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Hugo de São VitorHugo de São Vitor

Hugo de São Vitor

Hugo de São Vitor nasceu na Saxônia (um dos 16 estados da Alemanha, situado no leste do país) no ano de 1096. Movido pela vocação reli giosa, ainda m uito jovem , ingressou no M osteiro de São Vitor (Paris), onde residiu até sua morte em 1141. É considerado um grande pedagogo, e muitos trabalhos em Pedagogia fazem men ção às suas obras. Esta é a sua relação dos livros canônicos:

“4. Divisão das Sagradas Escrituras em dois Te stamentos , cada um dividido em três ordens.

Toda a S agrada Escritura está co ntida em dois Test amentos, o Antigo e o Novo Testamento. Em cada testamento podem ser

distinguidas três or dens . O Antigo Testam ento contém a Le i, os Proje - tas e os Hagiógrafos. O Novo Testamento contém o Evangelho, os Apóstolos e os Padres.

5. Elen co dos Livros das três ordens do Vel ho Testam ento. A primeira ordem do Velho Testamento é a Lei, que os jud eu s cham am d e Torá. A Le i é form ad a pelos cinco li vros de Moisés, cha- mados, em seu conjunto, de Pentateuco. O primeiro destes livros é o Gênesis, o segun do o Êxodo, o terceiro o Levíti co, o quarto o Livro dos Números, o quinto o Deuteronômio.

A segun da ordem do Velho Test amento é a dos profet as, que con- tém oito volumes. O primeiro voluirte é o livro de Josué; o segundo, o livro de Juizes; o terceiro o Livro de Samuel, também chamado de Pri- meiro e Segundo Livro dos Reis; o quinto é o livro de Isaías; o sexto, o livro de Jerem ias85; o sétimo, o livro de Ezequie l; e o oita vo é o livro que contém a s profecias dos doze prof etas (menores).

Final mente, a terceir a ordem do Velho Testamen to po ssu i nove livros. O prim eiro é o livro de Jó; o segundo é o livro de Da vi [Ve r nota

84 Est aobra  é mencionada no próximo cap ítulo. 85 Cf. nota48.

2] ; o terceiro é o livro dos Provérbios de Salomão; o quarto é o Eclesiastes; o quinto ê o Cântico dos Cânticos; o sexto ê o livro de Daniel; o sétimo ê o livro dos Paralipômenos; o oitavo é o livro de Esdras; o nono é o livro de Ester. Todos estes livros são em número f de vinte e dois.

Há, ademais, outros livros, como o livro da Sabedoria de

Salomão, o livro de Jesus Jilho de Sira c [Eclesi ástico], o livro de Judit e, o livro de Tobias e os livros dos Macabeus que são lidos mas não se incluem no Cãnon.

6. Elenco dos livros das três ordens do Novo Testamento.

A primeira ordem do Novo Testamento contém os livr os dos qua- tro Evangelhos, aqueles escritos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.

A segunda ordem, semelhantemente, contém também quatro li- vros: as Epístolas de São Paulo, em número de quatorze, reunidas em um só livro, as demais Epístolas Canônicas reunidas em outro livro, o Apocalipse e os Atos dos Apóstolos.

Quanto à terceira ordem, o primeiro lugar corresponde aos Decretais da Igreja, aos quais também chamamos de cânones ou re- gras; depois deles vêm os escritos dos santos padres e dos doutores da Igreja, como os de S. Jerônimo, S. Agostinho, S. Gregório, S. Ambrósio, S. Isidoro, Orígenes, S. Beda e muitos outros escritores ortodo xos, os quais são tão inf init os que não po de m se quer ser conta- dos. Seu tão gran de número mostra o Jervo r destes hom ens na Jé, por causa da qu al deixaram aos seus pósteros tantas e tão memorá -

veis obras. Diante deles nossa preguiça se toma evidente, pois se- quer conseguimos ler aquilo que eles puderam escrever “(HUGO, 2006 ) .

Nos mosteiros, além das atividades da colheita, da produção de vinho, cerveja e perfumes, os monges também trabalhavam em tradu zir o s escri tos bíblicos para a lí ngu a local (ou ver ná cu lo). Para este trabalho espelhavam-se em São Jerônimo (considerado o Mes tre dos tradutores), e utilizavam a sua Vulgata como referência. Com efeito, influenciavam-se não somente pelo método do Mestre, mas também por suas idéias.

Hugo de São Vítor embora não tenha reconhecido pessoal me nte a canonicidade dos livros d e Tobias, Judite, S abedoria, Ec le

siástico, 1 e 2 Macab eus (seguind o a opinião de São Jerô nim o), testemunha que estes mesmos livros eram comum ente usados pela Igreja. No cânon do NT ele também recebia os decretos da Igreja e a literatura dos Santos Padres.

Sobre os tes temunhos prim itivos

Iniciat ivas, tanto católi cas quanto protestantes têm vincu lado (principalmente em síti os na Intern et) alguns dos testemunho s p ri mitivos que aqui foram transcritos, procurando “provar” qual era a lista de livros canônicos estabelecida na Igreja dos primeiros sécu los.

Nenhum destes relatos pode ser utilizado com este intuito, pois o próprio conjunto mostra a incerteza que pairava na Igreja sobre este tema; e porque dentre eles não há o mais importante ou fiel. Tod as as li stas canôn icas aqui transcritas não vieram de here- ges ou de grupos sectários, mas de homens comumente muito con siderados pela Igreja primitiva e medieval, dos quais muitos sofre ram o martirio ou o exílio por amor à Cristo. Mas, a partir deles devemos observar algumas coisas:

1. A Igreja dos prime iros tempos não a dotou para o A T o Cânon Hebraico. Livros como Baruc, a Carta de Jeremias, Suzana e o livro Bel e o Dragão (os dois últimos como apêndices do Livro de Daniel) que constavam na Septuaginta foram consensualmente recebidos como canônicos;

2. Em bora os pri meiros cristãos seguindo o exemplo dos Ap ós  tolos usassem a versão da Septuaginta, nem todos os seus livros

eram utilizados para a leitura nas Igrejas. Foram consensualmente recus ado s: 1 Esdras, 3 e 4 Ma cabeu s, O des e Salm os de Salomão;

3. Os livros de Tob ias, Jud ite, S abe doria , Ecles iástic o, 1 e 2 Macabeus eram consensualmente utilizados. Em algumas regiões,

recebidos com o “canôn icos” , em outras como “eclesiásticos” . 4. O livro de Ester não foi recebido como canôn ico por todos. O Cân on B íbli co só com eçou a se estabelecer na Igrej a, dep ois que a lista de livros sagrados começou a figurar nas decisões Con ciliares. É deste assunto que trataremos no próximo capítulo.

CAPÍTULO 6

Cânon das Escrituras Sagradas