BY-ND): permite a redistribuição comercial e não comercial da sua obra, desde que a licença seja inalterada ao longo do tempo, com crédito para o autor.

d) Attribution-NonCommercial (CC BY-NC): permite a reproduzão, distribução, transmissão de um trabalho não comercial, mas as obras novas devem, também, reconhecer que não são comercias.

e) Attribution-NonCommercial-ShareAlike (CC BY-NC-SA): permite a reproduzão, distribução, transmissão de trabalho não comercial, desde que dê crédito e se licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros.

f) Attribution-NonCommercial-NoDerivs (CC BY-NC-ND): esta é a mais restritiva das seis licenças principais e permite, apenas, que se faça o download de obras e o compartilhamento, desde que dê crédito ao autor, mas não se pode mudá-los dê qualquer forma ou usá-los comercialmente.

Há alguns exemplos de websites que utilizam as licenças CC para regular o compartilhamento de seu conteúdo e/ou deixaram de ter as licenças disponibilizadas. Foram e são exemplos disso o fórum de discussão sobre fotografias Flickr, o website acadêmico de base de dados sobre a patologia de edificação Cronidas, o website do Ministério da Educação do Brasil e esta pesquisa. Todos eles utilizam as licenças de Creative Commons, para definir a reprodução de suas informações.

No Flickr, por exemplo, cada usuário pode determinar a licença para cada fotografia que disponibiliza. Conforme a Figura 29, é possível visualizar as possibilidades de Licença para o autor da fotografia “Arquivo Público Municipal . Macaúbas (BA)54”. Dessa maneira, o autor da fotografia informa aos usuários a permissão que ele concede para cada arquivo de imagem.

Figura 29 - Definição de licença de CC para cada fotografia no Flickr

Fonte: Flickr55, 2011.

Por outro lado, o website Cronidas define sua licença de CC como Attribution- NonCommercial-ShareAlike (CC BY-NC-SA). Para informar a seus usuários a permissão escolhida, o webmaster utilizou o recurso de um hyperlink. Ao clicar na imagem, no canto

54

Disponível em <http://www.flickr.com/photos/lucas_baisch/5638452278/>. Acesso em: 03 abr. 2011.

direito inferior, o usuário é levado ao website da Crative Commons56 com a licença definida, conforme Figura 30.

Figura 30 - Licença Creative Commons do website Cronidas

Fonte: Cronidas57, 2010

É um recuso que serve para todas as informações contidas em Cronidas. Desse modo, os seus usuários sabem que o autor permite reproduzir, distribuir e transmitir o conteúdo não comercial, desde que deem crédito ao autor e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros.

Outro exemplo é o do Ministério da Educação do Brasil. O país, nos últimos oito anos, vinha servindo de exemplo para a comunidade internacional com suas iniciativas culturais no âmbito da Internet. Exemplo disso é o fato do Brasil ter sido o terceiro país a adotar o Creative Commons no mundo, depois de Finlândia e Japão.

Entretanto, quando a ministra Ana de Hollanda assumiu a pasta do MinC, a licença Creative Commons foi retirada do website dizendo que

A retirada da referência ao Creative Commons da página principal do Ministério da Cultura se deu porque a legislação brasileira permite a liberação de conteúdo. Não há necessidade de o ministério dar destaque a uma iniciativa específica. Isso não impede que o Creative Commons ou outras formas de licenciamento sejam utilizados pelos interessados. (O GLOBO ONLINE, 2011)

56

Disponível em <http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/>. Acesso em: 03 abr. 2011.

Uma das vozes contrárias à da ministra, a do vice-coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Affonso, afirma que uma licença Creative Commons é um contrato como qualquer outro e diz exatamente o que o internauta deve fazer para utilizar o conteúdo pretendido. Longe de tirar direitos do autor, procura ampliá-los e dar a ele o direito de escolha sobre o que quer ou não compartilhar. A atitude da ministra denota compreensão equivocada da natureza das licenças (O GLOBO ON- LINE, 2011).

Já para os softwares, a Creative Commons tem três licenças disponíveis em seu website58 (GNU, 2011). A BSD License, que é uma licença de código aberto, utilizada, inicialmente, nos sistemas operacionais, impõe poucas restrições quando comparada àquelas impostas por outras licenças, colocando-a relativamente próxima do domínio público.

Já a GNU General Public License (conhecida ainda como CC GNU GP, GNU GPL, Licença Pública Geral ou simplesmente GPL) é a designação da licença para software livre idealizada por Richard Matthew Stallman, em 1989, no âmbito do projeto GNU da Free Software Foundation (FSF). A GPL é a licença com maior utilização por parte de projetos de software livre, em grande parte devido à sua adoção para o projeto GNU e ao sistema operacional GNU/Linux.

Por fim, a CC GNU LGPL, escrita por Richard Stallman e Eben Moglen, em 1991, denominada de GNU Lesser General Public License, é uma licença de software livre. A principal diferença entre a GPL e a LGPL é que esta permite, também, a associação com programas que não estejam sob as licenças GPL ou LGPL, incluindo softwares proprietário. A LGPL acrescenta restrições ao código-fonte desenvolvido, mas não exige que seja aplicada a outros softwares que empreguem seu código, desde que este esteja disponível na forma de uma biblioteca. Logo, a inclusão do código desenvolvido sob a LGPL como parte integrante de um software só é permitida se o código-fonte for liberado.

Além das referidas licenças, a Free Software Foundation determina graus de liberdade para que o software seja considerado “livre”, conforme o website59 (FSF, 2011) da Fundação:

a) Liberdade nº 0: permite ao usuário executar o programa para qualquer propósito; b) Liberdade nº 1: permite ao usuário estudar como o programa funciona e adaptá-lo às

suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;

58

Disponível em <http://www.gnu.org/licenses 2011>. Acesso em: 24 Jul. 2011

c) Liberdade nº 2: permite ao usuário redistribuir, inclusive vender, cópias de modo que possa ajudar o próximo;

d) Liberdade nº 3: permite ao usuário modificar o programa e liberar as modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie. O acesso ao código-fonte é um pré- -requisito para essa liberdade.

Além de licenças e liberdades estabelecidas por órgãos internacionais, há recomendações de órgãos relacionados à Arquivologia, como o CONARQ, para que sejam desenvolvidos e concebidos sistemas informatizados compatíveis com o modelo do software livre. Segundo Santos e Toutain (2008, p. 2), esses requisitos arquivísticos preconizados pela teoria da Arquivologia devem ser observados e contemplados no estabelecimento de ferramentas de software para a gestão arquivística de documentos, inclusive de formatos digitais.

Dessa maneira, a partir das licenças e das liberdades apresentadas, é possível classificar em que grau de liberdade os softwares apresentados estão no próximo subitem.