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EM BUSCA DE REFLEXÕES SOBRE UMA REALIDADE SOCIAL PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA. CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO FÍSICA POR MEIO DO TEATRO

5.2.2 EM BUSCA DE REFLEXÕES SOBRE UMA REALIDADE SOCIAL PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA. CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Os temas transversais são os grandes problemas da sociedade brasileira para as quais o governo e a sociedade tem dificuldade na condução de soluções; por isso, transfere para a escola a tarefa de tratar desses aspectos. Esses podem e devem ser trabalhados por todos os componentes curriculares; logo sua interpretação pode se dar entendendo-os como as ruas principais do currículo escolar que necessitam se atravessada/ cruzadas por todas as disciplinas (DARIDO; RANGEL, 2011, p. 86).

questões sociais nas aulas como ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual, trabalho, consumo, proporcionando uma reflexão sobre a realidade social que os/as alunos/as estão inseridos. De acordo com a interpretação de Soares et al (1992), a transversalidade nos conteúdos das aulas de Educação Física tem como objetivo principal compreender uma realidade social, como descreve a citação abaixo:

Tratar desse sentido/significado abrange a compreensão das relações de interdependência que jogo, esporte, ginástica e dança, ou outros temas que venham a compor um programa de Educação Física, têm com os grandes problemas sociopolíticos atuais como: ecologia, papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do trabalho, preconceitos sociais, raciais, da deficiência, da velhice, distribuição do solo urbano, distribuição da renda, dívida externa e outros. A reflexão sobre esses problemas é necessária se existe a pretensão de possibilitar ao aluno da escola pública entender a realidade social interpretando-a e explicando-a a partir dos seus interesses de classe social. Isso quer dizer que/cabe à escola promover a apreensão da prática social. Portanto, os conteúdos devem ser buscados dentro dela (SOARES et al, 1992 p. 42).

Com base nisso, e em consonância com o Projeto Político Pedagógico da EMEF Arthur da Costa e Silva, a professora-pesquisadora trouxe para suas aulas uma proposta de intervenção como base numa temática transversal para a construção da peça teatral.

De acordo com o projeto Político Pedagógico da EMEF Arthur da Costa e Silva: A educação tem um grande papel na sociedade e a necessidade de promover uma formação ética dos alunos está cada vez mais presente nesta sociedade. A escola é um espaço de vivência e de uma construção ética necessária para qualquer ação de cidadania, discutindo a dignidade do ser humano, igualdade de direitos, não concordando com qualquer forma de discriminação, valorizando a solidariedade e a importância das leis (Projeto Político Pedagógico, 2010, p. 147).

Para atender as demandas atuais da sociedade é necessário que a escola trate dessas questões presentes na vida dos alunos. As temáticas sociais vêm sendo incorporadas aos currículos das áreas e recentemente como proposta de tratamento transversal de temáticas sociais (Projeto Político Pedagógico, 2010, p. 147).

Na pretensão de oportunizar uma reflexão social, a professora-pesquisadora propõe a temática sobre Cidadania, por meio da proposição dos alunos sobre o tema Preservação à Natureza, estudado e encenado numa peça teatral. A seguir faremos a explanação de como foi inserida a discussão do tema e a construção do Teatro.

Diante do tema sugerido pelos alunos, a professora-pesquisadora fez um levantamento de músicas na internet, selecionamos duas músicas, são elas:

Natureza, dos compositores Dj Chambinho e Luciano Coulti. Além disso, em diálogo com as professoras regentes, estas se prontificaram a colaborar com a discussão sobre o assunto de preservação desenvolvendo um trabalho em sala de aula sobre alguns desastres ambientas, dentre eles Brumadinho16 e Mariana17.

A temática relacionada como meio ambiente vem sendo discutida com grande frequência nos últimos tempos, visto que a população tem-se mostrado muito sensível aos desdobramentos da apropriação desequilibrada dos recursos naturais em torno do nosso planeta (DARIDO, RANGEL, 2011, p. 91). Assim como previsto na aula 10, nos organizamos em sala de aula e os alunos escolhem desenvolver a coreografia com base na música Salve a mãe natureza.

A letra da música traz a seguinte reflexão, que é bem interessante para aula: Vamos parar de poluir nossos Rios e Mares

De tantas queimadas e desmatamentos Será que é tão difícil para o mundo perceber

Que com tanta ignorância a humanidade será extinta A intenção dessa mensagem é mostrar a todos O real valor da vida

Salve a mãe natureza

Salve a mãe natureza.... hei hei Salve a mãe natureza... hei hei Salve a mãe natureza... hei hei Salve a mãe natureza... hei hei

Ser humano egoísta hoje nem quer saber Com o nosso planeta o que pode acontecer É só desmatamento muita poluição

A ganância do homem causando destruição O que vamos deixar para nossos filhos? Se o mundo que vivemos estamos destruindo O planeta está doente

Passando muito mal

O Sintoma é evidente do aquecimento global Adote uma árvore, plante uma semente

Não esbanje nossa água, cuide do meio ambiente Salve a mãe natureza.... hei hei

Salve a mãe natureza... hei hei Salve a mãe natureza... hei hei Salve a mãe natureza... hei hei” (CHAMBINHO; COULTI, 2013).

16 O rompimento de barragem da cidade de Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 resultou em um desastre ambiental causado pela mineração no Brasil.

17 O rompimento da barragem na cidade de Mariana em 5 de novembro de 2015 resultou em um desastre ambiental no Brasil.

entendimento dos alunos sobre os trechos cantados. Os alunos interessados na música pontuam e dão exemplos:

Tem muita gente que joga lixo no mar e na praia! (aluna10). Toda vez que vou à curva da jurema tem lixo no mar, já achei garrafa de refri! (aluno12).

A professora pesquisadora colocou novamente a música e nesse momento os alunos começaram a se mexer e dançar, a professora, nesse momento, passa para a construção da coreografia.

Na aula 11, a professora/pesquisadora fez um diálogo em sala de aula, devido à acústica da quadra da escola. Nesse dia os coordenadores estavam com outras demandas e, ao invés de solicitar os materiais (cartolinas/canetinhas) para essa aula, optou por fazer a exposição no quadro sobre o tema preservação à natureza. A conversa foi sobre atitudes de cidadania que ajudam na preservação da natureza (vide foto 35). Enquanto a professora/pesquisadora dialogava com os alunos, esses escreviam palavras e/ou frase que refletissem atitudes de preservação à natureza. Escritas dos alunos no quadro:

“Não jogue lixo nos rios” “Lixo é no lixo”

“Não desmate as florestas”

“Não jogue lixo nas praias e nos mares” “Não matar os animais”

“Proibido sujar”

A professora/pesquisadora abordou ainda a letra da música novamente e durante a conversa os alunos foram pontuando atitudes que eles poderiam ter para preservar a natureza. Como uma das professoras regentes de sala havia explorado o tema crime ambiental, muitos alunos foram citando os exemplos de Brumadinho e Mariana.

“Tia você sabia que a lama de Brumadinho arrastou muitas casa?” (aluno 3).

“Eu tenho medo de ser soterrado” (aluno 15).

Diante das falas, a professora-pesquisadora foi orientando a importância de sermos cidadãos conscientes, que cada ato nosso contra a natureza pode gerar consequências tanto no presente quanto no futuro. No momento em que abordou sobre a importância de reciclar materiais, um aluno falou:

“O tio da feira recicla material” (aluno 9).

“Ele pede para ajudar levando materiais recicláveis” (aluna 18).

A professora-pesquisadora sugeriu que os alunos trouxessem materiais para entregar ao “tio da feira” que recolhia todas as terças ao lado da escola, contribuindo para um ato de cidadania. Os alunos apoiaram a ideia e passaram nas terças a ajudar mais o senhor que recolhia recicláveis na feira. Ao analisarmos essa atuação pedagógica observamos que o fato dos/as alunos/as refletirem e propor soluções para um problema social pode promover o exercício da cidadania. Acreditamos que a Educação Física como componente curricular deva oportunizar essas reflexões/ações, como já citamos alguns autores da área, dentro do espaço escolar. González e Fraga (2012) pensadores da área de Educação Física, afirmam “[...] ser cidadão significa participar e lidar com segurança com a complexidade do mundo para intervir criativamente” (GONZÁLEZ E FRAGA, 2012, p. 14). Esses autores, refletem ainda que “[...] educar é permitir que a aprendizagem sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre o outro aconteça para que possamos agir de maneira situada, diversificada, criativa, crítica e atuante no nosso dia a dia” (GONZÁLEZ E FRAGA, 2012, p. 14).

A construção da peça teatral em torno desse tema despertou nos alunos um aprendizado social, que supomos ter contribuído para a formação enquanto cidadão. Suspeitamos que os diálogos traçados nessa etapa contribuíram para reflexão dos alunos sobre a importância de cuidar do meio ambiente bem como ter atitudes de colaborarem para um futuro mais consciente.

A peça, desenvolvida coletivamente, trouxe de forma lúdica e divertida, um enredo que denuncia situações onde cidadãos se isentam da responsabilidade dos problemas de poluição da praia. Cada personagem culpa o outro sobre o lixo no chão e retira o “corpo fora” na hora de assumir a parcela de culpa. No final todos os cidadãos se unem para limpar a praia numa ação coletiva. Logo após a encenação da peça os/as alunos entram com a dança com a música Salve a Mae Natureza criando um elo com a encenação e formando o espetáculo sobre preservação à natureza.

Esse espetáculo trouxe toda a representação desse aprendizado partindo desse conhecimento aprendido para uma construção coletiva. Os alunos optaram por protagonizar uma peça teatral que retratasse a poluição nas praias onde cidadãos frequentadores (banhista e esportistas) deixam seu lixo de forma indevida após o uso do espaço de lazer. Por fim, consideramos, assim como Darido e Rangel (2011), a importância da Educação Física está em desenvolver atitudes, formação de valores e comportamentos “[...] ambientalmente corretos [...]” (DARIDO; RANGEL, 2011 p. 91). 5.2.3 EM CENA O DESPERTAR DO PROTAGONISMO E DA AUTONOMIA

Embora o protagonismo e a autonomia estejam interligados no processo de formação do cidadão e dentro de uma perspectiva educacional crítica de Educação Física, a prática do protagonismo aparece em vários momentos das aulas. Diante dessa especificidade, optamos por construir esse tópico com indicações de alguns elementos das aulas analisadas onde presenciamos o despertar desse protagonismo da autonomia em nossos alunos. Propondo aqui uma forma de o leitor visualizar nas aulas esses momentos onde os sujeitos se tornam ativos no processo de ensino aprendizado, bem como refletir sobre a mediação do professor no decorrer das aulas.

Nesse contexto, a ideia de participação é importante no processo de aprendizagem, pois traz ao sujeito a vontade de aprender se sentindo envolvido e interessado pelo conhecimento. Segundo Zabala (1998), ao falar de protagonismo, diz que “[...] o papel ativo e protagonista do aluno não se contrapõe à necessidade de

do papel do educador no protagonismo, o autor aborda que

É ele quem dispõe as condições para que a construção que o aluno faz seja mais ampla ou mais restrita, se oriente num sentido ou noutro, através da observação dos alunos, da ajuda que lhes proporciona para que utilizem seus conhecimentos prévios, da apresentação que faz dos conteúdos, mostrando seus elementos essenciais, relacionando-os com o que os alunos sabem e vivem, proporcionando-lhes experiências para que possam explorá-los, compará-los, analisá-los conjuntamente e de forma autônoma, utilizá-los em situações diversas, avaliando a situação em seu conjunto e reconduzindo-a quando considera necessário, etc (Zabala, 1998, p. 38).

O documento18 que rege a Política Municipal de Protagonismo Estudantil do Município de Vitória indica que “[...] processos participativos aumentam a autoestima dos sujeitos, estimulam a criatividade e são mecanismos importantes para reduzir vulnerabilidades” (BRASIL, 2018, p. 6). O documento traz como entendimento do protagonismo estudantil:

Compreende-se que o protagonismo estudantil deve promover ações que colaborem com a formação de sujeitos atuantes, que possuem valores éticos e com condições de exercer atitudes responsáveis e cidadãs como sujeitos da construção de uma sociedade mais justa e solidária (BRASIL, 2018, p. 12). Em vários momentos do processo de ensino desta pesquisa, foi percebido a participação dos sujeitos e o desenvolvimento da autonomia e do protagonismo desses alunos/as. Os Jogos Teatrais, as atividades desenvolvidas e a construção coletiva da peça teatral impulsionou a criatividade, a participação, a descoberta das crianças.

Apontaremos algumas das situações das aulas onde o processo de ensino auxiliou no desenvolvimento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos. Por exemplo, a aula 3, uma das atividades propôs aos alunos/as inventar formas diferentes de carregar a bexiga com o corpo, individualmente, em duplas, criando e recriando movimentos com o objeto. Estimular a criação de movimentos corporais permite aos alunos uma autonomia em se expressar. A atividade não aponta o movimento correto, mas permite encontrar as várias formas de movimento executada pelos alunos. Os alunos a todo o momento da atividade produzem diferentes formas

18Política Municipal de Protagonismo Estudantil - é um documento que foi produzido pela Secretaria Municipal de Vitória pactuada por meio dos Planos Nacional, Estadual e Municipal de Educação a partir de um conjunto de princípios norteadores da educação municipal. Servido esse documento como base de estudo, aplicação e debate das Políticas e Diretrizes Educacionais, para os educadores do Município de Vitória.

conhecimentos vem de encontro à uma proposta de torna-los autônomos. Foto 35 - Estátua das Sensações

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Durante a aula 3, uma intervenção foi proposta por um dos alunos – esse sugeriu a professora-pesquisadora fazer uma corrida com a bola na panturrilha ― como ele demonstrou corporalmente ― as crianças aderiram à ideia, passando a professora-pesquisadora a dar voz a esse aluno. O aluno organizou uma corrida na quadra em duplas com a bola na panturrilha (foto 8).

Esse aluno intervém de forma participativa na aula recriando a atividade proposta e trazendo uma nova forma de vivenciar a brincadeira. Expressa também nesse momento sua cultura, seu conhecimento e transmitir aos seus colegas.

Compreendemos a importância do protagonismo exercido nas infâncias, na perspectiva de valorização/ potencialização/ empoderamento das vozes e das experiências das crianças (BRASIL, 2018, p.14).

O professor de Educação Física pode conceder aos alunos/as momentos de intervenção nas atividades, dar voz aos alunos é uma maneira de incentivar o protagonismo dos sujeitos.

Foto 36 - Atividade elaborada pelo aluno

história em que foi utilizada a sonoplastia como tema da aula. Nessa atividade os/as alunos utilizando sons produzidos pelo corpo e produziriam uma história.

Para um entendimento melhor da atividade, a professora-pesquisadora narrou uma breve história sobre grupos de alunos que eram responsáveis por determinados sons. Cada grupo ficou responsável por um som ― sons de passo, grito, risada, choro e chuva. O exemplo explanado proporcionou um entendimento aos alunos de como produzir suas histórias.

Com a ajuda dos alunos na sonoplastia, a professora-pesquisadora foi narrando a história, criada pela própria imaginação dela, e os grupos produzindo o som:

Uma menina andava pela floresta (grupo dos passos) e se assustou com um gato preto (grupo do grito). Algumas crianças que estavam na floresta riram da menina (grupo da risada) e ela ficou muito triste (grupo do choro). As crianças arrependidas foram pedir desculpas e no meio dos abraços começou a chover bem forte (grupo da chuva). Todos então saíram correndo para casa (grupo dos passos) (Narrado pela professora-pesquisadora, 2019).

Após narrativa da história, os/as aluno/as produziram suas próprias produções. Enquanto eles estavam em grupos a professora-pesquisadora ajudava a entender cada história criada pelos alunos. Desafiados a criarem seu próprio enredo com sons do próprio corpo, os alunos testam corporalmente o que conseguiam produzir para escrever. Mesmo com o exemplo, alguns grupos sentiram dificuldade de estruturar a história, necessitando um diálogo com a professora-pesquisadora para um melhor entendimento. Essa atividade busca aguçar a criação estimulando o protagonismo dos alunos.

Para a política de protagonismo do município (BRASIL, 2018), investir no desenvolvimento de ações que estimulem a vivência do protagonismo estudantil é considerar uma cultura de participação que estimule trocas de conhecimentos, respeito às opiniões, proposições de ideias, atitudes de respeito e convívio democrático.

Os grupos foram incentivados a produzir coletivamente, proporcionando diálogos entre os sujeitos, trocas de ideias e construção coletiva. As ilustrações abaixo demonstram alguns exemplos dos textos criados pelos/as alunos/as:

dormia com a luz acesa. Até que um dia ela estava dormindo e sua mãe apagou a luz, ela começou a ouvir barulhos e ela viu que a luz estava apagada. Ela gritou e sua mãe levantou rapidamente. E sua filha explicou rapidamente e sua mãe explicou que não tinha fantasma era da imaginação dela. Desde aquele dia ela não teve mais medo. Fim (alunas 2; 8; 11; 20). Ilustração 4 - Texto aluno (a)

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Era uma vez uma noiva que estava indo para seu casamento e no meio do caminho lembrou se que não estava com o buquê então ela foi para a floresta colher flores, ela estava andando (passos) então quando ela estava colhendo as flores começou a chover (chuva) então ela olhou para o lado e para o outro e viu que estava perdida e começou a chorar (choro), então de repente já estava à noite e ela ouviu um uivo de um lobo e daí começou a correr (passos) ela achou a saída e foi para o seu casamento e todos riram da estória dela (risos) (Alunas 4; 7; 10; 18).

Ilustração 5 – Texto aluno (a)

nessas atividades descrita.

Foto 37 - Construção coletiva da história

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Foto 38 - Construção coletiva da história

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

A aula 5 trouxe atividades de encenação em consonância com o figurino que o aluno estava vestido, quando os grupos puderam criar histórias que envolvessem os personagens destacados pelo figurino escolhido. Essa atividade permitiu compor cenas com falas, organizar o tempo e espaço, explorar as expressões corporais e efeitos sonoros (sonoplastia) aguçando a ludicidade, autonomia e protagonismo entre os alunos.

As cenas quase não tinham falas extensas e alguns grupos não conseguiram produzir histórias optando por somente apresentar o figurino e improvisando movimentos ligados ao personagem.

Nos enredos produzidos havia morte, tragédias, lutas e combates, dando muita ação e provocando risada nos grupos que estavam assistindo. Os dois grupos que não conseguiram montar uma história fizeram apenas uma apresentação dos personagens com movimentos corporais sem muita conexão entre eles, mas que solicitaram recriar após observar a criação dos outros grupos, apresentando posteriormente uma sequência de narrativas corporais. A reflexão sobre as criações,

que tivessem conexões com o elemento cênico “figurino”.

A criação de enredo improvisado possibilitou explorar a autonomia, o protagonismo, a criatividade, a linguagem corporal, a dramatização e a sonoplastia (outros elementos cênicos trabalhados nas aulas anteriores), embora a expectativa da professora-pesquisadora, naquele momento, fosse para um enredo com mais elementos de falas e espaços-tempos delimitados.

Somos instados a supor que nesse momento os/as alunos/as se encontram num processo de construção de sua autonomia para essa atividade, se fazendo importante proporcionar mais momentos em sala de aula com a mesma proposta.

Importante destacar que os/as alunos/as fizeram conexões entre os elementos cênicos e que foram trabalhados nas aulas anteriores quando buscaram se expressar em cena utilizando conhecimentos corporais anteriores, assimilando os conteúdos desenvolvidos no percurso das aulas. Nas fotos abaixo podemos observar a produção dos grupos.

Foto 39 - Aula de Figurino

Fonte: Arquivo pessoal da autora. Foto 41 - Aula de Figurino

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Os momentos de criação e improvisação no trabalho com atividades rítmicas como apontam Darido e Rangel (2011) podem estimular a autonomia dos sujeitos envolvidos.

No trabalho com atividades rítmicas e expressivas, por exemplo, pode ser estimulada a autonomia nos momentos de criação e improvisação, por exemplo, nos procedimentos de organização do tempo e do espaço para os ensaios, nas pesquisas das fontes de informação, na construção de figurinos, adereços, cenários e instrumentos, assim como na organização e na divulgação das eventuais apresentações (DARIDO; RANGEL 2011, p. 41). Após uma avaliação da aula 5, fizemos alguns ajustes na proposta dos procedimentos de ensino para aula 6. Optamos por construir um único cenário e proporcionar um roteiro para os/as alunos/as como sugestão para auxiliar na atividade. No Jogo teatral A Cena (aula 6) os alunos tiveram que criar um enredo que passasse pelo cenário Praia.

professora-pesquisadora iria entregar o roteiro e explicar a atividade grupo por grupo. Através desse roteiro as crianças deveriam estruturar as falas e as expressões corporais dos personagens, além de construir uma história condizente ao cenário.

Nessa aula, notamos uma interação melhor nos grupos do que nas aulas anteriores (fotos abaixo), supomos que o vínculo de afetividade frente às experiências com os colegas nas aulas anteriores proporcionou um aprendizado atitudinal na turma, estavam concentrados e empenhados em produzir algo para dramatizar naquele espaço.

Foto 42 - Produção do enredo para o cenário da praia

Fonte: Arquivo pessoal da autora.