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BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE FRANCA.

EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE FRANCA ENTRE 1994 A 2004: UM ESTUDO

3.1. BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE FRANCA.

O Município de Franca, situado no Nordeste do Estado de São Paulo, abrange uma área total de 609 quilômetros quadrados, dos quais 84 quilômetros quadrados são de área urbana. Com população estimada em 300 mil habitantes, constitui-se em um dos maiores produtores de calçados do país, exportando para diversos países.

Fundada em 3 de dezembro de 1805, por Hipólito Antônio Pinheiro (1754-1840), situada na região pertencente a Moji Mirim, Franca tornou-se distrito em 29 de agosto de 1805, sob a denominação de “Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo” e município em 28 de novembro de 1824, sob a denominação de “Vila Franca do Imperador”, tomando posse os primeiros vereadores em 30 de novembro do mesmo ano. O nome foi simplificado para Franca em homenagem ao criador do Distrito, Governador da Capitania de São Paulo, Antônio José da Franca e Horta15.

Apesar de ser desbravada no século XVI, região compreendida entre os rios Pardo e Grande, Franca foi povoada somente a partir das descobertas das minas em Goiás por Anhanguera II, no início do século XVIII. A abertura das estradas de Goiás, em 1722, culminou na formação de vários pousos que se constituíram nos primeiros núcleos povoadores da região. No início de século XIX, a região recebeu um fluxo considerável de população mineira que vinha das Gerais, principalmente do Sul de Minas e os goianos do Sertão da Farinha Podre (futuro Triângulo Mineiro).

A decadência da mineração de Minas Gerais se constituiu nos principal motivo da intensa migração dessa população para a região de Franca, pois, com o esgotamento do ouro nos córregos, os mineiros e goianos procuravam uma outra atividade para sobreviver, ligada à agricultura, como o café, e a agropecuária.

Até o final do século XIX, Franca constituía-se em uma cidadezinha agrária, na qual a grande maioria da população residia na zona rural. O desenvolvimento da cultura cafeeira projetou o Estado de São Paulo como o principal centro econômico do país, e o chamado

15

As Fontes provém do Museu Histórico Municipal “José Chiachiri”, disponíveis em

“Oeste Paulista”, na verdade, a região Nordeste do Estado de São Paulo, onde se situa a cidade de Franca, se consagrou a “região mais dinâmica da economia brasileira”. (FOLLIS, 1999, p.32)

A chegada da estrada de ferro em 1887, pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, a instalação da Estação Ferroviária na Colina Oeste16 da cidade de Franca e a riqueza propiciada pela cafeicultura fizeram com que fazendeiros cafeicultores se instalassem na zona urbana passando a exigir da Municipalidade maior infra-estrutura urbana. (FOLLIS, 1999)

Além dos fazendeiros, a cidade recebeu na época grande fluxo de negros libertos e imigrantes, principalmente italianos que buscavam uma vida melhor na cidade. A partir desse período, 1890, começou a modernização no espaço urbano de Franca, com a criação de dois novos bairros, o da Estação, junto à estação ferroviária, e o bairro Cidade Nova, planejado pela Municipalidade ao norte da colina central. (FOLLIS, 1999, p.33-34).

De acordo com os estudos do Historiador Follis (1999), no período de 1890 até final de 1930, Franca possuiu uma economia exclusivamente agrária, sobretudo na produção de café, passando por uma modernização urbanística especialmente no Centro, onde residia a elite cafeicultora. (p.13)

A partir da década de 40, a indústria de calçados passou a se constituir na principal atividade econômica da cidade, trazendo consigo um novo protagonista social, “o operário industrial”. Com o crescimento da classe operária, surgiram também as reivindicações por melhores condições de vida e infra-estrutura nos “bairros operários”, até então totalmente desprovidos de condições básicas de saneamento, saúde, educação e outros.

O crescimento urbano e industrial de Franca, associado às desigualdades sociais, à exigência de mão-de-obra e à necessidade de complementação no orçamento familiar por meio do trabalho feminino, ocasionou a demanda por instituições que cuidam das crianças de mães operárias durante a jornada de trabalho. Assim, surgiram, na cidade de Franca, as creches mantidas por Instituições Filantrópicas conveniadas à Prefeitura, para atenção às

16 Franca é composta por um relevo com três colinas. A Colina Central, onde surge a cidade, a Santa Rita ou

Santa Cruz, situada ao Leste e separada da Colina Central pelo córrego Cubatão e a Colina da Estação, situada no Oeste e separada da Central pelo córrego dos Bagres.

famílias de baixa renda, além das escolas de educação infantil particulares para famílias com maior renda econômica.

Em virtude das transformações sócio-econômicas, foi se organizando na cidade de Franca a atenção a criança de 0 a 6 anos de idade, mantida pelas Instituições Filantrópicas, Instituições Particulares, Rede Estadual e posteriormente, Rede Municipal.

A pré-escola Municipal, sob o nome de pré-primário, é inaugurada pelo órgão da educação, o Departamento de Educação e Cultura – D.E.C., em meados da década de 60, funcionando com uma classe no Lar Escola São Vicente de Paula. No início de 1970, foram celebrados convênios entre a Prefeitura e Parques infantis, creches e Escolas Estaduais, nos quais, estes estabelecimentos emprestariam as salas e mobiliários e a Prefeitura providenciaria professores, merenda e material didático. Em 1978, a pré-escola municipal já contava com 29 classes e passou a denominar Unidade Municipal de Ensino – UME17.

A mudança da denominação das pré-escolas para “Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs” ocorreu na década de 1980, quando o atendimento atingiu acerca de 3.199 alunos em 126 classes. Em 1990, as EMEIs foram divididas entre quatro regiões (Norte, Sul, Leste e Oeste), sob a responsabilidade de quatro diretores atendendo 3.859 alunos em 133 classes. No ano seguinte, essa rede sofreu nova divisão, agora em seis regiões (Norte, Sul, Leste, Oeste, Noroeste e Sudoeste), ficando cada uma sob a responsabilidade de um diretor, atendendo no total, 4.700 alunos em 163 classes18.

O ano de 1992 foi marcado pela municipalização da pré-escola na cidade de Franca, passando as 20 classes do Estado para a administração da Prefeitura Municipal. Devido ao aumento da demanda atendida, 6.000 alunos em 220 classes no ano de 1993, foi necessário fazer nova divisão de regiões19.

17 Informações retiradas do documento fornecido pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação e

Cultura intitulado “Justificativa técnica do Plano Diretor da Secretaria de Educação e Cultura de Franca”, elaborado em 1998.

18

Ibidem.