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Cânon das Escrituras Sagradas começa a se estabelecer na Igreja.

A

s exortações individuais dos grandes Padres e Escritores da Igreja sobre os livros que por Tradição haviam sido recebidos como canôn icos, não foram sufici entes para m inar a introd uçã o de livros apócrifos na vida religiosa. Principalmente porque estas ini ciativas eram isoladas, e os livros apócrifos surgiam como de auto ria dos antigos Apóstolos.

Era necessário que remédios de maior abrangência e cons tância fossem utilizados contra o avanço da literatura dos grupos sectários e heréticos.

É neste contexto que a questão do Cânon Bíblico começou a ser assunto dos Concílios Provinciai s, Regionais e Ecumên icos. Qu ais foram as determinações que estes Concílios tomaram em relação a tão importante assunto?

O Cânon de Mu ratori

No séc . XVIII , o sacerdote italiano Ludo vico An tonio Muratori, descobriu um manuscrito datado do mesmo período, que

correspondia à cópia do srcinal, que muitos estudiosos acreditam ser do ano 150. É a referência mais an tiga que se t em so bre o cânon bíblico do NT. Esta descoberta ficou conhecida como Cãnon de Muratori, levando o nome de seu descobridor.

Alguns crêem que este documento provavelmente trazia tam bém um cânon do AT, pois o início do documento foi perdido, res tando apenas um fragmento que corresponderia a uma segunda- parte, que então traz o cânon do NT. Vejamos então o conteúdo deste documento:

“[...] aos quais esteve pres ente e a ssim o fez .

O tercei ro li vro do Evangelho é o de Luc as. Este Lu cas  médico que depois d a ascensão de Crist o fo i lev ado p or Paulo em suas via- gen s  escreveu sob seu nome as coisas que ou viu, uma vez que não chegou a conh ecer o Sen hor pesso alm ente, e ass im, a medida que tomava conheciment o, começo u sua narrativa a partir do nascimento de João.

O quarto Evan gelho é o de João, um dos dis cípul os. Qu estiona - do p or seus con discípulos e bi spos, disse: ‘Anda i com igo durante três dias a partir de hoje e que cada um de nós conte aos demais aquilo que lhe fo r revelado’ . Naquela mesma noi te fo i revel ado a André, um dos apóstolos, que, de conformidade com todos, João es-

crevera em seu nome.

Assim, ainda que pareça que ensine m coisas distintas nestes dis tintos Evang elh os, a f é dos fié is não di fere, j á que o mesmo Es pí- rito inspira para que todos se contentem sobre o nascimento, paixão e ressurrei ção [de Cristo], assim como s permanên cia com os discí- pulos e sob re suas duas vindas  depreciada e humilde na primeira

(que j á ocor reu} e glori osa, com mag nífi co poder, na segun da (que ainda ocorrerá). Portanto, o que há de estranho que João

freqüente m ente afirme cada coisa em suas epístolas dizendo: ‘O que

uimos com nossos olhos e ouuimos com nossos ouuidos e nossas

mãos tocaram, isto o escrevemos’? Com isso, professa ser testemu- nha, não apenas do que viu e ouviu, mas também escritor de todas as maravilhas do Senhor.

Os Atos fo ra m escritos em um só livro. Lucas narra ao bom

Teójil o aquil o que se sucedeu em sua pres ença, ainda que fa le bem por alto da paixão de Ped ro e da víágem que Paulo realizou de Roma

até a Espanha.

Quanto às epístolas de Paulo, por causa do lugar ou pela oca- sião em que fo ra m escri tas elas mesmas o dizem àqueles que qu e- rem entender: em primeiro lugar, a dos Coríntios, proibirido a heresia do cisma; depois, a dos Gálatas, que trata da circuncisão; aos Roma- nos escreveu mais extensamente, demonstrando que as Escrituras têm como princíp io o próp rio Cristo.

Não preci samos disc uti r sobr e cada uma dela s, j á que o mesmo bemaventurado apóstolo Paulo escreveu somente a sete igre jas, como

fizera o seu predecessor João, nesta ordem: a prim eira, aos Coríntíos; a segunda, aos Efésios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos

Colossenses; a quinta, aos Gálatas; a sexta, aos Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos. E, ainda que escre va duas vezes aos Corintios e aos Tessalonicenses, para sua correção, reconhecese que existe apen as uma Igreja difundida por toda a ter ra, p ois d a mesma for m a João, no Apocalipse, ainda que e screva a sete igr ejas, está fala nd o para todas.

Alé m disso, são tidas como sagradas u ma [epístola] a Filemon, uma a TXto e duas a Timóteo: ainda qu e sejam filh as de um afeto e amor pessoal, servem à honra da Igreja católica e à ordenação da disciplina eclesiástica.

Correm também uma carta aos Laodicenses e outra aos

Alexandrinos, atribuí das [falsamente] a Paul o, mas que serve m pa ra favorecer a heresia de Marcião, e muitos outros escritos que não p o-

dem ser recebidos pela Igreja católica porque não convém misturar o fe l com o mel.

Entre os escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas do referido João, além da Sabedoria escriia por amigos de Salomão em honra do mesmo.

Quan to aos apoc alipses, recebemos doi s: o de João e o de Pe dro ; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não querem que seja lido na Igreja.

Recentemente, em nossos dias, Hermas escreveu em Roma ‘O Pastor’, sendo que o seu irmão, Pio, ocupa a cátedra de bispo da Igreja de Roma. É. então, conveniente que seja lido, ainda que não publicamente ao povo da Igreja, nem aos Profetas  cujo nú-

mero já está completo nem aos Apó stolos  po r ter terminado o seu tempo.

De Arsênio, V alentino e Melcíades não recebemos abs olutam en- te nada: estes também escreveram um novo livro de Salmos para

Marcião, juntamente co mB asíledes da Ásia [...]“8 6 (MURATORI, 2006). No tocante ao AT, o fragmento do Cânon de Muratori só men ciona como canônico a Sabedoria de Salomão. Para o NT são men cionados: Os 4 evangelhos (embora haja menção a Mateus e Mar-

H,i Tra duçãodeCarl os Ma rti ns Nabeto.

cos, se deduz que eram aceitos pelo fragmento mencionar Lucas como o terceiro Evangelho.), Atos, 13 cartas de Paulo (1 Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, Tessalonicenses, Roma nos, 2 Coríntios, 2 Tes salon icens es, Filem on, Tit o, 1 Tim óteo, 2 T i móteo) , Judas, 1 e 2 João, Apo calipse de João. O f ragmento do Cânon de Muratori não faz qualquer menção às cartas de Pedro, à terceira carta de João, à de Judas e à carta aos H ebreus, que não é relacion ada com as demais cartas pauli nas. E sta exclusão da Carta aos Hebreus às demais cartas paulinas, deve-se pelo fato de que ainda era controversa, ou a autoria de Paulo ainda era duvidosa.

O Cânon d e Laodicéia

No tempo do Imperador Teodósio o Grande (347-395), foi con voca do um Conc ilio Regional na ci dade de Laodicéia na Fri gia, mais

ou men os em 360. Os cânones deste Concilio são 59 na coleção dos 50 títulos de João Escolástico e na de Dionísio o Pequeno

(BERARD1NO, 2002. Verb. Laodicéia, p. 809).

Algum as cópias posteriores das atas concil iares trazem o cânon 60, cuja autenticidade é muito questionada entre os especialistas, principalmente por não constar nas cópias mais antigas.

O Cânon 60 traz determinações quanto aos livros canônicos, por isso achei importante transcrever para o leitor o seu conteúdo:"Cãn on 60. Es tes são todos os livros do Antigo Testamento indicados

pa ra leitura: Gênesis do Mundo, O Êxodo do Egito, Levítico, Números, DeiLteronômio, Josué filho de Num, Juizes, Rute, Ester; Dos Reis, Primeiro e Segundo; Dos Reis, Terceiro e Quarto; Crônicas, Primeiro e Segundo; O Livro dos Salmos; Os Provérbios de Saloinão; Eclesiastes; Cântico dos Cânticos, Jó, Os Doze Profetas; Isaías; Jerenrias, e Baruc, a s Lamenta ções e a Epístola87; Ezequiel; Daniel, E estes são os livros do No vo Testamento : Os Quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João; Os Atos dos Apóstolos; Sete Epístolas Católicas , uma de Tiago, duas de Pedro, três de João e um a de Judas; Quatorze Epístolas de Paulo, uma aos Romanos, duas ao s Coríntios, u ma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filemorí' (LAODICÉIA, 2005).

87 Cf. a Septuagint a.

Consti tui ções Apo stólicas

As Constituições Apostólicas foram o resultado da coletânea dos antigos cânones da Igreja, compilada em 8 volumes no final do

séc. IV na Síria.

O Cânon 85 trata da relação dos livros que deveriam ser con siderados canônicos. Segundo alguns especialistas, esta lista foi adicionada provavelmente no final do séc. IV.

Quanto aos livros canônicos assim se expressa:

“Cãnon 85. Que seja permitido que os seguintes livros sejam apreciados como estimáveis e sagrados por todos vocês, clérigos e leigos. Do Antigo Testamento: os cinco livros de Mçisés, Gênesis,

Éxodo, Levítí co, Número s, e Deuteronômio; um de Josué o filh o do Num; um dos Juizes; um de Rute; quatro dos Reis; dois das Crô ni- cas; dois de Esdras; um de Ester; um de Judit; três dos Macabeus;

um de Jó; cento e ci nqüen ta Salmos; três li vros de Salomão: Pr ovér bi- os, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos; dezesseis dos Profetas; cuide para que os iniciantes seja m instruídos com a Sabedoria do Sirac. E

os nossos, isto é, do Novo Testamento, são os quatro Evangelhos, Mateus, Marcas, Lucas e João; os quatorze epístolas de Paulo; duas epístolas de Pedro; três de João; uma de Tiago; um de Judas; duas epístolas de Clemente; e as Constituições dedicadas à vocês, bispos, a mim, Clemente, em oito livros, os quais não são apropriados torna remse públicos antes de tudo, por causa dos mistérios contidos ne- les; e os Atos de nós, Apóstolos “ (CONSTITUIÇÕES APOS TÓLICAS, 2006).

O Cânon d e Dâm aso

Em 382 foi realizado um Concilio Regional em Roma. Neste concilio a questão dos livros que deveriam ser considerados canônicos também foi abordada. Pelo fato deste Concilio ter se rea

lizado duran te o Ministério do Bi spo Rom ano D âmaso (366-384 d.C.), este Cãnon Bíblico é conhecido como “C ânon de Dâm aso ” ou “Cânon Da m asce no ”. Vejamo s a relação dos livros menciona dos:

"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos núme- ros, um livro do Deuteronôm io; u m livro de Josué, um livro dos Jui zes,

um

um

livro de Rute; quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiasles e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria,

um do Eclesi ástico. Um de Isaí as, um de Jerem ias com um de Baru c88 e mais suas Lamentações, um de ,,zequiel, um de Daniel; um de

Joel, u m de Abdias, um de Osé ias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de

Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateu s, um segundo Mar cos, um segundo Lu cas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálat as, uma; a dos Filipenses, u ma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do

outro João presbítero, duas89; de Judas, o zelota, uma

“(NABETO,“(NABETO,

2006).

2006).

Cânones de Hipona , Cartago e Trul los

Em 8 de outubro de 393 é realizado o primeiro concilio plená

Em 8 de outubro de 393 é realizado o primeiro concilio plená

rio das províncias africanas (Proconsular, Numída, Bizacena,

rio das províncias africanas (Proconsular, Numída, Bizacena,

Mauritânia

Mauritânia , Tripol, Tripol itâitânia)nia) , , onde onde SanSan to Agostinho, to Agostinho, que que fofora ordenadora ordenado