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2.6 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.6.2 Breve histórico da EaD no Brasil

Assim como no mundo, a evolução histórica da Educação a Distância no Brasil está diretamente ligada à disseminação dos meios de comunicação. Passamos pelas fases do ensino por correspondência, pela transmissão radiofônica, televisiva, à informática e, atualmente, à telemática e à multimídia. A ampliação da oferta se deve em parte, à utilização das novas tecnologias, que favoreceram a interação entre os professores e alunos. Saraiva (1996, p.19) considera como marco inicial da Ead no Brasil “a criação, por Roquete-Pinto, entre 1922 e 1925, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático de utilização educacional da radiodifusão como forma de ampliar o acesso à educação”.

O modelo de EaD utilizando o ensino por correspondência, fazendo uso de material impresso, iniciado no século XIX, consagra -se na metade do século com a criação do Instituto Monitor (1939), instituição mais antiga em funcionamento no país a oferecer educação não presencial. Em 1941, o Instituto Universal Brasileiro começou a funcionar. O método de ambos era semelhante: iniciação profissional em áreas

técnicas, sem exigência de escolaridade anterior, por correspondência. No Universal, o forte eram os cursos supletivos e, no Monitor, os cursos técnicos.

Demarcando a fase da tele-educação, que utilizava programas radiofônicos e televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso, Marques (2004) ressalta que, em 1947, o Senac, junto ao Sesc e com a colaboração de emissoras associadas, criou a Universidade do Ar, em São Paulo, com o objetivo de oferecer cursos comerciais radiofônicos. Em 1976, tem-se a criação do Sistema Nacional de Teleducação, que operava por meio de ensino por correspondência e, que também, realizou algumas experiências com rádio e TV.

Nessa época, o país era considerado um dos líderes da modalidade, tendo como pontos fortes o Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto SACI) que foi concebido e operacionalizado, em caráter experimental, de 1967 a 1974, por iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e tinha como objetivo estabelecer um sistema nacional de tele-educação com o uso do satélite ; e o Projeto Minerva, transmitido pela Rádio MEC, com apoio de material impresso, permitindo a milhares de pessoas realizarem seus estudos básicos.

Ainda na fase da tele -educação, fundações privadas e não governamentais começaram a oferecer supletivo à distância na década de 70, os telecursos, com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos. Podemos citar, a partir de 1978, a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São Paulo, que assinaram um convênio para a realização de um projeto pioneiro de tele-educação: o Telecurso 2º Grau. Em 1981, a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Bradesco colocaram no ar o Telecurso 1º Grau, destinado às quatro últimas séries do Ensino Fundamental, com o apoio do MEC e da Universidade de Brasília.

Daí em diante, ressaltamos algumas ações importantes para a difusão da EaD. No início da década de 1980, a criação da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), que passa a oferecer cursos direcionados ao aperfeiçoamento de recursos humanos utilizando material instrucional permite acompanhamento personalizado, com tutoria.

Em 1979, dá-se a criação da Universidade de Brasília (UnB) que oferece cursos de extensão à distância. Em 1989, representantes de várias universidades públicas, reunidos em Brasília, lançaram a Rede Brasileira de Educação Superior a Distância. Em 1994, em parceria com a Unesco e o Instituto Nacional de Educação a Distância (Ined), criou-se o Fórum de Educação a Distância do Distrito Federal. Em 1995, organizaram a 1ª Conferência Interamericana de Educação a Distânci a, no Distrito Federal.

Nesse mesmo ano, foi criada a Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED, sociedade científica, sem fins lucrativos, voltada para o desenvolvi mento da educação aberta, flexível e a distância, por um grupo de educadores interessados em educação a distância e em novas tecnologias de aprendizagem.

A partir de 1995, a utilização da internet na EaD já se tornava imprescindível. De olho no potencial de comunicação e a interação que ela poderia proporcionar ao cenário da Educação a distância, a internet passou a ser usada pelas instituições de ensino superior, que já vislumbravam um novo mercado.

Alem disso, com a publicação da LDB nº 9.394, em 20 de dezembro de 1996, em seu artigo 80, a EaD é oficializada como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino. A EaD é regulamentada atualmente pelo Decreto 5.622, de 20 de dezembro de 2005.

Conforme a legislação brasileira caracteriza -se a educação a distância como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático -pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005)

O Decreto nº 5.622/2005 também contemplou a educação profissional técnica de nível médio e a EJA permitindo sua oferta nos termos do art. 37 da LDB. Seu artigo 2º dispõe:

Art. 2o A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades educacionais:

I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto;

II - educação de jovens e adult os, nos termos do art. 37 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996;

III - educação especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes; IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas:

a) técnicos, de nível médio; e b) tecnológicos, de nível superior.

O Parecer nº 06/2010, que institui u Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos por meio da Educação a Distância entre outros, reconhece a importância da EaD e estabelece que a:

Educação a Distância e/ ou ensino a distância apresenta-s e como uma estratégia de política pública possível. No entanto, esta estratégia exige uma cuidados a análise de viabilidade, na justa medida de nossa capacidade criativa de afirmação de nossa identidade brasileira no at ual processo de construção de uma política pública de Estado em Educ ação B ásica de Jovens e Adultos na diversidade com a significativa participação dos movimentos sociais exercendo, sobretudo, o cont role social sobre a oferta privada. (PARE CER CNE/CEB 06/2010, p. 30 -31)

Em relação à EJA/EaD, o parecer estabelece alguns critérios que reconhecem essa metodologia como ação complementar da aprendizagem presencial. Dentre elas, podemos citar que a EJA, no Ensino Médio, seja ofertada numa comunidade de aprendizagem em rede, com aplicação inteligente das TICs e com garantia de um ambiente presencial organizado que propicie as práticas com internet. Além disso, ela deve possibilitar a interatividade virtual de modo mais intenso, inclusive na produção de linguagens multimídia.

A partir da metade da década de 1990, empresas públicas e privadas passaram a se dedicar à educação a distância. Estabeleceram metodologia própria para formatar e publicar conteúdos e atividades multimídia, desenvolveram logística para oferecer cursos a distância em escala naciona l e estratégias de gerenciamento administrativo, além de abordagens pedagógicas para atender alunos online em centrais remotas de monitoria e de tutoria.

O ambiente virtual moodle ganhou grande destaque nessas instituições de ensino, como na instituição que foi o campo de estudo dessa pesquisa.