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Lev Semynovitch Vygotsky1, professor e pesquisador, nascido aos 05 de novembro de 1896 em Orsha (Bielorrússia) tornou-se um dos maiores psicólogos do século XX, sem nunca ter recebido educação formal em psicologia. Faleceu em decorrência da tuberculose, com 37 anos, aos 11 de junho de 1934, em Moscou.

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Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico- cultural ou sócio-histórica. Ele foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna -se parte da natureza de cada pessoa. “Eu entendo que o mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas também como um mundo com sentido e significado” (VYGOTSKY, 1991, p.37). Entre suas principais obras, e de maior repercussão no Brasil, pode-se citar: Formação social da mente (1984), Pensamento e linguagem (1987) e A Construção do pensamento e da linguagem (2001). Uma das questões de sua teoria é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

A teoria sócio-histórica concebe uma visão do aluno como ser capaz de estabelecer hipóteses por meio da interação com outros sujeitos. Tal concepção retira do aluno a postura passiva, pois o considera responsável pela construção do conhecimento, mostrando que ele é ponto fundamental do processo de aprendizagem.

Para Vygotsky (1991), as funções psicológicas superiores são fruto sobretudo do desenvolvimento cultural. O indivíduo se constrói por meio da interação com o outro. Para essa concepção, o conhecimento não deve ser entendido como forma acabada ou adquirido de maneira passiva em relação ao meio; ao contrário, o que é enfatizado é a permanente e fluente forma dinâmica de interação entre o organismo e o meio, e desta interação o conhecimento vai se construindo ao longo da vida do indivíduo por meio da sua ação sobre o mundo. Para Vygotsky (1991, p. 101), as interações sociais são as principais desencadeadoras do aprendizado.

O aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambient e e quando em operação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam -se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança.

Essa teoria chama a atenção para as infinitas possibilidades nas interações sociais e nas mudanças de sentidos e significados. Aprender é, por natureza, um fenômeno social, a aquisição do novo conhecimento resulta da interação daquele que participa de um diálogo.

As TICs, com o uso da internet, por meio de suas características, apresentam a lto potencial de interatividade no campo educacional. Os recursos disponíveis no AVA

moodle incluem e valorizam relações entre pares, o aluno potencializa as conexões

linguísticas, com produção de resenhas, fóruns imagéticos, wikis, narrativas; e interpessoais, por meio de chats, fóruns gerais. Por meio dessas atividades, o aluno pode desenvolver a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo e a troca de resultados.

As práticas em ambientes virtuais de aprendizagem se utilizam, como Vygotsky sugere, de dinâmicas participativas de cooperação e de comunicação, regras flexíveis, de desenvolvimento da criatividade e da individualidade. Para o autor, o desenvolvimento cognitivo é condicionado pela aprendizagem. Assim, a utilização de algumas ferramentas, como fórum, chat, wiki, entre outras, pode desencadear novos conflitos cognitivos.

Esses conflitos ocorrem não pelas ferramentas em si, mas pela interação do sujeito com elas e porque existirá a interferência de outros indivíduos que poderão atuar como promotores do crescimento cognitivo do desenvolvimento real. A mediação é a marca da consciência humana.

Ao invés de agirmos de forma direta no mundo físico e social, nosso contato se dá de forma indireta ou mediado por signos e instrumentos e pelo outro. Braga (2010) lembra que esse outro pode não estar presente fisicamente, “mas está incorporado no processo de apropriação de signos e instrumentos, no uso que fazemos dos objetos que são sociais”. (BRAGA, 2010, p. 25). Portanto, tanto o signo quanto o instrumento desempenham funções mediadoras, apesar de naturezas diferentes. No caso do uso dos instrumentos, o homem se relaciona com as coisas do mundo para o domínio da natureza.

A função do instrumento é servir como um condutor da influência humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente deve necessariament e levar a mudanças nos objetos. Constitui um meio pelo qual a atividade humana externa é dirigida para o controle e domínio da natureza. (VYGOTSKY, 1991, p.62)

Os signos também são criados para auxiliar o homem em determinadas tarefas, só que de uma forma análoga à invenção e utilização de instrumentos e são meios auxiliares para solucionar problemas de cunho psicológico.

O signo, por outro lado, não modifica em nada o objeto da operação psicológica. Constitui um meio da atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo; o signo é orientado internamente. Essa análise fornece uma base s ólida para que se designe o uso de signos à categoria de atividade mediada, uma vez que a essência do seu uso consiste em os homens afet arem o seu comportamento através dos signos. A função indireta (mediada), em ambos os casos, torna-se evidente. (VYGOTSKY, 1991, p.62)

Para explicar as possibilidades de a aprendizagem influenciar o processo de desenvolvimento mental, Vygotsky apresenta o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que define o que o indivíduo é capaz de fazer em cooperação e a potencialidade do indivíduo que pode ser desenvolvida a partir do ensino sistemático. É a distância entre o desenvolvimento real, em que o aluno tem a capacidade de resolver sozinho, e o desenvolvimento potencial, em que o aluno é orientado por um mediador. Vygotsky (1991, p. 112), então, a partir dessas descrições afirma que:

Zona de Des envolvimento Proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar at ravés da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento pot encial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capaz es.

Nesse contexto, o aluno torna-se capaz de produzir mais com a ajuda de outra pessoa, como por exemplo, o professor e seus colegas, do que faria sozinho. Assim sendo, o trabalho do professor deve voltar-se especialmente para esta “zona”, em que se encontram as capacidades e habilidades potenciais, mediando o encontro entre o aluno e o objeto do seu conhecimento.

Como na escola o aprendiz ado é um resultado desejável, é o próprio objetivo do processo escolar, a int ervenção é um processo pedagógico privilegiado. O professor tem o papel explícito de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam es pontaneamente. O único bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se adianta ao desenvolvimento. (OLIVE IRA, 1997, p. 62)

Por isso, num ambiente virtual, a importância das atividades em grupo, dos fóruns para troca de opiniões, dos chats, das wikis para construção coletiva de textos e da orientação do professor. Por meio de atividades mediadas, os conceitos espontâneos são transformados em conceitos científicos, promovendo níveis mais elevados de desenvolvimento.